sábado, fevereiro 25

SETE POEMAS DE AMOR E MORTE

Posted by Picasa Van Gogh - Paisagem em Auvers depois da chuva - 1890

(No primeiro aniversário da morte do meu irmão Dimas)

I

O chão branco de fogo cega o olhar
Longe a coroa de mar envolve a terra
E os sonhos rasam o teto do mistério

II

A parede milenar suspensa deixa ver
O passado remoto e as vozes ressoam
Pelo ar de boca em boca sussurradas

III

A risca amarela marca um tempo eterno
E os sinais de fogo desenhados a quente
Na memória fixam o momento da morte

IV

A lápide gravada a letras claras assinala
O tempo que se desfez na mão fechada
Torrão quente que faz do corpo semente

V

A eira debandou do trigo elevado ao céu
E as ervas tomaram a forma de regatos
Correndo para as nascentes fulminadas

VI

Toca a corneta na estrada anunciando
O peixe e os corpos jovens banham-se
Na sombra fresca do arvoredo ardente

VII

Fixo o olhar perdido à beira do poço
E a pedra lançada ao fundo não ecoa
Canção de amor à morte desesperada

Lisboa, 22 de Março de 2005

3 comentários:

hfm disse...

"E os sonhos rasam o teto do mistério"
por isso nada mais direi sobre este poema que dói.

Anónimo disse...

Gostei dos poemas! penso que originais! Vou ler outros posts dentro deste blog que me parece interessante!Ate depois..........

Anónimo disse...

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