sexta-feira, dezembro 9

PARTIDA ADIADA

Posted by Picasa Fotografia daqui

era poente à beira mar
o sol em tons de vermelho
anunciava o fim do dia

deixei a partida adiada
mãos a deslizar ásperas
ao longo do teu corpo

fui náufrago sobrevivente
nesse dia sem fim anunciado
ao mar imaginado

as horas passaram esquecidas
que as deixei perdidas
seriam oito da tarde

era poente à beira mar
e o teu corpo suspenso
nas minhas mãos sorrindo

anunciava o fim do dia

In “Ir pela Sua Mão”
Editora Ausência – Maio 2003

LÉO FERRÉ

Posted by Picasa Brel, Ferré e Brassens – uma fotografia célebre

O Regresso dos Heróis

MENTIRA

Posted by Picasa Imagem daqui

Cavaco, segundo a SIC, afirmou, hoje, em Faro: "No passado, Portugal foi um País de sucesso. Dizia-se mesmo que Portugal era a Califórnia da Europa. Porque é que não podemos voltar a esse tempo?", questionou o candidato presidencial, numa referência implícita aos 10 anos em que foi primeiro-ministro, de 1985 a 1995.

Como ando a ler e a reler, desvairadamente Camus, li esta afirmação enquanto lia esta outra de Camus: “O privilégio da mentira é de vencer sempre aqueles que querem servir-se dela. (…) A liberdade não é dizer o que nos apetece […] nem instaurar a ditadura em nome de uma liberdade futura. A liberdade consiste, portanto, em não mentir.” (*)

A afirmação que a SIC afirma Cavaco ter afirmado é uma pura mentira. Ter-se-á iniciado o verdadeiro tempo da revelação do carácter do candidato? Nunca houve um “Portugal de sucesso”, nos dez anos dos governos de Cavaco, nem nunca houve uma “Califórnia em Portugal”, a não ser no pior da propaganda Cavaquista.

Não podemos voltar a um tempo passado que nunca existiu. Nos dez anos dos governos de Cavaco o que houve foi o desaproveitamento dos vultuosos subsídios da UE, o enriquecimento sem causa de muitos dignitários do cavaquismo, a perda de uma oportunidade histórica, irrepetível, de consolidar as finanças públicas, as marchas e as bandeiras negras da fome e, na verdade, construção de obras públicas.

Mas Cavaco devia corar de vergonha em proferir estas declarações em Faro, a minha cidade natal, quando não foi sequer capaz, em dez anos, recebendo Portugal 1 milhão de contos por dia de subsídios da UE, de concluir a autoestrada Lisboa-Algarve, nem a Via do Infante.

É que existe uma relação íntima entre a vergonha (ou a falta dela) e a mentira. Mas este é um exercício filosófico que o candidato não merece seja desenvolvido.
(*) Entrevista ao “Progrès de Lyon” (Natal 1951).

quinta-feira, dezembro 8

JOHN LENNON

(For the other half of the sky)
Woman I can hardly express
My mixed emotions at my thought lessness
After all I'm forever in your debt
And woman I will try to express
My inner feelings and thankfulness
For showing me the meaning of success
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Woman I know you understand
The little child inside of the man
Please remember my life is in your hands
And woman hold me close to your heart
However distant don't keep us apart
After all it is written in the stars
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Well Woman please let me explain
I never meant to cause you sorrow or pain
So let me tell you again and again and again
I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah



  • MULHER
Mulher, eu quase não consigo expressar
Minhas emoções confusas na minha negligência.
Afinal de contas, estou eternamente em dívida com você.
E, mulher, eu tentarei expressar
Meus sentimentos interiores e gratidão
Por me mostrar o significado do sucesso.
Ooh, bem, bem,
Doo, doo, doo, doo, doo.
Ooh, bem, bem,
Doo, doo, doo, doo, doo.
Mulher, eu sei que você compreende
A criancinha dentro do homem.
Por favor, lembre-se: minha vida está em suas mãos.
E, mulher, mantenha-me próximo do seu coração
Por mais que [estejamos] distantes, não nos mantenha separados.
Afinal de contas, está escrito nas estrelas...
Ooh, bem, bem,
Doo, doo, doo, doo, doo.
Ooh, bem, bem,
Doo, doo, doo, doo, doo,
Bem... Mulher, por favor deixe-me explicar:
Eu nunca tive intenção de te causar tristeza ou dor.
Então, deixe-me te dizer de novo e de novo e de novo:
Eu te amo, sim, sim,
Agora e eternamente.
Eu te amo, sim, sim,
Agora e eternamente.
Eu te amo, sim, sim,
Agora e eternamente.
Eu te amo, sim, sim...
(Veja no "Público" de hoje um trabalho interessante acerca de Lennon que fixei no

Dario Fo - Candidato

Uma Notícia Importante




quarta-feira, dezembro 7

BENFICA

Posted by Picasa Nuno Gomes, “o capitão”.

