Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, maio 2
Faro - Capital da Cultura
Faro - O "Passarinho"
Fui lá pois é a minha terra. Passar o 1º de Maio. O dia do trabalhador e o da mãe. Lembrei-me dos tempos em que me envergonhava dos empreendimentos públicos sem a qualidade que desejava. Por vezes fechava-me em casa depois de ter feito a minha parte. Com o Grupo de Teatro Lethes isso não acontecia. Lembrei-me desses tempos a propósito da inauguração da “Faro – Capital Nacional da Cultura”.
Deambulei pelas ruas e assisti a diversos acontecimentos no dia inaugural. Vi as notícias e as imagens. Para ser franco pareceu-me que, na cidade, ninguém sabia nada acerca do evento. A pobreza das apresentações até podia ganhar grandiosidade com a presença de multidões. Mas nada. Ninguém, verdadeiramente, sabia de nada. A divulgação resumia-se a uma vulgar folha A4 com a lista dos actos públicos.
Talvez o evento sirva para ajudar o Dr. Vitorino a ser reeleito Presidente de Câmara no pleito de Outubro. E fica o novo teatro a inaugurar a 1 de Julho. Mais nada.
Vi o “Passarinho” no jardim e engraxei, como sempre, os sapatos no Renato da "Gardy". O engraxador do "Aliança" morreu. Agora só há dois: o “Passarinho” e o Renato. Indiferentes à festa. Se o povo não conta para as Capitais Nacionais da Cultura então acabe-se com elas. Os criadores devem ter mais que fazer do que trabalhar para o “boneco”.
Lembrei-me, ainda, de Fernando Pessoa, no "Livro do Desassossego", composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa:
"Alguns têm na vida um grande sonho e faltam a esse sonho. Outros não têm na vida nenhum sonho, e faltam a esse também."
"São sempre as mesmas palavras que dizem as mesmas mentiras."
Estandartes Nazis [5/12 de Setembro de 1938, fotografia a cores - Nuremberga, Alemanha.]
Fotografia tirada durante o Congresso do Partido Nacional-Socialista, de 1938, realizado sobre o tema da «Grande Alemanha». Adolf Hitler, principal dirigente do partido nazi alemão, foi nomeado Chanceler da Alemanha em 30 de Janeiro de 1933. Foto do Portal da História
No dia 18 de Julho de 2004, em “Citações-13”, dia da tomada de posse do governo Santana Lopes, antevi o desastre previsível. Salvaguardadas as devidas proporções, tal como no holocausto, cujo 60º Aniversário do fim agora se comemora, só não viu quem não quis ver. Só não entendeu quem não quis entender. A ilustração reporta-se a um acontecimento imediatamente posterior à data da citação de Camus e ajuda a compreender o seu tom de desespero.
Eis o que escrevi nesse dia:
O governo de Pedro Santana Lopes tomou posse. Horas de discursos, cumprimentos ... o costume. Sabemos que muitos dos ministros dispensados nem sequer tiveram direito a um cartão de agradecimentos. Foram simplesmente esquecidos.
No novo governo o PP ganha poder. O PSD perde poder. No governo a direita reforça posições, tomando o ministério das finanças, e os dirigentes políticos do PP assumem relevância. Os dirigentes do PSD, por sua vez, apagam-se. Transparece uma enorme perplexidade na área social democrata acerca da natureza deste governo.
Hoje, na sua "crónica dominical", na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa foi demolidor. Não deixou pedra sobre pedra. O governo é fraco e mostra que é fraco. Muitos dos ministros têm os papéis trocados e outros nunca serão capazes de entender a sua missão. Os discursos são uma trapalhada.
Terá início, a partir de amanhã, um exercício real, mas doloroso, que demonstrará aos portugueses que a propaganda não basta para governar. Espero que o tempo me dê razão.
Tudo isto me fez lembrar esta citação desencantada que, vinda da pena de um democrata convicto, tem um especial significado.
