O PP anuncia o nada. O paradigma da promessa incumprível. Um caso de estudo para a ciência política. As cidades candidatas aos JO de 2012 estão escolhidas. Assunto arrumado. Então que tal anunciar a candidatura de Lisboa?
CDS-PP compromete-se a estudar realização dos Jogos Olímpicos de 2012 em Lisboa
"Telmo Correia assumiu hoje, na apresentação da lista de candidatos do CDS pelo círculo de Lisboa, o compromisso de estudar a realização na capital portuguesa dos Jogos Olímpicos de 2012, embora o Comité Olímpico Internacional já tenha escolhido as cidades candidatas e já não seja possível entregar uma nova candidatura."
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, janeiro 21
Floresta (1)
"1) Floresta: nova constelação, novo signo astrológico. O meu destino sob outro influxo. Pedra preciosa: o poema petrificado.
2) Cada passo, livro, acaso, opção, paixão, me levou sempre a uma floresta. Primeiro a Amazónia insondável onde nasci. Depois a infância, a literatura, a insónia, o amor, a constante derrota política, a hantise da doença, a inadaptação aos códigos, a mania obsessiva do sonho. Floresta de florestas, desdobrando-se em mil raízes entrelaçadas, numa natureza demasiado pobre para tanto excesso.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 10 (2 de 3)
2) Cada passo, livro, acaso, opção, paixão, me levou sempre a uma floresta. Primeiro a Amazónia insondável onde nasci. Depois a infância, a literatura, a insónia, o amor, a constante derrota política, a hantise da doença, a inadaptação aos códigos, a mania obsessiva do sonho. Floresta de florestas, desdobrando-se em mil raízes entrelaçadas, numa natureza demasiado pobre para tanto excesso.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 10 (2 de 3)
Faltam 29 dias
O debate eleitoral é o que é. Hoje e amanhã PSD e PS apresentam os respectivos programas. Seria o momento oportuno para uma viragem no rumo do debate. Mas ninguém acredita que mude alguma coisa de essencial.
Ninguém está verdadeiramente interessado na economia real, no clima, na seca, na pobreza, nas desigualdades sociais, na reforma da administração pública, no combate à corrupção, no envelhecimento demográfico, na educação e formação, na cidadania, na imigração… Os temas constarão dos programas. Mas a sua transposição para a prática política é pouco mediática.
As mudanças são empreendimentos que comportam demasiados riscos e complexas operações de engenharia social. Por outro lado, como diria José Gil a inveja é, em Portugal, um sistema. Fazer obra perturba a paz dos espíritos. Não dá votos. Ou seja, tudo o que é “fazer futuro” requer tempo, estudo, ponderação, um compromisso geracional.
Há quem se preocupe com a verdadeira política. Mas são poucos, cada vez menos. Marginais e heréticos. Refugiados no silêncio da revolta.
Ninguém está verdadeiramente interessado na economia real, no clima, na seca, na pobreza, nas desigualdades sociais, na reforma da administração pública, no combate à corrupção, no envelhecimento demográfico, na educação e formação, na cidadania, na imigração… Os temas constarão dos programas. Mas a sua transposição para a prática política é pouco mediática.
As mudanças são empreendimentos que comportam demasiados riscos e complexas operações de engenharia social. Por outro lado, como diria José Gil a inveja é, em Portugal, um sistema. Fazer obra perturba a paz dos espíritos. Não dá votos. Ou seja, tudo o que é “fazer futuro” requer tempo, estudo, ponderação, um compromisso geracional.
Há quem se preocupe com a verdadeira política. Mas são poucos, cada vez menos. Marginais e heréticos. Refugiados no silêncio da revolta.
quinta-feira, janeiro 20
"A Árvore dos Tamancos"
No cimo da página dez do “livro artesanal” de “O Aprendiz de Feiticeiro” escrevi:
“A “Árvore dos Tamancos” fez-me, a mim, uma enorme e saudável impressão como reconstituição da infância vivida no meio camponês. Os mesmos cânticos, as mesmas desfolhadas, a mesma calma carícia do lume e do jogo de fazer as horas esperarem por nós, o mesmo ritmo comandado pelo homem vigoroso por dentro e calmo por fora que cria a sua própria riqueza do seu chão que a morte estruma mais tarde ou mais cedo. É um ciclo inacessível à maioria dos “animais” urbanos que dessa forma ficam incapazes de entender a vida inteira e de se transformarem a si próprios pois perdem um precioso termo de comparação.”