O Benfica venceu o Manchester United e vai em frente na mais importante competição europeia de clubes. Em boa verdade, para quase todos, foi um feito inesperado. O Benfica é um símbolo e uma tradição que vem de longe. Certamente, para muitos, um símbolo em decadência.

Mas o futebol tem uma magia extraordinária. Além de ser jogado, no essencial, com os inábeis pés é sempre possível os mais fracos vencerem os mais fortes. Apesar da sua parte obscura, o futebol, já o disse muitas vezes, é uma importante bandeira de qualquer país no nosso mundo globalizado.

Uma paixão do povo. Um veiculo de promoção do país através dos clubes, das selecções, dos treinadores e dos jogadores. Os autocarros, em Londres, têm estampada a face de Mourinho e Figo é o nome português mais reconhecido em qualquer parte do mundo.

O futebol é também uma actividade, com projecção económica, na qual Portugal é competitivo, quer ao nível de clubes, quer de selecções. Portugal, em futebol, está entre os primeiros da Europa e do mundo. O Benfica, hoje, pode ter retomado o lugar de prestígio que já conheceu noutras épocas. Pena foi o F.C. Porto ter ficado pelo caminho. Esperemos pelos próximos capítulos.

Camus por Rondeau

Posted by Picasa Camus por Daniel Rondeau

Daniel Rondeau – “Camus ou les promesses de la vie” – Mengès. Um livro original, acabado de sair, do género foto biografia de Albert Camus ilustrado com interessante informação e, principalmente, fotografias que desconhecia.

(3 de 4)

Vinicius de Morais

Posted by Picasa O Filho do Homem

O mundo parou
A estrela morreu
No fundo da treva
O infante nasceu.
Nasceu num estábulo
Pequeno e singelo
Com boi e charrua
Com foice e martelo.
Ao lado do infante
O homem e a mulher
Uma tal Maria
Um José qualquer.
A noite o fez negro
Fogo o avermelhou
A aurora nascente
Todo o amarelou.
O dia o fez branco
Branco como a luz
À falta de um nome
Chamou-se Jesus.
Jesus pequenino
Filho natural
Ergue-te, menino
É triste o Natal.
Vinicius de Moraes

Natal de 1947

O poema acima foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1960, pág. 215.

terça-feira, dezembro 6

Aquele Grande Rio Eufrates

Posted by Picasa Imagem de ph&-no

(…)
Dia a dia mal o sol subir pela manhã acima
e alcançar conveniente altura
escreverei em tua honra esse poema a que a tarde virá pôr
um ponto final tão rubro como um poente
e chamar-lhe-ei o poema de um dia
(…)

Ruy Belo

AQUELE GRANDE RIO EUFRATES
Aquele Grande Rio Eufrates

ROLAND BARTHES

Posted by Picasa Fotografia daqui

Roland Barthes – “L´empire des signes” – Seuil – Setembro de 2005. (Livro acabado de sair, edição de bolso, bem cuidado).

Inicia com um texto muito apropriado ao meu dilema na relação entre imagens e textos neste blogue: “ Le texte ne “commente” pas les images. Les images n´”illustrent” pas le texte: chacune a été seulement pour moi le départ d´une sorte de vacillement visuel, (…)

(2 de 4)

CAVACO 0 - ALEGRE 0

Posted by Picasa "Um Pais abandonado" – Fotografia de Hélder Gonçalves

Aquilo não foi um debate. Foi um dueto. Uma chatice. Um monólogo a dois. Um formalismo frustrante.

Os candidatos pareciam estar a omitir todas as opiniões que pudessem susceptibilizar o adversário. Cheios de mesuras e de implícitas cumplicidades. Cavaco parecia dizer a Alegre para se portar bem pois, dessa forma, aumentaria as hipóteses de passar à 2ª volta. Alegre retorquia com vénias ao putativo e venerando Chefe de Estado.

O verdadeiro protagonista daquele debate foi, na verdade, Mário Soares.

