terça-feira, dezembro 16

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS



    Hoje foi necessário que fosse à loja do cidadão das Laranjeiras, em Lisboa, para tratar de um assunto. O atendimento que procurava situava-se perto do que trata do Cartão de Cidadão. Não era muito o movimento, disseram-me que era próprio da época. O nosso tempo é propício à depreciação dos dirigentes e dos funcionários públicos, mesmo à sua lapidação nas redes sociais, ao ódio à sua própria existência. Assisti, em particular, a dois atendimentos na área do cartão do cidadão que são uma lição de vida. Uma senhora idosa que, pelo que me pareceu ouvir, deverá ter nascido pelos idos de 1922, bem composta, boina na cabeça (que está frio!) cobrindo sua cabeleira branca. A atenção dos funcionários, sua delicadeza, o cuidado que ficasse bem na fotografia, a criação de um ambiente contra natura à frieza do espaço burocrático, assine aqui… De seguida uma senhora que levava uma bebé de poucos meses, a meu lado, perguntada, com voz firme, se era para a bebé, que sim, que teria depois de tirar o passaporte, que sim, seria necessário que a bebé mantivesse os olhos abertos para a fotografia. A bebé dormia profundamente, vamos dar um tempo… a mãe aconchega-a nos braços, faz-lhe mimos, luta para a acordar, sem pressões,… aproxima-se do balcão, e aí uma funcionária segura a bebé, como uma mãe faria, sorri, leva-a para próximo do espaço da fotografia, passeia-a para que de olhos abertos a fotografia possa valer, já está,… de regresso à mãe, segue o processo. Difícil lidar com tantas, e singulares situações, sem um esgar de mal-estar com a vida, os funcionários públicos ao serviço dos cidadãos, como seria difícil fazer melhor… os seus detractores deveriam passar umas horas a ver trabalhar, à vista de todos, os funcionários públicos que eu hoje pude observar.

2 comentários:

Anónimo disse...

O meu único comentário: "BEM HAJA"

Anónimo disse...

Obrigado Eduardo.
Bem haja e Feliz Ano de 2015.