Carlos de Oliveira escreveu:
“Mas voltando à medicina: o mundo camponês (e digo camponês porque a maioria das histórias vem do campo) é evidentemente rudimentar, supersticioso, fatalista, apesar da finura crítica que o ilumina. E assim, quando há doenças e doentes, a última decisão pertence apenas ao arbítrio da Morte.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 10 (1 de 3)
“A “Árvore dos Tamancos” fez-me, a mim, uma enorme e saudável impressão como reconstituição da infância vivida no meio camponês. Os mesmos cânticos, as mesmas desfolhadas, a mesma calma carícia do lume e do jogo de fazer as horas esperarem por nós, o mesmo ritmo comandado pelo homem vigoroso por dentro e calmo por fora que cria a sua própria riqueza do seu chão que a morte estruma mais tarde ou mais cedo. É um ciclo inacessível à maioria dos “animais” urbanos que dessa forma ficam incapazes de entender a vida inteira e de se transformarem a si próprios pois perdem um precioso termo de comparação.”
Carlos de Oliveira escreveu:
“Mas voltando à medicina: o mundo camponês (e digo camponês porque a maioria das histórias vem do campo) é evidentemente rudimentar, supersticioso, fatalista, apesar da finura crítica que o ilumina. E assim, quando há doenças e doentes, a última decisão pertence apenas ao arbítrio da Morte.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 10 (1 de 3)
quarta-feira, janeiro 19
Pequenez
O país é demasiado pequeno para tantas promessas do governo. Todos os dias sem parar. Já se sabia que iria ser assim. O povo português aguenta. Os perdedores anunciados destilam ódio por todos os poros. Faltam 30 dias. São os dias do desespero. Tudo se pode esperar dos desesperados.
A grandeza dos homens emerge nos momentos difíceis. Mas os nossos governantes desconhecem a palavra grandeza, só conhecem a palavra poder. Desconhecem a palavra dignidade, só conhecem a palavra arrogância. Desconhecem a palavra compaixão, só conhecem a palavra vingança.
A grandeza dos homens emerge nos momentos difíceis. Mas os nossos governantes desconhecem a palavra grandeza, só conhecem a palavra poder. Desconhecem a palavra dignidade, só conhecem a palavra arrogância. Desconhecem a palavra compaixão, só conhecem a palavra vingança.
A Dignidade
“10) Fala duma personagem de romance:
- Dizem em voz alta, não muito alta: que porcaria, que nojo de sociedade, e em voz baixa, baixíssima: ora, o que é preciso é “triunfar”. Esta consciência elástica lembra o chewing-gum e pega-se fatalmente à esquerda e à direita. Por mais dez réis de propaganda ou al contado (também faz jeito). Por ninharias. E no entanto a dignidade cultiva-se como a beterraba ou as abóboras. Semeando-a, adubando-a, colhendo-a na altura própria. Muito rústico? Está bem, arranja-se outra coisa. Citadina. A dignidade, desenvolve-a uma ginástica vigilante e diária, que requer apenas paciência, atenção, vontade. Com uns anos de exercício torna-se instintiva, uma espécie de segunda natureza. Pouco maleável (rentável) na prática social mas esse defeito compensa-o largamente a tranquilidade interior (moral) que permite o crescimento livre de certa intranquilidade (imaginativa, criadora), ponto de partida para toda a obra literária alguns furos acima das “necessidades do mercado”. O que sucede nos casos vulgares é a falta da primeira liquidar a outra ou impedi-la dum completo desenvolvimento. E não me venham com o exemplo de alguns génios i(ou a)morais, porque posso arranjar logo uma dúzia de outros génios para contrapor a esses e, sobretudo, porque disse: nos casos vulgares.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 9 (1 de 1)
