domingo, novembro 12

CAMUS - "ARTISTE"

Posted by Picasa Albert Camus com a sua filha

Sublinhados de Leitura das Obras Completas – Introdução (*)

«Écrire, ma joie profonde!»

Carnets – 1935-48

«Il me faut écrire comme il me faut nager, parce que mon corps l’exige.»

Carnets – 1936

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C’est de tout son être que Camus s’est voulu écrivain ou – mais les deus termes sont bientôt équivalents pour lui – «artiste», comme il aimera à se définir.

…il ne croit pas «aux livres isolés», convaincu au contraire que « chez certains écrivains » - parmi lesquels il se range sans aucun doute – les « œuvres forment un tout où chacune s’éclaire par les autres, et où toutes se regardent» (**), Camus est conscient de l’unité profonde de son œuvre ; il souhaite cependant l’ouvrir à la diversité des thèmes, des formes, et des approches.

(*) “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi. (Entre comas as citações de textos do próprio Camus referidos na Introdução).
(**) «Entretien sur la révolte» - Actuelles II

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sábado, novembro 11

PS - UM CONGRESSO PARA QUÊ?

Posted by Picasa Marilyn Monroe

O Congresso do Partido Socialista começou, ontem, em Santarém. Num regime democrático, assente em partidos políticos, este é um acontecimento importante. O PS, além do mais, é o partido maioritário dispondo, pela primeira vez, de uma maioria absoluta de deputados na Assembleia da República.

É estranho, convenhamos, que as eleições internas, que antecederam o Congresso, tenham tido os resultados que tiveram. O SG foi eleito com quase 100% dos votos e nenhuma outra moção, senão a sua, obteve o mínimo de apoios para poder ser aceite, sem apoios de última hora, à discussão no Congresso. Parece um facto comum mas é bom assinalar que não é normal.

Alegre que poderia polarizar uma corrente de opinião, após o episódio das presidenciais, afastou-se ao ponto de pôr em questão a sua presença no Congresso. Criou-se, no PS, como que um deserto em torno de Sócrates. O exercício do poder executivo, em época de austeridade, exige uma liderança forte mas é de todo improvável que saia beneficiado pela inexistência de alternativas, internas e externas, e pela redução do debate a um favor de circunstância.

Este Congresso, reduzido a um mero palco para a reafirmação da liderança de Sócrates, não augura nada de bom, nem para o PS, nem para o país.

Pelo que vi Sócrates, na abertura do Congresso, foi preciso e conciso. Só não entende o discurso político do líder do PS quem não quiser entender. O que ele quis dizer é que mais vale correr riscos desagradando na acção do que obter simpatias agradando na paralisia.

É estreita a margem de manobra para a política que está a ser prosseguida. Qualquer outro governo responsável teria de seguir um caminho muito próximo deste. O problema essencial não está nas políticas que se nutrem da legitimidade de compromissos externos e do cumprimento de profundas – e sempre adiadas – reformas internas.

O problema está na qualidade dos políticos, a todos os níveis, das razões e fundamentos que presidem às suas decisões, nos processos adoptados e nos interesses prosseguidos, no “miolo” dos aparelhos, nas relações entre os grupos que sustentam as clientelas, do modelo e da prática da fiscalização da acção do governo, ou seja, o problema está na própria qualidade da democracia.

Uma democracia da qual emerge, a nível partidário, uma maioria de quase 100% só pode suscitar interrogações e perplexidades. Este Congresso serve para quê? Dar mais força a Sócrates? Ainda mais? Pode ser perigoso para o próprio!

Lembrei-me que fui candidato, pelo PS, nas eleições legislativas de 1985 (e de 1987), no período, pós austeridade, que antecedeu a adesão de Portugal à UE e as maiorias absolutas de Cavaco. Não aconselho a ninguém a experiência política de participar em campanhas eleitorais nesses períodos pós austeridade.

E lembrei-me de um belo – e antigo – slogan do PS: “Dar mais força à liberdade”. A questão central que se coloca aos socialistas de hoje, nos quais me incluo, é a mesma de sempre: como conciliar justiça e liberdade? Será que neste Congresso vai ser dedicada uma única linha ao tema?

