dela, e nenhuma me procura ansiosa.
Se o espaço cruzam num murmúrio fino
ou gritam seu destino, a mais formosa
é sempre aquela que eu encontro agora,
apenas porque a encontro e por mais nada.
E para ouvi-las não existo, embora
as ouça claramente, na humilhada,
ténue, profunda, vasta e dolorosa,
conquanto doce, humanidade alheia,
que em mim se alberga tímida e receosa.
Assim se escutam vozes. Delicada,
sopra no espírito a formosa ideia,
e encrespam-se as palavras na alvorada.
9-3-1954
Jorge de Sena
2 comentários:
Gostei de reler. E dei-me conta que o primeiro e o último verso, em si, podiam ser um poema.
Obrigada Helena. Releio e posto, e reposto, pois, afinal, estes são dos poemas que mais gosto e, entretanto, sempre descubro que sempre lemos o mesmo "livro".
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