quinta-feira, outubro 12

EMÍLIO CAMPOS COROA

Posted by Picasa Fotografia de “A Defesa de Faro”

Emílio Campos Coroa, médico oftalmologista, era um amante do teatro. Formado na escola do TEUC de Coimbra, dirigido por Paulo Quintela, era casado com a Dra. Amélia, minha professora de liceu, uma mulher sensível e actriz de grande talento.

Emílio Campos Coroa foi fundador, em Faro, com o seu irmão José e a mulher, no início dos anos 50, do grupo de teatro do Circulo Cultural do Algarve (hoje, “Lethes”) no qual, em finais dos anos 60, usufruí de uma experiência inesquecível.

De facto o teatro (amador) marcou, profundamente, a formação do meu gosto e deu-me a oportunidade de esconjurar os bloqueamentos daquela idade na qual ainda não somos adultos mas já deixamos de ser crianças. Ao Dr. Coroa, como era conhecido, devo muito da minha formação cultural e humana.

Era um homem corajoso e repentista. Democrata e intransigente no confronto com as adversidades do trabalho e da vida. Foi obreiro, contra ventos e marés, de uma obra notável de divulgação e promoção das artes e, em particular, do teatro.

Na época em que se desenrolou a sua acção, na província do Algarve, era preciso ter “barba rija” e uma vontade de ferro para colocar de pé centenas de encenações e representações levadas à cena em todos os lugares envolvendo e cativando todo o género de público.

Ele criou um verdadeiro teatro popular, dos clássicos aos modernos, uma escola de actores, um laboratório de experiências, uma corrente de iniciativas que rompia as rotinas bafientas das práticas culturais à época vigentes.

Um dia, logo após a minha vinda para Lisboa, o Dr. Coroa, telefonou-me. Quis a minha companhia e acedi com prazer. Verifiquei que tinha vindo, sozinho, acampar no parque de campismo de Monsanto. Atravessamos a cidade, conversamos e interpretei o seu gesto, que nunca mais esqueci, como uma bênção à minha aventura pela cidade grande.

Muito mais tarde, já depois da sua morte, tendo oportunidade de criar, de raiz, uma sede para o INATEL, em Faro, propus que a mesma fosse designada como “Casa Emílio Campos Coroa”. E assim foi. No dia da inauguração – vai para 10 anos – senti um frémito de esperança de que a obra dos homens com alma pode ser honrada e que a cidade, afinal, não pode sobreviver sem as suas memórias.

quarta-feira, outubro 11

O "EXPRESSO" E O "SOL"

Posted by Picasa Fotografia de Cannelle

Um dia após dez anos de fumador inveterado – SG filtro à média de dois maços por dia – deixei cair o vício. Desde esse dia não fumei nem mais um cigarro. A dependência tabagista cessou de um dia para o outro. Ou melhor fi-la cessar através de um mecanismo natural que, paradoxalmente, nunca me impediu de fumar, de quando em vez, uma cigarrilha. Passei do tabaco branco para o tabaco preto mas a dependência ardeu.

Nestes últimos tempos deixei de comprar jornais. Só os leio na mesma medida em que fumo uma cigarrilha de quando em vez. Essa antiga dependência ardeu também. A minha opinião é que o acesso à informação passará, cada vez mais, ao lado dos jornais em formato de papel cujo consumo se transformará num vício exótico, caro para a bolsa e nocivo para a natureza.

Continuo a ler jornais mas os dedos das minhas mãos exercitam-se, excitam-se, entusiasmam-se ou esmorecem cada vez mais nos teclados e cada vez menos no papel das páginas dos jornais.

O mais provável, já comprovável, é que a dinâmica da autonomia e criatividade individuais gere, diariamente, milhões de novos produtores e consumidores de informação em suportes virtuais: é mais livre, democrática, acessível, barata, limpa e eficaz.