AS SUAS PALAVRAS

Posted by Picasa Fotografia de Elena Kulikova

As suas palavras eram castelos de areia
Que erguia acima das mãos levantadas
Como sonhos fugazes ofertados ao céu
Onde a esperança brilhava eternamente


9 de Novembro de 2006

sexta-feira, novembro 10

MÁRIO VIEGAS

Posted by Picasa Fotografia daqui

Obrigado Tomás Vasques por me teres lembrado o dia de aniversário do Mário Viegas.
Fizemos parte da tropa juntos ali no quartel do Campo Grande. Por sorte calhou-nos na rifa o 25 de Abril. Contei, tempos atrás, um recital singular do qual não há outro registo senão a memória dos que nele participaram.

Morreu cedo porque não podia esperar o tempo suficiente para morrer. Quando nos víamos era uma festa. Um dia em pleno espectáculo no pequeno teatro, que leva o seu nome, no S. Luís, de cima do palco meteu-me ao barulho. Era, certamente, uma personalidade difícil, um perfeccionista da palavra e da expressão corporal.

Lembro a sua interpretação da personagem de D. João VI. A poesia dita na sua voz é um autêntico acto de criação. Viu-o, pela última vez, para as bandas do Chiado a descer de carro, no lugar do pendura, a caminho do Cais de Sodré. Esbracejou, como sempre, em larga e esfusiante saudação. Correspondi sem saber que esse seria o aceno final.

Foi um cometa luminoso, e raro, que atravessou a nossa vida cultural.

quinta-feira, novembro 9

A DERROTA DOS ALIADOS PORTUGUESES DE BUSH

Posted by Picasa Imagem Daqui

A derrota de Bush aprofunda-se. Os democratas ganharam, como se esperava, a maioria na Câmara de Representantes. Mas também ganharam, o que era mais difícil, a maioria no Senado.

São as virtualidades da democracia. É bom assinalar que só um regime democrático torna possível promover, sem violência, mudanças políticas. É o acaba de acontecer nos USA.

Por outro lado a derrota Bush, sacrificando Rumsfeld, arrasta a derrota de outras figuras menores cuja voz tem andado, por estes dias, muito sumida: queria lembrar, ao nível português, o Dr. José Manuel Barroso e o Dr. Paulo Portas.

Não esqueço a fotografia das Lajes e a posição do primeiro-ministro José Manuel Barroso arrastando Portugal, sem reservas, para o apoio à “Declaração de Guerra” ao Iraque de Saddam Hussein.

Esta derrota de Bush foi também uma nova, e pesada, derrota para a direita portuguesa e para os líderes da defunta coligação de governo PSD/CDS-PP ainda com idade para aspirarem a exercer, no futuro, um papel político activo em Portugal.

Lembro, a propósito, as posições críticas de Freitas do Amaral face à política de guerra dos USA e os ataques, ao mais baixo nível, de que foi alvo assim como a sua mal explicada saída do governo.

Era da mais salutar higiene política que todos assumissem, hoje, na hora da derrota de Bush, as suas responsabilidades, a todos os níveis, dando-nos, ao menos, na velha tradição maoista, o prazer de ouvir a sua autocrítica.

A BANCA

Posted by Picasa Imagem Daqui

Se as medidas anunciadas pelo governo a respeito da banca são pura cosmética como se justifica a reacção violenta da banca e, em particular, de João Salgueiro?

E já todos se esqueceram desta tomada de posição recente do mesmo João Salgueiro? E da questão dos arredondamentos? E da chamada “Operação Furacão”? E julgam que as autoridades judiciais espanholas estão a brincar às escondidas com o BES?

Quando João Salgueiro acusa Sócrates de “peronismo”, por "atacar" a banca nas vésperas do Congresso do PS, não estará, por sua vez, a criar uma cortina de fumo para desviar as atenções da opinião pública para um conjunto de graves acusações que recaem sobre a banca?

Não esqueçamos que João Salgueiro representa os interesses da banca mas nem por isso deixa de ser um político!

quarta-feira, novembro 8

A DERROTA DE BUSH


Os democratas ganharam a maioria na Câmara dos Representantes e podem ganhar a maioria no Senado.

Aconteça o que acontecer é uma derrota pesada para a política global de Bush e da sua administração. O Iraque é só uma das facetas desta derrota.
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Veja também aqui e aqui
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Nancy Pelosi

Posted by Picasa Fotografia Daqui

Pela primeira vez na história dos USA uma mulher preside à Câmara dos Representantes ocupando o 3º lugar na hierarquia do Estado. É uma democrata, liberal, anti Bush e votou contra a guerra do Iraque.

