sábado, julho 20

IMPOSTOS

Não sei mais do que as notícias dizem acerca do OE para 2025. Mas interessa-me o tema. Não tanto pelo lado da politica que, pelo que passa através dos media, simplifica demasiado o tema. Aqui, como em França e "urbi ed orbi", é o PS que está no centro de todas as decisões. Ou seja o partido do equilibrio entre forças sociais - pensionistas/trabalhadores no ativo/empresários/emprendedores/inteletuais... - o PS decidirá o próximo futuro. Tenho para mim que ganhará a conciliação em desfavor da afirmação dos principios. Mas em qualquer caso será para o PS fatal se abdicar da defesa do imposto progressivo em todas as esferas. A coisa é simples: quam ganha mais paga mais, sendo discutivel a intensidade da progressividade, aí o busilis da discussão. Será que existem negociadores capazes de conciliar, salvaguardadndo todos principios e interesses em presença? Veremos.

quarta-feira, julho 17

Contas

A França passa por estas dias por uma crise das contas públicas com um deficit, em 2023, de 5,5% do PIB. As coisas não têm grandes perpetivas de melhorar com a crise politia em curso. Qual a história recente desta crise: Macron apostou tudo no crescimento económico, com redução de impostos mantendo o estado social. Está tudo muito bem documentado. As chamadas contas certas são condição basilar para a credibilidade das politicas publicas e dos Estados, ainda mais hoje do que nunca em plena globalização. A alternativa é o regresso aos nacionalismos e sua contraparte inevitável: a guerra.

segunda-feira, julho 15

Paradoxo

Nos USA ocorreu um atentado contra um candidato presidencial republicano por um jovem que se diz ser filiado nos republicanos. Logo aqui se vê mão dos democratas ...

domingo, julho 14

MEMÓRIA

O meu pai Dimas à janela da casa onde nasci. Foi através dela que conheci um mundo banhado pela claridade da luz do sul. Vivi debruçado nesta janela até aos oito anos. Todo o tempo necessário para aprender a natureza. Paredes brancas de cal. Ladrilhos coloridos. Ruas de terra batida. Vistas de campos espraiados até ao mar. Recantos floridos. Sombras de árvores de frutos. Mãos carinhosas. Telhas de barro quente. O azul transparente do mar. A família sobreviveu a todas as adversidades próprias das épocas de guerra. Razão mais que suficiente para, apesar da tirania, se sentir feliz. O meu pai era uma pessoa honrada e ensinou-me a liberdade. Honra e liberdade. Foi essa a herança que dele recebi. Fica-lhe bem a moldura daquela janela na qual aprendi a sonhar. A casa permanece intacta e habitada e esta é uma das suas duas janelas térreas. O encanto que lhe encontrava estendia-se à vizinhança, aos corredores internos e às ruas circundantes.

segunda-feira, julho 8

O caso Costa

Um inefável procurador com fama no meio veio a terreiro afirmar que Costa não é suspeito pois de contrário seria arguido. Não creio que tenha vindo a público por sua exclusiva vontade nas vésperas da PGR dizer publicamente de sua justiça. Então o muito falado parágrafo que fez cair o governo de maioria deve-se a ingenuidade? excesso de zelo? perfídia? Quem assume as responsabilidades?

domingo, julho 7

França

Derrota da extrema direita em França, contra a narrativa dominante. Seguindo-se à vitória dos trabalhistas na Grã Bretanha são duas derrotas para Putin, mostrando que nos grandes países europeus os povos não querem a extrema direita no poder. Por ora nem tudo vai mal na Europa. Deu para sentir um estremecimento ...

