O post intitulado “O Texto Político” é, certamente, o mais procurado
deste blogue. Publiquei-o em 28 de Agosto de 2004 e repeti-o em 28 de Agosto de 2006. Se lerem os
postes originais compreenderão a origem do meu interesse. Volto a publicá-lo
hoje por duas razões: em primeiro lugar porque tem erros, aliás, facilmente
identificáveis, que aproveito para corrigir e, em segundo lugar, porque estava a
escrever um texto acerca do discurso político de Manuela Ferreira Leite, como
podia ser acerca do discurso político de qualquer outro líder, e desisti ao
lembrar-me deste excerto de Roland Barthes e, em particular, desta frase: ”
(uma interpretação, se for suficientemente sistemática nunca será desmentida,
até ao infinito.) ”
O político é, subjectivamente, uma fonte permanente de aborrecimento e/ou de prazer; é, além disso e de facto (isto é, a despeito das arrogâncias do sujeito político), um espaço obstinadamente polissémico, a sede privilegiada duma interpretação perpétua (uma interpretação, se for suficientemente sistemática, nunca será desmentida, até ao infinito). Poderíamos concluir a partir destas duas constatações que o Político é textual puro: uma forma exorbitante, exasperada, do Texto, uma forma inaudita que, pelos seus extravasamentos e pelas suas máscaras, talvez ultrapasse a nossa compreensão actual do Texto. E, tendo Sade produzido o mais puro dos textos, julgo compreender que o Político me agrada como texto sadiano e me desagrada como texto sádico.
"Fragmentos de Leitura de "Roland Barthes por Roland
Barthes" - Edições 70
[Post de outubro de 2008 um dos posts mais procurados deste blog ao longo dos seus quase nove anos de vida.] |
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