O PS ganhou as eleições. Parece um facto banal mas não é. Primeiro porque é difícil ganhar. É sempre difícil ganhar em provas públicas. Ganhar a aprovação dos cidadãos mesmo quando os cidadãos sentem que não podem ganhar tudo o que desejariam com o governo a que dão o seu aval. O PS ganhou. Na democracia é assim. Ganha quem tem mais votos. E devo sublinhar, pois essa é a minha convicção, que ganhou o líder do PS, José Sócrates. Uma prova difícil. Todos o dizem, ou talvez não. Mas os líderes políticos geram dinâmicas perversas, animosidades, ódios e paixões. Todos sem excepção mesmo aqueles que não chegam à chefia dos governos. Ainda mais quando acedem à sua liderança. Podem aparentar um espírito de bonomia ou de crispação, seja como for, decidir é um risco, desagrada a uns quanto pode agradar a outros. O que se passou nestas eleições deve-se muito à resistência de um líder que foi sujeito, e continuará a sê-lo, a pressões inimagináveis para que quebrasse e se perdesse ou se deixasse perder. Resistiu e venceu. Mas para que a realidade desta vitória se não deixe destroçar pela sua aparência precisa de ir além do seu próprio partido. O PS e o seu líder não podem mais, nos próximos tempos, deixar de suscitar um verdadeiro debate que promova uma reinvenção da esquerda. Não que tal fenómeno seja a panaceia para todos os males. Nem que se deseje por mero efeito de imitação do que se passa noutros países. Mas porque, a meu ver, é um dos ensinamentos destas eleições. O outro ensinamento é que o povo não quer, pelo menos por uns tempos, maiorias absolutas, muito menos poderes absolutos. Não quer o que quer que seja absoluto. O taxista de ontem pediu-me que lhe explicasse o que era uma maioria absoluta. Tendo compreendido a sumária explicação concluiu: pois sim, tudo é possível, mas sem maioria absoluta. Sócrates, o vencedor destas eleições, precisa, pois, para que a vitória a curto prazo não se transforme numa derrota a prazo médio, de escolher um caminho que lhe permita governar com uma maioria relativa. É difícil ganhar e ainda mais difícil governar, negociando e estabelecendo acordos, sem ficar prisioneiro das agendas populistas à esquerda e à direita (no caso, do BE e do PP). Entramos numa nova fase da nossa vida democrática. Será possível cerzir, de forma paciente, as alianças políticas que o povo, através do voto, parece ter exigido? À esquerda? À direita? Ao centro? Tudo depende do tempo, do modo e da vontade dos interlocutores. O pivô é Sócrates. Quem não entrar no jogo perde. E desde logo o Presidente da República.
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4 comentários:
O único partido que, ontem, desceu na votação, foi o PS. Todos os outros, subiram.
O PS pode ter ganho aritmeticamente, mas perdeu politicamente. Desde logo, a confiança do homem comum - o taxista - que não quer maiorias absolutas. Só os "simplex", clubisticamente doentes, é que não querem perceber isto. O resto, são tretas.
O PS ganhou apesar de todas os ataques ao Eng. Sócrates, ele conseguiu dar a volta por cima e continua a mostrar ao povo português que é um " Senhor", disso não tenhamos dúvidas. Coitados dos que não gostam dele têm de reconhecer que foram tomadas as medidas que mais ninguém teve coragem de tomar... Toca a trabalhar, o trabalho dignifica e eu já trabalho há 45 anos e estou feliz pela vitória do PS.
É bom que o anónimo das 5.07pm trabalhe há 45 anos. O mesmo não podem dizer 600.000 portugueses (10% da população activa) que estão desempregados. Este é o balanço da política do "senhor" Sócrates e da camarilha que o apoia.
Vão passear o cão!
Sócrates ganhou, sobretudo um magnífico aliado, para prosseguir a sua política. Vai dar-se bem com o Paulo Portas.
O menino Xiquinho da CIP gostará disso
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