domingo, dezembro 11

Crónica de Uma Fidelidade (4)

Posted by Picasa Imagem daqui

No ano de 1976, na sequência da aprovação da Constituição, as eleições legislativas foram ganhas pelo PS de Mário Soares e as presidenciais foram vencidas pelo general Eanes, representando a solução política e militar moderada para a crise.
O MES foi afastado do parlamento nas eleições legislativas de 25 de Abril, apoiou a candidatura presidencial de Otelo tendo rompido, de seguida, de forma radical, com qualquer devaneio de oposição violenta ao modelo político de democracia representativa em fase de consolidação.
Mário Soares tomou posse, em 23 de Setembro, como Primeiro-ministro à frente do I Governo Constitucional.
Amadureciam, assim, as condições para se tomasse a sério a ideia de por fim à experiência do MES o que requeria previamente concretizar, de forma explícita, uma ruptura política e ideológica com o passado. Foi o que aconteceu no decurso do ano de 1977.

(Texto integral no IR AO FUNDO E VOLTAR)

O LUSTRE

Posted by PicasaLustre pampile” – Margarida Ramos para Sia - "ELLE deco" nº 142

O Lustre e a Criadora

Posted by Picasa Foi um jantar, simplesmente, em casa de MM e PS, como sempre acolhedor e regado a discussões fraternais.

Desta vez com a particularidade de “inaugurar” um lustre, ou seja, uma glamorosa “luminária de teto”, numa sala renovada.

O lustre, por sinal, criação de minha mulher, Margarida Ramos, é fabricado em Portugal (Marinha Grande) e ganhou o prémio da revista “Madame Figaro” na “Feira Internacional de Paris – 2001”. Tem ilustrado inúmeras capas de prestigiadas revistas internacionais. É o que se pode chamar um lustre português com sucesso.

sábado, dezembro 10

Viagem Pelo Corpo

Posted by Picasa Imagem de ph&-no

(…)
Enquanto eu mordo contra o muro a cúpula do riso
inclinas tanto os vagarosos braços
que a tarde desce sensivelmente por eles
até configurar-se em tuas mãos

Ruy Belo

AQUELE GRANDE RIO EUFRATES
Aquele Grande Rio Eufrates

MICHELLE BACHELET

Posted by Picasa No próximo domingo o povo chileno vai, segundo todas as sondagens, eleger a socialista Michelle Bachelet para a Presidência da República.

Ouvi falar dela numa visita ao Chile. Era uma mulher, política prestigiada, que tinha sido ministra da saúde e que transitara para ministra da defesa facto inédito na história do Chile e, suponho, de toda a América Latina.

Filha de um general, assassinado às mãos da ditadura de Pinochet, a sua eleição será uma grande vitória do povo chileno.

Será assim honrada a tradição democrática do Chile. Pela nossa parte festejaremos com júbilo a sua vitória. Nunca esqueceremos a tragédia da ditadura de Pinochet, nem o sacrifício de Allende que ofereceu a sua vida em defesa da liberdade e da democracia.
Muitos podem querer apagar da memória o 13 de Setembro de 1973, nós não o esquecemos, primeira condição para que se não possa repetir.


sexta-feira, dezembro 9

CRUCIFIXO - UM "CORPUS ABERTO"

Posted by Picasa Scarlett Johansson

"Um crucifixo, mesmo numa escola pública, não significa que o Estado passe a ser dependente de qualquer confissão religiosa ou que o ensino público tenha carácter religioso". António Bagão Félix, PÚBLICO, 9-1-2-2005


A cruzada, nos jornais, do Dr. Bagão, em prol dos crucifixos nas escolas, fez-me aflorar à memória algumas coisas terríveis que não é oportuno lembrar agora. Mas apeteceu-me, como católico, fazer um exercício de memória.

Não me lembro se, na minha escola primária, na minha sala de aula, havia crucifixo. Não me lembro se era obrigatório rezar no início das aulas. Foi, é verdade, há muitos anos. Mas lembro-me das professoras e professores, a começar pela D. Pessanha (1ª e 2º classes), que era muito tradicionalista e autoritária.

