(…)
"Chegavam do Matadouro os gritos dos bichos sacrificados, mas chegavam a custo, na atmosfera espessa, quebrando-se contra as esquinas e as telhas vítreas que os desfaziam num amplo murmúrio de dor. Pouco a pouco, abria-se a madrugada. Pareceu-me então que a sua claridade vinha de propósito aplacar a fúria da neve. Felizmente, porque não era ainda capaz de dirigir o meu próprio poder…
Quando for, talvez tente de novo, se o anjo estiver distraído outra vez. Nessa altura dominarei a neve, transformarei a cidade numa acrópole de gelo (Camilo Pessanha), para a ressuscitar depois sem quartos de aluguer.
Pode ser apenas coincidência, mas até à data não voltou a nevar.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 6 (3 de 3)
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