quarta-feira, julho 16

BISBILHOTICE

Eric Percher

O meu coração balança entre o fascínio d´O admirável mundo dos ‘chips’ e o velho mundo das pegadas e impressões digitais. A devassa da nossa vida íntima está à mão de qualquer aprendiz de feiticeiro. Quando me aproximo de um terminal multibanco já sei que estou a ser filmado; quando meto a chave à porta de casa idem; quando estabeleço uma comunicação telefónica, pela rede fixa ou móvel, quando envio uma mensagem electrónica ou acedo a um site, sei que posso estar a ser vigiado! Para não falar das bases de dados da administração fiscal, dos bancos e por aí fora … Já li, há muito, os livros que anteciparam o “big brother”. Uma brincadeira de crianças … Mas ainda pior que todos os dispositivos mecânicos disponíveis para o homem se vigiar a si próprio é o “chip” que o homem incorpora na sua natureza que dá pelo nome de bisbilhotice (uma saudação para o Matias Alves!).
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ILDA

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terça-feira, julho 15

MICHELLE BRITO

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BANCO DE PORTUGAL - REVISÃO EM BAIXA


Foi tornado público o Boletim Económico Verão 2008 do Banco de Portugal. Como seria de esperar uma revisão em baixa da previsão de crescimento da economia, em 2008, desta feita, para 1,2%. Deixo, de seguida, os dois primeiros parágrafos da Conclusão:

As actuais projecções apontam para um fraco crescimento da economia portuguesa em 2008 e 2009, contemplando desta forma a interrupção do processo de recuperação gradual da actividade económica verificado nos anos anteriores, o qual tinha sido caracterizado por uma evolução mais favorável das exportações a partir de 2006 e por uma expressiva aceleração do investimento em 2007.

Na segunda metade de 2007, ocorreram vários choques de origem externa, nomeadamente a eclosão de uma turbulência sem precedentes nos mercados financeiros internacionais, associada a uma rápida e significativa reavaliação do risco pelos investi dores. As indicações mais recentes apontam para uma maior persistência desta situação de turbulência face ao inicialmente esperado, afectando em especial a evolução dos mercados de exportação e as condições de financiamento dos agentes económicos. Ao mesmo tempo, verificou-se uma intensificação do aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais, para níveis historicamente elevados em termos nominais e reais.
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Não resisto a anotar este curioso subtítulo na notícia da RTP (on-line) acerca da previsão da inflação em Portugal e na Zona Euro (é o serviço público no seu melhor!):

Taxa de inflação superior à da Zona Euro
O governador do Banco de Portugal disse aos deputados que o país conquistou competitividade externa nos últimos nove meses, porque tem uma taxa de inflação inferior à da Zona Euro. Temos tido uma inflação mais baixa do que a área euro, o que acontece pela primeira vez”, disse Constâncio. Uma inflação mais baixa que a da Europa a 15 traduz-se “por um ganho de competitividade externa”, explicou na comissão de Orçamento e Finanças. Portugal mantém o ritmo de crescimento de preços inferior aos seus parceiros do euro desde Setembro de 2007, acrescentou Constâncio.
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MAU SENTIMENTO

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segunda-feira, julho 14

CAMINHOS DA MEMÓRIA (II)

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UM CONCERTO MEMORÁVEL (VISTO PELO MEU FILHO MANUEL)


As expectativas eram altíssimas...e foram ainda assim excedidas! Quando ao fim de varias horas de espera começou a soar a sirene e se viu a carismática estrela vermelha a subir pelo palco acima...começou-se a pressentir o que se ia passar ali..."sangue, suor e lágrimas"!

E assim foi: Abriram com "Testify" que gerou o caos e a anarquia total por entre o publico, a ponto do próprio Zack ficar surpreendido com a loucura que se vivia. Com Tom Morello a fazer magia com a guitarra e Zack de la Rocha cheio de energia seguiram-se 70 minutos de constante e brutal mosh...Tive lá bem no meio da loucura até começar a ver uns quantos guerreiros a ficar K.O. e aí pareceu-me que tava na altura de recuar um pouco para o bem da minha saúde.

Todos fomos surpreendidos com o entoar da internacional socialista ... que mais uma vez revelou a constante presença da política nos RAGE, que faz deles não só uma banda intervencionista como também "a voz da revolução"!

Num concerto em que o moshe e a guerra foram praticamente constantes é difícil escolher o momento alto da noite...mas para mim, e para muitos outros, foi "Killing in the name"! No fim todos se arrastaram exaustos para casa para ir recuperar das costas, das pernas e dos vários hematomas...

[Texto do meu filho Manuel a propósito de um concerto memorável.]
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"ops!"

