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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sábado, março 22
sexta-feira, março 21
VOANDO SOBRE UM NOVELO DE EQUÍVOCOS
Reproduzir cenas de violência? Não vou por aí. O ambiente informativo nacional já está saturado com as imagens da refrega entre uma professora e uma aluna por um telemóvel. A mediatização do caso pode suscitar todas as leituras: falta de autoridade dos professores, indisciplina dos alunos, alheamento dos pais face ao processo educativo, … por aí fora. Mas tudo é apresentado, a reboque das imagens colhidas na sala de aula, como se fora um estúdio, de uma forma demasiado simples.
Prefiro sublinhar o testemunho, clarividente, de Álvaro Almeida Santos, Presidente do Conselho das Escolas:
Penso que aquilo que espoleta esta situação é, de facto, o uso dos telemóveis e uso de novas tecnologias, que têm colocado novos problemas às escolas”, afirmou Álvaro Almeida dos Santos, entrevistado esta sexta-feira no Jornal da Tarde. Para o presidente do Conselho das Escolas, os telemóveis constituem hoje “um dos aspectos que desencadeiam mais situações de conflito e também de perturbação dentro das escolas e nas salas de aula.
Prefiro sublinhar o que diz o Portal do Ministério da Educação acerca do Estatuto do aluno:
As alterações ao Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário, publicadas no Diário da República, reforçam a autoridade dos professores e a autonomia das escolas, ao mesmo tempo que simplificam e agilizam procedimentos, conferindo maior responsabilidade aos pais e aos encarregados de educação.
O que diz a Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro?
O que diz o Artº 15º da Lei, a respeito dos deveres dos alunos, tocando no assunto em apreço?
q) Não transportar quaisquer materiais, equipamentos tecnológicos, instrumentos ou engenhos, passíveis de, objectivamente, perturbarem o normal funcionamento das actividades lectivas, ou poderem causar danos físicos ou morais aos alunos ou a terceiros;
O que poderá dizer um cidadão normal face ao conhecimento dos factos e da legislação, apesar de todas as polémicas, dificuldades e crispações? Cumpra-se a lei!
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DIA MUNDIAL DA POESIA
Trata-se de uma edição bilingue, português/espanhol, da obra de Fernando Pessoa, de autoria de Sebastián Santisi, um extraordinário empreendimento individual para a divulgação da poesia de Fernando Pessoa no universo dos falantes da língua de Cervantes.
Bem-haja! s@ntisi.com.ar
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quinta-feira, março 20
BUSH - FUGA PARA A FRENTE
New York Times
President Bush used the fifth anniversary of the start of the war in Iraq on Wednesday to make the case for persevering in a conflict that could have many more anniversaries.
President Bush used the fifth anniversary of the start of the war in Iraq on Wednesday to make the case for persevering in a conflict that could have many more anniversaries.
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A CHINA
Pedro Doria publica dois postes, um terceiro está prometido para amanhã, acerca da China. A China está no centro de todas as atenções, é uma espécie de epicentro do futuro, por razões económicas e financeiras, geoestratégicas, de regime (a situação no Tibete faz piscar um sinal de alerta!) e pela organização dos Jogos Olímpicos, e seu improvável boicote, vale a pena abrir o capítulo China.
A ler A China como ela se vê 1: Democracia e A China como ela se vê 2: Direita e esquerda que termina assim:
A ler A China como ela se vê 1: Democracia e A China como ela se vê 2: Direita e esquerda que termina assim:
Na China, qualquer transformação é feita sempre com muita lentidão. Mas o governo tem consciência de que, no exterior, as condições de vida no país são vistas como selvagens. A queda à esquerda tem a ver com a percepção de que a economia de mercado ampliou a desigualdade ao mesmo tempo em que enriqueceu o país. Mas também tem a ver com a questão da imagem. Os chineses querem mais poder no mundo e, neste jogo de influência, imagem conta.
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quarta-feira, março 19
EDUCAÇÃO: ELES LÁ SABEM PORQUÊ!
