segunda-feira, setembro 20

O pó dos livros - 4

Não foi propriamente uma descoberta surpreendente. A novidade foi ter confirmado que o livro estava lá. É um dos livros que mais prazer me deu ler. Foi há muitos anos. Mas, a certa altura, perdi-o. Alguém deve ter achado muito interessante a mesma leitura. E esqueceu-se de mo devolver.

Fiquei com uma pena de morte. Reconheço que não é propriamente um clássico que prestigie intelectualmente o leitor. Mas foi uma leitura de época. Daquelas que nos marcam, vá lá saber-se porquê!

Um dia, passados para aí uns 20 anos, ao descer a rua da Trindade, vindo da Cotovia, onde tinha ido comprar "Bagagem", de Adélia Prado, para oferecer a um amigo, resolvi entrar no "Rei dos Livros". Dirigi-me ao balcão e disparei: "Não terá, por acaso, por aí um livro, assim e assim, uma edição antiga, julgo que de uma editora brasileira, ando atrás dele vai para 20 anos...".

O homem olhou para mim com um ar de estranha compaixão que me deu esperanças! Emitiu um monossílabo do género "Um momento...".

Dirigiu-se à sala dos fundos. Pouco depois surgiu com um volume nas mãos. Eu não queria acreditar. Era mesmo o livro que eu, em vão, tinha procurado durante tantos anos: "A minha vida com Picasso", de Françoise Gilot e Carlton Lake.

Vieram-me as lágrimas aos olhos. Agradeci, não sei com que palavras. Paguei 15 euros, uma ninharia. Saí. Senti o ar mais leve e perfumado. Agora só tenho que o mandar encadernar e nunca mais o emprestar a ninguém.

(Françoise Gilot foi companheira de Picasso entre 1943 e 1953. A edição original é da "Europa América" (portuguesa) a partir de uma edição americana da McGraw-Hill Book Company. A tradução do inglês é de Cármen Gonzalez e de António Ramos Rosa. Mas a edição que encontrei é uma reprodução integral da edição portuguesa realizada pela "Editôra Somabaia" e foi impresso no Brasil.)

Nova página

Acabei de criar uma nova página na blogosfera: IR AO FUNDO E VOLTAR.

Nela publicarei os textos que, pela sua extensão e natureza, não se enquadrem nos blogs de intervenção quotidiana nos quais asseguro participação.

O primeiro texto é a reprodução do artigo publicado na última edição do "Acção Socialista": "Imigração - Esquerda e Direita".

domingo, setembro 19

O engano

No abrupto Pacheco Pereira, subtilmente, assinala a perplexidade que o discurso de Bagão Félix causa em certos intelectuais de esquerda. Esses que parecem terem ficado fascinados por esse discurso não sabem nada de história ou têm alguma coisa a ganhar com ele. Mas Pacheco Pereira já tinha caracterizado, por antecipação, a razão da perplexidade que agora se manifesta. O assunto é sério e merece um tratamento mais aprofundado. Darei também, com todo o gosto, o meu contributo para esclarecer o engano.

"Existe em certos sectores da direita e da esquerda intelectual portuguesa a ilusão que um governo Santana Lopes será um governo que prosseguirá políticas liberais, ou, como pejorativamente agora se diz, “neo-liberais”. Enganam-se completamente. Se há coisa que em Portugal sofrerá com o populismo é o discurso genuinamente liberal. O populismo é nacionalista, defensor da closed shop, “social” e clientelar. O populismo será alicerçado em duas coisas muito próximas na vida política portuguesa: um discurso social, que pode mesmo chegar a ser socializante, e na gestão de clientelas. É uma fórmula muito eficaz em Portugal, potenciada agora pela forma como actuam os media. (..)" (post de 8/7/2004, no abrupto)

Colocação professores

A notícia que faz a manchete do "Expresso" deste fim de semana é revoltante. Fiz algumas reflexões acerca do assunto na abébia vadia. Muitas outras vieram a lume noutros espaços de opinião.