Nunca levei reguadas dela mas era assustador assistir ao suplício dos que as apanhavam. Seria diante do crucifixo? Só uma vez fui humilhado quando me mandou para casa, antes do fim das aulas, por ter sujado os dedos de tinta, resultado da incontinência daquelas canetas de aparo que se alimentavam mergulhando-as nos tinteiros incrustados nas carteiras.

Lembro-me de uma professora jovem, cujo nome esqueci, que ensinava de maneira diferente, pois era uma época de introdução de novos métodos; lembro-me de entender a aritmética e de sentir prazer com ela (a aritmética); vejo o Prof. Bica, exímio tocador de acordeão, nos corredores; sinto a D. Maria José que, na 4ª classe, fez com que tudo me parecesse fácil, incluindo os exames de admissão que fiz dois, um ao liceu, outro à escola técnica.

Eu adorava a D. Maria José, suponho que ela me retribuía a adoração, não soube mais dela, pois ao longo dos anos sempre me queria ver, acho que faleceu, mas trago o seu rosto e a sua voz sempre comigo.

Lembro-me do Padre Henrique, das actividades religiosas fora da escola e das explicações já no liceu, do seu sorriso bondoso, palavra culta, fluente e humanista desenhando a figura de um grande pedagogo solidário. Mas do crucifixo do Dr. Bagão nicles.

Não sei se o Dr. Bagão corre por conta própria, ou se tem mandato da hierarquia da igreja, mas tanto se dá, pois cada um é livre de expressar livremente a sua opinião e não sofrer penitência pelo exercício dessa liberdade. A prática é a prática! As palavras são as palavras. Somos coerentes, ou seja, as palavras e as práticas são coincidentes! Não é Dr. Bagão?

Aqui vai uma réplica, de minha lavra, à frase do “Público”, citada em epígrafe, extraída do meritíssimo texto “pró crucifixo” do Dr. Bagão:

“Um Dr. Bagão Félix colocado, mesmo num ministério das finanças, não significa que o Estado passe a ser dependente de qualquer confissão religiosa ou que a banca e as seguradoras abandonem a busca do lucro em favor de objectivos filantrópicos”.

Como já estão fartos de saber ando em leituras e releituras de Camus. Talvez muitos não saibam qual o tema da tese de Camus para obter o seu diploma de estudos superiores: “Métaphysique chrétienne et néoplatonisme, entre Plotin e Saint Augustin”.

Camus era, pois, um intelectual que estudara o catolicismo e que tinha pelos católicos mais do que simpatia: “le sentiment d´une partie liée. C´est un fait qu´ils s´intéressent aux mêmes choses que moi”. Mas acrescentava, marcando as distâncias: “À leur idée, la solution est evidente, elle ne l´est pas pour moi.

Feitas estas ressalvas, para que não me julguem, sem provas, incréu, ou me lancem à fogueira, ou excomunguem, por citar gente de pouca fé, deixo o meu contributo, via Albert Camus, para o meritório debate do crucifixo.

E porque não dedicá-las ao Dr. Bagão, hoje, em que, se não erro, passam exactamente três anos sobre o dia em que deu posse à Dra. Catalina (e eu estava lá), para que todos possamos reflectir acerca dos temas da verdade e da mentira, da vergonha e do arrependimento, da sinceridade e do cinismo, da justiça e da liberdade.

É o cristianismo que explica o bolchevismo. Conservemos o equilíbrio para não nos tornarmos assassinos.

Verdade deste século: À força de vivermos grandes experiências, tornamo-nos mentirosos.

Há quem se remanseie numa mentira como os que se refugiam na religião.

Cristãos felizes: Guardaram a graça para si próprios e deixaram-nos a caridade.

(Albert Camus, Sublinhados dos “Carnets”, por mim próprio)

"Quando se meditou muito sobre o homem, por ofício ou vocação, acontece-nos sentirmos nostalgia dos primatas. Esses ao menos não têm segundas intenções." - p. 15

Eu moro no bairro judeu, ou o que assim se chamava até ao momento em que os nossos irmãos hitlerianos limparam tudo. Que barrela! Setenta e cinco mil judeus deportados e assassinados, é a limpeza pelo vácuo. Admiro esta aplicação, esta paciência metódica! Quando não se tem carácter, é preciso ter método.” - p. 24

(Albert Camus, Sublinhados de “A Queda”, por Ana Alves).

