quinta-feira, junho 5

UM DIA ...

O perigo de entregar o poder a fanáticos, seja qual for a sua ideologia, ou religião, é que de um dia para o outro o mundo pode desabar sobre as nossas cabeças. E esta notícia mostra-nos, certamente, só a ponta do iceberg.
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VERGONHAS ALGARVIAS


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ALEGRE (II)

Fotografia daqui

Devo esclarecer que nada me move contra Manuel Alegre que foi, aliás, para mim, como para tantos portugueses da minha geração, uma referência forte na resistência ao estado novo. Mas quando os artistas, de qualquer disciplina, se metem nos caminhos da política activa ponho-me em guarda!

A recente arrancada de Manuel Alegre em confronto com a direcção do PS, e do Governo por ele suportado, não é inocente. Ele lá sabe as linhas com que se coze. Mas achei-o demasiado azedo para os primórdios de uma campanha presidencial “à la longue” e demasiado polémico para uma manobra de força tendo em vista a repartição interna de poderes “à la carte”.

Pura ostentação de um esquerdismo tardio? Antecipação de oposição a um governo de “bloco central”, pós legislativas de 2008? Em qualquer caso, contra as minhas expectativas, depois da sessão do Trindade, a dissidência de Alegre parece irreversível!

Tenho a convicção que hoje, à vista da evolução do mundo e, em particular, da Europa, talvez seja preferível um PS de centro/esquerda a um outro PS qualquer que, não sei com quem, de forma séria, se teria de arranjar para formar governo. Pois é do exercício do poder que estamos a falar e não da organização de saraus culturais.

Acho que o PCP é a única força política da esquerda com sabedoria, histórica e prática, para entender isso. Não é por acaso que se não envolveu na aventura do Trindade. O PCP só se envolve em aventuras se caído em desespero, no fim do caminho, ou arrastado por acontecimentos imprevisíveis, deixando, mesmo assim, sempre uma porta aberta para retroceder em boa ordem. É uma tradição que vem de longe.

Manuel Alegre faz-me lembrar Humberto Delgado sem as estrelas do jovem general e sem a ditadura de Salazar do outro lado! Sem ditadura do outro lado, e sem tropas do seu, o “general” Alegre corre o risco de bivacar no campo do “bloco de esquerda”, ou seja, numa futura “terra de ninguém”.
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IGUALDADE


Pedro Lomba, no Diário de Notícias, escreve: JÁ QUE FALAM DE IGUALDADE. Mais coisa, menos coisa, poderia escrever o mesmo. À direita, e em certa esquerda, reina um grande equívoco na apreciação das aquisições do estado social, em particular, na Europa.
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quarta-feira, junho 4

Jefferson Airplane

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ALEGRE

uma chamada esquerda do PS que é a esquerda e a direita de si própria. O seu lugar situa-se algures entre o passado o presente e o futuro. O seu passado é republicano laico e socialista, o seu presente é ser “do contra” e o seu futuro é admirar o seu passado. Há uma esquerda do PS que se move em torno de princípios que estão enunciados em tábuas antigas, prossegue lutas em prol das conquistas da história e nutre a crença que há sempre uma porta entreaberta para o futuro. Há uma chamada esquerda do PS que sempre encarnou as dores do parto de uma esquerda nova. Geme, trina, sentencia, pontua, comunica, compunge-se, chora e, na versão popular, acena lenços brancos nas bancadas.
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JORGE DE SENA - pelo 30º aniversário da sua morte

[Lisboa, 2 de Novembro de 1919 - Santa Barbara, Califórnia, 4 de Junho de 1978]

Quisera adormecer
como a criança acorda,
à beira de outro tempo, que é o nosso.

Só quero o que não posso.

8/4/53

Em finais de 1979, não sei precisar a razão, interessei-me por conhecer a obra de Jorge de Sena. Talvez tenha sido a memória, muito viva, que retive do seu empolgante discurso na cerimónia realizada, na Guarda, no dia 10 de Junho de 1977. Talvez tenha sido o resultado da busca de refúgio para as dores de uma ruptura amorosa; talvez tenha sido a necessidade de me reencontrar com a obra de artistas que, tal como Camus, fizeram do culto pela liberdade o seu lema de vida.