O primeiro motivo da revolta é que conheço, por experiência própria, o método utilizado para "queimar" na praça pública responsáveis de instituições e serviços públicos.

O segundo motivo é a natureza e qualidade miserável do trabalho jornalístico em questão: uma "encomenda", misturando insinuações com factos imprecisos, recorrendo à sobreposição da "pesada herança" (os responsáveis cuja demissão se anuncia teriam sido nomeados em 1996 o que é falso, pelo menos no caso de um eles) com a chamada á notícia da ideia de sabotagem. A leitura pretendida é tão só esta: "o caos no processo de colocação de professores foi o resultado de uma sabotagem da responsabilidade dos socialistas".

O terceiro é a evidente intenção de passar uma esponja por cima das responsabilidades políticas. O processo técnico que, aparentemente, entrou em colapso foi, com certeza, aprovado pela tutela exercida pelo anterior governo. Mas, certamente, a demissão dos responsáveis técnicos não elimina a responsabilidade política do governo em funções.

O quarto motivo é a omissão de uma evidência que é importante: o novo processo técnico destinado á colocação dos professores, com as respectivas contratações, veio certamente substituir um modelo utilizado até ao ano passado, o qual não tinha dado problemas. Quais os fundamentos técnicos e políticos da decisão de criar um novo modelo. (Vide Luis Nazaré no causa nossa)

Em quinto lugar, tal como foi, oportunamente, anunciado está a decorrer uma auditoria ao processo pela Inspecção Geral de Finanças da qual não se conhecem os resultados.

Em sexto lugar, o anúncio público de demissões é um facto que inviabiliza a continuidade em funções dos presumíveis demitidos, independentemente da formalização das mesmas.

A partir de 2ª feira ter-se-ão criado condições mais favoráveis para resolver problema da colocação dos professores ?

sexta-feira, setembro 17

"O que é que limita a representação ?

Brecht mandava pôr roupa molhada no cesto da actriz para que a anca desta tivesse o movimento certo, o da lavadeira alienada. Está muito bem; mas é também estúpido, não será ? Porque o que pesa no cesto não é a roupa, é o tempo, é a historia, e esse peso, como representá-lo ? Impossível representar o político: resiste a toda a cópia, por muito que nos esforcemos por torná-la cada vez mais verosímil. Contrariamente à crença inveterada de todas as artes socialistas, onde começa o político cessa a imitação."

(Não resisto, a título excepcional, a um comentário com plena actualidade: já repararam a razão pela qual certos políticos surgem aos nossos olhos com tão pouca autenticidade.)

Na página 14 deste livro artesanal escrevi o seguinte: "uma leitura incompleta, fragmentada (como todas as leituras), repleta de hiatos (frases e palavras incompreensíveis) mas que representa um comentário indirecto (o único possível como nos diz a própria leitura) às nossas iniciativas convencionais ( ia escrever convivenciais) permitindo melhor jogar (mascarar) o jogo das nossas relações."

Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 37
(pag. 15, 1 de 2)

Edição portuguesa - Edições 70


"Incapacidades"

Há notícias que têm o condão de deixar os cidadãos perplexos. Esta é uma delas. O actual director nacional da PSP (esta não é a sigla de Partido Socialista Português, mas sim de Polícia de Segurança Pública - é um esclarecimento para o pessoal do Brasil!), anterior Inspector-geral da Segurança Social, foi dado como "incapaz", em 2002, por uma junta médica.

A notícia pode ser verdadeira ou não. Não apareceu ainda o "Carocho" para me dar uma certeza acerca deste assunto de intendência.

Mas há um qualquer mistério nestas nomeações, incapacitações, demissões, pensões, transladações, tanta coisa, ao mesmo tempo. É a estratégia da propaganda da propaganda. Nem o mais experiente jornalista sabe por onde pagar em tantos factos, acontecimentos e noticias porque, ao mesmo tempo, surgem as repetições, reafirmações ou negações dos mesmos factos, acontecimentos e notícias.