A partir de hoje alguma coisa vai começar a mudar nos USA e no mundo.

SIM

Posted by Picasa Fotografia de sophie thouvenin

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

SIM. SIM. SIM.

terça-feira, novembro 7

ÁGORA

(Clique na fotografia para ampliar)

Neste dia em que coincidem, por ironia, diversos aniversários significativos, aqui deixo outra fotografia do “Jantar de Extinção do MES”. Publico-a sem qualquer tratamento gráfico, nua e crua, tal qual sobreviveu durante estes últimos 25 anos. É uma das poucas à qual se pode associar o significado da palavra ágora.

Esta fotografia mostra alguns participantes do jantar que não surgem em qualquer outra. Deve ter sido captada no momento em que alguém povoava aquele espaço, ao mesmo tempo público e íntimo, de palavras. O mais provável é que o orador fosse o Vítor Wengorovius. Honra à sua memória.

ALBERT CAMUS - 7 DE NOVEMBRO DE 1913

Posted by Picasa Albert Camus

Volto, hoje, a um dos meus temas predilectos: Albert Camus e a sua obra. Trata-se da apresentação de um conjunto alargado de sublinhados de leituras das obras completas de Albert Camus aos quais se juntarão, pontualmente, alguns dados biográficos.

Não pretendo mais do que pôr em comum uma leitura sem pretensões críticas ou interpretativas da obra da Camus. Desta vez há uma diferença face às minhas abordagens anteriores: os sublinhados resultam de uma leitura extensiva realizada no original em francês.

Surgirão transcrições em francês e algumas, eventualmente, traduzidas, por mim próprio, em português. A tarefa começa no dia em que se celebra o nonagésimo terceiro aniversário do nascimento de Camus e não sei se, algum dia, terminará.
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Albert Camus nasceu em 7 de Novembro de 1913 em Mandovi (Argélia). No primeiro capítulo da sua obra póstuma, “O Primeiro Homem”, Camus descreve a viagem de carroça, empreendida pela família, perante o parto iminente, para uma região vinícola, perto da fronteira com a Tunísia, uma quinta a oito quilómetros de Mandovi.

O pai de Albert, Lucien August Camus, trabalhava, na Argélia, para uma empresa vinícola francesa, mudando de residência conforme as necessidades da actividade a que se dedicava. Em “O Primeiro Homem”, Camus adopta, pela primeira vez um registo autobiográfico, podendo entender-se, a verdadeira importância dos seus pais, ou talvez melhor, a importância da “ausência” deles, na sua obra.

O pai morreu, no hospital militar de Saint-Brieuc, em 11 de Outubro de 1914, depois de ter sido ferido, em Setembro, em combate, na batalha de Marne. No 2º capítulo de “O Primeiro Homem”, intitulado “Saint-Brieuc”, Camus descreve, detalhadamente, a visita que realizou, 40 anos depois da morte do pai, ao cemitério onde este se encontra sepultado.

Foi então que leu na sepultura a data de nascimento do pai e descobriu ao mesmo tempo que até agora a ignorara. Em seguida, leu as duas datas, “1885-1914” e procedeu a um cálculo mental: vinte e nove anos. Surgiu-lhe de súbito uma ideia que o fez estremecer. Tinha quarenta anos. O homem sepultado sob aquela pedra, e que fora seu pai, era mais jovem do que ele. “ (*)
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Sublinhados de Leitura das Obras Completas

Introduction (**)

«Quelque chose, quelqu’un s’agitait en moi, obscurément, et voulait parler.»

Les Îles (1933)

«Pour être édifiée, l’œuvre d’art doit se servir d’abord de ces forces obscures de l’âme.»

Les Îles (1933)

[A citação seguinte, da "Introdução" às "Obras Completas", vem a propósito do capítulo intitulado «Obscur à soi-même» do romance póstumo “Premier Homme”.]

Tous ces textes qui insistent sur le caractère mystérieux de l’être et de la création datent de la même époque, après coup, l’accident du 4 janvier 1960 leur confère la valeur d’un ultime regard jeté par l’écrivain sur son œuvre et sur lui-même …Conscient de ses propres contradictions, et de la tension q’elles créent en lui, Camus n’a pas cherché à les dissimuler : sa vérité est à la fois celle du soleil et celle de la mort.