Hoje preocupam-me os sinais da ascensão de novas formas de autoritarismo que, inevitavelmente, brigarão com a liberdade. E dou comigo a pensar como é possível que os herdeiros das diversas variantes do estalinismo, no nosso país, ganhem créditos, cívicos e eleitorais, apresentando-se como estrénuos defensores da liberdade que, na verdade, abominam. E de como por essa Europa fora se adensam os sinais da ascensão de um novo (ou velho?) fascismo.

Na roda da história volta à tona a velha contradição entre justiça e liberdade sendo que os defensores do primado da liberdade sempre se vêem isolados em épocas de escassez material, relativa ou absoluta, em favor da popularidade de ideologias igualitárias, sejam de matiz comunista ou fascista.

Quando escasseia o pão, e a vida encarece, ganham fôlego os demagogos, de todas as cores, que aproveitam o descontentamento popular para cavalgar a onda e alcandorar aos píncaros o “discurso social” que o mesmo é dizer a reivindicação do predomínio dos princípios, e das políticas, da igualdade sobre os princípios, e as políticas, da liberdade.

Por mim advogo, correndo todos os riscos, o primado da liberdade. Nem novo estalinismo, nem novo fascismo. Nem a sombra dos tiranos quanto mais os seus rostos. No tempo da sociedade da informação a liberdade está na ponta dos nossos dedos mais do que pensam alguns energúmenos cujo maior prazer é vigiar os passos dos amantes da liberdade.

Meus caros: é por isso que me dou ao trabalho, minoritário e persistente, mas afinal na companhia de tantos outros, de lembrar personagens, que arrostando com o silêncio da nossa cultura oficial, pelo seu exemplo e pela sua obra, nos conclamam à vigilância activa, apesar da flacidez das chamadas democracias consolidadas, na defesa da liberdade.

Eis a razão de fundo porque presto a minha homenagem a Jorge de Sena, morto faz hoje 30 anos, e que jaz sepultado, para vergonha da pátria portuguesa, na última das terras da sua peregrinação – os Estados Unidos da América. Salvé Jorge Cândido de Sena!

Ver aqui e aqui algumas referências e poemas de Jorge de Sena.
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Fiz uma pequena alteração no título deste post e, numa primeira leitura da comunicação social, não encontrei uma única referência à efeméride.
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terça-feira, junho 3

RAMMSTEIN


Como manifestação de repúdio em relação às novas exigências das autoridades americanas para a entrada nos Estados Unidos de cidadãos dos países da UE (isso mesmo, da União Europeia!) posto uma música de homenagem à causa palestiniana pela controversa, e popular, banda alemã Rammstein.
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ELOGIO DA VIDA MONÁSTICA

Jorge de Sena (pelo 30º aniversário da sua morte)
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Portrait

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HUMBERTO DELGADO (VI)

Humberto Delgado

Visitei um dia destes o Café Aliança, na minha cidade de Faro, acompanhado pelo meu filho. Aproximei-me das mesas dos “habitués” e meti conversa:

“ – Olá! Como estão, ando atrás de uma fotografia da passagem do Humberto Delgado aqui pelo café. Está difícil de encontrar.” Todos se interessaram pela conversa e, quase todos, tinham bem presente na memória a passagem de Humberto Delgado pelo Algarve.

“Eu vi-o entrar por aquela porta, isto estava cheio de Pides"; “Eu vi duas fotografias dele, uma naquela porta e outra aqui no café!”; “Eu estava, à época, em Olhão e vi a loucura que foi a sua recepção pelo povo!” As fotografias, até hoje, não apareceram mas isso pouco importa.