Os personagens mudam de lugares e trocam de papéis a uma velocidade alucinante. É este o fascínio do governo de Santana Lopes. Agora começo a compreender melhor o fascínio do PR. Isto não é populismo é uma categoria nova. Talvez fique conhecida como "santanismo-pop". Se sobreviver alguém... Pode ser que o PR, lá mais para o ano de 2005, ajude a esclarecer a natureza da coisa.

Des-encantos

Ainda a propósito da colocação dos professores. O tema deveria ser motivo para um debate nacional a sério. Este sim, é um problema que envolve não só as políticas concretas de um, ou mais, governos mas os interesses de toda a comunidade nacional. A educação é uma prioridade nacional? Todos dizem que sim. Mas não parece.

Aqui deixo o discreto des-encanto de um professor.

quinta-feira, setembro 16

Um retrato impiedoso

Aqui está mais um retrato da política do "Governo da Mudança". Ainda se lembram? E da "pesada herança", ainda se lembram? E da "matança" dos gestores socialistas acusados de irregularidades sem fim, apelidados de gastadores impenitentes e de confrangedora incompetência!

Ora vejam o que dizem, hoje mesmo, os que antes fustigaram, impiedosamente, o governo socialista e os seus responsáveis políticos e técnicos.

"Ninguém lhe pede ( a Bagão Félix) e ao Governo, milagres. Nem golpes de magia (a não ser, claro, o de disfarçar o défice real com a cosmética das receitas extraordinárias...). Mas o que confrange é que, ao fim do terceiro exercício orçamental da maioria PSD/CDS e de dois anos e meio de sacrifícios e congelamentos exigidos aos portugueses, a Despesa do Estado se mantenha no mesmo nível assustador e delapidador dos dinheiros públicos, a evasão fiscal persista triunfante a níveis do terceiro mundo e a tão falada consolidação orçamental esteja ainda no ponto zero. Quem assume politicamente este desolador balanço: Bagão Félix, Santana Lopes, Durão Barroso? " (José António Lima - Expresso on line).


A recessão

Há em tudo isto riscos de recessão: o indivíduo fala de si mesmo (risco de psicologismo; risco de enfatuação), enuncia por fragmentos (risco de aforismo, risco de arrogância).

Este livro é feito como o que eu não conheço: o inconsciente e a ideologia, coisas que só se falam pela voz dos outros. Não posso pôr em cena (em texto), como tais, o simbólio e o ideológico que por mim perpassam, uma vez que sou a sua mancha cega (aquilo que realmente me pertence é o meu imaginário, a minha fantasmática: daí este livro). Não posso por conseguinte usar a psicanálise e a crítica política a não ser à maneira de Orfeu: sem me virar, sem olhar para elas, sem as declarar (ou muito pouco: o bastante para tornar a pôr a minha interpretação, mais uma vez, no trajecto imaginário).

O título desta colecção (X. por si próprio) tem um alcance analítico: eu por mim? Mas isso é precisamente o programa do imaginário! Como é que os raios do aparelho reverberam, ressoam em mim? Para além desta zona de difracção - a única sobre a qual posso lançar um olhar, sem que no entanto possa esquecer aquele que precismente dela vai falar - há a realidade e ainda há o simbólico. Quanto a este, não tenho qualquer responsabilidade (já tenho bastante que fazer com o meu imaginário): para o Outro, para o "transfert", portanto...para o leitor!

E tudo isto se processa, como se torna neste caso perfeitamente evidente, através da Mãe, presente ao lado do Espelho."

Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 36
(pag. 14, 3 de 3)

Edição portuguesa - Edições 70

quarta-feira, setembro 15

Santana Lopes vaiado

Isto está difícil. Uma figura que se tomava a si própria como popular ser vaiada pelos "Madonna fans"...A barragem de propaganda despejada pelo governo sobre os portugueses tem efeitos perversos. E está bem de ver que estamos só no início do ciclo eleitoral. O pior ainda está para vir...

