sábado, novembro 4

PROBLEMAS DIFÍCEIS

Posted by Picasa Fotografia de Nana Sousa Dias

Vale a pena ler a entrevista de Teodora Cardoso no “Semanário Económico”.

“O Governo merece nota positiva e até bastante boa. Por um lado é claro que tem a grande vantagem da maioria absoluta que era um instrumento fundamental mas está a usá-lo para resolver problemas difíceis. Nesse aspecto é bom. É verdade que há sectores mais fortes e menos fortes, mas a verdade é que se avançou em áreas muito complicadas como é o caso da Saúde e da Educação.”

ENTÃO GANHOU O BUSH, NÃO FOI?

Posted by Picasa Imagem Daqui

No ano 2050 ninguém se vai lembrar desta madrugada
em que fui dormir com a certeza do resultado amargo
da refrega entre dois campos vizinhos mas separados
pelo largo estuário do rio onde correm diferentes olhares
sobre o homem, a vida, a morte, a paz e a guerra.
Todas as diferenças onde se amparam o viver das gentes,
ilustres e vulgares, milhões que acreditam nas escolhas
que julgam mudarem o seu futuro. Mas qual futuro?

Então ganhou o Bush, não foi?

O meu filho, pelas sete da manhã, abriu a porta do quarto
e deu-me a notícia cheio de uma ingénua esperança
de que a sorte mudasse pelos caprichos de um estado
que acorda mais tardio para a coisa. Mas não, eu já sabia,
desde antes. A noite não se faz dia ao estalido
dos dedos de uma mão mesmo que sejam um milhão,
dez, cem milhões de dedos das mãos dadas todas do mundo.
O guerreiro quer guerra e o infiel é o seu duplo.

Então, ganhou o Bush, não foi?

Perguntou-me, a medo, o empregado de mesa
que me serve todos os dias, solícito, além do melão fresco,
o frugal sumo de laranja e os dois rissóis do meu contentamento.
Pois foi, era o que tinha de ser, e o que tem de ser tem muita força.

Então ganhou o Bush, não foi?

Foi!
Que lhe faça bom proveito e ao povo que nele confia.

Tenho a certeza que os poetas da América não
vão deixar de poetar e a mim só me interessa
a POESIA
nem a mentira,
nem a ignomínia,
nem o negócio da morte,
nem da guerra preventiva a cobardia,
nem a vã glória que o vencedor anuncia.

Então ganhou o Bush, não foi?

QUE VIVA A POESIA!

Lisboa, 3 de Novembro de 2004

sexta-feira, novembro 3

De quem é a História?

TRÊS REFLEXÕES DE OUTONO

Posted by Picasa Frank Grisdale

Já está disponível no site do “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR, na íntegra, o artigo com o título em epígrafe do qual transcrevo os dois parágrafos iniciais.

“Acerca do Orçamento do Estado para 2007 – Os portugueses são muitos fracos na disciplina da memória, em particular, no que se refere às questões da “coisa pública”. Deixam cair dela os seus heróis, como frutos podres, e apagam, com arrogos mesquinhos, tanto as boas como as más lembranças da governação passada.

No caso do Orçamento de Estado para 2007 é necessário lembrar, para não recuar aos tempos da austeridade, anteriores ao longo consulado de Cavaco, ou à “pesada herança” de Guterres, que o governo em funções herdou, em 2005, dos governos de direita (Barroso+Santana), um deficit das contas públicas de 6,4% do PIB.”

quinta-feira, novembro 2

O MEDO DA VERDADE

Posted by Picasa Fotografia de Nana Sousa Dias

Ressonância de 2 de Novembro de 2004. Santana Lopes era Primeiro-ministro. Estava à beira do fim. JA Barreiros é, naturalmente, o advogado José António Barreiros. Era o dia das eleições presidenciais nos USA. Ainda não sabia o resultado. O contexto político nacional é, hoje, diferente. Mas o facto de terem surgido, em força, provedores em muitos órgãos de comunicação social é significativo. Eis o que escrevi:

Um dia fora de Lisboa, a trabalhar, sem notícias e logo no dia das eleições na América. Original. Agora que vejo as notícias não encontro nada de novo. Reparo que JA Barreiros se despediu de colunista do DN e que todos descobrem o que eu já tinha experimentado vai para 2 anos. Bolas, estavam todos ceguinhos ou quê?