Foi no dia 3 de Junho de 1958, ao fim da tarde, que Humberto Delgado chegou a Faro: “Ao cair do dia, em Faro, esperava-o uma invulgar concentração de agentes da PIDE, por toda a cidade e no hotel onde ficou hospedado.” “ – Tive de me refrear para não me atirar a eles”, confessou. “O Café Aliança serviu de palco improvisado, numa grande barafunda de populares amontoados à entrada, a revezarem-se para ouvir e ver o candidato presidencial”.

No dia seguinte (4 de Junho) Humberto Delgado rumou a Portimão, visita que o seu neto descreve a traços largos e da qual destaco um detalhe:

“À porta do cemitério, também sobressaiu em arroubos de euforia uma operária conserveira, de seu nome Maria da Conceição Ramos Matias, que utilizou nesse dia as suas moedas de poupança para oferecer flores ao general. Gritou-lhe palavras de ordem de sabor comunista e, rebentando de emoção, impôs o seu desejo de lhe cantar sozinha o Hino nacional, até que, por estar tanto calor, lhe desmaiou nos braços.”

De regresso a Faro é assinalado um almoço tardio e a arrancada para visitar Olhão. Lembro-me da aglomeração de povo à beira dos passeios nas ruas de Faro, acontecimento absolutamente inédito, só comparável com a passagem de algumas procissões e, muito mais tarde, em 1966, aquando da chegada a Faro do bispo Júlio Tavares Rebimbas.

Ninguém sabia ao certo, nem os percursos, nem os horários do General em campanha, mas o meu pai encontrou o caminho, e o momento certo, para se integrar na comitiva que percorreu os nove quilómetros ente Faro e Olhão, que eu acompanhei, ainda criança, certamente, a bordo do Ford Prefect (LH-14-11) familiar. Lembro-me ainda de ter andado na rua, pela mão de meu pai, assistindo à calorosa recepção do povo de Olhão ao General.

Que estranho influxo de coragem atravessou o coração das gentes para que ousassem mostrar, publicamente, a sua dissidência, desafiando um regime político temido pela repressão que exercia sobre os seus opositores? Nesse mesmo dia, 4 de Junho de 1958, a comitiva seguiu para Tavira, Vila Real de Santo António, subindo depois na direcção de Beja cidade na qual a campanha havia de terminar, em apoteose.

[Transcrições, a bold, de “Humberto Delgado – Biografia do General Sem Medo”. Omiti as notas que remetem para as fontes. Continua.]
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segunda-feira, junho 2

MOURINHO NO INTER DE MILÃO

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ITÁLIA - O REGRESSO DO FASCISMO?

Imagem daqui

O caldo ideológico em que medra o fascismo faz o seu caminho em Itália. Mais do que a afirmação de uma ideologia estão em marcha politicas visando a perseguição a grupos étnicos minoritários. Espera-se uma reacção enérgica, e exemplar, da Comissão Europeia presidida por José Manuel Barroso. Assim como a condenação pública da política xenófoba e racista do governo italiano por parte dos governos dos países da Europa democrática. Se tal não acontecer tornar-se-ão cúmplices daquela política e perderão a autoridade moral e política para defenderem os seus próprios nacionais emigrantes. Portugal como país de emigração – à vista de todos nas imagens a propósito do europeu de futebol – deveria ser o primeiro país a condenar publicamente a deriva fascizante do governo italiano. E já agora a nova líder do PSD que foi eleita trazendo na boca a palavra “social”.
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domingo, junho 1

A SELECÇÃO A CAMINHO DA SUIÇA

Acompanhei um pouco por acaso, mas com curiosidade, reportagens da viagem da selecção de futebol a caminho da Suíça. Pondo de lado a componente oficial é impressionante a capacidade de mobilização popular da selecção. A chegada a Neuchâtel mostra uma imagem do povo português - emigrante - ao mesmo tempo entusiasta, moderno e disciplinado. Talvez excessivamente confiante no sucesso da selecção neste europeu. Sou céptico mas anseio que a realidade me desminta.
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HUMBERTO DELGADO (V)


O ambiente na cidade dos estudantes estava muito tenso, na verdade, e mais tenso se tornou no dia seguinte, por ser a data prevista para a enguiçada visita de Humberto Delgado a Braga. Tinha sido adiada inicialmente para 3 de Junho, mas acabou sendo antecipada, por sua decisão, para o primeiro dia do mês. Era um domingo, e logo pela manhã Raul Porto Duarte dirigiu-se a Humberto Delgado, no Hotel Astória. Ao ver o inspector da PIDE, este perguntou?