A vida

As sociedades em geral e, em particular as ocidentais, debatem-se com o chamado envelhecimento demográfico. Nada de novo. A politica no seio dessas sociedades crispa-se em torno da imigração. O tema serve para radicalizar discursos e incendiar as redes sociais. Acendem-se os piores sentimentos próprios das guerras tribais. Mas os imigrantes são essenciais para combater o envelhecimento demográfico e a quebra da produção em todos os setores de atividade económica. Logo é essencial promover a imigração e cuidar de garantir que o estado social intervenha em prol da boa governança da cidade. Até a estupidez tem limites!

sábado, julho 6

Sinais

O chamado "ar do tempo" é avassalador. Retira da frente do olhar qualquer realidade que contrarie a narrativa dominante. Hoje domina a narrativa do avanço implacável da extrema direita. Mas vejam-se os resultados das eleições no Reino Unido e, noutra esfera, no Irão. No primeiro caso os trabalhistas retomam o poder de forma poderosa, a esquerda ganha numa potência europeia; no segundo ganhou um candidato dito moderado, ou seja, o que no Irão anuncia sinais de mudança num regime teocrático.

sexta-feira, julho 5

Inglaterra

“Há muitas razões para a hostilidade oficial contra a Inglaterra (boas ou más, políticas ou não). Mas não se fala de um dos piores motivos: a raiva e o desejo mesquinho de vermos sucumbir quem ousou resistir à força que nos esmagou.” Albert Camus, in Caderno n.º 4 (Janeiro 1942/Setembro 1945).

quarta-feira, julho 3

FUTEBOL

Tout ce que je sais de plus sûr à propos de la moralité et des obligations des hommes, c'est au football que je le dois.” - Albert Camus

sexta-feira, junho 28

COSTA, o eleito

Já foi consumada a eleição de Costa, diga-se entre pares (ou ex pares) e, de súbito, o inimigo público nº 1 de quase todos os não socialistas, passou ao mais insigne mediador, negociador, fazer de pontes e consensos de que há memória. A hipocrisia na politica não tem limites.

quinta-feira, junho 27

António Costa

Chove em Lisboa. Ainda não foi tomada a decisão pelo Conselho Europeu de nomear António Costa para presidir ao mesmo. Mas parece certo pelo jogo dos equilibrios entre as várias famílias politicas. A extrema direita e a direita extrema não gostam. Alguns comentadores e influenciadores intrigam e desvalorizam. Compreendo que a luta politica não cessa às portas de uma decisão como esta. Mas uma coisa é certa: se Costa avançar teremos dois portugueses a ocupar dois dos cargos de maior influência politica global: Guterres e Costa. Haja saúde!

segunda-feira, junho 24

Lugares escondidos da mente

Não li ainda mas achei interessante. Em particular a digressão que leva a referir "a aparência tranquila e socialmente aceite dos psicopatas". Que nalguns casos ocupam cargos ao mais alto nível.

domingo, junho 23

Portugal - 24 junho de 1128

“Na era de 1166 [ano de 1128], no mês de Junho, na festa de S. João Batista, o ínclito Infante D. Afonso, filho do conde Henrique e da rainha D. Teresa, neto do grande imperador da Hispânia, D. Afonso, com o auxílio do Senhor e por clemência divina, e também graças ao seu esforço e persistência, mais do que à vontade e ajuda dos parentes, apoderou-se com mão forte do reino de Portugal. Com efeito, tendo morrido seu pai, o conde D. Henrique, quando ele era ainda criança de dois ou três anos, certos [indivíduos] indignos e estrangeiros pretendiam [tomar conta] do reino de Portugal; sua mãe, a rainha D. Teresa, favorecia-os, porque queria, também, por soberba, reinar em vez de seu marido, e afastar o filho do governo do reino. Não querendo de modo algum, suportar uma ofensa tão vergonhosa, pois era já então de maior idade e de bom carácter, tendo reunido os seus amigos e os mais nobres de Portugal, que preferiam, de longe, ser governados por ele, do que por sua mãe ou por [pessoas] indignas e estrangeiras. Acometeu-os numa batalha no campo de S. Mamede, que é perto do castelo de Guimarães e, tendo-os vencido e esmagado, fugiram diante deles e prendeu-os. [Foi então que] se apoderou do principado e da monarquia do reino de Portugal.” “Anais de D. Afonso, Rei dos Portugueses”, citado por José Mattoso, em “D. Afonso Henriques” que, de seguida, comenta: “Este texto mostra que o seu autor considerava a batalha [de S. Mamede, 24 de Junho de 1128] como o primeiro episódio da história portuguesa."

quinta-feira, junho 20

Corrupção

Acerca da corrupção o que me apráz dizer: que se criem politicas de proteção, e incentivo, aos cidadãos honrados para o exercício de funções dirigentes. Este é o princípio e o fim de todas as politicas anti corrupção.

