Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, março 4
AS RAZÕES DO MEU VOTO NO PS (1)
A democracia mede-se pelo grau de respeito pelas liberdades fundamentais que radicam no direito de escolha. Escolher é o contrário de ser forçado. Escolher é poder, perante várias alternativas, decidir qual é a que se adequa aos interesses e valores de cada um. O direito de escolha não limita ninguém. A sua impossibilidade condiciona. A ausência do direito de escolha contraria a liberdade, legitimando ditaduras e discriminações. Os cidadãos têm direito de escolher entre casar ou viver em união de facto; têm direito a decidir, perante a sua consciência, divorciar-se ou sujeitar-se à violência de uma relação insatisfatória; têm direito a escolher a pessoa com quem querem viver e a forma como o querem fazer, sem discriminações em função do sexo, da etnia, da orientação sexual, da deficiência ou da religião; têm direito a decidir se querem ou não ter filhos; têm direito de errar e de não ser condenados a viver ou a condenar outrem a viver os efeitos desse erro. Ajudar os cidadãos a ter a liberdade de escolher (o casamento, a união de facto, o aborto, o divórcio, a transmissão dos bens) é uma das funções mais nobres do Estado Democrático. Não o compreender, não o aceitar e não o defender deixa dúvidas sobre o grau de tolerância e de respeito pela dignidade dos seres humanos.
domingo, março 3
PALPITES XXXLVI
A direita - a extrema e não só - promove o ambiente propício para a violência e o PR promove ações inintelegíveis como o voto antecipado do próprio. A verdade é que, no final do seu magistério, vai deixar o país mergulhado em divisão e instabilidade.
sábado, março 2
COISAS DA VIDA
"Standard & Poor's sobe a notação do risco de crédito de Portugal: 13 anos depois, a dívida pública regressa à primeira divisão.
S&P alinha, agora, a avaliação com as outras três principais agências internacionais de notação financeira, que no ano passado tiraram o país dos níveis 'B', colocando-o novamente nos níveis ‘A’, onde se agrupam os emitentes de dívida de menor risco." (in EXPRESSO)
sexta-feira, março 1
10 março
Tenho duas certezas acerca das eleições de 10 de março próximo: serão nesse dia (auguro) e votarei no PS. De resto não há nenhuma novidade especial salvo a emergência da extrema direita às portas do poder. Digo sem novidade pois o sentido de tais desenvolvimentos já ocorrem por todo o lado. ( A extrema direita está nos governos de Itália, Eslováquia, Hungria, Países Baixos - ainda sem governo - e pode seguir-se a França ... o coração da Europa sem falar da Argentina, USA ...). Os mais experientes nestas coisas já passaram por muitas experiências duras e, como sempre, o mais relevante é separarem-se as águas e salvaguardar-se a democracia, a liberdade de escolher. ( Na fotografia eu próprio e o João Mário Mascarenhas na porta de armas do quartel do Campo Grande - 2º GCAM - entre os dias 25 de abril e 1 de maio de 1974.)
quarta-feira, fevereiro 28
terça-feira, fevereiro 27
VÍTOR WENGOROVIUS
No dia 27 de fevereiro de 2005 morreu Vítor Wengorovius. Ele merece ser evocado sempre, correndo todos os riscos, pois fez da sua própria vida um risco. Aqui deixo, em sua memória, um texto antigo.
O mais brilhante tribuno do movimento estudantil durante a crise académica de 1961/62. Eu não tinha idade para o conhecer nessa época mas os testemunhos dos seus contemporâneos são eloquentes. Só o conheci como veterano no processo de criação do MES bastante antes do 25 de Abril.
Era uma figura pujante de energia e criatividade, prolixo, solidário e desprendido. Era a personificação do excesso para seu prejuízo pessoal e benefício da comunidade. Um socialista católico puro e impoluto, crente e destemido, desprendido do poder e amante da partilha.
Privei com ele, nele confiava em pleno, com ele aprendi a confiar, talvez a confiar demais. Não me arrependo de ter acreditado na luz que emanava da sua dedicação às causas utópicas que as suas palavras nunca eram capazes de desenhar até ao fim. As suas palavras perseguiam a realidade que se escapava como um permanente exercício de criação.