- Dizem em voz alta, não muito alta: que porcaria, que nojo de sociedade, e em voz baixa, baixíssima: ora, o que é preciso é “triunfar”. Esta consciência elástica lembra o chewing-gum e pega-se fatalmente à esquerda e à direita. Por mais dez réis de propaganda ou al contado (também faz jeito). Por ninharias. E no entanto a dignidade cultiva-se como a beterraba ou as abóboras. Semeando-a, adubando-a, colhendo-a na altura própria. Muito rústico? Está bem, arranja-se outra coisa. Citadina. A dignidade, desenvolve-a uma ginástica vigilante e diária, que requer apenas paciência, atenção, vontade. Com uns anos de exercício torna-se instintiva, uma espécie de segunda natureza. Pouco maleável (rentável) na prática social mas esse defeito compensa-o largamente a tranquilidade interior (moral) que permite o crescimento livre de certa intranquilidade (imaginativa, criadora), ponto de partida para toda a obra literária alguns furos acima das “necessidades do mercado”. O que sucede nos casos vulgares é a falta da primeira liquidar a outra ou impedi-la dum completo desenvolvimento. E não me venham com o exemplo de alguns génios i(ou a)morais, porque posso arranjar logo uma dúzia de outros génios para contrapor a esses e, sobretudo, porque disse: nos casos vulgares.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 9 (1 de 1)
Eugénio de Andrade
82 anos. Hoje. Uma singela homenagem entre muitas. Um poema breve.
CODA
Nenhum pensar agora: calma
e profunda corrente de silêncio
entre mim e o que de mim ainda
se aproxima: simples fulgor
antes de arder no cume
talvez a cal: ou só o seu rumor.
in "véspera da água"
CODA
Nenhum pensar agora: calma
e profunda corrente de silêncio
entre mim e o que de mim ainda
se aproxima: simples fulgor
antes de arder no cume
talvez a cal: ou só o seu rumor.
in "véspera da água"
"Levantamento Nacional"
Também acho que vai haver um “levantamento nacional” no dia 20 de Fevereiro. O problema é que me parece que a primeira vítima vai ser quem o proclama. O desespero é mau conselheiro.
Santana Lopes: dissolução do Parlamento foi "embuste político"
"O líder do PSD, Pedro Santana Lopes, afirmou ontem à noite em Mira (Coimbra) que a dissolução do Parlamento foi um "embuste político", e disse esperar que nas eleições de Fevereiro haja um "levantamento nacional" contra a decisão."
Santana Lopes: dissolução do Parlamento foi "embuste político"
"O líder do PSD, Pedro Santana Lopes, afirmou ontem à noite em Mira (Coimbra) que a dissolução do Parlamento foi um "embuste político", e disse esperar que nas eleições de Fevereiro haja um "levantamento nacional" contra a decisão."
terça-feira, janeiro 18
Pecadoras Mentais
A propósito de um longo fragmento que começa assim: “Alguém me observou há tempos que as mulheres pequeno-burguesas dos meus livros são mais ou menos pecadoras mentais.” (…) Escrevi um pequeno intróito a esta página 8 do meu livro artesanal que reza assim: “ A descrição da vida social e da moral onde fui educado e que nunca aceitei, nem sei sequer explicar muito bem porquê, mas que explica certamente muita coisa.”