"O primeiro-ministro, Santana Lopes, recebeu ontem à noite a sua primeira grande vaia pública, desde que assumiu o cargo no Governo da maioria de direita. O líder do Governo deslocou-se ao Pavilhão Atlântico para assistir ao primeiro concerto da cantora norte-americana Madonna, e, quando se instalou no camarote, os espectadores que ali se encontravam, dando conta da sua presença, assobiaram fortemente e patearam o primeiro-ministro.
Santana Lopes, que se instalou num camarote, situado no lado esquerdo da sala de espectáculos de Lisboa, estava acompanhado por, entre outros, Pedro Pinto, vereador da Câmara Municipal de Lisboa - e um dos seus braços-direitos enquanto assumiu a presidência da autarquia -, e por um dos seus filhos. (...) ("A Capital")

O Pó dos Livros - 3

Um dos livros reencontrados mais sublinhados (a lápis) o que denota uma leitura extensiva e atenta.

"O Pós-Socialismo", de Alain Touraine, Edições Afrontamento (1981). Uma nota indica que foi comprado na Feira do Livro de Lisboa em 7 de Junho de 1983 por 200$00.

Reproduzo, pela sua actualidade, pelo menos aparente, um excerto sublinhado da página final:

"Alguns acreditam ainda que a crise da esquerda pode ser superada por um apelo aos partidos, lançado por uma opinião pública que se resuma a uma massa inorganizada de eleitores desiludidos. É contentar-se com pouco e ter medo de reflectir. Já não é preciso apelar aos partidos mas às forças que trabalham uma sociedade nova. Os partidos políticos devem ser apenas representantes do povo. Quem é o povo hoje, e qual é o nome dos seus inimigos? A esquerda parece ter medo de sair da antecâmara do poder; melhor faria em olhar para baixo e para cima, e reencontrar a inspiração de todos os movimentos sociais: lutar com os que são oprimidos, libertar os que estão presos, dar esperança aos que suportam a submissão. (…) É preciso portanto definir claramente a nossa situação para encontrar a coragem de pensar livremente e de agir consoante as nossas convicções mais profundas. Que importam as resistências das ideias gastas e dos aparelhos egoístas! Os que recusam a decadência devem trabalhar para reconhecer e tornar habitável um futuro que criámos, mas que só agora começamos a descobrir."

Aqui pode ler uma curta entrevista concedida ao "Público" em 2001

Aqui uma entrevista em Lisboa e uma breve biografia de Touraine

terça-feira, setembro 14

INEM

Ontem ouvi num canal de TV, a propósito de um grave acidente de viação em Vila Real, que os serviços do INEM mais perto estão em Penafiel. Não há uma única equipa do INEM no distrito de Vila Real? Ou isto é mentira ou está tudo louco. É pedir aos espanhóis que eles resolvem o problema num instante.

O pó dos livros - 2

Mais alguns livros que me têm passado pelas mãos ao arrumar as estantes. Escolhas sem critérios pré-definidos.

"A formação dos Intelectuais", de António Gramsci - Colecção 70, edição de 1972 (profusamente sublinhado e anotado);

"Obra Completa de Cesário Verde " - Colecção Poetas de Hoje, Portugália - organizada, prefaciada e anotada por Joel Serrão; 2ª edição de 1969;

"Memórias e Trabalhos da Minha Vida", de Norton de Matos - 2 volumes, Editora Marítimo Colonial, Lda. (edição de 1944) - muito bem conservados mas a necessitarem de encadernação. Em ambos os volumes existem abundantes sublinhados a lápis, à margem; no segundo uma marca a água indica que o livro foi originariamente comprado na Livraria Inglesa, em Portimão. Foram publicados 4 volumes. Vou agora em busca dos restantes dois.