Com ele fui a encontros clandestinos com o Pedro Ramos de Almeida, representante do PCP, buscando as alianças necessárias ao sucesso da luta anti fascista e nunca fomos apanhados pela polícia política.
Ouvi horas das suas conversas, intervenções e discursos, aprendi a ouvir, aprendi a faceta fascinante do excesso da palavra (não só com ele) e sofri, em silêncio, o lancinante drama do seu percurso pessoal perdido no labirinto das rupturas intelectuais e sentimentais.
Fiquei feliz no dia – próximo da sua morte – em que ajudei a que pudesse assistir ao musical “ O Navio dos Rebeldes”, levado à cena no Teatro da Trindade, em homenagem aos estudantes que em 61/62 se revoltaram contra a ditadura. No fim da representação um dos actores pediu licença para, à boca de cena, assinalar a sua presença e lhe prestar homenagem.
As lágrimas correram-me pela cara quando, frente ao palco, na cadeira de rodas, o Vítor pegou no microfone e, parcimonioso nas palavras, exacto e conciso, fazendo soar o timbre inconfundível da sua voz, agradeceu elogiando o trabalho teatral a que tinha acabado de assistir.
Morreu a 27 de Fevereiro de 2005 mas viverá para sempre no coração daqueles que, verdadeiramente, o conheceram.
segunda-feira, fevereiro 26
Autárquicas 2017: Pedro Passos Coelho na apresentação da candidatura de ...
Regresso aqui para assinalar o sentido politico do discurso de PPC na sessão da AD em Faro. Preparar uma aliança com a extrema direita para aceder ao poder. Claro como a água contrariando a posição declarada por Montenegro.
domingo, fevereiro 25
O MEU IRMÃO DIMAS
Passam hoje 20 anos sobre a morte do meu irmão Dimas. Foi um empreendedor antes do tempo, íntegro e honrado, fez-se homem pelo trabalho duro. Morreu cedo e lembro-o sempre como um amante da liberdade.
sábado, fevereiro 24
TOMAR O PARTIDO DA UCRÂNIA
A Rússia de Putin passou da doutrina estratégica dos anúncios à ação mostrando ao mundo a sua faceta e ambição imperial. O assunto é sério e coloca frente a frente duas conceções do mundo e do governo dos povos: totalitarismo ou democracia. Uma contraposição antiga e que nos tempos modernos é nossa conhecida em muitos confrontos sangrentos. Até este dia não se devisam os caminhos do cessar fogo e da concórdia em direção à paz. Por ora as palavras e as ações são de guerra e por isso mesmo, além da interpretação da torrente das notícias, não podemos nem devemos, os democratas e pacifistas lúcidos, deixar de tomar partido. O totalitarismo é o modelo, proposto através da força e da chantagem nuclear, pela Rússia e seus aliados declarados ou acobertados no clássico abstencionismo. Se a guerra alastrar e tomar novas formas preparemos as nossas defesas para as suas consequências e sejamos honrados tomando o partido e lutando pela democracia e liberdade.
sexta-feira, fevereiro 23
CORRUPÇÃO
Após o debate entre lideres partidários de hoje na RTP apetece fazer um comentário acerca da questão da corrupção. Nunca ninguém refere a propósito de prevenção ou combate à corrupção a questão que é a mais importante: as pessoas. Quando predominam pessoas honradas nos lugares suscetiveis de gerar fenómenos de corrupção ela não tem lugar.
quinta-feira, fevereiro 22
quarta-feira, fevereiro 21
O CERCO AO CAPITÓLIO
"Polícias no Capitólio: IGAI pede à PSP e GNR “para apurar o que aconteceu” na noite do debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro". Os acontecimentos a que assistimos são da maior gravidade. Estranho o silêncio do PR.