"Agosto de 37.
Cada vez que oiço um discurso político ou que leio os que nos dirigem, há anos que me sinto apavorado por não ouvir nada que emita um som humano. São sempre as mesmas palavras que dizem as mesmas mentiras. E visto que os homens se conformam, que a cólera do povo ainda não destruiu os fantoches, vejo nisso a prova de que os homens não dão a menor importância ao próprio governo...
"Albert Camus, in Cadernos, "Caderno n.º 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937) - Edição Livros do Brasil
domingo, maio 1
A Queda de Saigão
Foto de O Portal da História
A Embaixada dos Estados Unidos no Vietname do Sul, quando Saigão caiu nas mãos do Exército do Vietname do Norte (1975). Fotografia de Nik Wheeler, da Agência Sipa-Liaison. A Guerra do Vietname acabou em 29 de Abril de 1975, com a conquista de Saigão pelo Exército Norte Vietnamita.
“Deixas criar às portas o inimigo
por ires buscar outro de tão longe”
Camões (“Os Lusíadas", Canto IV-CI)
Epígrafe ao poema "Peregrinação"
Manuel Alegre, in "O Canto e as Armas", 1967
A Bíblia Sagrada
Os meus avós maternos no monte do sítio de Sinagoga, Santo Estevão, Tavira, tinham em casa um único livro e lembro-me bem dele.
Esse livro de casa dos meus avós está hoje encadernado e parece novo brilhando viçoso na estante perto do meu assento de predilecção. Garatujo as escritas e espreito a informação na net sob o seu olhar atento.
No seu interior, amarelecida pelo tempo, descobri uma carta de caligrafia irrepreensível que dá testemunho de um acontecimento de época lembrando a juventude de minha mãe, nascida em 1916: “Santo Estevão de Tavira. Setembro de 1931. Minha prezada amiga: Pedindo-te antecipadamente mil perdões por não ser esta a forma porque o devia fazer venho por este meio participar o meu casamento que se deve realizar no dia 16 do mês corrente...”
Reparei, mais tarde, que o livro é uma edição de 1867 impressa, em Lisboa, pela Typographia Universal, de Thomaz Quintino Antunes, Rua dos Calafates - 110.
É a Bíblia Sagrada: “O Novo e o Velho Testamento traduzida em portuguez segundo a vulgata latina por António Pereira de Figueiredo”.
Noutros tempos foi um livro grosso para o meu olhar juvenil. Mais de mil páginas, a duas colunas, letras miúdas e bem arrumados em capítulos e começa assim:
“1. No princípio creou Deus o Ceo e a Terra. 2. A terra porém era vã e vazia: e as trevas cobriam a face do abysmo: e o espirito de Deus era levado sobre as águas. 3. E disse Deus: faça-se a luz; e foi feita a luz.”
Este livro é o sinal de uma cultura e civilização a cuja matriz fundadora não pude escapar.
REVOLTA - NOTAS AUTOBIOGRÁFICAS (3 de 10)
FARO
Faro - calor abafado. Capital da Cultura. Pobrete e alegrete. Sobram, certamente, as boas vontades.
sábado, abril 30
Água e Seca
Está disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo que publiquei, na edição de ontem do “Semanário Económico”, sob o título “O (des) Governo da água vai continuar?”.
Ainda não disponível no site daquele semanário.
Ainda não disponível no site daquele semanário.
NUNCA MAIS
30 de Abril de 1945. Hitler suicidou-se. O 3º Reich caiu. Berlim foi ocupada pelo exército soviético. A Europa em ruínas recomeça uma longa caminhada pela reconstrução.
Dezenas de milhões de civis e militares, europeus, americanos e de todos os continentes, morreram e, pelo menos, 6 milhões de judeus foram exterminados.