“- Que quer?

“- Quero comunicar-lhe que não está autorizado a seguir para o norte. Terá de regressara a Lisboa.

“ – Oiça: eu só recebo ordens que venham de alguém com a minha categoria ou superior. De si, não as recebo.

“Porto Duarte esboçou um gesto, quase imperceptível, de levar a mão à arma, mas o general atalhou brutalmente:

“ – E se o pretender fazer com uma pistola, tenho aqui outra.” – E mostrou na cintura a arma que trazia. “ – Convença-se que não recebo ordens da PIDE, que não é coisa alguma e não pode prender um general no activo. Estou disposto a seguir para Braga e só não irei se receber uma ordem militar por escrito, emanada do Governo.”

“O General olhava para o outro como se fosse um verme e deu meia volta (…) O pide estava branco como a cal, hesitou uns segundos e saiu.”

Humberto Delgado acabou por não ir a Braga nesse dia seguindo o conselho dos seus correligionários que reuniu para esse fim. A ordem escrita proibindo militarmente a deslocação acabou por chegar à uma hora da manhã por um oficial do Estado Maior do Quartel General da 2ª Região Militar.

A ida a Braga, por si só, não era a principal preocupação de Humberto Delgado, nem foi por acaso que antecipou de 3 para 1 de Junho a projectada visita à capital do Minho. O que estava realmente em jogo naquele início do mês era a eclosão de um levantamento militar pelo qual assumia a responsabilidade. Se os oficiais envolvidos cumprissem a intentona, marcada que estava para o dia 2, Humberto Delgado encontrar-se-ia então no local da arrancada do “28 de Maio”, o que teria um efeito moral , podendo funcionar como catalisador de adesões no exército. A intentona, no entanto, acabou por não ser levada a cabo.

[Transcrição de “Humberto Delgado – Biografia do General Sem Medo”. Omiti as notas que remetem para as fontes. Continua.]
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sábado, maio 31

BOICOTE À GALP - CONTRIBUIR PARA A CRIAÇÃO DO MERCADO DE COMBUSTÍVEIS


Apesar desta brincadeira se pensa que uma empresa grande, estratégica e coisa e tal, não pode ser boicotada, desengane-se.
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AS ELEIÇÕES NO PSD

Ilustração daqui

Os resultados das eleições directas para o líder do PSD são os seguintes (extraídos da acta oficial):

• Total de Eleitores – 77.088
• Total de Votantes – 45.444
• Votos Brancos – 254
• Votos Nulos – 97
• Candidato Mário Patinha Antão – 308 votos
• Candidato Pedro Santana Lopes – 13.427 votos
• Candidato Manuela Ferreira Leite – 17.224 votos
• Candidato Passos Coelho - 14.134 votos

Os resultados supra mencionados correspondem ao apuramento obtido até às 20h00 horas do dia 31 de Maio de 2008.

Falta apurar os resultados das seguintes Assembleias de Voto:

• Almeirim;
• Constância;
• Ferreira do Zêzere;
• Mesão Frio;
• Penedono;
• Peso da Régua;
• São Paulo;
• Londres;
• Newark;
• Rio de Janeiro