OS TRÊS ABSURDOS
“21 de Fevereiro de 1941. Terminado Sisyphe. Os três Absurdos estão acabados. Começos de liberdade.” Albert Camus, in Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard). Camus refere-se à primeira trilogia constituída pelas obras reunidas em torno do conceito do absurdo: o romance “O Estrangeiro”, o ensaio “O Mito de Sísifo” e o drama “Calígula”.
segunda-feira, fevereiro 19
A BRINCAR AOS POLÍCIAS
"A PSP vai comunicar ao Ministério Público a marcha de hoje e a concentração de polícias junto ao Capitólio, em Lisboa, por o protesto não estar autorizado, disse à Lusa fonte da Direção Nacional."
domingo, fevereiro 18
PALPITES XXXLV
Amanhã vai ser divulgada uma sondagem que coloca o PS na frente das intenções de voto. Mas para as próximas eleições legislativas, no ano de todas as eleições, as únicas certezas são que se realizam a 10 de março de 2024 e que a extrema direita condicionará todas as soluções, salvo se a esquerda for maioritária.
sábado, fevereiro 17
sexta-feira, fevereiro 16
JUSTIÇA - 2
A justiça mediática, e da opinião pública, não perdoa nos juízos e condenações na praça pública. A justiça da república não pode contar com os rituais e as vestes, herdadas de outros tempos, para se impor na defesa do interesse público, os seja, dos cidadãos. Os rituais e as vestes formais da justiça valem o que valem mas não impedem que, um dia, se venha a confrontar, de forma brutal, com a triste realidade da sua insignificância face às sentenças dos tribunais de cada redacção e da mesa de cada café. Já está, aliás, confrontada com essa realidade.
Na justiça, o que parece ser a regra, e não a excepção, é a ausência de prazos. Os processos correm, correm, correm, …e, no dia da sentença, do arquivamento, da prescrição … já ninguém se lembra de nada … é triste a justiça a que temos direito. Mas a justiça é uma questão política. São os políticos, eleitos pelo povo, os responsáveis pelos crimes que se consumam ao não se fazer justiça em tempo útil. A responsabilidade pelo colapso do sistema de justiça, em Portugal, recai, no essencial, nas costas dos políticos.
Passaram, após o 25 de Abril, anos e anos de discursos pomposos, lado a lado com práticas lancinantes de incúria que abrem, de par em par, as portas às maiores injustiças. A corrupção é um caso paradigmático deste lamaçal.
quinta-feira, fevereiro 15
JUSTIÇA
“ (...) amo os que vivem hoje na mesma terra que eu, e são esses que saúdo. É por eles que luto e é por eles que estou disposto a morrer. E por uma cidade longínqua, de que não tenho sequer a certeza, não irei contra os meus irmãos. Não aumentarei a injustiça viva em nome de uma justiça morta.” Albert Camus, in "Os Justos".
quarta-feira, fevereiro 14
A MEMÓRIA
«Rolão Preto, ao entrar no Palácio das Exposições, saudado romanamente pelos camisas azuis em guarda de honra». [18 de Fevereiro de 1933, fotografia a preto e branco - Revolução, n.º 292, Lisboa, Portugal - Fotografia publicada no Revolução - Diário Nacional-Sindicalista da Tarde (1932-1933), de segunda-feira, 20 de Fevereiro de 1933.] O banquete de homenagem a Rolão Preto, de 18 de Fevereiro de 1933, comemorava o primeiro aniversário da publicação do diário Revolução, no início subintitulado Diário Académico Nacionalista da Tarde, cujo primeiro número tinha saído em 15 de Fevereiro de 1932. In “O Portal da História”
segunda-feira, fevereiro 12
HUMBERTO DELGADO - HONRA À SUA MEMÓRIA!
Na véspera do aniversário do assassinato do General Humberto Delgado, ocorrido em 13 de fevereiro de 1965, é hoje mais importante do que nunca desmitificar o branqueamento do fascismo português e da figura do seu líder e mentor – Salazar – que amiúde se quer fazer passar como um político brando na repressão, tolerante nos costumes e eficaz na política. Ainda mais quando hoje se perfilam novas ameaças de perfil totalitário no mundo e também no nosso país.
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