Para mí corazón...
Para mi corazón basta tu pecho,
para tu libertad bastan mis alas.
Desde mi boca llegará hasta el cielo
lo que estaba dormido sobre tu alma.
Es en ti la ilusión de cada
día.
Llegas como el rocío a las corolas.
Socavas el horizonte con tu
ausencia.
Eternamente en fuga como la ola.
He dicho que cantabas en
el viento
como los pinos y como los mástiles.
Como ellos eres alta y
taciturna.
Y entristeces de pronto, como un viaje.
Acogedora como un
viejo camino.
Te pueblan ecos y voces nostálgicas.
Yo desperté y a veces
emigran y huyen
pájaros que dormían en tu alma.
......................
Para o meu coração...
Para meu coração basta o teu peito
para a tua liberdade as minhas
asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a sua alma.
És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência
Eternamente em fuga como a onda.
Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os
mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma
viagem.
Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes
nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam
na tua alma.
Pablo Neruda
“Vinte Poemas de
Amor e
Uma Canção Desesperada”
Tradução de Fernando Assis Pacheco
Publicações D. Quixote
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