E Carlos de Oliveira, mais à frente, escreve: “Este ódio do homem pela mulher, com o fascínio equívoco, habitual, que a vítima exerce no carrasco e vice-versa (é bom não nos esquecermos disso), vem de longe e vicejou em todas as comunidades ocidentais à sombra da moral católica ou protestante. Trata-se com efeito de ódio, organizado socialmente como punição antes e depois do “pecado”: antes, para prevenir a falta e reprimir desde logo a tendência pecaminosa atribuída há muito ao sexo feminino; depois, para castigo exemplar. (…)”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 8 (1 de 1)
E Carlos de Oliveira, mais à frente, escreve: “Este ódio do homem pela mulher, com o fascínio equívoco, habitual, que a vítima exerce no carrasco e vice-versa (é bom não nos esquecermos disso), vem de longe e vicejou em todas as comunidades ocidentais à sombra da moral católica ou protestante. Trata-se com efeito de ódio, organizado socialmente como punição antes e depois do “pecado”: antes, para prevenir a falta e reprimir desde logo a tendência pecaminosa atribuída há muito ao sexo feminino; depois, para castigo exemplar. (…)”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 8 (1 de 1)
A Justiça Enclausurada na Casa do Gaiato
Reproduzo duas notícias: a primeira de 18 de Novembro de 2004 e a segunda de hoje, 18 de Janeiro de 2005, referentes à situação da “Casa do Gaiato”.
Dois meses de diferença. Na primeira a imagem pública de uma instituição, prestigiada e com história, é lançada na lama por um relatório da Inspecção-geral da Segurança Social. Na segunda o Ministro assegura que a “dignidade da instituição vai ser reposta”.
Algumas perguntas:
-Quem foi o ministro que mandou efectuar a referida auditoria?
-Quem foi o Inspector-geral que aprovou o relatório final da auditoria que deu origem à primeira notícia?
-Quem é a relatora do dito relatório?
-Quem divulgou para a comunicação social o teor do referido relatório?
-O que mudou de essencial, em dois meses, para transformar a “Casa do Gaiato” de um “inferno”, pelo menos num “purgatório”, ou mesmo num “paraíso”?
-Que consequências vão ser retiradas pelo governo face aos danos provocados na imagem pública da instituição e na honorabilidade dos seus responsáveis?
NOTÍCIA DE 18 DE NOVEMBRO DE 2004
«Clausura» e «repressão» na Casa do Gaiato
"Uma auditoria da Inspecção-Geral da Segurança Social à Casa do Gaiato conclui que nesta instituição as crianças e jovens vivem um clima de «clausura» e «repressão», agravado por sérios indícios de maus-tratos.
A auditoria da Inspecção-Geral da Segurança Social à Casa do Gaiato está concluída e as conclusões, divulgadas esta quinta-feira, pelo jornal «Público» são devastadoras para a obra do Padre Américo.·No relatório lê-se que na Casa do Gaiato vive-se um clima de «isolamento, clausura e repressão», agravado por sérios indícios de maus-tratos. A relatora recomenda que todos os menores sejam retirados do local."
NOTÍCIA DE 18 DE JANEIRO DE 2005
Eventuais maus-tratos na Casa do Gaiato «pontuais»
"O ministro da Segurança Social, Fernando Negrão, considerou que os eventuais maus-tratos na Casa do Gaiato são «pontuais» e defendeu que, em menos de um mês poderá ser levantada a proibição de envio de crianças para esta instituição.
Fernando Negrão na visita que efectuou, esta terça-feira, à Casa do Gaiato, em Paços de Sousa, Penafiel, deu um «voto de confiança» e prometeu que a dignidade da instituição vai ser resposta."
Dois meses de diferença. Na primeira a imagem pública de uma instituição, prestigiada e com história, é lançada na lama por um relatório da Inspecção-geral da Segurança Social. Na segunda o Ministro assegura que a “dignidade da instituição vai ser reposta”.
Algumas perguntas:
-Quem foi o ministro que mandou efectuar a referida auditoria?
-Quem foi o Inspector-geral que aprovou o relatório final da auditoria que deu origem à primeira notícia?
-Quem é a relatora do dito relatório?
-Quem divulgou para a comunicação social o teor do referido relatório?
-O que mudou de essencial, em dois meses, para transformar a “Casa do Gaiato” de um “inferno”, pelo menos num “purgatório”, ou mesmo num “paraíso”?
-Que consequências vão ser retiradas pelo governo face aos danos provocados na imagem pública da instituição e na honorabilidade dos seus responsáveis?