Citações in “Cadernos de Camus”

PARTIDA ADIADA

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era poente à beira mar
o sol em tons de vermelho
anunciava o fim do dia

deixei a partida adiada
mãos a deslizar ásperas
ao longo do teu corpo

fui náufrago sobrevivente
nesse dia sem fim anunciado
ao mar imaginado

as horas passaram esquecidas
que as deixei perdidas
seriam oito da tarde

era poente à beira mar
e o teu corpo suspenso
nas minhas mãos sorrindo

anunciava o fim do dia

In “Ir pela Sua Mão”
Editora Ausência – Maio 2003

LÉO FERRÉ

Posted by Picasa Brel, Ferré e Brassens – uma fotografia célebre

O Regresso dos Heróis

MENTIRA

Posted by Picasa Imagem daqui

Cavaco, segundo a SIC, afirmou, hoje, em Faro: "No passado, Portugal foi um País de sucesso. Dizia-se mesmo que Portugal era a Califórnia da Europa. Porque é que não podemos voltar a esse tempo?", questionou o candidato presidencial, numa referência implícita aos 10 anos em que foi primeiro-ministro, de 1985 a 1995.

Como ando a ler e a reler, desvairadamente Camus, li esta afirmação enquanto lia esta outra de Camus: “O privilégio da mentira é de vencer sempre aqueles que querem servir-se dela. (…) A liberdade não é dizer o que nos apetece […] nem instaurar a ditadura em nome de uma liberdade futura. A liberdade consiste, portanto, em não mentir.” (*)

A afirmação que a SIC afirma Cavaco ter afirmado é uma pura mentira. Ter-se-á iniciado o verdadeiro tempo da revelação do carácter do candidato? Nunca houve um “Portugal de sucesso”, nos dez anos dos governos de Cavaco, nem nunca houve uma “Califórnia em Portugal”, a não ser no pior da propaganda Cavaquista.

Não podemos voltar a um tempo passado que nunca existiu. Nos dez anos dos governos de Cavaco o que houve foi o desaproveitamento dos vultuosos subsídios da UE, o enriquecimento sem causa de muitos dignitários do cavaquismo, a perda de uma oportunidade histórica, irrepetível, de consolidar as finanças públicas, as marchas e as bandeiras negras da fome e, na verdade, construção de obras públicas.

Mas Cavaco devia corar de vergonha em proferir estas declarações em Faro, a minha cidade natal, quando não foi sequer capaz, em dez anos, recebendo Portugal 1 milhão de contos por dia de subsídios da UE, de concluir a autoestrada Lisboa-Algarve, nem a Via do Infante.

É que existe uma relação íntima entre a vergonha (ou a falta dela) e a mentira. Mas este é um exercício filosófico que o candidato não merece seja desenvolvido.
(*) Entrevista ao “Progrès de Lyon” (Natal 1951).

quinta-feira, dezembro 8

JOHN LENNON

(For the other half of the sky)
Woman I can hardly express
My mixed emotions at my thought lessness
After all I'm forever in your debt
And woman I will try to express
My inner feelings and thankfulness
For showing me the meaning of success
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Woman I know you understand
The little child inside of the man
Please remember my life is in your hands
And woman hold me close to your heart
However distant don't keep us apart
After all it is written in the stars
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Well Woman please let me explain
I never meant to cause you sorrow or pain
So let me tell you again and again and again
I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah



  • MULHER
Mulher, eu quase não consigo expressar
Minhas emoções confusas na minha negligência.
Afinal de contas, estou eternamente em dívida com você.
E, mulher, eu tentarei expressar
Meus sentimentos interiores e gratidão
Por me mostrar o significado do sucesso.
Ooh, bem, bem,
Doo, doo, doo, doo, doo.
Ooh, bem, bem,
Doo, doo, doo, doo, doo.
Mulher, eu sei que você compreende
A criancinha dentro do homem.
Por favor, lembre-se: minha vida está em suas mãos.
E, mulher, mantenha-me próximo do seu coração
Por mais que [estejamos] distantes, não nos mantenha separados.
Afinal de contas, está escrito nas estrelas...
Ooh, bem, bem,
Doo, doo, doo, doo, doo.
Ooh, bem, bem,
Doo, doo, doo, doo, doo,
Bem... Mulher, por favor deixe-me explicar:
Eu nunca tive intenção de te causar tristeza ou dor.
Então, deixe-me te dizer de novo e de novo e de novo:
Eu te amo, sim, sim,
Agora e eternamente.
Eu te amo, sim, sim,
Agora e eternamente.
Eu te amo, sim, sim,
Agora e eternamente.
Eu te amo, sim, sim...
(Veja no "Público" de hoje um trabalho interessante acerca de Lennon que fixei no