60 anos depois a barbárie nazi-fascista deve ser lembrada para que nunca mais se repita.
sexta-feira, abril 29
AS QUATRO ESTAÇÕES ERAM CINCO
Foto de amistad
O verão passa e o estio se anuncia
que outono se há-de ser e logo inverno
de que virá nascida a primavera.
Mais breve ou longo se renova o dia
sempre da noite em repetir-se, eterno.
Só o homem morre de não ser quem era.
8 Julho 70
Jorge de Sena
Desespero Sorridente
Camus and his children in June 1957 (at the Angers Festival for the production of Olmedo). (Agence de Presse Photographie Bernard)
Recapitulando o sentido destas “Citações”, publicadas na abébia vadia, em Julho de 2004, sublinho que foram suscitadas pela crise política aberta com a decisão de José Manuel Barroso de abandonar o governo. Uma questão memória. Ai! a nossa memória!
Estas “citações-12” surgiram, a 17 de Julho de 2004, uma semana após o 9 de Julho dia da comunicação ao país do PR dando conta da sua decisão de empossar Santana Lopes como primeiro ministro.
Assumi, neste dia, com uma citação pura, a solidariedade com Ferro Rodrigues face à sua decisão de abandonar a liderança do PS. Eis o que escrevi:
Ao meu amigo Eduardo Ferro Rodrigues.
"Maio.
Não nos separarmos do mundo. Não se perde a vida quando a colocamos à luz do dia. Todo o meu esforço, em todas as posições e desgraças, as desilusões, é para recuperar os contactos. E mesmo nesta tristeza que há em mim, que desejo de amar e que enebriamento apenas perante a visão de uma colina na aragem do fim da tarde.
Contactos com o verdadeiro, a natureza em primeiro lugar, e depois a arte daqueles que compreenderam, a minha arte se a consigo alcançar. De contrário, a luz e a água e a embriaguez estão ainda na minha frente, e os lábios húmidos do desejo.
Desespero sorridente. Sem saída, mas que exerce sem cessar um domínio que se sabe inútil. O essencial: não nos perdermos, e não perder aquilo que, de nós, dorme no mundo." (Texto de Maio de 1936)
Albert Camus, in Cadernos, "Caderno n.º 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937) - Edição Livros do Brasil
Rosa e José
Foto de família dos meus avós maternos, no campo, certamente num dia de festa. (1917/18) À esquerda, de pé, o meu avô José e, sentada, a avó Rosa. Sentados, no chão, à esquerda, a minha mãe Tolentina e o meu tio Ventura o único que sei vivo, cheio de vitalidade, nos seus 92 anos.
A região natal de Lorca, Granada, é uma das mais emblemáticas cidades da Andaluzia, extraordinário e cosmopolita centro da cultura muçulmana, rico e florescente, ao contrário do Algarve, rural e provinciano, em que nasci.
Os meus avós maternos, Rosa e José, nasceram nessa terra seca, a sotavento, no território contíguo à Andaluzia, banhado a sul pelo atlântico, província afastada do centro político de um Portugal que as vicissitudes da história tornaram independente.
Eram camponeses, filhos e netos de camponeses, daqueles que trabalhavam a terra com as suas próprias mãos.
O cheiro da terra seca, ou regada por levadas de água tirada da nora puxada à custa do incessante volteio dos bois, nunca me abandonou as narinas e deixou-me indeciso acerca do que fazer com o destino da minha própria vida e absolutamente incrédulo acerca da influência da vontade humana na mudança da vida dos outros.
REVOLTA – NOTAS AUTOBIOGRÁFICAS (2 de 10)
quinta-feira, abril 28
Ódio? Revolta? Incompreensão?
Federico Garcia Lorca
O criador não se preocupa com o merecimento que os outros fazem da sua obra e sabe que os homens não se apercebem desse desprendimento. A criação segue o seu curso mas os homens esquecem os criadores. A maior parte das suas obras não chegam a conhecer a luz do dia quanto mais a celebridade.