NOTÍCIA DE 18 DE NOVEMBRO DE 2004
«Clausura» e «repressão» na Casa do Gaiato
"Uma auditoria da Inspecção-Geral da Segurança Social à Casa do Gaiato conclui que nesta instituição as crianças e jovens vivem um clima de «clausura» e «repressão», agravado por sérios indícios de maus-tratos.
A auditoria da Inspecção-Geral da Segurança Social à Casa do Gaiato está concluída e as conclusões, divulgadas esta quinta-feira, pelo jornal «Público» são devastadoras para a obra do Padre Américo.·No relatório lê-se que na Casa do Gaiato vive-se um clima de «isolamento, clausura e repressão», agravado por sérios indícios de maus-tratos. A relatora recomenda que todos os menores sejam retirados do local."
NOTÍCIA DE 18 DE JANEIRO DE 2005
Eventuais maus-tratos na Casa do Gaiato «pontuais»
"O ministro da Segurança Social, Fernando Negrão, considerou que os eventuais maus-tratos na Casa do Gaiato são «pontuais» e defendeu que, em menos de um mês poderá ser levantada a proibição de envio de crianças para esta instituição.
Fernando Negrão na visita que efectuou, esta terça-feira, à Casa do Gaiato, em Paços de Sousa, Penafiel, deu um «voto de confiança» e prometeu que a dignidade da instituição vai ser resposta."
Falta de Vergonha
Tudo estava previsto para 2006. Mas sempre se arranja uma esmola para a véspera do dia de votar. A falta de vergonha no seu máximo esplendor.
"Aumentos concretizam-se uns dias antes das eleições
Função Pública Trabalhadores e pensionistas só sentirão os aumentos, fixados em 2,2%, em Fevereiro Portaria ontem publicada leva sindidatos a sublinhar que o atraso "não é comum"
"Quando no dia 17 de Fevereiro os reformados do Estado (aqueles que são abrangidos pela Caixa Geral de Aposentações) receberem a sua reforma vão verificar que esta não só inclui o aumento de 2,2% fixado para este ano, como também o correspondente retroactivo de Janeiro. Um reforço salarial que chega às contas escassos dias antes das eleições legislativas, enquanto no caso dos funcionários públicos, naquela data, o aumento ainda só constará no recibo do ordenado, que já terão recebido."
"Aumentos concretizam-se uns dias antes das eleições
Função Pública Trabalhadores e pensionistas só sentirão os aumentos, fixados em 2,2%, em Fevereiro Portaria ontem publicada leva sindidatos a sublinhar que o atraso "não é comum"
"Quando no dia 17 de Fevereiro os reformados do Estado (aqueles que são abrangidos pela Caixa Geral de Aposentações) receberem a sua reforma vão verificar que esta não só inclui o aumento de 2,2% fixado para este ano, como também o correspondente retroactivo de Janeiro. Um reforço salarial que chega às contas escassos dias antes das eleições legislativas, enquanto no caso dos funcionários públicos, naquela data, o aumento ainda só constará no recibo do ordenado, que já terão recebido."
Avisos à Navegação
A SEDES vai tornar público um documento ao qual se deve dar muita atenção. O populismo e o eleitoralismo, fundados em promessas irrealizáveis, vão encher as notícias. Já nestes dias se assistiu a um bombardeamento de promessas impossíveis de cumprir.
A direita apresenta-se nas eleições com dois líderes de perfil populista. A esquerda e, em particular, o PS não podem fazer concessões à onda populista. O documento da SEDES, neste contexto, é muito importante.
“Sedes avisa que próximo Governo terá de aumentar impostos e cortar despesa”
"A Sedes alerta ainda para o fenómeno de Portugal estar a apresentar "sinais evidentes de ingovernabilidade", com a acção política a tender para "sucumbir ao populismo e imediatismo, com sacrifícios dos resultados mais duradouros".