Na sequência dos combates dos últimos tempos, a propósito da reforma da educação, reparemos que enquanto em Portugal se discute o processo de avaliação do desempenho dos professores em França as greves, e manifestações, são contra o despedimento de professores. Em Portugal o governo resolveu a questão da colocação dos professores (na sua maior parte) fixando-os por um período de três anos nas escolas a que ficam afectos. É a ansiada estabilidade do corpo docente – uma velha reivindicação da classe - que hoje foi esquecida pelos críticos do governo. Aqui ninguém fala em despedimentos de professores, pelo contrário, parece haver um compromisso firme do governo em não incluir os professores no chamado quadro de excedentes. É a ansiada estabilidade do corpo docente que, paradoxalmente, parece não revelar mais do que pérfidas intenções do governo em denegrir a imagem dos professores.
É possível que nem tudo vá bem no reino da Dinamarca. Mas não se verificam, hoje, no sistema público de educação, as rupturas organizacionais de outros tempos. Nem atraso na abertura dos anos lectivos, nem entropia nos processos de colocação de professores, nem atropelos na adopção dos manuais escolares (finalmente com uma nova lei em vigor) sendo que o que está em causa, no presente debate, é a elevação do nível de exigência do desempenho do sistema público de educação, e de todos os seus protagonistas, do topo à base. Há mudanças, em turbilhão, difíceis de gerir aos diversos níveis da organização do sistema. As escolas são solicitadas a realizar um sobre-esforço só possível pela dedicação e competência da maioria dos seus dirigentes, em particular, os professores. Se assim não fosse como poderia ser assegurado, como tem sido, o regular desenvolvimento das actividades escolares à beira da entrada no terceiro, e derradeiro, período lectivo.
Todos sabemos, os que trabalham no sistema, e os que o observam de fora, que sempre se podem adoptar processos diferenciados para alcançar os mesmos fins. Creio que a gestão política deste complexo processo de mudança, como sempre acontece, poderia ser orientada seguindo um diferente escalonamento das prioridades, mas a verdade é que qualquer reforma na educação, tocando no fundo dos alicerces do sistema, sempre concitaria forte contestação e nunca avançaria, sequer, um milímetro se a firmeza cedesse o passo à hesitação. Mas quero crer que, a breve prazo, será inevitável que as trombetas da concórdia se sobreponham à crispação do confronto.
A opinião pública mantém uma silenciosa reserva face ao alvoroço da refrega e o PR guarda, face aos sindicatos, uma prudente e sábia distância. Eles lá sabem porquê!
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terça-feira, março 18
As pseudo-soluções
No meio de sérios avisos de aproximação de uma crise do sistema financeiro internacional que tem o epicentro nos USA, mas que a todos atingirá, há quem se aventure por mares já antes navegados. Teodora Cardoso lança um aviso à navegação:
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A LUTA DOS TRABALHADORES: AQUI E AGORA
Não sei se o trabalho honesto de cada um de nós vale a pena. Não sei se o trabalho esforçado de cada um de nós vale a pena. A corrente de ideias que sopra com mais força, desde que me conheço, valoriza sempre mais a questão da igualdade. Também acreditei. O pensamento dominante, sob a capa da luta pela justiça, favorece a pobreza. Sem pobreza não se justificaria a caridade e, muito menos, a solidariedade social. Os mais ricos são cada vez mais ricos e os mais pobres cada vez mais pobres. E por aqui nos ficamos. O paradigma igualitário é o guião de todas as justas lutas dos trabalhadores. Sejamos honestos e abramos os olhos! Hoje, aqui e agora, quais são os trabalhadores que lutam? São os trabalhadores assalariados da agricultura e da indústria? São os trabalhadores de todas as artes que usufruem de mais baixos salários? São os trabalhadores pobres e marginalizados? São os trabalhadores desempregados? São os trabalhadores mais velhos, empregados ou aposentados, na posse de todas as suas faculdades? São os trabalhadores imigrantes, mão-de-obra barata, em busca da legalização? São os jovens estudantes liceais ou universitários? São os jovens licenciados em busca de um lugar ao sol? Nada disso! Nada disso! Quem se manifesta então? A classe média dos funcionários públicos auto intitulados de novos explorados, os espoliados do nosso tempo. Que é feito da classe operária que dá o título à maioria dos sindicatos? Trabalha para que se não extinga o seu posto; trabalha para que não se deslocalize a sua fábrica; trabalha para que se não perca a encomenda. Trabalha e, como dizia o poeta, “Trabalhar cansa”. É difícil ultrapassar a ditadura da igualdade que esconde os privilégios daqueles que, na maioria, desprezam os verdadeiros explorados. Para que o trabalho honesto e esforçado valha a pena é preciso vencer o predomínio do paradigma da igualdade. É preciso fazer vencer na sociedade o paradigma do mérito, do trabalho esforçado e competente, em benefício de cada um de nós e de toda a sociedade. Um dia se a liberdade estiver em causa ver-se-ão os verdadeiros trabalhadores na rua a lutar pelas suas verdadeiras causas e aí espero que os manifestantes de hoje se não escondam em suas casas!