Vivemos na penumbra de um dia sem lembranças felizes. A expressão podia ser de uma época de guerra e é bem provável que estejamos nas vésperas de uma época de guerra. Não já uma guerra mundial, ou uma guerra civil, nem sequer uma guerra de “baixa intensidade”, como chamam os estrategos à guerra de guerrilha, mas uma guerra de informação global em que o acontecimento se torna relevante não pela sua realidade mas pela difusão, em tempo real, da sua própria notícia.
Escrevo no dia em que o poeta foi assassinado, 19 de Agosto de 1936, por ser um rebelde mal querido pelos fascistas de Franco. No fragor da guerra civil de Espanha Lorca foi fuzilado. Era um jovem criador consagrado pelo teatro e pela poesia que nascia transparente da sua pena como a água de um riacho observado perto da nascente.
Tinha alcançado a fama de um criador de sucesso. Seria um homossexual não assumido que intimamente sofreria por isso. Apaixonou-se, dizem, por Dali e foi rejeitado.
Naquele dia de 1936, ano de nascimento de meu irmão Dimas, levaram-no de casa à força. Que terá sentido nesse momento. Ódio? Revolta? Incompreensão?
Só quando nos toca é que sentimos todo o sentido trágico da injustiça. Para os fascistas a sua obra estava marcada por uma sensibilidade demasiado inspirada pela liberdade individual que ele amava acima de tudo.
REVOLTA – NOTAS AUTOBIOGRÁFICAS (1 de 10)
Libertação de Berlim
Berlin ist erobert Der sowjetische Soldat Militon Kantarija aus Georgien hisst die sowjetische Flagge auf dem Berliner Reichstag. Die historische Szene wurde am 2. Mai 1945 für den Fotografen nachgestellt.
Reconquista de Berlim. As forças da União Soviética entraram em Berlim e um soldado, Militon Kantarija (Georgiano), acena a bandeira soviética no topo do Reicthag. A cena foi repetida, para poder ser fotografada, no dia 2 de Maio de 1945.
quarta-feira, abril 27
"O progresso e a verdadeira grandeza residem no diálogo à altura do homem e não no evangelho..."
Camus (à frente, no centro, de negro) aluno da escola primária, em 1920, com os trabalhadores da tanoaria onde o tio trabalhava. (In "Camus"- Brigitte Sändig, Círculo de Leitores)
Em 8 de Julho de 2004, véspera da comunicação ao país na qual o PR anunciou a decisão de não convocar eleições legislativas antecipadas, em “Citações-11”, escrevi:
As eleições são, no imediato, um problema para a direita. A expectativa de perda da maioria e, em consequência, do governo, é forte. Mas as eleições serão, a médio prazo, um problema para a esquerda. A expectativa de um arrastamento da crise económica é forte. O consenso social é uma aspiração da esquerda e uma necessidade vital para a sobrevivência de qualquer governo.
Mas a margem para o consenso é sempre estreita e ainda mais estreita em épocas de crise. A direita já está em campanha eleitoral. A esquerda precisa de um golpe de asa. Refiro-me, naturalmente, ao PS. O programa de governo é importante assim como a equipa que o defenda e protagonize. As opções a tomar na reforma do Estado são cruciais.
Mas o PS só ganhará as eleições, se for capaz de combater, de igual para igual, num ambiente de "cruzada" populista. A direita não olhará a meios para atingir os seus fins. Vide, como ilustração impressiva, o post "Ingenuidades", de JPP, hoje, no abrupto.
A chantagem exercida pela direita sobre Jorge Sampaio é o primeira passo na chantagem que vai tentar exercer sobre toda a sociedade.
A citação do dia:
A Guilloux: "Toda a infelicidade dos homens vem de não usarem uma linguagem simples. Se o herói do Mal-entendido tivesse dito: "Ora bem. Aqui estou e sou seu filho", o diálogo seria possível e não artificial como na peça. Não haveria tragédia, pois o ponto culminante de todas tragédias está na surdez dos heróis.