Segundo esta associação, "a situação é tanto mais grave quanto o Estado, crescendo em dimensão, tem sido desqualificado, enfraquecido e tornado palco indevido da disputa partidária, à custa do mérito, da competência e do sentido de serviço público"."
A direita apresenta-se nas eleições com dois líderes de perfil populista. A esquerda e, em particular, o PS não podem fazer concessões à onda populista. O documento da SEDES, neste contexto, é muito importante.
“Sedes avisa que próximo Governo terá de aumentar impostos e cortar despesa”
"A Sedes alerta ainda para o fenómeno de Portugal estar a apresentar "sinais evidentes de ingovernabilidade", com a acção política a tender para "sucumbir ao populismo e imediatismo, com sacrifícios dos resultados mais duradouros".
Segundo esta associação, "a situação é tanto mais grave quanto o Estado, crescendo em dimensão, tem sido desqualificado, enfraquecido e tornado palco indevido da disputa partidária, à custa do mérito, da competência e do sentido de serviço público"."
segunda-feira, janeiro 17
Orgulho Criador
(…) “O essencial é juntar ao pecúlio (de todos) os nossos dez réis de orgulho criador. Aqui têm, façam favor de ler. E para isso (adianto eu como hipótese já verificada), o balanço dos haveres da casa pode revelar-se útil. Não seria a primeira vez que tais revelações conduziriam a revoluções inesperadas. Uma palavra conduziu agora a outra pela mudança de duas vogais…
Também não sofro da doença do passado nem vou de barbas brancas para o Restelo malsinar os que partem. Afonso Duarte diz:
O tornar ao passado é sempre um resto
Ou pior, uma falta de saúde.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 7 (1 de 1)
Também não sofro da doença do passado nem vou de barbas brancas para o Restelo malsinar os que partem. Afonso Duarte diz:
O tornar ao passado é sempre um resto
Ou pior, uma falta de saúde.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 7 (1 de 1)
Ironias
“Santana Lopes afirma que vai continuar a inaugurar obras já concluídas”
A afirmação de Santana Lopes nada tem de extraordinário. Todos os governos fazem inaugurações nas campanhas eleitorais. O que a afirmação tem de irónico é o facto de ter sido proferida na inauguração de uma grande obra do governo socialista, o tal da “pesada herança”!
“O novo Palácio da Justiça de Sintra, que representou um investimento de mais de 26 milhões de euros e cuja construção teve início quando António Costa era ministro da Justiça do Governo socialista de António Guterres, irá acolher os tribunais de comarca, cível, criminal, de família e menores, administrativo e fiscal, além das varas mistas.”
A afirmação de Santana Lopes nada tem de extraordinário. Todos os governos fazem inaugurações nas campanhas eleitorais. O que a afirmação tem de irónico é o facto de ter sido proferida na inauguração de uma grande obra do governo socialista, o tal da “pesada herança”!
“O novo Palácio da Justiça de Sintra, que representou um investimento de mais de 26 milhões de euros e cuja construção teve início quando António Costa era ministro da Justiça do Governo socialista de António Guterres, irá acolher os tribunais de comarca, cível, criminal, de família e menores, administrativo e fiscal, além das varas mistas.”
domingo, janeiro 16
Altivez
A Inveja
Vivemos Paralisados pela Inveja José Gil
Excerto da entrevista com José Gil publicada na "Pública". A abordagem da inveja. No alvo. É isso! É isso!
P. - A incapacidade de agir vem de dentro, do nosso medo. Mas, quando alguém tenta, o que acontece? Temos a aprovação ou a sanção dos outros?
R. - Uma sanção terrível. É o mecanismo da inveja.
P. - Não agimos, mas também não deixamos ninguém agir. Como funciona esse mecanismo?
R. - O mecanismo da inveja tem a ver com práticas da magia, o "mau olhado", o "quebranto", e também com o que em psiquiatria se chama "transferência psicótica", ou seja, o que passa de uma pessoa para outra e não é verbal. Imagine que você chega ao pé dos seus colegas e diz: "Fiz uma reportagem extraordinária!" E não está a falar por vaidade, mas objectivamente. Mas logo o tipo que está a seu lado diz: "Ai sim? Pois muito bem." E com este tom introduz em si um afecto inconsciente que o vai paralisar.