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segunda-feira, março 17
ALGARVE, EN 125, PSD E PORTAGENS NA VIA DO INFANTE
Keith Johnson
Ao que parece o PSD ficou muito escandalizado com a afirmação do Ministro das Obras Públicas de que não seria este governo a introduzir portagens na Via do Infante e que tal ideia era, pelo contrário, defendida pelo PSD. Julgo que Mário Lino se deve ter fundamentado nesta afirmação de Marques Mendes, presidente do PSD, aquando da Universidade de Verão de 2007, realizada, ironicamente, no Algarve:
Mas se alguém tem dúvidas então faço mesmo um desafio: acabe-se com as SCUT’s, que custam ao País 750 milhões de Euros por ano, e baixem-se os impostos sobre as pessoas e as empresas. É economicamente mais correcto e socialmente mais justo.
Aliás o posicionamento do líder do PSD, no verão passado, causou um coro de protestos entre os social-democratas algarvios, nomeando expressamente a Via do Infante, como se pode verificar, entre muitas outras, por esta tomada de posição sob o título: Marques Mendes anseia portagens nas SCUT. Como é isso possível?
Ao que parece o PSD ficou muito escandalizado com a afirmação do Ministro das Obras Públicas de que não seria este governo a introduzir portagens na Via do Infante e que tal ideia era, pelo contrário, defendida pelo PSD. Julgo que Mário Lino se deve ter fundamentado nesta afirmação de Marques Mendes, presidente do PSD, aquando da Universidade de Verão de 2007, realizada, ironicamente, no Algarve:
Mas se alguém tem dúvidas então faço mesmo um desafio: acabe-se com as SCUT’s, que custam ao País 750 milhões de Euros por ano, e baixem-se os impostos sobre as pessoas e as empresas. É economicamente mais correcto e socialmente mais justo.
Aliás o posicionamento do líder do PSD, no verão passado, causou um coro de protestos entre os social-democratas algarvios, nomeando expressamente a Via do Infante, como se pode verificar, entre muitas outras, por esta tomada de posição sob o título: Marques Mendes anseia portagens nas SCUT. Como é isso possível?
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We will never have a perfect model of risk
The current financial crisis in the US is likely to be judged in retrospect as the most wrenching since the end of the second world war. It will end eventually when home prices stabilise and with them the value of equity in homes supporting troubled mortgage securities.
(…)
In the current crisis, as in past crises, we can learn much, and policy in the future will be informed by these lessons. But we cannot hope to anticipate the specifics of future crises with any degree of confidence. Thus it is important, indeed crucial, that any reforms in, and adjustments to, the structure of markets and regulation not inhibit our most reliable and effective safeguards against cumulative economic failure: market flexibility and open competition.
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domingo, março 16
DISSERAM LIBERDADE?