Não admira que faça parte daquela categoria de portugueses que não têm opinião acerca do velho “Expresso” e do novo “Sol”. A única sensação que sou capaz de descrever é que parecem o mesmo corpo. Com uma diferença. Um vestiu-se, outro despiu-se. Mas conheço mal o assunto apesar de conhecer as opiniões acerca do assunto. Posso opinar sobre as opiniões mas não posso opinar acerca da matéria acerca da qual elas versam.

Não leio jornais senão, nalguns casos, de forma limitada, nos respectivos sites. Uma mudança radical para um inveterado leitor de jornais.

terça-feira, outubro 10

CRISTINA ELIAS

Posted by Picasa "Passagens de Lisboa"

Através dos amigos conhecemos novos amigos. O mundo torna-se pequeno quando as pessoas são capazes de se exprimir dando-se a conhecer através das mais diversas formas de arte. Cristina Elias é brasileira e faz parte desse mundo multifacetado de imigrantes que ancoraram em Lisboa.

Ousou mostrar alguns dos seus trabalhos fotográficos numa exposição que intitulou “Passagens de Lisboa”. São sete fotografias, correspondentes a sete histórias de vida – uma jornalista chilena, uma dançarina argentina, uma esteticista brasileira, uma assistente social francesa, uma diplomata tailandesa, uma estilista belga e uma actriz sérvia, que decidem redefinir as linhas dos seus destinos e acabam por ancorar em Lisboa.

“Trata-se de um documentário fictício que parte de uma realidade fragmentada para criar uma personagem feminina universal, uma história contínua, composta por sete capítulos, que poderia ser contada por qualquer mulher de qualquer lugar.”

Até 25 de Novembro, de segunda a sexta-feira, entre as 8h30 e as 16h30.

Auditório do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante, Lisboa
Rua Álvaro Coutinho, n.º 14 – Lisboa
Entrada gratuita

BRASIL - DOIS CANDIDATOS

Posted by Picasa Fotografia de Ernesto Timor

Eleições no Brasil. Comentários e tomadas de posição interessantes. No catatau [Democracia é maior que qualquer um de nós], no pentimento [Joe Gould], no blog do marcio pimenta [O que nos espera], nos Meandros [CARTA ABERTA AOS ELEITORES CRISTÃOS].

BOA ADMINISTRAÇÃO

Posted by Picasa Bil Schwab

Se formos ao fundo da questão
Está bem de ver

Entraremos em contramão
E cumprindo o dever

Morreremos

Lisboa, 11 de Outubro de 2004

[Hoje. O debate acerca do estado da justiça, as posses, os discursos …. Foi escrito faz dois anos e nada mudou.]

segunda-feira, outubro 9

AS FLORES DO MAL

CHE GUEVARA

Posted by Picasa Ernesto Che Guevara

Um mito. Idolatrado e odiado. A sua imagem é mais forte do que todas as verdades. Pois há muitas verdades acerca de todos e cada um de nós. O que dizer então das verdades escondidas sob a áurea dos mitos? Foi assassinado em 9 de Outubro de 1967.

SÓCRATES DIZ NÃO A JARDIM!

Posted by Picasa Laeticia Casta

Uma incursão na política porque, neste caso, a política merece ser levantada do chão. Deve ser a primeira vez na história da democracia portuguesa que um primeiro-ministro, embora na qualidade de líder do partido do governo, vai à Madeira, sem medo, dizer NÃO a Alberto João Jardim. Tomem nota!

“O secretário-geral do PS, José Sócrates, declarou, hoje, no Funchal, que é tempo de dizer "basta" à actuação do Governo Regional, numa alusão ao endividamento em 150 milhões de euros detectado na Madeira pelo Ministério das Finanças.”

"ROLAND BARTHES POR ROLAND BARTHES"

Posted by Picasa SONJA THOMSEN

Ressonância de 9 de Outubro de 2004.

“O monstro da totalidade
Outro discurso: neste dia 6 de Agosto, no campo, uma manhã dum dia esplêndido: sol, calor, flores, silêncio, calma, esplendor. Nada há que vagueie, nem o desejo nem a agressão; apenas o trabalho aqui está, à minha frente, como uma espécie de ser universal: está tudo cheio. Será então isto a natureza? Uma ausência… do resto? A Totalidade?”