Quem tenha assistido a um só debate BUSH-KERRY deve ter sentido o que eu senti: este não foi um debate, mas uma troca de galhardetes.

Espero sinceramente que Soares não se deixe cair nesta armadilha. É visível, logo nos primeiros comentários a este debate, a tentativa de confundir educação com sonolência democráticas. Os debates não servem para nada se não mostrarem as diferenças de opinião entre os candidatos.

Um candidato de esquerda (Alegre) está de acordo com tudo o que o candidato da direita (Cavaco) defende e vice-versa. Ali estiveram os dois nacionalistas. Cavaco, o nacionalista de direita. Alegre, o nacionalista de esquerda. Pareceu-me até o nacionalismo de Alegre mais vincado.

Alegre parece ter caído na ilusão de que pode ir buscar votos à direita ou mesmo à extrema-direita. Alguém o deve ter convencido que vai ter mais do que uns 8%!

Cavaco esteve igual a si próprio com uma diferença significativa: afirmou, a respeito de vários dossiers (Ota, por exemplo) assumido desconhecimento. Dessa forma evita tomar posição. Alegre seguiu-lhe os passos e repetiu, até à saciedade, referencias às virtudes da Pátria portuguesa.

É capaz de ser esta a táctica mais eficaz para ambos. Mas fica-se com a sensação que, como diz o povo, são todos iguais.

É triste ter de reconhecer que qualquer um serve para Presidente! Resultado final: Cavaco 0 – Alegre 0.

segunda-feira, dezembro 5

Crónica de uma fidelidade (3)

Posted by Picasa Mural de Alcântara - Lisboa (entretanto destruído)
"Lembro-me de em determinado momento dessa madrugada de 25 de Novembro ter decidido sair do apartamento, no qual me tinha recolhido, vencido mas não convencido, ter rumado a casa, atravessando a cidade de ponta a ponta, de carro, apesar do estado de sítio que tinha sido, ou estava para ser decretado, com uma profunda angústia cravada no peito, fazendo todo o percurso sem ser incomodado por ninguém.
Dormi como um justo. Nessa noite tinha tomado a consciência difusa de que tudo o que pudesse fazer, daí em diante, seria somente um caminho para salvar as aparências de uma escolha passada sem aderência aos sentimentos e expectativas da maioria do povo português.
O vencedor havia sido o PS e o obreiro dessa vitória política da democracia representativa, em Portugal, foi Mário Soares. Como tenho dito sempre, não me arrependo das ideias, nem das acções que empreendi e nas quais participei, mas reconheço que a razão estava do outro lado."
(Texto integral no IR AO FUNDO E VOLTAR)

RENÉ CHAR

Posted by Picasa Primeiro de quatro posts acerca das últimas compras de livros estimulantes que não rimam com o comércio próprio da época natalícia. Nada de original para quem assume a célebre consigna de que estamos sempre, ao longo da nossa vida, a ler o mesmo livro. Exagero, ou talvez não!

René Char – “Le Marteau sans maître” – Gallimard – 2002 (segundo a edição de 1945, diferente da edição original de 1934). Esta é uma das primeiras obras de Char.
(1 de 4)

De encontro à evocação de Ernerto Sampaio, no Almocreve das Petas.

domingo, dezembro 4

"Caso Outreau" - Silêncio em Portugal

Posted by Picasa O “Caso Outreau” ocupou as primeiras páginas de toda a comunicação social francesa este fim-de-semana. Trata-se, para quem não saiba, de um caso de pedofilia altamente mediático, com cinco anos, e que chegou ao fim com a ilibação de todos os acusados. De facto, no passado dia 1 de Dezembro, os últimos 6 acusados foram ilibados.

Entretanto um deles suicidou-se e todos foram sujeitos a um “julgamento na praça pública” que não é difícil de imaginar para os portugueses.

O procurador-geral da República de Paris acaba por se deslocar ao tribunal para pedir desculpa. O Ministro da Justiça anunciou uma investigação, de alto a baixo, a todos os operadores judiciários envolvidos no processo. O primeiro-ministro francês vai receber, formalmente, todos os acusados no caso.

O “Le Monde” titulou no sábado, 3 de Dezembro passado, “Le fiasco d´Outreau impose une reforme de la justice pénale” – En debat Le role du juge d´instruction, la sanction des “erreurs grossières et manifestes”.