Essa teia promíscua entre os poderes político, económico e mediático, que agora tantos condenam, não é dos tempos deste governo. Já vem do anterior. A diferença está na gestão que se tornou, dia a dia, mais grosseira, descarada e disparatada. Mas nada de essencial mudou. Mas atenção que muitos dos que agora clamam contra a manipulação desesperada dos “media”, em favor da maioria governamental, amanhã a defenderão se ela satisfizer os seus próprios interesses.

Os únicos que podem ser os verdadeiros detentores do equilíbrio entre a verdade, a justiça e a liberdade, na gestão comunicacional, são os fazedores da própria notícia, ou sejam, os jornalistas. Os jornalistas profissionais, não os comentadores ou colaboradores de ocasião.

Quando se revoltam os jornalistas? Quando decidem tomar a palavra e colocá-la ao serviço da denúncia da corrupção dos seus próprios órgãos de comunicação? Têm medo? A democracia faz medo aos jornalistas? Que estranha democracia é esta em que os jornalistas têm medo da verdade?

A MORTE DE UM ALPINISTA PORTUGUÊS

Posted by Picasa À esquerda Bruno Carvalho

O alpinista português Bruno Carvalho morreu na descida, depois de alcançar o cume, a 8.000 metros, do Shisha Pangma. Nesta actividade de alto risco, como em muitas outras, as descidas são mais perigosas que as subidas.

quarta-feira, novembro 1

FUTEBOL - REMATE

Posted by Picasa Fotografia Daqui

Volto ao futebol. Terminou, há poucos minutos, a quarta-feira europeia como se dizia antigamente. As três equipas portuguesas participantes na Liga dos Campeões portaram-se acima do que seria de esperar. O Sporting, ontem, encostou às cordas o Bayern, na Alemanha, (0-0) mas, na verdade, merecia ganhar. O F.C. Porto, hoje, ganhou (3-1) ao Hamburgo, também na Alemanha, e o Benfica retribuiu, em Lisboa, a goleada (3-0) que o Celtic lhe tinha aplicado há 15 dias na Escócia.

*

Na disputa da competição de clubes mais importante da Europa as equipas portuguesas, nesta jornada, fizeram sete pontos em dez possíveis. Todas podem ainda passar à fase seguinte da prova e quase certamente todas alcançarão, pelo menos, um lugar na Taça UEFA. Banalidades. Volto ao assunto do futebol porque me dá prazer mas também porque sei da sua importância, não só no plano da competição desportiva, mas também na divulgação da imagem do país no mundo.

*

Foi bonito ver, nas bancadas do estádio da Luz, os adeptos escoceses derrotados (10.000) confraternizarem com os adeptos portugueses vencedores. E reparar que imperou o “fair-play” em todas as facetas de todos os jogos.

*

E já agora, para os mais distraídos, confirmo que o clube do meu coração é o Farense mas que, na verdade, também sou benfiquista. Não aprecio é o estilo, os métodos e as opções de gestão que têm imperado pelas bandas da Luz. Mas isso é outra história da qual estou a léguas de distância pois sou, simplesmente, um adepto sem cartão.

SIM

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin


"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

SIM. SIM.

terça-feira, outubro 31

JEROME LIEBLING

HOJE DEU-ME PARA FALAR DE FUTEBOL

Posted by Picasa Imagem daqui

Hoje deu-me para falar de futebol que acompanho com atenção mas sem fanatismo. É uma daquelas actividades, quer gostemos quer não, na qual Portugal é competitivo no contexto internacional. Nada de novo. Todos os rankings internacionais o confirmam.

*

Acontece, por outro lado, que o futebol permite alimentar as amizades pois mesmo quando as nossas fidelidades clubistas são diferentes das dos nossos amigos sempre nos condoemos com o seu sofrimento de “derrotados” mesmo que nos “regozijemos” com as nossas vitórias. Poucas actividades da vida social permitem tal compensação afectiva.

*

Escrevo a poucas horas de um jogo importante do Sporting, na Alemanha, e penso no meu filho que lhe deu para o sportinguismo, com lugar cativo e tudo, nos meus amigos TL e FF, em todos aqueles que passam a vida a sofrer por um sucesso que é um bem escasso para quase todas as equipas que por aí disputam campeonatos e competições.

*

Como o clube do meu coração – o Farense – está falido e a militar no mais baixo escalão do futebol do Algarve – a II Divisão distrital – já não sofro pois, como sabiamente disse o seu treinador, o grande jogador que foi Carlos Costa, já não dá para descer mais. Por isso restrinjo o meu clubismo a saber dos seus resultados, através do “A Defesa de Faro”, e a sentir que o Farense ainda mexe podendo, a prazo, contribuir para o ressurgimento de uma equipa do sul na Primeira Liga. [A sul de Setúbal não há nenhuma, mas na Madeira há duas!]