Encontrei ainda outros dois volumes de Norton de Matos :

"Os dois primeiros meses da minha candidatura à Presidência da República" e " Mais quatro meses da minha candidatura à Presidência da República", edições do autor, referentes a intervenções e acontecimentos ocorridos de 9/7/48 a 9/1/49, editados em 1949. Ambas as edições ostentavam na contracapa o "preço mínimo", 10$00 e 12$50, respectivamente, e uma interessante inscrição: "O produto da venda deste livro é destinado aos fundos da candidatura".

Os livros de Norton de Matos surgem, para mim próprio, de forma surpreendente. A sua aquisição em alfarrabistas (não me lembro bem) deve-se, certamente, ao meu interesse (antigo) pelos acontecimentos do imediato pós-2ª guerra mundial em Portugal. A azul um link com uma biografia, muito interessante, do Norton de Matos maçon.


segunda-feira, setembro 13

Os livros arrumados

Os livros estão quase todos arrumados nas prateleiras. Os reencontros e as redescobertas foram gratificantes. Darei conhecimento de mais algumas. Segue-se o arrumo de outros papéis e documentos antigos. Nada que constitua uma tarefa hercúlea. Mas as férias acabaram. O tempo, a partir de agora, tem de ser repartido de outra maneira. Olhar a pequena biblioteca, depois de limpo o "pó dos livros", é estimulante para encetar outras tarefas e encarar novos desafios.

Promessas aos montes

Aí está, em todo o seu esplendor, a feira populista do Governo do Dr. Santana Lopes. A culminar um fim-de-semana alargado de anúncios, cada um mais populista que o outro, o Ministro Bagão Félix acaba de confessar, sem o dizer, que o deficit real das contas públicas, em 2004, é de 4,4%.

Com mais umas vendas de património público lá chegaremos aos 2,94% (!). Afinal há razões para optimismo: em dois anos e meio de sacrifícios o deficit é exactamente igual ao de 2001, o da chamada "pesada herança"socialista.

Para o futuro tudo vai melhorar, em particular, a vida dos mais pobres e carenciados. O cacharolete de medidas anunciadas, e a anunciar, têm como grande desígnio beneficiar os mais pobres. Pois claro!

Daqui a alguns meses, o mais tardar, até ao Natal, o mais certo é o país estar transformado num grandioso "Túnel do Marquês" mas, desta vez, do "Minho a Timor" (uso este lema antigo em homenagem ao Dr. Portas, insigne chefe do Dr. Bagão Félix.).

Oram vejam este "despacho da Lusa:

"Aumentos para a Função Pública em 2005
Santana garante que novas portagens não prejudicam populações locais

O primeiro-ministro promete aumentos para a Função Pública já no próximo ano. Num comício do PSD em Ponta Delgada, Santana Lopes garantiu que as alterações na legislação de arrendamentos e nas taxas de saúde são para proteger os mais pobres e "não para beneficiar os poderosos".

"Em 2005, os funcionários [públicos] vão ter aumentos como não tiveram nos anos anteriores", disse Santana Lopes, ontem à noite em Ponta Delgada, na abertura das jornadas parlamentares do PSD.
Quanto às alterações na lei de arrendamento, sublinhou que pretendem dar resposta à situação de jovens que não conseguem encontrar casas para alugar e de famílias pobres cujos rendimentos impedem o pagamento de rendas suficientes para suportar obras.

Sobre a "mexida" nas taxas de saúde, Santana Lopes referiu que os que podem pagar mais terão que assumir maiores encargos.
O primeiro-ministro disse ainda, numa referência às portagens a introduzir nas auto-estradas financiadas pelo sistema que isentava de custos os respectivos utilizadores, "não serão prejudicadas as populações locais".

O princípio a praticar no financiamento dos encargos do Estado com a sua construção, que atingirão na sua primeira prestação 500 milhões de euros, será o do "utilizador-pagador", adiantou.
Santana Lopes criticou, também, o posicionamento dos partidos da oposição relativamente ao seu executivo assegurando que "não vai cansar-se, respondendo à calúnia com trabalho"."




domingo, setembro 12

Estou a ler bem?

