domingo, outubro 5

"FAZER ACONTECER..."

Além disso, Pedro Santana Lopes, segundo Carlos Carreiras, "é um português com uma larga capacidade de fazer acontecer".

Manuela Ferreira Leite procede a trabalhos de terraplanagem no PSD. Cada vez se torna mais verosímil a notícia da candidatura de Santana Lopes à presidência da Câmara de Lisboa. No ano eleitoral de 2009 as eleições autárquicas serão, certamente, as últimas mas Ferreira Leite precisa de limpar o terreno antes que seja tarde. É fácil de entender. São os trabalhos de pacificação interna do PSD pois Ferreira Leite tem a casa atravancada de tralha da qual precisa libertar-se. No caso de Santana abatê-lo à tralha só mesmo lançando-o numa batalha política, aparentemente, perdida. O pior resultado de Santana Lopes nas próximas eleições, em Lisboa, será sempre melhor que o resultado do PSD nas últimas eleições, em Lisboa. Adivinha-se, pois, uma “vitória” de Santana e, simultaneamente, a sua derrota que será a vitória de Manuela. Complicado? Nem tanto! No meio de tudo, um deserto de ideias pela enésima vez. Santana não diria melhor que Camus quando escreveu nos Cadernos: “Vivi toda a minha infância com a ideia da minha inocência, quer dizer, sem ideia nenhuma. Hoje …”.
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TEMPOS DIFÍCEIS

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A REPÚBLICA


Às 8,30 da manhã passava pela Rua do Ouro, em triunfo, a artilharia, que era delirantemente ovacionada pelo povo.

As ruas acham-se repletas de gente, que se abraça. O júbilo é indescritível!

A essa hora, no Castelo de S. Jorge, que tinha a bandeira azul e branca, foi içada a bandeira republicana.

O povo dirigiu-se para a Câmara Municipal, dando muitos vivas à REPÚBLICA, içando também a bandeira republicana.

(…)

Vê-se muita gente no castelo de S. Jorge acenando com lenços para o povo que anda na baixa. Os membros do directório foram às 8,40 para a Câmara Municipal, onde proclamaram a República com as aclamações entusiásticas do povo.

O governo provisório consta será assim constituído: presidente, Teófilo Braga; interior, António José de Almeida; guerra, Coronel Barreto; marinha, Azevedo Gomes; obras públicas, António Luís Gomes, fazenda, Basílio Telles; justiça, Afonso Costa; estrangeiros, Bernardino Machado.

Governador Civil, Eusébio Leão.

Em quase todos os edifícios públicos estão tremulando bandeiras republicanas. A polícia faz causa comum com o povo, que percorre as ruas conduzindo bandeiras e dando vivas à República.

[Transcrito de O Século, quarta feira, 5 de Outubro de 1910, publicação de última hora.]
Memórias “O meu diário” – Volume II
Perspectivas & Realidades

sábado, outubro 4

Scarlett Johansson

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A BOLA NEM SEMPRE É REDONDA


Na quinta feira passada não vi a Quadratura do Círculo mas já visionei a discussão a propósito da blogosfera. É impressionante como Pacheco Pereira e António Costa apreciam a blogosfera: um submundo, segundo Costa, onde 99% é lixo, segundo Pacheco Pereira. Só Lobo Xavier foi capaz de manter o equilíbrio. A cada um a sua opinião mas suponho que os comentadores que participam nestes programas deveriam guardar uma reserva de bom senso na abordagem dos temas. Neste caso mostraram uma deplorável faceta de intolerância a roçar as raias do censório. O mais curioso é o facto de Lobo Xavier, o conservador, ter mostrado ser, no caso, o progressista. O que estava ali em debate era, na verdade, a questão da liberdade e tanto Pacheco como Costa parece não se terem dado conta que nesta matéria sensível não há certificados de garantia.
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sexta-feira, outubro 3

GANHOS E PERDAS


O plano foi, finalmente, aprovado e Bush foi expedito na sua promulgação. É provável que a morte do capitalismo seja uma notícia precipitada. Quem morreu foi o Dinis Machado, uma perda verdadeira. As gasolineiras, abusando da nossa paciência, voltaram a aumentar o preço dos combustíveis. Continuam a chegar impostos e taxas e a de Conservação de Esgotos é, com propriedade, uma verdadeira taxa de m …
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quinta-feira, outubro 2