*

Quanto aos jogos de hoje e amanhã das três equipas do topo do futebol português, na Liga dos Campeões Europeus, os prognósticos são reservados. Cada uma delas segue a sua estratégia própria: o Sporting aposta nos jovens talentos, nascidos e criados na sua academia, adoptando uma estratégia inteligente e ousada; dá prazer, a qualquer um, observar o desempenho da equipa e o potencial dos seus jovens jogadores. O F.C. Porto aposta no mercado sul-americano buscando aí alguns dos melhores jogadores dos respectivos países, uns já consagrados, outros que o virão a ser. O Benfica prossegue, desde há anos, uma estratégia de acaso na qual as escolhas – de treinadores a jogadores – parecem navegar ao sabor dos objectivos mais ou menos indecifrável dos seus dirigentes.

*

Se quisesse fazer um ranking dos três clubes mais representativos do futebol português de clubes classificava-os assim: 1º – Sporting; 2º – F. C. Porto; 3º – Benfica. Este é o ranking competitivo, segundo os padrões tradicionais a qualquer negócio. Mas, na minha afectividade, o clube que ocupa o primeiro lugar no ranking é um dos últimos no ranking da competição. E não imaginam quantos milhares de clubes ocupam os últimos lugares nas competições e o primeiro lugar nos corações dos adeptos.

segunda-feira, outubro 30

PEQUENOS ATÉ A OLHAR A GRANDEZA DOS IRMÃOS

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

É chocante a falta de atenção que as estações de TV portuguesas dedicaram às eleições presidenciais no Brasil. Tudo espremido foi zero. O horário até não era desfavorável. Ao fim da noite os resultados estavam, neste 2º turno, definidos mas, no 1º turno, a indefinição durou até ao fim.

Pois nem na primeira nem na segunda volta (turno) os canais de TV portugueses deram qualquer atenção ao acontecimento. Somente a SIC – Notícias (cabo) se dignou dar notícia que se ficou pela comunicação, via telefone, da sua corresponde no Rio. De resto o que se sentiu foi um profundo alheamento ao contrário do que acontece, habitualmente, com as eleições presidenciais norte-americanas.

Para que se tenha uma ideia da importância das eleições no Brasil basta olhar para alguns números. Falemos, somente, em votos expressos, pois o voto no Brasil é obrigatório, o que não acontece em Portugal. Nas últimas eleições presidenciais, de 2006, em Portugal, votaram 5.590.132 (cinco milhões quinhentos e noventa mil, cento e trinta e dois) eleitores e nas legislativas, de 2005, 5.747.834. No 2º turno das eleições presidenciais, de ontem, no Brasil, votaram 125.912.935 (cento e vinte e cinco milhões novecentos e doze mil, novecentos e trinta e cinco) eleitores. [O apuramento ainda não está concluído.]

Isto quer dizer que os 5.590.132 eleitores das presidenciais, em Portugal, representam cerca de 4,4% do eleitorado que votou nas presidenciais no Brasil. E que esses mesmos 5.590.132 eleitores das presidenciais portuguesas representam, somente, cerca de 9,6% dos 58.295.042 eleitores que votaram em Lula da Silva, reelegendo-o presidente da República do Brasil.

Estou certo ou estou errado? Ora se a tradição da lusofonia está do lado de cá do atlântico, a sua viabilidade está do lado de lá. Se Portugal sempre foi um país pequeno, em dimensão física e demográfica, isso não o obriga a que seja pequeno nas relações que estabelece consigo próprio, com os países de língua portuguesa e com o mundo.

Podíamos ser pequenos no corpo e grandes no espírito mas, infelizmente, teimamos em ser pequenos em tudo. Mesmo na informação que dos outros prestamos a nós próprios. PEQUENOS ATÉ A OLHAR A GRANDEZA DOS IRMÃOS!

HILARY

Posted by Picasa Hilary Clinton

Os 59 anos da futura Presidente dos USA?

domingo, outubro 29

LULA REELEITO

LORCA

Posted by Picasa Federico Garcia Lorca

Ressonância de 29 de Outubro de 2004. Ainda sem fotografias, neste dia, dois anos atrás, publiquei Pequeño Poema Infinito e, dois dias depois, Romance de la guardia civil española.