Dario Fo - Candidato

Uma Notícia Importante




quarta-feira, dezembro 7

BENFICA

Posted by Picasa Nuno Gomes, “o capitão”.

O Benfica venceu o Manchester United e vai em frente na mais importante competição europeia de clubes. Em boa verdade, para quase todos, foi um feito inesperado. O Benfica é um símbolo e uma tradição que vem de longe. Certamente, para muitos, um símbolo em decadência.

Mas o futebol tem uma magia extraordinária. Além de ser jogado, no essencial, com os inábeis pés é sempre possível os mais fracos vencerem os mais fortes. Apesar da sua parte obscura, o futebol, já o disse muitas vezes, é uma importante bandeira de qualquer país no nosso mundo globalizado.

Uma paixão do povo. Um veiculo de promoção do país através dos clubes, das selecções, dos treinadores e dos jogadores. Os autocarros, em Londres, têm estampada a face de Mourinho e Figo é o nome português mais reconhecido em qualquer parte do mundo.

O futebol é também uma actividade, com projecção económica, na qual Portugal é competitivo, quer ao nível de clubes, quer de selecções. Portugal, em futebol, está entre os primeiros da Europa e do mundo. O Benfica, hoje, pode ter retomado o lugar de prestígio que já conheceu noutras épocas. Pena foi o F.C. Porto ter ficado pelo caminho. Esperemos pelos próximos capítulos.

Camus por Rondeau

Posted by Picasa Camus por Daniel Rondeau

Daniel Rondeau – “Camus ou les promesses de la vie” – Mengès. Um livro original, acabado de sair, do género foto biografia de Albert Camus ilustrado com interessante informação e, principalmente, fotografias que desconhecia.

(3 de 4)

Vinicius de Morais

Posted by Picasa O Filho do Homem

O mundo parou
A estrela morreu
No fundo da treva
O infante nasceu.
Nasceu num estábulo
Pequeno e singelo
Com boi e charrua
Com foice e martelo.
Ao lado do infante
O homem e a mulher
Uma tal Maria
Um José qualquer.
A noite o fez negro
Fogo o avermelhou
A aurora nascente
Todo o amarelou.
O dia o fez branco
Branco como a luz
À falta de um nome
Chamou-se Jesus.
Jesus pequenino
Filho natural
Ergue-te, menino
É triste o Natal.
Vinicius de Moraes

Natal de 1947

O poema acima foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1960, pág. 215.

terça-feira, dezembro 6

Aquele Grande Rio Eufrates

Posted by Picasa Imagem de ph&-no

(…)
Dia a dia mal o sol subir pela manhã acima
e alcançar conveniente altura
escreverei em tua honra esse poema a que a tarde virá pôr
um ponto final tão rubro como um poente
e chamar-lhe-ei o poema de um dia
(…)

Ruy Belo

AQUELE GRANDE RIO EUFRATES
Aquele Grande Rio Eufrates

ROLAND BARTHES

Posted by Picasa Fotografia daqui

Roland Barthes – “L´empire des signes” – Seuil – Setembro de 2005. (Livro acabado de sair, edição de bolso, bem cuidado).

Inicia com um texto muito apropriado ao meu dilema na relação entre imagens e textos neste blogue: “ Le texte ne “commente” pas les images. Les images n´”illustrent” pas le texte: chacune a été seulement pour moi le départ d´une sorte de vacillement visuel, (…)

(2 de 4)

CAVACO 0 - ALEGRE 0

Posted by Picasa "Um Pais abandonado" – Fotografia de Hélder Gonçalves

Aquilo não foi um debate. Foi um dueto. Uma chatice. Um monólogo a dois. Um formalismo frustrante.

