sexta-feira, abril 29

Rosa e José


Foto de família dos meus avós maternos, no campo, certamente num dia de festa. (1917/18) À esquerda, de pé, o meu avô José e, sentada, a avó Rosa. Sentados, no chão, à esquerda, a minha mãe Tolentina e o meu tio Ventura o único que sei vivo, cheio de vitalidade, nos seus 92 anos.

A região natal de Lorca, Granada, é uma das mais emblemáticas cidades da Andaluzia, extraordinário e cosmopolita centro da cultura muçulmana, rico e florescente, ao contrário do Algarve, rural e provinciano, em que nasci.

Os meus avós maternos, Rosa e José, nasceram nessa terra seca, a sotavento, no território contíguo à Andaluzia, banhado a sul pelo atlântico, província afastada do centro político de um Portugal que as vicissitudes da história tornaram independente.

Eram camponeses, filhos e netos de camponeses, daqueles que trabalhavam a terra com as suas próprias mãos.

O cheiro da terra seca, ou regada por levadas de água tirada da nora puxada à custa do incessante volteio dos bois, nunca me abandonou as narinas e deixou-me indeciso acerca do que fazer com o destino da minha própria vida e absolutamente incrédulo acerca da influência da vontade humana na mudança da vida dos outros.

REVOLTA – NOTAS AUTOBIOGRÁFICAS (2 de 10)

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