PRESIDENCIAIS NO BRASIL - ÚLTIMO EPISÓDIO

Posted by Picasa Imagem Daqui

Hoje o povo vota no Brasil, para a eleição do Presidente da República. O voto no Brasil é obrigatório e electrónico. Lula é o favorito. Se ganhar terá, no renovado mandato, de ser mais Lula e menos PT. Todos os que estão atentos à realidade da América Latina entendem que Lula é, nos nossos dias, um moderado. Não encarna a linhagem populista vencedora em alguns outros países do continente, não coloca a solidariedade social em confronto com a economia de mercado, não perde o sentido de estado nas relações externas, não deixa de ser um parceiro credível para o ocidente mantendo abertas as pontes para o oriente …

sábado, outubro 28

IMBRÓGLIOS

Posted by Picasa albert lemoine

Oh Juvenal, obrigado por teres escrito tão claro acerca de dois imbróglios dos mais antigos deste nosso antigo Portugal. Nada é mais difícil do que afrontar as heranças do colonialismo e da ditadura.

OITO VERSOS PARA DEZASSEIS ANOS

Posted by Picasa SONJA THOMSEN

Perdemos a proximidade, perdemos tudo
Quem nos aqueça a vontade, nos apeteça
Perdemos a luz do lume que nos alumia
Os sentidos despertos, os braços abertos
Se perdem nas curvas quentes do desejo
Nos perdemos se nos encontramos a sós
Naquela fresca voz quente que nos beija
E lembra afinal que não perdemos nada

Lisboa, 27 de Outubro de 2006

sexta-feira, outubro 27

QUANDO SE INVESTIGAM OS DITADORES

DIA DE ANIVERSÁRIO

Posted by Picasa “Manuel Party” – desenho do meu filho pelos seus 10 anos

Neste dia exacto, 16 anos atrás, nasceu o meu filho Manuel. Este texto foi escrito, em 22 de Setembro passado, a pedido dele, para integrar o “portfolio” da disciplina de português do 10º ano. Publico-o como celebração do seu aniversário e em homenagem à sua mãe que só aparentemente dele está ausente. A professora, por sua vez, com razão, estranhou a ausência de parágrafos. Mas o texto, de facto, é mesmo assim. Uma espécie de mancha compacta povoada de palavras que exprimem uma imagem absolutamente subjectiva de alguém a quem queremos mais do que tudo.

O meu filho pediu-me para escrever um texto acerca dele próprio. Este é o texto mais difícil de escrever. Quando tinha a idade que ele tem agora as minhas dificuldades nos estudos eram mais acentuadas. A descoberta do corpo, nos alvores da adolescência, é fonte de prazeres e de medos. Julgo que sofri mais nessa fase da vida. Subjectividades. Nunca seria capaz de pedir aos meus pais que escrevessem um texto acerca de mim. Não que não fossem capazes apesar do nível de escolaridade que alcançaram ser mais baixo do que aquele que me deixaram de herança. Mas porque o olhar do meu filho acerca do papel dos pais mudou. Assim como mudou o seu olhar acerca do papel do professor e da escola. Ele tem, ao contrário dos pais na sua idade, mais capacidade de crítica e mais autonomia para expressar as suas opiniões. Gosta de participar e excede-se, porventura, na sua vontade de partilhar o espaço comum. Desde criança que exercita a sua curiosidade ouvindo todas as notícias. Mas, ao contrário das aparências, é tímido. Uma herança familiar. Receia enfrentar o desconhecido mas gosta de ouvir as discussões que transcendem a sua capacidade de entendimento. Gosta de discutir os temas da política e, em regra, é capaz de formular sínteses coerentes e equilibradas. Precisa de participar em actividades colectivas. Não sendo o teatro, ou a música, que seja o “parlamento”. Exercitará a capacidade de argumentação, a arte da palavra e as vantagens da síntese. Tem aprendido, progressivamente, a gerir a autonomia que lhe é oferecida e a organizar os seus tempos. Amadureceu a consciência de que precisa de trabalhar mais tempo e de forma mais organizada. É gentil. Vive no seio de uma família estruturada, uma tradição familiar que enraíza nas gerações passadas. É seguro. Desde criança que se enfurece quando lhe escapa das mãos qualquer objecto. Aprendeu a ouvir música para a qual sempre manifestou uma especial predilecção. É apreciador da natureza e da sua preservação, em particular, dos animais. Em criança aprendeu a pescar e a arranjar o peixe de que conhece todas as espécies. Aprecia os amigos, honra a intimidade e guarda os segredos. Entusiasma-se e distrai-se. Amadurece devagar. Sonha.

quinta-feira, outubro 26

SIM

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

SIM