Em Portugal que eu tenha visto, ontem, sábado, nem o “Público”, nem o DN, faziam qualquer referência ao caso. Hoje, domingo, o “Público” nada. Talvez tenha havido, nos dias anteriores, alguma referência mas não vi nenhuma. Estranho fenómeno.

Quando em Portugal, desde há 3 anos, não se fala de outra coisa que não no caso “Casa Pia”, e não só, pois a pedofilia é o que “vende”, é, no mínimo, estranho que o epílogo do “Caso Outreau” não mereça uma atenção detalhada e aprofundada na comunicação social portuguesa. Explicações, precisam-se. Mas é, digamos, aterradora esta ausência de atenção e de informação. Ou será, no actual estado da justiça, tudo normal?

Vejam aqui um resumo do caso pelo lado do processo mediático:
Correcção: como A. Pais chamou a atenção, em comentário a este post, no "Público", de domingo passado, saíu um trabalho de Francisco Teixeira da Mota, acerca deste caso, intitulado "Derivas Judiciárias - I". Embora numa coluna de "especialidade", intitulada "Do Mundo da Justiça", é um trabalho razoavelmente detalhado e que promete continuar. Afinal o silêncio não é absoluto, mas quase.

SUSAN SONTAG

Posted by Picasa Susan Sontag

Do New York on Time

“Vale ler o artigo de David Rieff na revista do New York Times deste domingo sobre a morte da mãe dele, Susan Sontag. O título, Ilness as more than metaphor, a doença como mais do que metáfora, é glosa de doída ironia sobre o título de um dos livros mais lidos de Sontag, Ilness as metaphor, a doença como metáfora. Para quem perdeu a mãe, a doença e a morte são mais reais do que figuras de retórica. A verdade é que Susan Sontag não acreditava na morte - a dela, pelo menos.
Pra quem não sabe, ela foi uma das intelectuais mais influentes nos Estados Unidos e na Europa, nas últimas décadas. Em New York, era o centro em torno de quem o mundo intelectual e artístico girava.”

INTOLERÂNCIA

Posted by Picasa Intolerância de Inaky Ibeorlegui

Vasco Pulido Valente lança, hoje no “Público”, uma seta envenenada, contra Cavaco, certeira e clarividente.

Não seria capaz de ser mais assertivo. VPV retira ilações de uma frase de Cavaco, em entrevista à RTP (que não vi): “Anteontem, na RTP, Cavaco fez de repente um comentário que revela o homem”.

O comentário de Cavaco: “Duas pessoas (no caso ele próprio e Sócrates) têm (inevitavelmente) de concordar”.

O essencial da reflexão de VPV: “O fanatismo nunca falou por outras palavras e quem conserva um reflexo de independência e liberdade com certeza que as reconheceu pelo que elas são: a raiz da mais cega e absoluta intolerância.

Intolerância – é essa a palavra para caracterizar, no essencial, o dito cujo candidato e aqueles – que não sendo cegos ou ingénuos – o rodeiam. VPV, mortífero, conclui: “Quem quiser que escolha” Cavaco. Acrescento: mas depois não se queixem.

(Link para "O Público" pago, não disponível).

sábado, dezembro 3

O MEU TIO VENTURA

Posted by Picasa Fotografia que aponta o lugar de onde acabo de regressar

Neste breve ausência foi publicado no “Semanário Económico”, da passada sexta feira, o artigo com o título “O Meu Tio Ventura”.

Já tinha feito referência a que este artigo reproduz, parcialmente, o post intitulado “Reflexão Final”.

O artigo está ainda arquivado no IR AO FUNDO E VOLTAR.

quarta-feira, novembro 30

INTERLÚDIO

Posted by Picasa Fotografia de Bogdan Jarocki

Reproduzo a fotografia, inserida no post "Reflexão Final", a que se refere o artigo que deverá ser publicado na edição da próxima sexta feira do “Semanário Económico”. Volto sábado próximo.

O post pode ser visto, no seu formato original, aqui.

terça-feira, novembro 29

QUERIA

Posted by Picasa Imagem do New York on Time

Queria escrever num verso todos os versos
Uma resma de versos numa palavra singular
Uma antologia devia poder caber numa letra
Uma geração inteira de poetas num patamar

Queria fazer caber os gestos grandiloquentes
De um louco na cabeça de um homem vulgar
E o mundo andar aos solavancos para detrás
Dos montes onde nasce o rio e começa o mar

Lisboa, 5 de Abril de 2005

FERNANDO PESSOA

Posted by Picasa Fotografia de Hélder Gonçalves
MAGNIFICAT
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida,
Quem tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma: será dia!