Sob esse ponto de vista é Sócrates quem tem razão, contra Jesus e Nietzsche. O progresso e a verdadeira grandeza residem no diálogo à altura do homem e não no evangelho, monologado e ditado do alto de uma montanha solitária. Eis onde cheguei.
O que equilibra o absurdo é a comunidade dos homens em luta contra ele. E se escolhemos servir esta comunidade, escolhemos ao mesmo tempo servir o diálogo até ao absurdo contra toda a política da mentira e do silêncio. É assim que podemos ser livres com os outros.""
Albert Camus, "Cadernos" - Caderno nº 5 - Setembro 1945/Abril de 1948 - Livros do Brasil)
Espanha
Espanha é um grande país da Europa em termos de população e não só. O El Pais, de hoje, dá-nos a notícia de uma população próxima dos 44 milhões. Mais de quatro vezes superior à população portuguesa. Um pouco maior do que os 40 milhões que ainda trazemos na cabeça.
La población residente española roza los 44 millones de personas, con el 8,4% de inmigrantes
"Cataluña, Andalucía, Comunidad Valenciana y Madrid, las comunidades donde más aumentaron los extranjeros inscritos
La población residente en España alcanza los 43,97 millones de personas, de los cuales 3,69 millones son extranjeros, lo que supone el 8,4% del total del empadronados, según el avance del Padrón Municipal que, por primera vez, ha publicado hoy el Instituto Nacional de Estadística.
Fé
"Se quer que lhe diga, nunca acreditei na Gestapo".
Foto de amistad
Paulo Portas, no Congresso do CDP/PP, no fim-de-semana passado, explicitou a sua opinião, pesada como chumbo, acerca da razão de fundo do colapso do governo de direita: a “fuga” de José Manuel Barroso.
Em “Citações-10”, em 7 de Julho de 2004, é essa ideia que está subjacente ao que escrevi. A citação de Camus escolhida só aparentemente é desproporcionada ao acontecimento. Em Portugal, quase sempre, fingimos que não vemos o que, na verdade, nos mata.
Só esse estado de espírito explica a acomodação social a 48 anos de ditadura e a indiferença perante as injustiças que, em pleno regime democrático, se institucionalizam, sob os nossos olhos, reclamando-se, quantas vezes, de uma legitimidade obscena.
São os vazios da democracia e as suas zonas de penumbra que permitem formular esta inquietante pergunta: será que estamos livres de novas formas de tirania? Podemos dizer, a esse respeito, como Camus: tomamos as nossas precauções “mas como que abstractamente”. Não me parece que os sinais sejam muito promissores... Eis o que, então, escrevi:
O que está em causa na crise política actual? Sem rodeios: O Primeiro-ministro demissionário, Durão Barroso, fugiu.
Proclamou que tinha aprendido as lições da derrota nas eleições europeias e uns dias depois demitiu-se. Percebe-se que o homem buscou o sucesso de uma carreira profissional.
Mas o povo de direita pensava que tinha votado num político devoto à defesa dos interesses do país e do seu povo. Ao menos pelo período do contrato que estabeleceu, de livre vontade, através da sua apresentação ao sufrágio: 4 anos.
Este episódio não é só uma traição aos seus correligionários. É uma machadada no prestígio do regime democrático. O assunto é sério. De futuro, como já ouvi, é necessário olhar os candidatos tanto pelo lado da sua fidelidade aos compromissos programáticos como pelo lado da garantia da sua permanência no exercício da função todo o tempo do contrato, em exclusividade.
Estes detalhes não são, como se prova, tão despiciendos como poderia parecer. No caso de Santana Lopes não são mesmo nada despiciendos. A inconstância não pode ser elevada à categoria de um valor do Estado Democrático. A não ser que se queira acabar com ele.