ADEUS BENFICA


O Benfica deve ter feito um bom negócio com a Benfica TV, como tantos outros bons negócios que tem feito! Haja Deus! O que sei é que não vou ver o jogo, de hoje, com o Nápoles porque não me vou passar para a MEO coisíssima nenhuma. Desejo-lhes muita sorte! Desta forma afasto de mim mais uma preocupação. Esta abdicação tem ao menos a vantagem de não correr o risco de ouvir o Dr. Bagão Félix como comentarista desportivo.
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quarta-feira, outubro 1

O ESTADO DO TEMPO (POLÍTICO)

MARKTEST (Clique na imagem para aumentar)

FOI TORNADO PÚBLICO O BARÓMETRO MARKTEST REFERENTE A SETEMBRO DE 2008. NO CONJUNTO O RESULTADO NÃO É NADA MAU PARA O PS, CONSIDERANDO QUE É O PARTIDO DO GOVERNO. CONFIRMAM-SE AS PERDAS DO PSD E OS GANHOS, QUASE HOMÓLOGOS, DO PCP. A IMAGEM DE CAVACO SILVA DEGRADA-SE ASSIM COMO A DE MANUELA FERREIRA LEITE. A IMAGEM DE SÓCRATES, E DOS RESTANTES LIDERES PARTIDÁRIOS, ESTABILIZA. OS PROBLEMAS DO PS, FACE A FUTURAS ELEIÇÕES, SITUAM-SE NO ELEITORADO DE ESQUERDA. NADA DE NOVO!

[Comparando com Agosto, o PS aguenta-se acima dos 36% (com uma ligeira descida - 0,3%), o PSD desce de 31% para 29,3% (- 1,7%), o PCP sobe de 11,3 para 12,6 (+1,6%), o BE estabiliza ligeiramente abaixo do PCP e o PP sobe 1%. A imagem positiva de Cavaco Silva cai para o nível mais baixo desde há um ano; a imagem positiva de Sócrates estabiliza; a imagem de Manuela Ferreira Leite cai a pique se comparada com a dos outros lideres partidários; o índice de expectativa, embora no terreno pessimista, recupera ligeiramente.]
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COM UM NÓ NA GARGANTA


Está em ebulição uma crise financeira mundial. O mundo da comunicação está pejado das mais doutas opiniões acerca do tema. As comunidades organizadas, ou seja, o estado, com governos liberais, conservadores, social-democratas, socialistas, com ultras e radicais, de todas as famílias, sozinhos ou coligados, no norte e no sul, no ocidente e no oriente, mais dia, menos dia, hão-de conjurar a crise. Com ganhos e perdas. Adivinham-se facilmente os ganhadores e os perdedores. Os chamados países emergentes, com a China à cabeça, ainda não vão, desta vez, dobrar o cabo Bojador da nova era que esta crise, com pompa e circunstância, anuncia. Estes, por coincidência, são dias de pagamento de impostos além daqueles que pagamos todos os dias. Lá fui (fomos) pagar cumprindo o dever com um nó na garganta. Na verdade, no dicionário, imposto situa-se entre imposto [“Que é forçoso cumprir.”] e impostor [“Pessoa que procura iludir os outros, aproveitando-se da sua ingenuidade.”] Por enquanto cumprimos mas não abusem da nossa ingenuidade!
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terça-feira, setembro 30

INCÓMODOS

Fotografia de Hélder Gonçalves (recorte)

Daria dez entrevistas com Einstein por um primeiro encontro com uma bonita figurante. É verdade que, ao décimo encontro, eu suspiraria por Einstein ou por umas fortes leituras. Em suma, nunca me incomodei com os grandes problemas senão nos intervalos dos meus pequenos desregramentos.
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segunda-feira, setembro 29

A DANÇA CONTINUA

SOPHIE THOUVENIN

O ESTADO SOCIAL SAI, EM FORÇA, EM SOCORRRO DOS SEUS INIMIGOS. SE OS SALVAR ELES NÃO LHE PERDOARÃO. AFINAL PARA OS ULTRAS CONSERVADORES O ESTADO É A RAZÃO DE SER DE TODOS OS MALES DA SOCIEDADE. QUANDO SE VIREM EM TERRA FIRME PERGUNTARÃO: MAS QUEM LHES PEDIU AJUDA? E RESPONDERÃO: ALGUÉM TERIA DE PAGAR A NOSSA SOBREVIVÊNCIA POIS ELA É A RAZÃO DE SER DA VOSSA!