6 de Agosto de 1973 – 3 de Setembro de 1974

"Roland Barthes por Roland Barthes" - 47
(Fragmento 2 de 2, pag. 20)

Edição portuguesa: "Edições 70"



Este é o último post desta série de fragmentos da minha primeira leitura de “Roland Barthes por Roland Barthes”. A sua divulgação resulta do prazer da leitura que a obra me provocou. Aqui deixo o caminho para um melhor conhecimento do autor através do acesso a este sítio. O meu livro artesanal (em folhas A4) foi elaborado, no início dos anos 80, através da colagem de fotocópias de fragmentos da obra.

Escrevi, ao mesmo tempo, um conjunto de notas pessoais apostas, uma a uma, em cada página. A última das quais é esta que seria capaz de escrever, letra a letra, ainda hoje:

“não se podem menosprezar sistematicamente os actos as acções os gestos que nos dão prazer. São esses que podemos levantar nas mãos e lançar à nossa frente.”

Este é um programa do prazer da acção e da acção por prazer.

domingo, outubro 8

CAMUS - MANUSCRITOS E LEITURAS

Posted by Picasa Imagem Daqui

Uma mão amiga fez-me chegar a notícia intitulada “Des manuscrits de Camus chez Sotheby's” publicada, ontem, no “Le Monde”.Os que me visitam aqui, com regularidade, devem estranhar a ausência de referências a Albert Camus. Estou em fase de leituras desde que me chegaram às mãos os dois primeiros volumes das suas Obras Completas. Em breve alinharei os meus sublinhados destas novas leituras.

sábado, outubro 7

LA CASA

Posted by Picasa SONJA THOMSEN

[Para a Monica – Non c’è due senza tre]

L’uomo solo ascolta la voce calma
con lo sguardo socchiuso, quasi un respiro
gli alitasse sul volto, un respiro amico
che risale, incredibile, dal tempo andato.

L’uomo solo ascolta la voce antica
che i suoi padri, nei tempi, hanno udita, chiara
e raccolta, una voce che come il verde
degli stagni e dei colli incupisce a sera.

L’uomo solo conosce una voce d’ombra
carezzante, che sgorga nei toni calmi
di una polla segretta: la beve intento,
occhi chiusi, e non pare che l’abbia accanto.

È la voce che un giorno ha fermato il padre
di suo padre, e ciascuno del sangue morto.
Una voce di donna che suona segreta
sulla soglia di casa, al cadere del buio.

Cesare Pavese
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A CASA

O homem só escuta a voz calma
com os olhos semicerrados, como se um hálito
lhe roçasse o rosto, um hálito amigo
vindo, incrível, dos tempos idos.

O homem só escuta a voz antiga
que os seus pais outrora ouviram, clara
e recolhida, uma voz que como o verde
dos pântanos e das encostas escurece ao anoitecer.

O homem só conhece uma voz de sombra,
acariciante, que brota nos tons calmos
de uma fonte secreta: bebe-a absorto,
de olhos fechados, e não parece tê-la ao seu lado.

É a voz que um dia parou o pai
do seu pai, e todos os do sangue morto.
Uma voz de mulher que ecoa secreta
no umbral da casa, ao cair da noite.

Cesare Pavese
11 marzo – 10 aprile ‘50
Virá a morte e terá os teus olhos
11 de Março – 10 de Abril de 1950
"Trabalhar Cansa"
Tradução de Carlos Leite
Edições Cotovia

"Tel Quel"

Posted by Picasa Fotografia de Cannelle

Ressonância de 7 de Outubro de 2004. De um meu antigo livro artesanal feito de excertos do livro “Roland Barthes por Roland Barthes”.

