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Toda a gente reclama, e com razão, que os professores devem ser colocados numa escola e aí permanecer durante um período de tempo considerável por razões óbvias e evidentes. Os problemas individuais que esta medida acarretará, para alguns professores, são infimamente menos gravosas do que a actual situação do “professor saltitante” de escola em escola todos os anos.
Simplifico a questão, como é óbvio, mas não é possível traçar um modelo de escola, de rede escolar, em suma, um sistema educativo à medida dos interesses particulares de um grupo estimável como é o dos professores.
Esta é só uma entre muitas questões que são alvo da contestação dos sindicatos de professores. Trata-se de moldar o sistema em prol de uma maior eficácia no combate ao insucessos e abandono escolares com medidas tão simples e elementares como alargar horários, garantir aulas de substituição, criar actividades não lectivas, garantir o serviço de uma refeição na escola, generalizar o ensino do inglês no 1º ciclo...
Todas as movimentações de contestação, tais como greves, boicotes e outras, se destinam a marcar posição contra uma política que, podendo ser contestável, como todas, tem a vantagem de comportar uma inestimável dimensão de bom senso, entendível pela sociedade.
Faltam, certamente, muitas outras medidas, em particular, no que respeita à qualificação dos conteúdos programáticos, metodológicos, humanos e materiais, ou seja, à promoção da qualidade.
Mas como me dizia, tempos atrás, um amigo sabedor da matéria em causa, a propósito das medidas encetadas na área da matemática, o problema é que uma parte significativa dos professores de matemática não sabe de matemática. É uma questão de ignorância pura e simples. Convenhamos que é uma tarefa ingrata desempenhar uma função para a qual se não tem as aptidões necessárias e suficientes.
Pegue-se no tema por este lado, o da qualidade, e saberemos o exacto estado da educação em Portugal.
1 comentário:
Gostei muito de ler este post ao arrepio do que hoje é o educacionalmente correcto. O dedo está posto na ferida, só que há muitos, muitos anos, a ferida anda a ser tapada com pensos rápidos.
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