segunda-feira, dezembro 15

ADÉLIA PRADO



Fatal 

Os moços tão bonitos me doem, 
impertinentes como limões novos. 
Eu pareço uma atriz em decadência, 
mas, como sei disso, o que sou 
é uma mulher com um radar poderoso. 
Por isso, quando eles não me vêem 
como se dissessem: acomoda-te no teu galho 
eu penso: bonitos como potros. Não me servem. 
Vou esperar que ganhem indecisão. E espero. 
Quando cuidam que não, 
estão todos no meu bolso. 



(Publicado em 22 de dezembro de 2003.) 

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