“O corpo é a diferença irredutível e, ao mesmo tempo, o princípio de toda a estruturação (uma vez que a estruturação é o Único da estrutura (…). Se eu conseguisse falar política com o meu próprio corpo, tornaria a mais chã das estruturas (discursivas) numa estruturação; com a repetição produziria Texto. O problema está em saber se o aparelho político reconheceria durante muito tempo esta maneira de fugir à banalidade militante enfiando nela, vivo, pulsional, gozador, o meu próprio corpo único.”

ESCREVER

Posted by Picasa Fotografia de Cannelle

Não quero escrever nada que vos aborreça
Ou vos faça condoer de mim
Quero que permaneçam tal qual sois iguais
Ao que desejais ser pois sim
A minha escrita é só uma conversa comigo
A sós e com ela não intervim
Só quero escrever o desenho dos silêncios

Lisboa, 5 de Outubro de 2006

sexta-feira, outubro 6

FOTOGRAFIA DE FAMÍLIA

Posted by Picasa Fotografia de Família. Talvez um aniversário ou simplesmente um domingo. Princípio dos anos 50. (Clique na fotografia para aumentar)

Da esquerda para a direita: o meu irmão Dimas de flor na lapela. O meu pai Dimas, vestido a rigor, de fato e gravata. Minha mãe, Tolentina, de fina camisa branca. A avó, Maria da Conceição, já doente, austera no seu vestido preto. A tia Lucília, uma beleza cinéfila, brilha à luz quente que envolve o Algarve de todas as estações. O mais pequeno, eu próprio, circunspecto, talvez, pela contrariedade do traje.

O meu pai colocou, certamente, a Kodak no tripé, preparou o enquadramento, premiu o automático e correu para posar a tempo de ostentar um ar natural. Neste caso tudo correu na perfeição e aqui está uma fotografia tomada na casa de família de meu pai que é, ainda hoje, um autêntico palácio onde habita a minha tia.

Aquele lugar reconheço-o de olhos fechados pelo cheiro e adivinho o calor das mãos que, ternamente, acariciaram a minha rebeldia e que, na fotografia, entrelaçam corpos distendidos e felizes. Reparem em todas as mãos e nos sorrisos que, salvo no meu rosto, deixam transparecer uma mensagem de esperança na vida.

De todos somente dois podem testemunhar, hoje, o perfume daquele dia: a minha tia Lucília e o subscritor destas linhas. Para ela, que sei sentir a minha falta, um beijo.

AMÁLIA RODRIGUES

Posted by Picasa Amália Rodrigues

Passa hoje o sétimo aniversário da morte de Amália Rodrigues. Um mito português. Pode ouvir aqui a sua voz.

Ressonância de 6 de Outubro de 2004:

“Amália Rodrigues morreu a 6 de Outubro de 1999. Vejo as imagens de uma homenagem na RTP. Ouço a sua voz e sigo os seus gestos. É um espanto. Um fenómeno arrebatador. Uma voz e uma alma. O melhor de um povo na voz singular de uma mulher do povo.
Em Nápoles canta uma canção napolitana no dialecto local. Em Lisboa, como espectadora, sobe ao palco para abraçar Caetano Veloso. Recebe a mais alta condecoração do Estado português das mãos de Mário Soares. Fez-se justiça a tempo e ficou feliz. Mas confessa que só os aplausos do público lhe davam alegria.
Os aplausos para Amália ainda não se deixaram de ouvir e ecoam na nossa memória colectiva.”

quinta-feira, outubro 5

ENSINO PROFISSIONAL - UMA APOSTA COM FUTURO

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Já está disponível no site do “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR o artigo com o título em epígrafe do qual reproduzo a abertura:

“As questões da educação têm andado nas “bocas do mundo” mas, ao que tudo indica, as reformas necessárias e urgentes de que carece o sistema educativo português, aliás plasmadas no programa do governo, mesmo sem “pacto de regime”, dão sinais consistentes de seguirem em frente.”

TÓCOLANTE

Posted by Picasa Imagem daqui

Por indicação do António Pais. Eis aqui imagens de autocolantes, inclusive, do MES. Existem muitos outros alguns dos quais muito interessantes.