A citação do dia:
""Se quer que lhe diga, nunca acreditei na Gestapo. É que nunca ninguém a via. Tomava evidentemente as minhas precauções, mas como que abstractamente. De tempos a tempos, um camarada desaparecia. Noutro dia, diante de Saint-Germain-des-Prés, vi dois tipos altos que obrigavam a soco um homem a entrar para um táxi. E ninguém dizia nada. Um criado de café disse-me: "Cale-se. São eles." Isto levou-me a suspeitar de que efectivamente existiam e de que um dia…Mas eram apenas suspeitas. A verdade é que só poderei acreditar na Gestapo quando receber o primeiro pontapé na barriga. Sou assim. Eis porque não devem ter ilusão quanto à minha coragem, lá porque estou na resistência, como dizem. Não, não posso reclamar qualquer mérito, precisamente porque não tenho imaginação."
Albert Camus, "Cadernos" - Caderno nº 5 - Setembro 1945/Abril de 1948 - Livros do Brasil)
segunda-feira, abril 25
31 Anos Depois
Foto de amistad
“um povo corrompido que atinge a liberdade tem a maior dificuldade em mantê-la”.
Maquiavel
Janela (in) discreta
O JPN do Respirar o Mesmo Ar enviou-me um inquérito ao qual não posso deixar de responder. Isto de inquéritos obrigam a simplificar muito a explicitação das nossas preferências. Mas as amizades obrigam mais do que as vontades. Aqui vai a resposta.
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
"O Estrangeiro”, de Albert Camus;
Já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?
Leio, no presente, mais poesia do que ficção. Mas a personagem que mais me impressionou foi a personagem de “A Cabana do Pai Tomás”, de H. O. Beecher-Stowe. Uma leitura muito antiga. Obra de uma mulher. Só muito mais tarde dei por isso.
Qual foi o último livro que compraste?
Uma edição bilingue da obra de Federico Garcia Lorca, mas não sei o que lhe fiz.
Qual o último livro que leste?
”Trabalhar Cansa”, de Cesare Pavese, uma leitura atrasada (como todas).
Que livros estás a ler?
Diversos livros de poesia, em particular, as obras de Almada Negreiros e Natércia Freire. Poetas esquecidos e/ou renegados.
Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Mesmo considerando esse cenário improvável levaria o conjunto dos “Cadernos”, de Albert Camus, ou seja, o livro que tenho andado a ler desde os 20 anos.
A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
À MMM do BlogDaMiuda, ao Marcelo Moutinho do Pentimento e ao pessoal do Tugir .
Porque sim, me apetece, me têm ajudado, não sei bem ao certo, afinidades diversas e, porventura, inexplicáveis...
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
"O Estrangeiro”, de Albert Camus;
Já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?
Leio, no presente, mais poesia do que ficção. Mas a personagem que mais me impressionou foi a personagem de “A Cabana do Pai Tomás”, de H. O. Beecher-Stowe. Uma leitura muito antiga. Obra de uma mulher. Só muito mais tarde dei por isso.
Qual foi o último livro que compraste?
Uma edição bilingue da obra de Federico Garcia Lorca, mas não sei o que lhe fiz.
Qual o último livro que leste?
”Trabalhar Cansa”, de Cesare Pavese, uma leitura atrasada (como todas).
Que livros estás a ler?
Diversos livros de poesia, em particular, as obras de Almada Negreiros e Natércia Freire. Poetas esquecidos e/ou renegados.
Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Mesmo considerando esse cenário improvável levaria o conjunto dos “Cadernos”, de Albert Camus, ou seja, o livro que tenho andado a ler desde os 20 anos.
A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
À MMM do BlogDaMiuda, ao Marcelo Moutinho do Pentimento e ao pessoal do Tugir .
Porque sim, me apetece, me têm ajudado, não sei bem ao certo, afinidades diversas e, porventura, inexplicáveis...
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