sexta-feira, maio 23

"O ÓDIO"

Bruno Barbey

Vasco Pulido Valente escreve, hoje, sob o título "O Ódio", uma crónica no Público (reservado a assinantes) da qual é possível respigar a frase inicial:

A entrevista de Luís Filipe Menezes da última terça-feira a Constança da Cunha e Sá foi, para mim, uma extraordinária revelação. Raramente, em 50 anos de política portuguesa, fiquei tão surpreendido e, para falar com franqueza, tão incomodado. Porquê? Por causa do ódio, que escorria de cada frase e de cada palavra daquele homem humilhado e azedo. Houve ódio no PREC e tanto que chegou à violência, mas naquela espécie de guerra civil larvar, o ódio parecia, por assim dizer, "normal".

VPV espanta-se com “O Ódio” que transparece, de forma assumida, “de cada frase e de cada palavra” que sai da boca de Filipe Menezes. VPV não deve ter andado por cá nos últimos anos, em particular, na época que decorreu entre os inícios de 2002 e 2005 quando o governo caiu nas mãos da coligação PSD/PP sob a direcção de José Manuel Barroso e Santana Lopes, acolitados por Paulo Portas, Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix.

VPV andou, certamente, distraído pois, caso contrário, ter-se-ia dado conta de como “O Ódio” sempre foi um capítulo destacado dos programas de acção da direita, no poder ou fora dele, pelo menos desde que, em 1995, Cavaco Silva saiu do governo. Filipe Menezes não faz mais do que explicitar um fenómeno próprio de uma direita despojada de ideologia, esvaziada de desígnio político estratégico e capturada, em exclusivo, pelos interesses económicos.

Enquanto não se reencontrar com a política – uma política qualquer – resta à direita prosseguir o programa do “Ódio”, uma espécie de tragicomédia, para cuja encenação tem contado com apoios, por acção e omissão, deveras surpreendentes. Mas essa é uma outra questão!
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1 comentário:

MFerrer disse...

VPValente sabe bem do que fala. Ele conhece o ódio. Por dentro, e por fora, novo e já rançoso, entre carpideiras e entre os herdeiros dos presentes e dos pretéritos defuntos. O ódio em VPValente é uma segunda pele, um fôlego que lhe escapa...
Mas desta vez, como de muitas outras, confundiu o seu ódio com o azedume e a total falta de ideias do defunto Menezes, que não merece nem mesmo ser odiado. E, esqueceu convenientemente, toda a génese da subida ao poder desta turba multa de "salvadores" do capital mais primitivo e rasca que nos tem governado em cada passagem da direita pelo governo.
Quando VPValente fala sobre ódio, fico a pensar que os toureiros poderiam escrever sobre a protecção dos animais!