Esta palavra liberdade é uma palavra muito séria. Não é para ser usada para aí aos quatro ventos por quem só se lembra dela quando lhe convém. Entre outras coisas, a liberdade implica a coragem de dar a cara por aquilo em que se acredita. Não me merecem nenhum respeito os professores que passaram a semana anterior à manifestação a falar aos jornais sob anonimato ou nome fictício - perante a complacência ou mesmo cumplicidade dos jornalistas. Diziam que assim se precaviam contra represálias da “ditadura” da ministra da Educação. E, ao aceitaram tal anonimato e a sua justificação, os jornalistas fizeram-se cúmplices dessa acusação gratuita de que a ministra é pessoa para perseguir quem se lhe opuser. Também cá tenho algumas cartas anónimas de professores desses, invariavelmente forradas de insultos e difamações pessoais de toda a ordem. Em nome da liberdade e da sua dignidade ofendida, dizem. Dizem, mas não sabem: a liberdade é outra coisa. E a dignidade também.
Espanta-me a falta de reflexão sobre a inversão ética da tese aqui contida: se alguém se recusa a subscrever as opiniões que emite é porque está com medo; e, se está com medo, é a prova de que a liberdade está ameaçada. Onde houver um cobarde, portanto, será sempre sinal de que a liberdade está em perigo - a conclusão até pode estar certa filosoficamente, o caminho para lá chegar é que representa uma inversão de valores. Se todos falássemos sob anonimato sem dúvida que viveríamos ainda em ditadura. E sabem quem seriam os primeiros a calar-se?
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sábado, março 15
PS: O COMÍCIO DO PORTO
O PS realizou o comício do Porto. Alguns defenderam que se tratou de uma manifestação dispensável, politicamente defensiva. A ideia faz sentido mas a luta política, como qualquer luta, é feita de avanços e recuos, ataques e defesas, rupturas e consensos … e, para encurtar razões, o comício foi um acto político corajoso!
Deu para perceber alguns aspectos curiosos que podem ter passado despercebidos ou ser desvalorizados: o regresso de Jorge Coelho à tribuna, as presenças de Correia de Campos e Isabel Pires de Lima, ministros recentemente remodelados e, mais importante, o sinal público de que Elisa Ferreira poderá vir a ser a candidata do PS à Câmara Municipal do Porto.
Se a minha antevisão estiver certa estes sinais são mais importantes para o futuro do que muitos possam pensar.
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ALGARVE - ESTRADA NACIONAL 125
De vez em quando gosto de regressar à minha terra e aquela estrada faz parte das minhas memórias mais longínquas. Tornou-se, com o passar do tempo, numa espécie de trilho para gincana, ou, se quisermos ser mais realistas, num cemitério. Não sei como vai ser executada a obra, nem o tempo real que vai demorar, mas é mais uma tarefa difícil a que este governo mete ombros. Aos governos pede-se que cumpram os programas e resolvam os problemas. Não sei se é para preparar o lançamento de portagens na Via do Infante mas é um imperativo para a promoção do desenvolvimento do Algarve dispor de uma via rodoviária decente, alternativa à Via do Infante, e essa via só pode ser a Estrada Nacional 125. A solução está mesmo à mão mas o mais difícil é ir além do blá blá blá, ou seja, fazer.
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EDUARDO BARROSO
Choque frontal: a excelência profissional de Eduardo Barroso contra a inveja nacional. Um dia ele disse-me, e disse também numa entrevista, sem citar nomes, que tinha ficado magoado por o termos excluído da lista de candidatos do MES a umas eleições. Devem ter sido as primeiras eleições do período pós 25 de Abril. A descrição da cena dita por ele é de morrer a rir. Diz ele, pois não me lembro de nada, que o chamamos e lhe dissemos que não podia ser candidato porque era sobrinho do Mário Soares. No lugar dele iria ser candidato o José Gameiro. Custa-me a acreditar mas devo reconhecer que se ele o diz deve ser verdade. Nunca mais se esqueceu dessa exclusão. Ele jura a pés juntos que é verdade. Foi deplorável. Como é deplorável ser apodado de mercenário da medicina! Um dos maiores, senão o maior, cirurgião português em actividade!
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