Os candidatos pareciam estar a omitir todas as opiniões que pudessem susceptibilizar o adversário. Cheios de mesuras e de implícitas cumplicidades. Cavaco parecia dizer a Alegre para se portar bem pois, dessa forma, aumentaria as hipóteses de passar à 2ª volta. Alegre retorquia com vénias ao putativo e venerando Chefe de Estado.

O verdadeiro protagonista daquele debate foi, na verdade, Mário Soares.

Quem tenha assistido a um só debate BUSH-KERRY deve ter sentido o que eu senti: este não foi um debate, mas uma troca de galhardetes.

Espero sinceramente que Soares não se deixe cair nesta armadilha. É visível, logo nos primeiros comentários a este debate, a tentativa de confundir educação com sonolência democráticas. Os debates não servem para nada se não mostrarem as diferenças de opinião entre os candidatos.

Um candidato de esquerda (Alegre) está de acordo com tudo o que o candidato da direita (Cavaco) defende e vice-versa. Ali estiveram os dois nacionalistas. Cavaco, o nacionalista de direita. Alegre, o nacionalista de esquerda. Pareceu-me até o nacionalismo de Alegre mais vincado.

Alegre parece ter caído na ilusão de que pode ir buscar votos à direita ou mesmo à extrema-direita. Alguém o deve ter convencido que vai ter mais do que uns 8%!

Cavaco esteve igual a si próprio com uma diferença significativa: afirmou, a respeito de vários dossiers (Ota, por exemplo) assumido desconhecimento. Dessa forma evita tomar posição. Alegre seguiu-lhe os passos e repetiu, até à saciedade, referencias às virtudes da Pátria portuguesa.

É capaz de ser esta a táctica mais eficaz para ambos. Mas fica-se com a sensação que, como diz o povo, são todos iguais.

É triste ter de reconhecer que qualquer um serve para Presidente! Resultado final: Cavaco 0 – Alegre 0.

segunda-feira, dezembro 5

Crónica de uma fidelidade (3)

Posted by Picasa Mural de Alcântara - Lisboa (entretanto destruído)
"Lembro-me de em determinado momento dessa madrugada de 25 de Novembro ter decidido sair do apartamento, no qual me tinha recolhido, vencido mas não convencido, ter rumado a casa, atravessando a cidade de ponta a ponta, de carro, apesar do estado de sítio que tinha sido, ou estava para ser decretado, com uma profunda angústia cravada no peito, fazendo todo o percurso sem ser incomodado por ninguém.
Dormi como um justo. Nessa noite tinha tomado a consciência difusa de que tudo o que pudesse fazer, daí em diante, seria somente um caminho para salvar as aparências de uma escolha passada sem aderência aos sentimentos e expectativas da maioria do povo português.
O vencedor havia sido o PS e o obreiro dessa vitória política da democracia representativa, em Portugal, foi Mário Soares. Como tenho dito sempre, não me arrependo das ideias, nem das acções que empreendi e nas quais participei, mas reconheço que a razão estava do outro lado."
(Texto integral no IR AO FUNDO E VOLTAR)

RENÉ CHAR

Posted by Picasa Primeiro de quatro posts acerca das últimas compras de livros estimulantes que não rimam com o comércio próprio da época natalícia. Nada de original para quem assume a célebre consigna de que estamos sempre, ao longo da nossa vida, a ler o mesmo livro. Exagero, ou talvez não!

René Char – “Le Marteau sans maître” – Gallimard – 2002 (segundo a edição de 1945, diferente da edição original de 1934). Esta é uma das primeiras obras de Char.
(1 de 4)

De encontro à evocação de Ernerto Sampaio, no Almocreve das Petas.

domingo, dezembro 4

"Caso Outreau" - Silêncio em Portugal

Posted by Picasa O “Caso Outreau” ocupou as primeiras páginas de toda a comunicação social francesa este fim-de-semana. Trata-se, para quem não saiba, de um caso de pedofilia altamente mediático, com cinco anos, e que chegou ao fim com a ilibação de todos os acusados. De facto, no passado dia 1 de Dezembro, os últimos 6 acusados foram ilibados.