A dança continua. A coisa está feia. Os republicanos votaram maioritariamente contra mas Obama é que tem a culpa ....
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domingo, setembro 28

UM BAILE DE MÁSCARAS

Chris Steele-Perkins - Lithuania, Latvia and Estonia: Independence on Hold. Defaced Lenin and Stalin, Parliament Square, Vilnius 1991.

Apesar de tudo ainda me surpreendeu, dias atrás, a notícia de que o Comité Central do PCP aprovara, por unanimidade, o Projecto de Teses do XVIII Congresso. Mas é mesmo verdade assim como o teor das teses, propriamente ditas, que o Rui Bebiano comentou sob o sugestivo título “Rumo ao inconcebível”.

No que respeita à política internacional o PCP coloca-se ao lado “da luta dos povos em defesa da sua soberania e do direito inalienável a decidir dos seus destinos” abrindo um vasto, e intrigante, campo para todas as especulações se repararmos na lista dos países explicitamente citados e, ainda mais, ao incluir no seu programa a “luta contra a integração capitalista europeia”:

A luta contra o imperialismo conheceu um desenvolvimento particularmente importante nos últimos anos. A resistência à política de ingerência, agressão e guerra, em particular dos EUA, foi um traço marcante da luta dos povos em defesa da sua soberania e do direito inalienável a decidir dos seus destinos. No Iraque, no Afeganistão, na Palestina, no Líbano, em Cuba e na Venezuela, assim como na Síria, no Irão, na R.D.P. da Coreia, nos Balcãs, na Colômbia ou em Chipre, prosseguem batalhas decisivas para o futuro desses povos e para a estabilidade nas respectivas regiões que merecem a activa solidariedade dos comunistas portugueses. Nelas intervêm forças muito distintas na sua origem, objectivos e formas de luta, mas dispondo de real apoio de massas e convergindo na rejeição de arrogantes e humilhantes imposições externas e na defesa da cultura e soberania nacionais. A luta contra a integração capitalista europeia é parte integrante deste vasto movimento.

Mas, ao mesmo tempo, o líder de um dos povos indicados, o venezuelano Hugo Chavez, manifesta a mais profunda amizade com o governo português e o seu primeiro-ministro, fazendo acordos de monta com esse governo “de direita” e, pasme-se, o órgão de imprensa do partido comunista cubano noticia, com destaque, o evento, enquanto Fidel Castro titula – hoje - a sua crónica de apoio a Chavez, sem ironia, simplesmente assim: El socialismo democrático. Será a nova palavra de ordem do PCP?!
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sexta-feira, setembro 26

VAMOS A ISSO! OLHOS NOS OLHOS!


IMPASSE

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MES – Os dirigentes eleitos no I Congresso (IV)


21 e 22 de Dezembro de 1974 - Aula Magna da Cidade Universitária

(Publicado originalmente nos Caminhos da Memória)

Retornando ao objectivo inicial deste conjunto de crónicas é evidente que nenhum dos subscritores do documento referido no post «MES - O DOCUMENTO DA RUPTURA DO GRUPO DE JORGE SAMPAIO NO I CONGRESSO (III)» integrou os órgãos dirigentes saídos do I Congresso por terem abandonado o Movimento ou, numa versão politicamente mais distanciada, o Movimento os ter abandonado a eles. Mas nem por isso deixaram de ficar para a história como dirigentes do MES pois, na realidade, o foram, em plenitude, no período que antecedeu o I Congresso.

Finalmente os dirigentes que foram eleitos pelo I Congresso para a «Comissão Política Nacional», «o organismo dirigente máximo do MES entre Congressos», podem ser vistos, sentados, na mesa da sessão de encerramento do Congresso: Jerónimo Franco, Fernando Ribeiro Mendes (*), Afonso de Barros (*), Carlos Pratas, Augusto Mateus (*), José Dias, Nuno Teotónio Pereira (*), Rogério de Jesus (*), Francisco Farrica (*) e António Machado.

Foram também eleitos para a CPN outro grupo de dirigentes, que também tomaram lugar na mesa, embora não surjam nesta fotografia: Edilberto Moço (*), Paulo Bárcia (Didas), Vítor Wengorovius (*), Marcolino Abrantes (*), Luís Martins (*), Vítor Silva (*) e Celso Cruzeiro (*) [1] [2].