Saiu o número inaugural da revista “ops!” de iniciativa da Corrente de Opinião Socialista, ou seja, para falar claro, da corrente de opinião liderada por Manuel Alegre. Uma boa ideia por vários motivos: - o debate é preciso; - nada pior para os governos do que o amorfismo dos partidos que os apoiam; - nada pior para a política do que o unanimismo; – nada pior para a democracia política do que o silenciamento das discordâncias ou divergências.

Não é preciso concordar com todas as ideias que a revista veiculará para que concordemos com a sua criação. Esta é, por outro lado, uma revista digital o que representa uma não negligenciável inovação no panorama político nacional.

Alegre escreve a encerrar o seu curto editorial: “Todos somos responsáveis pelo nosso mundo e pelo nosso país. Chegou a hora de resistir ao condicionalismo e à colonização ideológica. A hora de sermos nós próprios e de propormos soluções que se baseiem nos valores e não nos interesses que confiscaram o Estado e minam a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas. Hora de resistir, debater e de assumir e divulgar a nossa opinião socialista.”

Todos podemos estar de acordo com ideias gerais mas seria muito útil que Manuel Alegre, em breve, esclarecesse o conceito de “condicionalismo e colonização ideológica” assim como indicasse quais os “interesses que confiscaram o Estado e minam a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas”. Para princípio de debate …
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D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES

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sábado, julho 12

MEU POEMA


Meu poema é um silêncio aceso
que me alumia o caminho da fala
e se derrama na palavra escrita
à mão teclada ou manuscrita

Meu poema só existe quando escapa
ao exacto momento que o suscita
e nada mais tem para dizer
senão o que a própria mão lhe dita

15/3/2008

[25 Poemas. Selecção de poemas escritos, a lápis, nas páginas do livro “Toda a Poesia”, de Ferreira Gullar, 15ª edição, José Olympio, Editora. Este é o último poema desta série que foi publicada no Caderno de Poesia.]
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sexta-feira, julho 11

JORGE DE SENA (HOMENAGENS)

Jorge de Sena

Em El descanso, Fidel Castro homenageando a sua amizade com García Marques, omite Saramago, no dia em que a Fundação Saramago homenageia Jorge de Sena. Do mal, o menos mas vá lá saber-se o que Sena seria capaz de pensar, e escrever, se fosse vivo, acerca desta homenagem. Aqui há uns anos atrás propus que fosse dado o nome de Jorge de Sena à nova sede do INATEL no Porto que assim ficou a chamar-se CASA JORGE DE SENA. Muitos se interrogaram, e interrogam, acerca da razão de ser de tal homenagem. Paciência! O ministro da cultura, ontem, comprometeu-se a diligenciar para trazer o espólio de Jorge de Sena para Portugal. Mas o que seria uma verdadeira homenagem a Jorge de Sena, e um acto de coragem, seria o Estado português reparar as injustiças que lhe fez e trazê-lo de volta a Portugal. Mas acerca disso ninguém fala. A Pátria continua a viver na penumbra de todos os medos!
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CAMINHOS DA MEMÓRIA

Pano de fundo do I Congresso do MES (Aula Magna da Cidade Universitária de Lisboa)

Hoje nos Caminhos da Memória: I Congresso do MES - algumas reflexões tardias
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O ESTADO DA NAÇÃO


Li, atentamente, o discurso que o primeiro-ministro proferiu hoje no Parlamento porque atribuo relevância ao debate político em geral e, em particular, quando se trava nos momentos em que os governos enfrentam crises graves. Para o que me havia de dar! Para falar, ou escrever, concordar ou criticar, é necessário conhecer minimamente as matérias sobre as quais se fala ou se escreve. Parece elementar, mas não é!

O discurso do primeiro-ministro está bem construído. Defende os aspectos centrais da política do governo, como seria de esperar, reconhece a crise mundial, com forte incidência nacional, que se pode sintetizar como “3º choque petrolífero”, é determinado e corajoso, quanto baste, e apresenta, de forma clara e perceptível para o comum dos cidadãos, medidas de natureza social que se resumem numa frase quase no final do discurso:

Não seria de esperar que o primeiro-ministro, num debate deste tipo, se arriscasse a tocar todas as matérias do arco da governação mas parece-me que ficou aquém das expectativas quanto, pelo menos, à abordagem das matérias da economia, com um desejável enfoque nas pequenas e médias empresas, assim como na reforma da justiça cuja “marcha lenta” condiciona, de forma brutal, o “ambiente envolvente” do desenvolvimento socioeconómico do país.

Mas o mais relevante na minha apreciação do “estado da nação”, certo que apreciei de forma positiva o discurso, é a distância entre as intenções anunciadas e a capacidade para as concretizar de forma adequada à realidade concreta da nossa sociedade.