Como sempre acontece neste tipo de eleição – no PSD e no PS – vai correr um rio de tinta da pena de comentadores e uma torrente de palavras da boca de comentaristas. Mas, valha a verdade, a legitimidade deste processo eleitoral não esconde, ao mesmo tempo, a sua assustadora debilidade. Já não falo da guerra entre os candidatos e seus apoiantes. O que me chocou quando abri o sítio do PSD para me certificar dos resultados é ter verificado ser tão pouca gente a decidir dos destinos de um partido e, quiçá, de um povo.
Dos 77 088 militantes inscritos votaram 45 444 (59%). O expoente máximo desta espécie de paródia democrática é Patinha Antão que obteve 308 votos apesar de ter ocupado infindáveis minutos de tempo de antena nos órgãos de comunicação – incluindo as televisões. Manuela Ferreira Leite, que vai liderar o PSD, obteve 17 224 votos (37,9% do total de votos expressos)!
A legitimidade das eleições democráticas não se discute. Mas convenhamos que estes números (sem falar da qualidade de eleitos e eleitores!) revelam uma democracia restrita, limitada, talvez doente, que permite um sem número de interrogações acerca da sustentabilidade, e viabilidade, do próprio regime político democrático. Como podem tão poucos – ao nível dos partidos que são o sustentáculo do regime de representação que é o nosso – deter o poder de definir políticas nacionais cruciais para a vida de toda a comunidade?
Quem se der ao trabalho de percorrer os quadros de resultados, distrito a distrito, concelho a concelho, não pode deixar de sentir um arrepio de desconforto. Quer ao nível nacional, quer local, existem muitas entidades associativas, de natureza diversa, com mais filiados activos e participantes (muitos mais) do que os 77 088 eleitores para não falar dos 45 444 votantes nestas eleições directas do PSD. Todos podemos fingir que tudo vai bem, que a democracia é mesmo assim, mas algo vai mal no “Reino da Dinamarca”.
Ah! Já agora parece-me que o equilíbrio da repartição dos magros votos pelos três candidatos institucionais vai – pelo que entendi das palavras de Santana Lopes – apoiado por Jardim (que nem votou) - transformar a vitória de Manuela Ferreira Leite num inferno. Uma espécie de continuação da guerra civil interna por outros meios. A ver vamos!
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JORGE DE SENA (pelo 30º aniversário da sua morte)

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Passionata, de David LaChapelle

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quinta-feira, maio 29

REFERENDO NA IRLANDA

Margens de Erro
(Clique na imagem para ampliar)

Realiza-se, no próximo dia 12, na Irlanda o referendo ao Tratado de Lisboa. Este acontecimento é mais importante do que parece. O SIM tem fortes hipóteses de sair vencedor. Caso contrário, pelo menos no plano político, a UE sairá ainda mais enfraquecida. Em época de crise económica, e nas vésperas das eleições presidenciais americanas, seria, pelo menos, grave.
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EXERCÍCIO DE CIDADANIA

Dane Shitagi

Entendo. Pretende-se demonstrar que há outras esquerdas para além da que suporta politicamente o governo. Mas para que esta manifestação seja um saudável exercício de cidadania, além de montra de vaidades pessoais e nostalgias frentistas, é preciso que sirva para apresentar alternativas concretas – e viáveis – ao chamado deficit social. A ver vamos. Assumir a responsabilidade de governar é uma maçada … e o Dr. Mário Soares que o diga! Já agora assinalo a originalidade da sessão ser acolhida no Teatro da Trindade … pois não lhe conhecia a vocação … pelos menos nos tempos modernos!
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quarta-feira, maio 28

Ideology in Paradise



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CRISTIANO RONALDO - UMA GUERRA

Por estes dias têm corrido rios de tinta em Espanha, e no mundo inteiro, em torno da figura de Cristiano Ronaldo. A disputa pelos serviços do jovem talento envolve muito dinheiro. Os artistas que fazem os povos sonhar saem muito caros. Falo dos povos não das elites. Carlos Queiroz, do Manchester, avança com a tese nacionalista: os espanhóis, no fundo, querem roubar Ronaldo a Portugal. Uma patetice. No meio desta guerra o mais certo é o rapaz ir-se abaixo. Se resistir será mesmo um caso de estudo.
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terça-feira, maio 27

