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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
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quinta-feira, maio 13
segunda-feira, janeiro 19
AMOR E RELIGIÃO
Fotografia do final da segunda década do século passado - ramo materno da minha família, com os meus avós, na ponta esquerda, a minha mãe e meu tio, crianças, sentadas, em baixo, à esquerda. [Clique para aumentar]
Tenho uma convicção muito forte – que os meus traços físicos não desmentem - de que sou fruto do amor longínquo entre um(a) muçulmano(a) e um(a) cristão (ã). O que hei-de pensar dos amores trilhados, a sul, pelos meus antepassados? Como foi possível o amor sobreviver no seio de tão fundas diferenças religiosas? Será que o amor é mais forte que a religião?
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terça-feira, julho 3
POSTAL A PRETO E BRANCO AO MINISTRO VIEIRA DA SILVA
Fotografia de António Pais – Jantar de Extinção do MES
Vieira da Silva, da camisa aos quadrados, em baixo.
(Clique na fotografia para ampliar)
ENQUANTO CRESCE A REVOLTA
Há pessoas que se entregam em plenitude a um projecto e depois a outro, e assim sucessivamente, uma vida inteira, ao serviço do público ou do privado, rentabilizando recursos materiais e imateriais, abarcando várias áreas do saber, exigindo muito mais que saberes formais, tornando-se depositários de experiências únicas e intransmissíveis, julgando-se úteis, assumindo a plenitude das suas capacidades e eis que, subitamente, surge o ditame de uma qualquer nomenclatura, um critério de selecção, uma norma imperceptível, um código de ética, uma teia de interesses, algo de ininteligível, e o sujeito é arrumado na penumbra, vê o tempo estreitar-se, adensar-se o silêncio, esfumar-se a auto estima, tornar-se um potencial “excedentário”, enquanto a esperança de vida aumenta e o discurso oficial é o de corrigir a retirada precoce da vida activa. Eu até estou de acordo com a filosofia minoritária, talvez utópica, herdada da tradição camponesa, do trabalho até ao fim da vida, ou seja, a aceitação natural do adiamento infinito da retirada da vida activa, mas desde que a sociedade honre essa inevitabilidade e os governos sejam consequentes no discurso e na prática pela salvaguarda da igualdade de tratamento de todos os cidadãos. Que a sociedade se não valoriza sem a experiência dos seus trabalhadores é discurso recorrente que carece de ser caucionado pela política dos governos e a prática das empresas. Mas não esqueçamos que o pensamento dominante é exactamente o contrário, ou seja, buscar todas as formas de antecipar a idade da reforma e lançar pela janela fora essa ideia da valorização da experiência individual. "As vítimas da fome", nas sociedades ditas desenvolvidas, são os novos deserdados que se auto excluem, ou são excluídos, da vida activa, na plenitude das suas capacidades, humanas e profissionais. Esses desocupados, a tempo inteiro, ou parcial, desempregados, despedidos, dispensados, sub empregados e reformados, sábios de experiência feita, novos e velhos, homens e mulheres, indígenas e imigrantes, são o rastilho de uma nova revolução. Não há estado que lhes valha nem mercado que os compreenda. Estão cercados e quando o seu número, e desespero, atingirem o ponto de ruptura teremos o confronto, não sabemos sob que forma, do qual surgirá um novo paradigma de estado social. Tantas perguntas para tão poucas respostas!
[Nestes tempos de presidência portuguesa da União Europeia resolvi escrever uns POSTAIS A PRETO E BRANCO dirigidos, directamente, a membros do governo português. Sei que eles estão muito ocupados, as suas agendas, por estes meses, são pesadíssimas, que o tempo é escasso, os assuntos se encadeiam, se confundem, e as vozes livres dos cidadãos, porventura, os incomodam. Mas a vida continua e a sociedade subsistirá ao governo e à presidência da UE assim como os problemas que preocupam os cidadãos. Colocarei um problema de cada vez, da forma o mais clara possível, sabendo, de antemão, que poucos serão os membros do governo que chegarão, sequer, a dele tomar conhecimento. O primeiro POSTAL vai para um ministro que conheço pessoalmente, José António Vieira da Silva, do Trabalho e da Solidariedade Social, que tomo a liberdade de ilustrar com uma fotografia em que ele próprio surge no jantar de extinção do MES, em 7 de Novembro de 1981.]