quarta-feira, junho 19

MP

”O MP é uma estrutura hierarquizada – é assim que está na lei. Mas não é assim na prática: o MP é um poder feudal neste momento. Há o conde, o visconde, a marquesa e o duque!”, Pinto Monteiro - ex-Procurador Geral da República (excerto de entrevista em vida).

segunda-feira, junho 17

ANJOS E MARVÃO LIBERTAÇÃO - 50 ANOS

Um dos acontecimentos mais marcantes a que assisti no período imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974 foi o da recusa dos oficiais milicianos (João) Anjos e (Carlos) Marvão em comandar uma acção destinada a reprimir uma greve dos trabalhadores dos CTT. Na verdade a unidade militar na qual, no dia 17 de Junho de 1974 (?), ocorreu esse acontecimento era aquela onde eu prestava serviço militar: o 2º Grupo de Companhias de Administração Militar (ao Campo Grande). Alguém dos poderes provisórios, saídos da revolução, não sei quem, decidiu que caberia àquela unidade militar estrear um tipo de intervenção que colocaria as forças armadas, acabadas de sair triunfantes do 25 de Abril, contra uma acção reivindicativa de trabalhadores. Foi uma decisão surpreendente, ainda para mais, quando nos demos conta que o comando da força repressiva seria cometido a oficiais milicianos. Lembro-me de nos terem reunido e de um oficial superior encetar a tarefa impossível de ordenar a um oficial miliciano (ou oficiais) que comandasse a força. Começou por uma ponta na qual, por acaso, se haviam posicionado o João Mário Anjos e o Carlos Marvão. Não sei já qual foi o primeiro a recusar a ordem mas indagado o segundo, que também recusou, o oficial resolveu suspender a diligência. Logo a seguir, na terceira posição, se não me falha a memória, estava eu próprio. Nos dias 25 e 26 de Junho foi concretizada a prisão dos oficiais rebeldes que seguiram para a prisão da Trafaria. A greve dos trabalhadores dos CTT terminou no dia 20 de Junho mas a posterior prisão daqueles oficiais despertou a mais profunda indignação dando origem a diversas manifestações, com significativa participação popular, de que possuo registo de duas: a primeira convocada para 28 de Junho no Campo Grande, junto à Churrasqueira, e a segunda realizada no dia 9 de Julho na Praça Marquês de Pombal proibida, aliás, pelas autoridades. Segundo uma cronologia do Centro de Documentação 25 de Abril Os manifestantes recusam-se a obedecer e desfilam até ao Marquês de Pombal. O MES convocou as manifestações, pelo menos, através de três comunicados: o primeiro subscrito pela Comissão Política, com data de 27 de Junho (dois meses após o 25 de Abril), com o título Dois Milicianos Presos na Trafaria Por Não Quererem Reprimir os Trabalhadores, o segundo e terceiro, ambos subscritos pelos Grupos Socio-Profissionais Mistos, sem data, com os títulos Exijamos a Libertação dos Milicianos Presos e Libertemos Anjos e Marvão! A Luta Continua! O Robin Fior, designer inglês, apanhado em Lisboa pela revolução, que foi o autor do símbolo e dos primeiros materiais de propaganda do MES, concebeu um inesquecível cartaz, com a palavra de ordem Anjos e Marvão Libertação. O cartaz de que não possuo qualquer exemplar físico ostenta um design gráfico invulgar para a época sendo, certamente, uma das peças de propaganda mais notáveis daquele período (na imagem que ilustra este texto). Um dos oficiais milicianos presos era, nem mais nem menos, o João Mário Anjos que havia, comigo e o António Dias, bastante antes do 25 de Abril, constituído uma das «células» do MES que, por essa altura, «marinava» entre a semi-clandestinidade, que nós pensávamos que o serviço militar exigia, e a legalidade que o 1º de Maio, ainda fresco na memória de todos, reclamava. Conviveríamos com esta ambiguidade durante os meses seguintes pois, na verdade, vivíamos, com ou sem razão, na incerteza dos destinos da revolução que aquelas inopinadas prisões pareciam confirmar.