domingo, julho 3

Portugal 2016

Não sou capaz de captar o racional da campanha em curso, sob liderança alemã, para penalizar Portugal no contexto da UE. Tem vindo a assistir-se a uma torrente de declarações, de interpretações, assim como de reações, que puxam Portugal ( e Espanha)para o centro da crise europeia em simultâneo com o resultado do referendo no RU e os sinais evidentes de agravamento da crise do sistema financeiro de países como e Alemanha e Itália. Não creio que se trate de um ataque destinado a apear o governo de Portugal pela natureza da maioria que o apoia. Seria demasiado estúpido, assim como usar uma bomba atómica para resolver uma desavença familiar. Serão, certamente, outros os fundamentos para as ameaças de sansões que se forem aplicadas, seja qual for o grau, será uma estreia absoluta. Mas hoje o ministro das finanças alemão abriu um pouco mais o jogo ao afirmar que a UE deverá decidir ao nível intergovernamental, ou seja, não cumprindo os tratados quanto a decisões que exijam unanimidade. Fica mais claro que a Alemanha e seus mais fieis aliados (hoje, que amanhã não se sabe!) quer ficar com as mãos livres para governar sozinha a UE. As ameaças a Portugal serão porventura (conjeturas de quem não conhece nada dos movimentos da diplomacia a não ser os que são públicos) resposta, ou medida preventiva, contra os efeitos do reposicionamento de Portugal (e outros países) no sistema de alianças intraeuropeu e extraeuropeu. Portugal, como sempre, sem abdicar da sua pertença europeia, mantém intata a vocação atlântica e, sem mimetismos históricos absurdos, tem que se fazer à vida, buscando diversificar as suas dependências, sabendo que é nessa arte de buscar "novos mundos" que sempre residiu o segredo da sua independência.

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