MES - III CONGRESSO

Posted by Picasa Imagem cedida por Margarida Boto
Clicar no cartaz para aumentar

Cartaz do MES – Lisboa, Ano: 1977, Arquivo: BN


O MES (Movimento de Esquerda Socialista), na sua curta existência, realizou quatro Congressos. A sessão de encerramento do terceiro teve lugar em 11 de Fevereiro de 1978, na “Voz do Operário”, em Lisboa, e este foi, na verdade, o Congresso do “canto de cisne”.

Sei que, para alguns, estas referências ao MES, um partido jurídica e politicamente morto, parecem estranhas. Mas acontece que o MES está vivo na memória de muitos de nós. Abordo o tema porque tenho memória, e não a quero alienar, e também porque sei quanto alguns dirigentes políticos e fazedores de opinião contemporâneos desprezam, em conspícuo silêncio, aqueles que não estão dispostos a aceitar os silêncios da memória.

Estou convicto que lembrando alguns símbolos, ideias e acontecimentos do passado do MES, com seus vícios e virtudes, dou um pequeno contributo para a saúde da nossa jovem democracia. E ainda não entrei na parte dura do tema, nem sei se nela um dia entrarei, que estou certo merecia uma mais extensa e profunda abordagem.

É interessante verificar como este cartaz demonstra, graficamente, a perda de claridade da mensagem que era muito evidente nos cartazes da fase inaugural do MES. A imagem obscurece e como que anuncia o ocaso.

Tenho, aliás, na minha posse as fotografias, a preto e branco, que o António Pais fixou da sessão final do III Congresso que constituem uma extraordinária demonstração visual desse ocaso. Em breve publicarei – apesar das dificuldades técnicas – algumas delas.

[A referência, na ficha técnica, ao ano de 1977 deve-se, naturalmente, ao facto do cartaz ter sido produzido na parte final desse ano atenta a data de realização do III Congresso.]

VALHA-NOS MARILYN

Posted by Picasa Marilyn Monroe

O Dr. Souto Moura, tal como Bush, também leu Camus. O que mais me vai acontecer!

quarta-feira, outubro 4

PASSAREI PELA PRAÇA DE ESPANHA

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

[Para a Monica – bis]

Será com um céu claro.
As ruas abrir-se-ão
para a colina de pinheiros e pedra.
O tumulto das ruas
não mudará aquele ar parado.
As flores aspergidas
de cores nas fontes
piscarão os olhos como mulheres
divertidas. As escadarias
as esplanadas as andorinhas
cantarão ao sol.
Abrir-se-á aquela rua,
as pedras cantarão,
o coração baterá sobressaltado
como a água nas fontes –
será esta a voz
que subirá a tua escadaria.
As janelas saberão
o perfume da pedra e do ar
matinal. Abrir-se-á uma porta.
O tumulto das ruas
será o tumulto do coração
na luz extraviada.

Serás tu – imóvel e clara.

28 de Março de 1950

Cesare Pavese
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PASSERÒ PER PIAZZA DI SPAGNA

Sarà un cielo chiaro.
S’apriranno le strade
sul colle di pini e di pietra.
Il tumulto delle strade
non muterà quell’aria ferma.
I fiori spruzzati
di colori alle fontane
occhieggeranno come donne
divertite. Le scale
le terrazze le rondini
canteranno nel sole.
S’aprirà quella strada,
le pietre canteranno,
il cuore batterà sussultando
come l’acqua nelle fontane –
sarà questa la voce
che salirà le tue scale.
Le finestre sapranno
l’odore della pietra e dell’aria
mattutina. S’aprirà una porta.
Il tumulto delle strade
sarà il tumulto del cuore
nella luce smarrita.

Sarai tu – ferma e chiara.

28 marzo ‘50

Cesare Pavese

Verrà la morte e avrà i tuoi occhi
11 marzo – 10 aprile ‘50

Virá a morte e terá os teus olhos
11 de Março – 10 de Abril de 1950

"Trabalhar Cansa"
Tradução de Carlos Leite
Edições Cotovia