P. - É um mecanismo semelhante ao do ostracismo?
R. - Exactamente. Cria-se um ambiente que é hostil à iniciativa e que tem um efeito sobre a própria vontade de querer fazer. Isto é generalizado em Portugal. A inveja é mais do que um sentimento. É um sistema. E não é apenas individual: criam-se grupos de inveja. Várias pessoas manifestam-se simultaneamente contra a sua iniciativa. Cria-se um ambiente de inveja. Um grupo determinado age segundo os regulamentos da inveja.
P. - É uma atitude concertada ou inconsciente?
R. - Pode ser concertada ou inconsciente, mas funciona. Não se permite que numa empresa, num escritório, ninguém ultrapasse a linha da média baixa. Vivemos reconhecendo-nos como irmãos na desgraça.
P. - Mas por que se faz isso? Não seria do interesse de todos encorajar cada um a fazer melhor?
R. - Sim, mas há um efeito de espelhos. Se você faz alguma coisa de forte, isso deveria ser um estímulo para mim, para fazer algo também forte. Mas não. Vê-lo forte diminui-me a mim. Vê-lo com intensidade, com iniciativa, faz-me pensar, por causa da imagem que tenho de mim, na minha pobre condição, em que não faço nada. E faço tudo para destruir a sua iniciativa, para que eu possa viver. Você sufoca-me com a sua energia. Terrível isto. Uma pessoa sufoca a outra com a sua energia. E o resultado é que estamos todos sem energia.
P. - Mas para que essa acção da inveja tenha efeito não é necessário que a "vítima" esteja vulnerável?
R. - Precisamente. Um etnólogo pôs-me essa questão. Disse: só se é afectado pela inveja quando se quer, quando se está num estado determinado. Eu respondo: sim, em quem tem a pele grossa não entra nada. São as pessoas porosas que são fragéis. E isso é típico de Portugal. Os portugueses são sensíveis, porque não são maduros. Isso poderia ser maravilhoso. Somos pessoas de pequenas percepções, de intuições imediatas, e por isso sentimos quando alguém está a torcer para que não avancemos. Faz curto-circuito, fecha o espaço das possibilidades. É um sistema.
P. - Uma espécie de acordo tácito para que ninguém aja, ninguém ameace, e possamos viver em paz.
R. - Precisamente. Para que possamos viver em paz. Porque temos medo do conflito.
P. - Daí os "brandos costumes"?
R. - Recusamos o conflito a céu aberto, mas temos uma violência incrível na nossa sociedade. Violência doméstica em relação às crianças. Os brandos costumes escondem uma violência subterrânea enorme.
Excerto da entrevista com José Gil publicada na "Pública". A abordagem da inveja. No alvo. É isso! É isso!
P. - A incapacidade de agir vem de dentro, do nosso medo. Mas, quando alguém tenta, o que acontece? Temos a aprovação ou a sanção dos outros?
R. - Uma sanção terrível. É o mecanismo da inveja.
P. - Não agimos, mas também não deixamos ninguém agir. Como funciona esse mecanismo?
R. - O mecanismo da inveja tem a ver com práticas da magia, o "mau olhado", o "quebranto", e também com o que em psiquiatria se chama "transferência psicótica", ou seja, o que passa de uma pessoa para outra e não é verbal. Imagine que você chega ao pé dos seus colegas e diz: "Fiz uma reportagem extraordinária!" E não está a falar por vaidade, mas objectivamente. Mas logo o tipo que está a seu lado diz: "Ai sim? Pois muito bem." E com este tom introduz em si um afecto inconsciente que o vai paralisar.
