segunda-feira, dezembro 1

dezembro - dia 1


O PS realizou o seu XX Congresso no passado fim de semana. Não vou dissertar acerca da história dos partidos modernos - herdeiros do movimento associativo que irrompeu da revolução industrial com epicentro na Inglaterra - pois nos levaria por um caminho que, sendo muito interessante, não vem ao caso. O PS com este Congresso fechou um ciclo, ou deverá tê-lo fechado, sob pena de entrar num declínio irreversível.

Não é mais possível lutar pelo poder em regime democrático na base de programas políticos fundados em promessas irrealizável ou que as direcções politicas têm consciência que não têm condições para cumprir. Não cauciono, nem por um momento, que os partidos proclamem nos seus programas - e discursos - a morte das ideologias nem, muito menos, acentuem a desesperança que povoa o imaginário dos portugueses. O que quero dizer, simplesmente, é que não vale a pena prometer o "paraíso na terra" se quisermos ser fieis aos próprios princípios da honra republicana e da decência cívica.

Para vencer eleições, e alcançar o poder, o caminho mais seguro - apesar de mais difícil -  é o da elaboração, e apresentação clara, de propostas com viabilidade, que não carecem de aspirar a ir mais longe do que aconselha o bom senso e o bom gosto. Os protagonistas contam muito, ou sejam, as lideranças personalizadas e as equipas, mas também conta muito a credibilização das propostas não só pela percepção das suas diferenças, face a outras propostas concorrentes com as quais se confrontam - pois a democracia é o confronto em torno de propostas diferentes - mas também  pela coragem em assumir a continuidade e previsibilidade das politicas, anteriormente realizadas, reconhecendo os seus méritos e autores.

Para mim este XX Congresso representou a abertura de um novo ciclo da política em Portugal, em particular,1) pela decisão de abertura do PS à sociedade civil que deverá prosseguir com coerência, e resultados práticos, na elaboração da proposta de programa de governo a apresentar às eleições legislativas, e 2) na afirmação de uma nova liderança se for capaz de manter uma relação autêntica com o seu eleitorado natural, e a sociedade em geral, com respeito por todos os partidos democráticos, sem excepção, as forças sociais organizadas e, em geral, os cidadãos que anseiam, ao contrário do que muitos pensam, por oportunidades de participar na vida democrática, de forma livre, respeitada e com consequências.

Não só uma participação formal através do voto livre, conforme manda a lei, mas, ao mesmo tempo, através de uma autêntica participação nas escolhas de protagonistas e de orientações políticas consagradas nos programas partidários.    

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