(…)

Camus lui-même a considéré son œuvre comme une interrogation , une quête, poursuivie de livre en livre sous des formes diverses, centrés sur les pouvoir et les limites de l´homme, sur sa manière d’être au monde, sur sa relation aux outres et á lui-même , sur la puissance créatrice de l’écriture.

(*) «O Primeiro Homem» Edições « Livros do Brasil » – 1994
(**) “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi. (Entre comas as citações de textos do próprio Camus referidos na Introdução).
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25º ANIVERSÁRIO DO JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES

Posted by Picasa Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)

No dia 7 de Novembro de 1981, passam hoje 25 anos, realizou-se um jantar/festa para celebrar o fim de um partido político. O MES (Movimento de Esquerda Socialista) colocava, por iniciativa própria, um ponto final na sua curta existência. Sem heróis nem mártires. A história do processo que conduziu até esse acontecimento singular está por fazer.

O grupo fotografado representa a maioria dos activistas do movimento estudantil de “Económicas” [Instituto Superior de Economia, que sucedeu ao Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras] que, por diversas vias, desembocaram no MES.

São duas ou três gerações de sonhadores, idealistas e libertários, aspirantes ingénuos à construção de uma sociedade, fraterna e solidária, da qual fossem erradicadas as injustiças.

O meu testemunho como protagonista do acontecimento, entre muitos outros, não é mais do que um gesto de saudação a todos os que viveram aquela aventura e que dela guardam vivas as memórias.

Não é o saudosismo que me leva à evocação desta data, nem sequer a defesa de interesses ou regalias, de natureza material ou política, que nunca fizeram parte do património genético daqueles que abraçaram a causa do MES mas, tão-somente, afirmar a vida que só existe quando a memória se não perde e as ligações se não desvanecem.
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Esta fotografia fixa o mesmo grupo retratado por uma outra, publicada tempos atrás, que foi replicada na blogosfera em busca do preenchimento de uma legenda que permanece, no entanto, incompleta.

Essa fotografia, de autor desconhecido, foi publicada, pela primeira vez, no absorto em 26 de Abril de 2006 e republicada, em 30 de Abril, no Tugir em português, com numeração dos fotografados para ajudar na legendagem.

Em 4 de Maio de 2006, por sua vez, o Glória Fácil publicou-a, sob o título “Última Ceia”.

segunda-feira, novembro 6

CAUSAS

Posted by Picasa Angelina Jolie

A atriz Angelina Jolie encontra-se com o Ministro de Relações Exteriores da Índia, Anand Sharma, em Nova Déli, durante uma visita à Índia.

sábado, novembro 4

PROBLEMAS DIFÍCEIS

Posted by Picasa Fotografia de Nana Sousa Dias

Vale a pena ler a entrevista de Teodora Cardoso no “Semanário Económico”.

“O Governo merece nota positiva e até bastante boa. Por um lado é claro que tem a grande vantagem da maioria absoluta que era um instrumento fundamental mas está a usá-lo para resolver problemas difíceis. Nesse aspecto é bom. É verdade que há sectores mais fortes e menos fortes, mas a verdade é que se avançou em áreas muito complicadas como é o caso da Saúde e da Educação.”

ENTÃO GANHOU O BUSH, NÃO FOI?

Posted by Picasa Imagem Daqui

No ano 2050 ninguém se vai lembrar desta madrugada
em que fui dormir com a certeza do resultado amargo
da refrega entre dois campos vizinhos mas separados
pelo largo estuário do rio onde correm diferentes olhares
sobre o homem, a vida, a morte, a paz e a guerra.
Todas as diferenças onde se amparam o viver das gentes,
ilustres e vulgares, milhões que acreditam nas escolhas
que julgam mudarem o seu futuro. Mas qual futuro?

Então ganhou o Bush, não foi?

O meu filho, pelas sete da manhã, abriu a porta do quarto
e deu-me a notícia cheio de uma ingénua esperança
de que a sorte mudasse pelos caprichos de um estado
que acorda mais tardio para a coisa. Mas não, eu já sabia,
desde antes. A noite não se faz dia ao estalido
dos dedos de uma mão mesmo que sejam um milhão,
dez, cem milhões de dedos das mãos dadas todas do mundo.
O guerreiro quer guerra e o infiel é o seu duplo.