De Fernando Pessoa, Obras Completas:
Poesias de Álvaro de Campos, 1944
(7-11-1933)

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¿Cuándo es que pasará esta noche interna, el universo,
y yo, mi alma, tendré mi dia?
¿Cuándo es que despertaré de estar despierto?
No sé. El sol brilla alto,
Imposible de mirar.
Las estrellas pestañean frio,
Imposibles de contar.
El corazón pulsa ajeno,
Imposible de escuchar.
¿Cuándo es que pasará este drama sin teatro,
o este teatro sin drama,
y recorreré la casa?
¿Dónde?, ¿Cómo?, ¿Cuándo?
Gato que me mirás con ojos de vida,
que tenés allá en el fondo?
¡Es ese!, ¡Es ese!
Ese mandará como Josué parar el sol y yo despertaré,
Y entonces será de dia,
¡Sonreí, durmiendo, alma mia!

A Luta dos Sindicatos de Professores

Posted by Picasa Os sindicatos em geral e os professores, em particular, são hoje uma poderosa força conservadora. Ao contrário do que seria de esperar estão sempre contra as medidas do governo que apontam no sentido da melhoria da qualidade da educação em Portugal.

Toda a gente reclama, e com razão, que os professores devem ser colocados numa escola e aí permanecer durante um período de tempo considerável por razões óbvias e evidentes. Os problemas individuais que esta medida acarretará, para alguns professores, são infimamente menos gravosas do que a actual situação do “professor saltitante” de escola em escola todos os anos.

Simplifico a questão, como é óbvio, mas não é possível traçar um modelo de escola, de rede escolar, em suma, um sistema educativo à medida dos interesses particulares de um grupo estimável como é o dos professores.

Esta é só uma entre muitas questões que são alvo da contestação dos sindicatos de professores. Trata-se de moldar o sistema em prol de uma maior eficácia no combate ao insucessos e abandono escolares com medidas tão simples e elementares como alargar horários, garantir aulas de substituição, criar actividades não lectivas, garantir o serviço de uma refeição na escola, generalizar o ensino do inglês no 1º ciclo...

Todas as movimentações de contestação, tais como greves, boicotes e outras, se destinam a marcar posição contra uma política que, podendo ser contestável, como todas, tem a vantagem de comportar uma inestimável dimensão de bom senso, entendível pela sociedade.

Faltam, certamente, muitas outras medidas, em particular, no que respeita à qualificação dos conteúdos programáticos, metodológicos, humanos e materiais, ou seja, à promoção da qualidade.

Mas como me dizia, tempos atrás, um amigo sabedor da matéria em causa, a propósito das medidas encetadas na área da matemática, o problema é que uma parte significativa dos professores de matemática não sabe de matemática. É uma questão de ignorância pura e simples. Convenhamos que é uma tarefa ingrata desempenhar uma função para a qual se não tem as aptidões necessárias e suficientes.

Pegue-se no tema por este lado, o da qualidade, e saberemos o exacto estado da educação em Portugal.

Quem é quem ...

Posted by Picasa "Eu é que sou o Manuel Alegre"

Manuel João Vieira, apresentação da candidatura à presidência em Lisboa, 28-11-2005

segunda-feira, novembro 28

"Coragem na vida e talento nas obras ..."

Posted by Picasa “Gosto mais dos homens que tomam um partido do que das literaturas que não tomam partido. Coragem na vida e talento nas obras já não é nada mau. E, depois, o escritor só é comprometido quando quer. O seu mérito é o movimento. E se isso deve passar a ser uma lei, um ofício ou um terror, onde está então o mérito?

Parece que escrever hoje um poema sobre a Primavera é servir o capitalismo. Não sou poeta, mas fruiria sem rebuço uma semelhante obra se ela fosse bela. Serve-se o homem todo ou não se serve. E se o homem tem necessidade de pão e de justiça, e se é preciso fazer o necessário para satisfazer essa necessidade, não se deve esquecer que ele precisa também de beleza pura, que é o pão do seu coração. O resto não é sério.

Sim, eu desejá-los-ia menos comprometidos nas suas obras e um pouco mais na sua vida de todos os dias.”

Albert Camus

Caderno n.º 5 (Continuação) – 1948 – 1951. Tradução de António Ramos Rosa. Edição “Livros do Brasil”. (A partir de “Carnets II”, 1964, Éditions Gallimard).