Vieira da Silva, da camisa aos quadrados, em baixo.
(Clique na fotografia para ampliar)
ENQUANTO CRESCE A REVOLTA
Há pessoas que se entregam em plenitude a um projecto e depois a outro, e assim sucessivamente, uma vida inteira, ao serviço do público ou do privado, rentabilizando recursos materiais e imateriais, abarcando várias áreas do saber, exigindo muito mais que saberes formais, tornando-se depositários de experiências únicas e intransmissíveis, julgando-se úteis, assumindo a plenitude das suas capacidades e eis que, subitamente, surge o ditame de uma qualquer nomenclatura, um critério de selecção, uma norma imperceptível, um código de ética, uma teia de interesses, algo de ininteligível, e o sujeito é arrumado na penumbra, vê o tempo estreitar-se, adensar-se o silêncio, esfumar-se a auto estima, tornar-se um potencial “excedentário”, enquanto a esperança de vida aumenta e o discurso oficial é o de corrigir a retirada precoce da vida activa. Eu até estou de acordo com a filosofia minoritária, talvez utópica, herdada da tradição camponesa, do trabalho até ao fim da vida, ou seja, a aceitação natural do adiamento infinito da retirada da vida activa, mas desde que a sociedade honre essa inevitabilidade e os governos sejam consequentes no discurso e na prática pela salvaguarda da igualdade de tratamento de todos os cidadãos. Que a sociedade se não valoriza sem a experiência dos seus trabalhadores é discurso recorrente que carece de ser caucionado pela política dos governos e a prática das empresas. Mas não esqueçamos que o pensamento dominante é exactamente o contrário, ou seja, buscar todas as formas de antecipar a idade da reforma e lançar pela janela fora essa ideia da valorização da experiência individual. "As vítimas da fome", nas sociedades ditas desenvolvidas, são os novos deserdados que se auto excluem, ou são excluídos, da vida activa, na plenitude das suas capacidades, humanas e profissionais. Esses desocupados, a tempo inteiro, ou parcial, desempregados, despedidos, dispensados, sub empregados e reformados, sábios de experiência feita, novos e velhos, homens e mulheres, indígenas e imigrantes, são o rastilho de uma nova revolução. Não há estado que lhes valha nem mercado que os compreenda. Estão cercados e quando o seu número, e desespero, atingirem o ponto de ruptura teremos o confronto, não sabemos sob que forma, do qual surgirá um novo paradigma de estado social. Tantas perguntas para tão poucas respostas!
[Nestes tempos de presidência portuguesa da União Europeia resolvi escrever uns POSTAIS A PRETO E BRANCO dirigidos, directamente, a membros do governo português. Sei que eles estão muito ocupados, as suas agendas, por estes meses, são pesadíssimas, que o tempo é escasso, os assuntos se encadeiam, se confundem, e as vozes livres dos cidadãos, porventura, os incomodam. Mas a vida continua e a sociedade subsistirá ao governo e à presidência da UE assim como os problemas que preocupam os cidadãos. Colocarei um problema de cada vez, da forma o mais clara possível, sabendo, de antemão, que poucos serão os membros do governo que chegarão, sequer, a dele tomar conhecimento. O primeiro POSTAL vai para um ministro que conheço pessoalmente, José António Vieira da Silva, do Trabalho e da Solidariedade Social, que tomo a liberdade de ilustrar com uma fotografia em que ele próprio surge no jantar de extinção do MES, em 7 de Novembro de 1981.]
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