Então, ganhou o Bush, não foi?

Perguntou-me, a medo, o empregado de mesa
que me serve todos os dias, solícito, além do melão fresco,
o frugal sumo de laranja e os dois rissóis do meu contentamento.
Pois foi, era o que tinha de ser, e o que tem de ser tem muita força.

Então ganhou o Bush, não foi?

Foi!
Que lhe faça bom proveito e ao povo que nele confia.

Tenho a certeza que os poetas da América não
vão deixar de poetar e a mim só me interessa
a POESIA
nem a mentira,
nem a ignomínia,
nem o negócio da morte,
nem da guerra preventiva a cobardia,
nem a vã glória que o vencedor anuncia.

Então ganhou o Bush, não foi?

QUE VIVA A POESIA!

Lisboa, 3 de Novembro de 2004

sexta-feira, novembro 3

De quem é a História?

TRÊS REFLEXÕES DE OUTONO

Posted by Picasa Frank Grisdale

Já está disponível no site do “Semanário Económico” e no IR AO FUNDO E VOLTAR, na íntegra, o artigo com o título em epígrafe do qual transcrevo os dois parágrafos iniciais.

“Acerca do Orçamento do Estado para 2007 – Os portugueses são muitos fracos na disciplina da memória, em particular, no que se refere às questões da “coisa pública”. Deixam cair dela os seus heróis, como frutos podres, e apagam, com arrogos mesquinhos, tanto as boas como as más lembranças da governação passada.

No caso do Orçamento de Estado para 2007 é necessário lembrar, para não recuar aos tempos da austeridade, anteriores ao longo consulado de Cavaco, ou à “pesada herança” de Guterres, que o governo em funções herdou, em 2005, dos governos de direita (Barroso+Santana), um deficit das contas públicas de 6,4% do PIB.”

quinta-feira, novembro 2

O MEDO DA VERDADE

Posted by Picasa Fotografia de Nana Sousa Dias

Ressonância de 2 de Novembro de 2004. Santana Lopes era Primeiro-ministro. Estava à beira do fim. JA Barreiros é, naturalmente, o advogado José António Barreiros. Era o dia das eleições presidenciais nos USA. Ainda não sabia o resultado. O contexto político nacional é, hoje, diferente. Mas o facto de terem surgido, em força, provedores em muitos órgãos de comunicação social é significativo. Eis o que escrevi:

Um dia fora de Lisboa, a trabalhar, sem notícias e logo no dia das eleições na América. Original. Agora que vejo as notícias não encontro nada de novo. Reparo que JA Barreiros se despediu de colunista do DN e que todos descobrem o que eu já tinha experimentado vai para 2 anos. Bolas, estavam todos ceguinhos ou quê?

Essa teia promíscua entre os poderes político, económico e mediático, que agora tantos condenam, não é dos tempos deste governo. Já vem do anterior. A diferença está na gestão que se tornou, dia a dia, mais grosseira, descarada e disparatada. Mas nada de essencial mudou. Mas atenção que muitos dos que agora clamam contra a manipulação desesperada dos “media”, em favor da maioria governamental, amanhã a defenderão se ela satisfizer os seus próprios interesses.

Os únicos que podem ser os verdadeiros detentores do equilíbrio entre a verdade, a justiça e a liberdade, na gestão comunicacional, são os fazedores da própria notícia, ou sejam, os jornalistas. Os jornalistas profissionais, não os comentadores ou colaboradores de ocasião.

Quando se revoltam os jornalistas? Quando decidem tomar a palavra e colocá-la ao serviço da denúncia da corrupção dos seus próprios órgãos de comunicação? Têm medo? A democracia faz medo aos jornalistas? Que estranha democracia é esta em que os jornalistas têm medo da verdade?

A MORTE DE UM ALPINISTA PORTUGUÊS

Posted by Picasa À esquerda Bruno Carvalho

O alpinista português Bruno Carvalho morreu na descida, depois de alcançar o cume, a 8.000 metros, do Shisha Pangma. Nesta actividade de alto risco, como em muitas outras, as descidas são mais perigosas que as subidas.