O governo não se resume à figura do primeiro-ministro, nem as políticas dos governos se resumem a discursos e anúncios. Há uma miríade de dirigentes intermédios, a todos os níveis da administração, e uma multiplicidade de decisões e processos de trabalho, altamente exigentes, cuja qualidade de execução tem estado muito aquém das boas ideias, intenções e propostas do primeiro-ministro.

Um comandante determinado pode não ser suficiente para levar à vitória, ainda para mais numa conjuntura adversa, um exército pejado de oficiais incompetentes, que se comprazem em dar tiros nos pés ou se atropelam no afã de apresentar trabalho, assegurando lugares e prebendas, sem cuidar de administrar as políticas com a parcimónia, ousadia e eficácia que o “estado da nação” exige.

[Uma nota de rodapé para o novo líder do PSD em cujas inflexões discursivas se insinuam, sem desprimor, ecos da inconfundível e melíflua voz de Salazar.]
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quinta-feira, julho 10

A (IN) JUSTIÇA FISCAL

Miguel Rio Branco

A injustiça fiscal – que consiste numa administração fraca para com os fortes e forte para com os fracos – vai contribuir para o afundamento do governo socialista e da sua liderança. Pelo que conheço não há volta a dar! As iniquidades são mais do que muitas e flagrantes! A falta de sentido de justiça e a desproporcionalidade das sanções – na área fiscal – aplicadas a muitos milhares de cidadãos honestos e a empresas no limiar da sobrevivência – ou que já nem sequer existem – é, ao que parece, irreversível. O governo socialista assume-se, cada vez mais, nas questões que tocam a vida quotidiana dos cidadãos e das empresas, como uma espécie de produto “marca branca”. E em política, como em tudo, a perda de identidade, em particular nas questões de justiça, paga-se cara. A ver vamos como dizia o cego!
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GUERRILHEIRO SENTIMENTAL

Vi, de longe, Eurico de Figueiredo, um exilado, na verdadeira acepção da palavra e também da política contemporânea (como o compreendo!) numa visita a Cuba, faz agora um ano. Viajamos em grupos diferentes e não nos chegámos a falar. Encontrei-o mais tarde numa exposição de pintura e mostrou-me o seu desencanto com o que havia visto e sentido naquela viagem. No tempo de todos os desencantos é um bálsamo ser confrontado com este título: “Guerrilheiro Sentimental”. [A partir daqui.]

quarta-feira, julho 9

fazer tudo o que se exige a um homem fazer.


Não posso deixar mais tempo esta folha em branco por assinalar com um rabisco qualquer, o desejo de participar, estar presente, testemunhar, o medo da folha em branco, por esquecimento de nela assinar a palavra, uma palavra, qualquer palavra, o desejo de pertencer a um espaço, comunidade, lugar, escrever depressa, sem errar, sem entrar no trilho da escrita automática de que tenho ouvido falar e da qual às vezes sinto que passo mesmo a rasar, como agora, cansado, ao fim da noite, com a cabeça a tombar no teclado, num último estertor de energia, no fim do dia, cansado, como o meu pai se devia sentir cansado no fim do seu tempo, MANTENDO A VONTADE DE SE MOSTRAR DIGNO, RECOLHENDO-SE, REZANDO, REGRESSANDO AO TEMPO DAS ÁRVORES DE FRUTOS EM CUJA SOMBRA DESFRUTAVA DE TODO O TEMPO DO MUNDO, PARA PENSAR COMO FUGIR À MISÉRIA E CRIAR FAMÍLIA, QUE CRIOU, como tantos homens e mulheres do seu tempo que aprendi a admirar, DEIXANDO-ME A MIM QUASE PARA O FIM, como me sinto ligado a todas as tradições que os meus em mim depositaram sem saber e interrogo-me se serei capaz de legar a mesmo doce áurea de uma vida impoluta de fazer tudo o que se exige a um homem fazer. 8/7/2008

[Transcrito do Diário]
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O AUTOMÓVEL ELÉCTRICO

A construção do automóvel 100% eléctrico vai mesmo avançar. Em Portugal foi hoje formalmente apresentado o projecto da parceria Nissan-Renault, após a Dinamarca (o primeiro país da UE que entrou em recessão técnica) e Israel. Resta saber onde será construído o carro eléctrico: talvez em Marrocos (mais certo no Japão). Sócrates tenta colocar Portugal na linha da frente das soluções energéticas do futuro. Perguntará atónita a Dra. Manuela: haverá dinheiro para um investimento destes? E estudos custo/benefício? É um novo mundo que se abre à nossa frente e, sem prejuízo dos mesmos, há mais vida para além dos estudos!
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