Vou ser sincero quanto se pode ser sincero nestas matérias de apreciação de debates políticos. Sempre se fica com a sensação que cada um dos contendores poderia ir mais além. Observado de qualquer ângulo o treinador de bancada não perdoa qualquer hesitação, imprecisão, erro ou omissão. Nem deixa sequer passar em claro um esgar inapropriado que a televisão, implacável, amplia de uma forma brutal. O que me apetece dizer, após este debate entre Sócrates e Louçã, é que mais subiu o meu apreço, e admiração, por Sócrates. Fazer o balanço da política do governo que chefia, de peito aberto, no meio dos efeitos de uma crise financeira e económica brutal não é mais do que o seu dever. Certo! Mas tomar a iniciativa de puxar as questões da política económica no confronto com um adversário especialista na matéria é mais do que o cumprimento de um dever, é assumir um pesado risco. Mas Sócrates, no campo das questões técnicas que Louçã domina, não perdeu, antes ganhou, tornando a força na fraqueza de Louçã. Afinal Sócrates mostrou que a fraqueza de Louçã é o seu próprio programa. É obra! E remato com uma citação, de 1974, que fui buscar a um velha brochura do extinto MES: “O socialismo é a associação livre de produtores livres e iguais, a sociedade em que aos produtores e apenas a eles caiba decidir o que se produz, como se produz e para que se produz”. É esta a utopia que Loução balbucia mas não é capaz de transformar em programa político pois nunca ninguém foi capaz, nem nunca será, pela razão simples de se tratar de uma utopia. Mal dos povos que dêem ouvidos a dirigentes que queiram transformar as utopias em experiências políticas pois essas experiências sempre acabam em tiranias.
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6 comentários:
Mas, afinal, de quem é que o PS actual tem medo? Do BE? Mas, se este é utopia, não há que ter medo...
Vejam lá se organizam mais um jantar que nisso é que os MES são bons.
resultado do debate:
corrupto/aldrabão: 1
visionário/utópico: 1
Como seria hoje o resultado do negocio se Louçã ontem não botasse a boca no trombone?
Depois de ver o debate fiquei com a mesma idéia que tú. O Sócrates tem muita garra.
Bjs
Prima algarvia
A pergunta que lhe faço, e a que gostaria mesmo de obter resposta, é: como foi possível que nestes últimos 30 anos mudassem tanto de ideais? É que eu, filha de um camarada vosso desses tempos idos de utopia e idealismo, tenho agora a idade que voçês tinham nessa altura. Diz-me então que não devo acreditar que ainda é possível ter um Portugal melhor?
A resposta que lhe dou, em forma de telegrama, como decorre deste meio, é que não mudei de ideiais. Os tempos e as circunstâncias é que mudaram e o mais que posso lamentar é que noutros tempos, por um curto periodo é certo, não tenha cuidado o suficiente de ser fiel a um princípio que sempre fez parte da minha formação desde a infância: a defes ada liberdade acima de qualquer outro valor, a dfesa do direito à revolta sem cair na armadilha do totalitarismo.
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