Entretanto um deles suicidou-se e todos foram sujeitos a um “julgamento na praça pública” que não é difícil de imaginar para os portugueses.

O procurador-geral da República de Paris acaba por se deslocar ao tribunal para pedir desculpa. O Ministro da Justiça anunciou uma investigação, de alto a baixo, a todos os operadores judiciários envolvidos no processo. O primeiro-ministro francês vai receber, formalmente, todos os acusados no caso.

O “Le Monde” titulou no sábado, 3 de Dezembro passado, “Le fiasco d´Outreau impose une reforme de la justice pénale” – En debat Le role du juge d´instruction, la sanction des “erreurs grossières et manifestes”.

Em Portugal que eu tenha visto, ontem, sábado, nem o “Público”, nem o DN, faziam qualquer referência ao caso. Hoje, domingo, o “Público” nada. Talvez tenha havido, nos dias anteriores, alguma referência mas não vi nenhuma. Estranho fenómeno.

Quando em Portugal, desde há 3 anos, não se fala de outra coisa que não no caso “Casa Pia”, e não só, pois a pedofilia é o que “vende”, é, no mínimo, estranho que o epílogo do “Caso Outreau” não mereça uma atenção detalhada e aprofundada na comunicação social portuguesa. Explicações, precisam-se. Mas é, digamos, aterradora esta ausência de atenção e de informação. Ou será, no actual estado da justiça, tudo normal?

Vejam aqui um resumo do caso pelo lado do processo mediático:
Correcção: como A. Pais chamou a atenção, em comentário a este post, no "Público", de domingo passado, saíu um trabalho de Francisco Teixeira da Mota, acerca deste caso, intitulado "Derivas Judiciárias - I". Embora numa coluna de "especialidade", intitulada "Do Mundo da Justiça", é um trabalho razoavelmente detalhado e que promete continuar. Afinal o silêncio não é absoluto, mas quase.

SUSAN SONTAG

Posted by Picasa Susan Sontag

Do New York on Time

“Vale ler o artigo de David Rieff na revista do New York Times deste domingo sobre a morte da mãe dele, Susan Sontag. O título, Ilness as more than metaphor, a doença como mais do que metáfora, é glosa de doída ironia sobre o título de um dos livros mais lidos de Sontag, Ilness as metaphor, a doença como metáfora. Para quem perdeu a mãe, a doença e a morte são mais reais do que figuras de retórica. A verdade é que Susan Sontag não acreditava na morte - a dela, pelo menos.
Pra quem não sabe, ela foi uma das intelectuais mais influentes nos Estados Unidos e na Europa, nas últimas décadas. Em New York, era o centro em torno de quem o mundo intelectual e artístico girava.”

INTOLERÂNCIA

Posted by Picasa Intolerância de Inaky Ibeorlegui

Vasco Pulido Valente lança, hoje no “Público”, uma seta envenenada, contra Cavaco, certeira e clarividente.

Não seria capaz de ser mais assertivo. VPV retira ilações de uma frase de Cavaco, em entrevista à RTP (que não vi): “Anteontem, na RTP, Cavaco fez de repente um comentário que revela o homem”.

O comentário de Cavaco: “Duas pessoas (no caso ele próprio e Sócrates) têm (inevitavelmente) de concordar”.

O essencial da reflexão de VPV: “O fanatismo nunca falou por outras palavras e quem conserva um reflexo de independência e liberdade com certeza que as reconheceu pelo que elas são: a raiz da mais cega e absoluta intolerância.

Intolerância – é essa a palavra para caracterizar, no essencial, o dito cujo candidato e aqueles – que não sendo cegos ou ingénuos – o rodeiam. VPV, mortífero, conclui: “Quem quiser que escolha” Cavaco. Acrescento: mas depois não se queixem.

(Link para "O Público" pago, não disponível).

sábado, dezembro 3

O MEU TIO VENTURA

Posted by Picasa Fotografia que aponta o lugar de onde acabo de regressar

Neste breve ausência foi publicado no “Semanário Económico”, da passada sexta feira, o artigo com o título “O Meu Tio Ventura”.

Já tinha feito referência a que este artigo reproduz, parcialmente, o post intitulado “Reflexão Final”.

O artigo está ainda arquivado no IR AO FUNDO E VOLTAR.