A guerra já não tinha acabado?

"Iraque - Intensos combates no centro de Bagdad entre tropas dos EUA e guerrilheiros iraquianos AFP, Reuters

O centro de Bagdad foi esta madrugada e manhã cenário de violentos confrontos entre as tropas norte-americanas e guerrilheiros iraquianos. O Exército norte-americano fez uso de tanques e helicópteros e os confrontos chegaram até à "zona verde". Segundo o Ministério da Saúde iraquiano, pelo menos cinco pessoas morreram e outras 45 ficaram feridas. Várias testemunhas indicam, porém, que o número de mortos ascende a mais de 20."
(Público on line)

Discursos

Deixei passar o dia 9 de Setembro. Os dias 9 são pouco inspiradores. Neles ocorreram muitos acontecimentos pouco inspiradores do meu optimismo. Mas o PR não esqueceu. Nunca mais vai esquecer. Neste fim de semana voltou a referir-se à sua decisão política anunciada a 9 de Julho. Fez uns discursos. Justificações. Mas para quê? Entregou o governo a Santana Lopes. A maioria não mudou. Porque razão havia de convocar eleições? Assim ficaria assegurada a estabilidade. Mas, afinal, o governo mudou! Sem eleições. Tudo dentro da mais estrita legalidade. Cumprindo todas as formalidades. O problema é que era tudo uma questão política. O PR tinha que optar. Optou pela estabilidade. Por outras palavras para o PR a estabilidade=direita. A esquerda é, para o PR, um emblema para trazer à lapela. Estranhei. Mas pensando bem...Já me tinha parecido.

"Psicanálise e psicologia"

(Complacência com aquilo que tem pressão(?) sobre nós; assim, tinha eu no Liceu Louis-leGrand um professor de história que, precisando de vaias como de uma droga quotidiana, oferecia obtinadamente aos alunos uma infinidadede de oportunidades de fazerem burburinho: erros, ingenuidades, palavras de sentido duplo, posturas ambíguas, e até a tristeza com que revestia todas estas atitudes secretamente provocadoras; o que fazia que os alunos, tendo-o compreendido, se abstivessem, em certos dias, sadicamente, de o vaiar)."

Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 35
(pag. 14, 2 de 3)

Edição portuguesa - Edições 70


Propaganda

Na próxima 2ª feira vai começar o massacre. O plano elaborado pela "central de comunicação" começa com o humaníssimo Ministro Bagão Félix: "Comunicação ao País", seguida de "Entrevista", na RTP, na 5ª feira. Na mesma semana outras humaníssimas comunicações serão feitas por outros humaníssimos ministros.

Ontem (sábado) o Primeiro-ministro surgiu em Castelo de Vide a falar, em peças sucessivas, em todos os canais de TV, na qualidade de Primeiro-ministro misturada com a de líder do PSD. Já não há o cuidado, ao menos, de mudar de sítio, de camisa, de postura. É tão natural que até faz impressão. Os assuntos já não me lembro, mas também não tem importância nenhuma. É tudo para esquecer. Haja decência!

sexta-feira, setembro 10

Atropelar em Portugal

Não sei se há estatísticas internacionais. Portugal deve ser campeão do mundo em atropelamentos. De toda a natureza. Desde a aplicação da lei, e das regras básicas da convivência cívica, até às estradas. Ontem ouvi e vi o caso do atropelamento mortal de dois jovens que seguiam para a Praia de Faro de bicicleta. Hoje um campeão nacional de marcha é atropelado durante o treino. Todos esperamos uma conferência de imprensa do Ministro Portas ou do primeiro-ministro: Atropelar em Portugal. Mandem as tropas para a rua…

"Em estado grave
Campeão nacional júnior de marcha atlética e irmão atropelados
O campeão nacional júnior de marcha atlética, Gonçalo Bejinha, e um irmão foram atropelados enquanto treinavam, nos arredores de Moura, Beja. Ambos ficaram feridos com gravidade." (SIC)