P. - É um mecanismo semelhante ao do ostracismo?
R. - Exactamente. Cria-se um ambiente que é hostil à iniciativa e que tem um efeito sobre a própria vontade de querer fazer. Isto é generalizado em Portugal. A inveja é mais do que um sentimento. É um sistema. E não é apenas individual: criam-se grupos de inveja. Várias pessoas manifestam-se simultaneamente contra a sua iniciativa. Cria-se um ambiente de inveja. Um grupo determinado age segundo os regulamentos da inveja.
P. - É uma atitude concertada ou inconsciente?
R. - Pode ser concertada ou inconsciente, mas funciona. Não se permite que numa empresa, num escritório, ninguém ultrapasse a linha da média baixa. Vivemos reconhecendo-nos como irmãos na desgraça.
P. - Mas por que se faz isso? Não seria do interesse de todos encorajar cada um a fazer melhor?
R. - Sim, mas há um efeito de espelhos. Se você faz alguma coisa de forte, isso deveria ser um estímulo para mim, para fazer algo também forte. Mas não. Vê-lo forte diminui-me a mim. Vê-lo com intensidade, com iniciativa, faz-me pensar, por causa da imagem que tenho de mim, na minha pobre condição, em que não faço nada. E faço tudo para destruir a sua iniciativa, para que eu possa viver. Você sufoca-me com a sua energia. Terrível isto. Uma pessoa sufoca a outra com a sua energia. E o resultado é que estamos todos sem energia.
P. - Mas para que essa acção da inveja tenha efeito não é necessário que a "vítima" esteja vulnerável?
R. - Precisamente. Um etnólogo pôs-me essa questão. Disse: só se é afectado pela inveja quando se quer, quando se está num estado determinado. Eu respondo: sim, em quem tem a pele grossa não entra nada. São as pessoas porosas que são fragéis. E isso é típico de Portugal. Os portugueses são sensíveis, porque não são maduros. Isso poderia ser maravilhoso. Somos pessoas de pequenas percepções, de intuições imediatas, e por isso sentimos quando alguém está a torcer para que não avancemos. Faz curto-circuito, fecha o espaço das possibilidades. É um sistema.
P. - Uma espécie de acordo tácito para que ninguém aja, ninguém ameace, e possamos viver em paz.
R. - Precisamente. Para que possamos viver em paz. Porque temos medo do conflito.
P. - Daí os "brandos costumes"?
R. - Recusamos o conflito a céu aberto, mas temos uma violência incrível na nossa sociedade. Violência doméstica em relação às crianças. Os brandos costumes escondem uma violência subterrânea enorme.
sábado, janeiro 15
Até à Data Não Voltou a Nevar
(…)
"Chegavam do Matadouro os gritos dos bichos sacrificados, mas chegavam a custo, na atmosfera espessa, quebrando-se contra as esquinas e as telhas vítreas que os desfaziam num amplo murmúrio de dor. Pouco a pouco, abria-se a madrugada. Pareceu-me então que a sua claridade vinha de propósito aplacar a fúria da neve. Felizmente, porque não era ainda capaz de dirigir o meu próprio poder…
Quando for, talvez tente de novo, se o anjo estiver distraído outra vez. Nessa altura dominarei a neve, transformarei a cidade numa acrópole de gelo (Camilo Pessanha), para a ressuscitar depois sem quartos de aluguer.
Pode ser apenas coincidência, mas até à data não voltou a nevar.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 6 (3 de 3)
"Chegavam do Matadouro os gritos dos bichos sacrificados, mas chegavam a custo, na atmosfera espessa, quebrando-se contra as esquinas e as telhas vítreas que os desfaziam num amplo murmúrio de dor. Pouco a pouco, abria-se a madrugada. Pareceu-me então que a sua claridade vinha de propósito aplacar a fúria da neve. Felizmente, porque não era ainda capaz de dirigir o meu próprio poder…
Quando for, talvez tente de novo, se o anjo estiver distraído outra vez. Nessa altura dominarei a neve, transformarei a cidade numa acrópole de gelo (Camilo Pessanha), para a ressuscitar depois sem quartos de aluguer.
Pode ser apenas coincidência, mas até à data não voltou a nevar.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 6 (3 de 3)
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