COMBUSTÍVEIS - CONTRIBUINDO PARA A CRIAÇÃO DE UM MERCADO


Se o protesto público contra o aumento dos preços dos combustíveis não faz sentido, nas palavras dos donos do negócio, por razões de se tratar de um fraco negócio, porque razão não mudam de ramo? Se os donos do negócio, ao longo de toda a cadeia, do produtor ao consumidor final, agem com transparência, na fixação dos preços, porque razão parecem temer a fiscalização dos governos e o boicote dos consumidores? Se os principais prejudicados com o aumento dos preços dos combustíveis são os trabalhadores, pois são eles os consumidores mais indefesos, porque razão as centrais sindicais não levantam um dedo em sua defesa? Se os efeitos do aumento dos preços dos combustíveis são de âmbito global porque razão as organizações transnacionais não reúnem, de emergência, para concertar políticas comuns de ataque à crise? O protesto público contra o aumento do preço dos combustíveis é já uma realidade independentemente das formas que venha a assumir. O boicote que se anuncia será útil para organizar o descontentamento social, que cresce de forma galopante, denunciando a “bolha” especulativa que todos os mais altos responsáveis políticos, de forma explícita, têm vindo a referir. Pode ser que ajude os donos do negócio a refrearem a sua arrogância especulativa e os responsáveis políticos a entender que estão a governar em cima de um barril de petróleo próximo a explodir.

Já referiram, aderiam ou apoiaram (do Jumento):
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FARO - PALÁCIO DE ESTÓI


Fotografias daqui

As Ruínas de Milreu e o Palácio de Estói são dois locais míticos da minha infância que visitei, pela primeira vez, numa daquelas actividades escolares que, levando-nos para fora dos muros de escola, nos tempos da primária, nos enchiam de alegria.

Ao longo dos anos assistimos, com amargura, à degradação daquelas valiosas, e raras, peças do património histórico do concelho de Faro. Após décadas (séculos?) de desinteresse, abandono e incúria, cujos principais responsáveis foram as entidades públicas, vislumbra-se uma luz ao fundo do túnel.

O assunto já havia sido noticiado no A Defesa de Faro e ocupa, hoje, uma página no Público (disponível para assinantes): o Palácio de Estói vai ser transformado em pousada com 6,5 milhões de fundos comunitários. Finalmente!

Espero que o presidente da Câmara Municipal de Faro leve adiante o seu propósito de reformular o protocolo com a ENATUR (concessionada ao Grupo Pestana) pois, como é da natureza de uma empresa privada, esta desejará desfrutar dos benefícios do investimento comunitário (público) minimizando a sua própria comparticipação.
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segunda-feira, maio 26

MARTE FOTOGRAFADO PELA SONDA PHOENIX


AS PRIMEIRAS FOTOGRAFIAS ENVIADAS PELA SONDA PHOENIX DA SUPERFÍCIE DE MARTE

The first pictures sent back by NASA’s Phoenix Mars lander from the northern arctic plains of Mars show a flat terrain marked by a polygonal pattern of shallow troughs and a few pebbles scattered about.
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DEBATE NO PARTIDO SOCIALISTA FRANCÊS


Bertrand Delanoë, Ségolène Royal

O conceito de liberalismo no centro do debate na luta pela liderança do Partido Socialista francês:

Delanoë le libéral fait frémir Ségolène Royal
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FRANCISCO MARTINS RODRIGUES (CONT.)

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VANESSA FERNANDES


O que é raro em Vanessa Fernandes é não ganhar. É difícil encontrar qualquer atleta, ou selecção nacional, de que se possa dizer o mesmo. É uma raridade!
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domingo, maio 25

POLÍTICA SUJA


Moita Flores é uma figura enigmática. Quase nunca concordo com o que diz. Mas compreendo, muito bem, por experiência própria, o teor da sua crónica intitulada: A política suja.
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CICLO DE POESIA PORTUGUESA DO SÉCULO XX - GERAÇÃO DE 40



Rui Cinatty, Alberto Lacerda, Eugénio de Andrade


Fundação das Casas de Fronteira e Alorna


CICLO DE POESIA PORTUGUESA DO SÉCULO XX - GERAÇÃO DE 40

27 e 29 de Maio, 3 e 5 de Junho de 2008
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27 de Maio de 2008 (terça-feira)

20h00/21h30 - JANTAR

21h30 - RECITAL DE POESIA DE RUY CINATTI

Apresentação e Comentários: Peter Stilwell
Leitura: Antónia Brandão, Fernando Mascarenhas, Paulo Godinho e Vera Pyrrait.


