sábado, dezembro 8

ADÉLIA PRADO



O Noviço e a Abstinência de Preceito

Tenho dificuldade em comer folhas,
mesmo as que eu próprio lavo

com óculos de aumento e rios d´água.
Minha carne quer outra carne,
vermelha entre dourados
de gordura amarela gotejante.
Não me vale saber das excelências do verde,
meu lábio treme à vista de suculências.
Aos rigores da lei
- paulina ou não –
minha fortaleza é a da mostarda.
Um grão.


Na minha recente visita de trabalho a Porto Alegre entrei na tal livraria e encontrei, além do último livro de Ferreira Gullar, também o último de Adéla Prado: A Duração do Dia. O poema acima transcrito ostenta este título extraordinário: O Noviço e a Abstinência de Preceito.
 
[Como eu gosto de Adélia Prado desde o dia em que conheci a sua poesia. Este é um post de outubro de 2010 em que se associa um poema de um livro que comprei no Brasil e um filminho no qual se pode ver a mulher e ouvir a sua voz, ao mesmo tempo, firme e doce.]

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