29 de Maio de 2008 (quinta-feira)

20h00/21h30 - JANTAR

21h30 - RECITAL DE POESIA DE JOSÉ BLANC DE PORTUGAL

Apresentação e Comentários: Diogo Pires Aurélio
Leitura: Antónia Brandão, Fernando Mascarenhas e Paulo Godinho.


3 de Junho de 2008 (terça-feira)

20h00/21h30 - JANTAR

21h30 - RECITAL DE POESIA DE ALBERTO LACERDA

Apresentação e Comentários: Eugénio Lisboa
Leitura: Antónia Brandão, Fernando Mascarenhas, Maria Adelaide Hidalgo e Paulo Godinho.


5 de Junho de 2008 (quinta-feira)

20h00/21h30 - JANTAR

21h30 - RECITAL DE POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE

Apresentação e Comentários: José Tolentino de Mendonça
Leitura: Antónia Brandão, Fernando Mascarenhas e Maria Adelaide Hidalgo.
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Preço - Recitais de Poesia - Entrada Livre
Jantares - 17,50 euros/cada (15 euros/cada "Amigos da Fundação" e Estudantes). Inscrições Limitadas.

Os Jantares deverão ser confirmados e pagos até às 12h00 de sexta-feira da semana anterior à realização dos mesmos. As marcações não anuladas depois dessa data serão devidas, e para este facto pedimos a vossa compreensão.

A Fundação das Casas de Fronteira e Alorna agradece a disponibilidade e a colaboração de todos os participantes.

Local: Palácio Fronteira, Largo São Domingos de Benfica nº 1 - 1500-554 Lisboa. Informações e inscrições: 217784599 ou fcfa-cultura@netcabo.pt.
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sexta-feira, maio 23

"O ÓDIO"

Bruno Barbey

Vasco Pulido Valente escreve, hoje, sob o título "O Ódio", uma crónica no Público (reservado a assinantes) da qual é possível respigar a frase inicial:

A entrevista de Luís Filipe Menezes da última terça-feira a Constança da Cunha e Sá foi, para mim, uma extraordinária revelação. Raramente, em 50 anos de política portuguesa, fiquei tão surpreendido e, para falar com franqueza, tão incomodado. Porquê? Por causa do ódio, que escorria de cada frase e de cada palavra daquele homem humilhado e azedo. Houve ódio no PREC e tanto que chegou à violência, mas naquela espécie de guerra civil larvar, o ódio parecia, por assim dizer, "normal".

VPV espanta-se com “O Ódio” que transparece, de forma assumida, “de cada frase e de cada palavra” que sai da boca de Filipe Menezes. VPV não deve ter andado por cá nos últimos anos, em particular, na época que decorreu entre os inícios de 2002 e 2005 quando o governo caiu nas mãos da coligação PSD/PP sob a direcção de José Manuel Barroso e Santana Lopes, acolitados por Paulo Portas, Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix.

VPV andou, certamente, distraído pois, caso contrário, ter-se-ia dado conta de como “O Ódio” sempre foi um capítulo destacado dos programas de acção da direita, no poder ou fora dele, pelo menos desde que, em 1995, Cavaco Silva saiu do governo. Filipe Menezes não faz mais do que explicitar um fenómeno próprio de uma direita despojada de ideologia, esvaziada de desígnio político estratégico e capturada, em exclusivo, pelos interesses económicos.

Enquanto não se reencontrar com a política – uma política qualquer – resta à direita prosseguir o programa do “Ódio”, uma espécie de tragicomédia, para cuja encenação tem contado com apoios, por acção e omissão, deveras surpreendentes. Mas essa é uma outra questão!
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COMBUSTÍVEIS:CONTRIBUTO PARA O FUNCIONAMENTO DO MERCADO




Também divulguei uma mensagem de correio electrónico apelando ao boicote das grandes gasolineiras. Como diz o povo “quem não se sente não é filho de boa gente”. É saudável que transpareça, de forma aberta e frontal, que o povo português está a sentir no bolso, directa ou indirectamente, a escalada do preço dos combustíveis.


Sabemos que esta crise é, em grande parte, importada do exterior, que tem diversas vertentes, não se resolve com medidas avulsas, que o preço dos combustíveis é formado por diversas parcelas, entre as quais (a mais pesada) é constituída pelo imposto arrecadado pelo estado e outras coisas mais complicadas como o próprio modelo energético (o governo italiano aprovou por estes dias o nuclear!).



Mas seja qual for o destino deste debate, seja qual for a decisão política do governo, nem por isso a situação da escalada de preços dos combustíveis é menos complexa, e penalizadora, quer para o poder de compra das famílias, quer para a competitividade das empresas, quer para o escrutínio política do desempenho do governo. (Ao governo pede-se que seja firme mas só tem legitimidade para pedir firmeza quem apoiou a politica do governo desde o início!).


A subida de preços dos combustíveis não é um fenómeno novo. Quem não se lembra do açambarcamento de gasolina, uns anos atrás, com filas de carros nas bombas e pessoal a encher bidões. Mas, no nosso tempo, há uma força nova: os movimentos de opinião dos consumidores.


Não sei qual o peso relativo desses movimentos de opinião nas decisões de empresas, e dos governos, mas todos sentimos que, no caso dos combustíveis, a sua força não é desprezível, ainda para mais, na véspera do ano de todas as eleições. Por alguma razão a GALP, ontem, voltou atrás na decisão, publicamente anunciada, de efectuar mais um aumento de preços. Mas a BP foi em frente …


O facto é que os consumidores têm uma palavra a dizer nesta questão do preço dos combustíveis. No mínimo não parece razoável que as gasolineiras continuem a praticar, dia sim, dia não, aumentos de preço, quando o governo mandou a autoridade da concorrência auditar o processo de formação do preço dos combustíveis. (já sei que temos que nos habituar à carestia dos combustíveis, consumir menos, etc. etc., mas espero que as entidades competentes estejam a ser rigorosas na fiscalização das gasolineiras e dos retalhistas, …)


Entretanto vamos escolhendo, livremente, o nosso fornecedor de combustível colocando o mais possível “fora do mercado”, pelo menos, até se conhecer o relatório da autoridade da concorrência, as mais poderosas gasolineiras: GALP e BP, ou seja, compremos a quem vende mais barato!


Pode ser um gesto quixotesco, pode ser um gesto anárquico, pode ser um pequeno nada, mas quantas grandes mudanças não nasceram de pequenos gestos.

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quinta-feira, maio 22

O CONTRADITÓRIO

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HUMBERTO DELGADO (IV)


No dia 22 de Maio de 1958 o General Humberto Delgado proferiu em Chaves um discurso histórico.

A frase com que encerrou o Comício de Chaves veio a ganhar no final do século XX, ao ser ouvida de novo, uma dimensão profética que não podia ter para os flavienses em 1958:

“ – Todos nós, cidadãos pacíficos duma candidatura pacífica, queremos pacificamente conquistar a paz. Mas os esbirros do governo, como têm visto, andam a chamar-nos subversivos nos jornais e a tratar-nos na via pública como malfeitores. Ninguém sabe, portanto, minhas senhoras e meus senhores, onde tudo isto pode ir ter. Há uma coisa, porém, que quero jurar aqui. Eu estou pronto a morrer pela liberdade!”
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