E, finalmente, foram eleitos para a CPN outro grupo de dirigentes, cujos nomes, não foram tornados públicos: João Mário Anjos (*), Eduardo Graça (*) e Eduardo Ferro Rodrigues (*), no meu caso e no do João Mário, por termos cessado o cumprimento do serviço militar, havia poucas semanas, e no caso do Ferro Rodrigues por estar, à data do Congresso, a cumprir serviço militar.

Julgo ainda interessante fazer uma referência ao pano de fundo do I Congresso que foi desenhado, em parte, com os pés. Queríamos fazer transbordar o símbolo do seu círculo fechado, subvertê-lo, criar uma imagem de movimento, mostrar um partido como lugar de caminhada e de encontro, um lugar de todas as utopias.

A Luísa Ivo que, amavelmente, me enviou a fotografia acrescentou alguns detalhes: «o congresso iniciou-se sem o pano; estive com o Tolas, durante essa manhã, a continuar ou a terminar a pintura. A Mafalda controlava o processo. A uma certa altura eu e ele decidimos que deveriam aparecer mais marcas de pés a entrar para o círculo do que a sair. Então ele molhou os pés na tinta, foi até ao centro, fez o pino e saiu a caminhar com as mãos no chão e os pés para cima… Só nessa altura soube que ele praticava ginástica a um nível muito avançado!».

A fotografia fixa um momento da sessão de encerramento, no dia 22 de Dezembro de 1974, no qual está em palco Rossana Rossanda, consagrada dirigente da esquerda italiana, representante do movimento IL Manifesto, acompanhada, ao que me parece, por Manuel Braga da Cruz que traduzia o seu discurso para português.

Rossana, tal como Luciana Castellina, visitaram Portugal, mais do que uma vez no período da revolução, ao contrário de Lúcio Magri e de Luigi Pintor, todos do mesmo grupo de dissidentes do PCI, fundadores do IL Manifesto.

[1] Esta lista de membros da CPN foi fixada após ter sido, por mim, cotejada com outras fontes. O facto de integrar 20 elementos faz crer que corresponde a uma das alternativas que constam da «proposta de bases estatutárias» apresentada ao Congresso.

[2] Assinalo com (*) os nomes que tendo pertencido à CPN, eleita no I Congresso, transitaram para o Comité Central eleito no II Congresso, realizado em Fevereiro de 1976.
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quarta-feira, setembro 24

A TRAGÉDIA DO SILÊNCIO

Mark Power – FINLAND

Matti Saari foi interrogado pela polícia mas não lhe foi tirada a arma - Massacre na Finlândia foi anunciado num vídeo colocado no YouTube

Desde que tomei conhecimento deste massacre e no rumorejar dos ecos que todas as tragédias provocam, em particular, quando passadas longe, apeteceu-me tecer um comentário. O assunto é delicado!

A Finlândia é um país sempre apresentado como um modelo em muitas áreas incluindo a da educação. Afinal reparem nos detalhes da notícia. Que lições se podem retirar dela para a nossa realidade? E que conclusões? E que comparações? As autoridades, formais e mediáticas, que sempre peroram acerca da matéria da segurança nas escolas, que eu tenha reparado, estão caladas quem nem ratos!

Faz-me citar uma frase de Camus, tomada como epígrafe de uma tese que descobri e ando a ler: “Se a revolta pudesse fundar uma filosofia seria uma filosofia dos limites, da ignorância calculada e do risco. Aquele que não pode tudo saber não pode tudo matar.” (CAMUS, A. - L´Homme Révolté. Essais.)
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Há uma questão importante a assinalar. Na Finlândia, devido à tradição da caça, a licença de porte de arma é bastante comum (a percentagem da população com licença de porte de arma é a mais alta da Europa) (depois do primeiro massacre numa escola - em Novembro de 2007 -, foi proposta uma lei que limitava a licença a maiores de 15 anos, mas esta não foi aprovada na assembleia nacional!) Nos EUA, os argumentos são distintos. Mas o resultado é o mesmo. Em comum, a motivação: depressão, isolamento, atracção por rituais satânicos celebrados por bandas neo-góticas e esquizóides. De qualquer forma, a elevada qualidade de vida dos países nórdicos sempre teve esse trágico efeito perverso: uma das mais altas taxas de suicídio juvenil.Mais uma vez, Camus (O Mito de Sisifo): «Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade.» MRF
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Aconselho a socióloga MRF a consultar as estatísticas de suicídio que, de há muito tempo a esta parte, indicam os países centrais da Europa como aqueles que têm maior taxa de suicídio. Essa da elevada qualidade de vida dos países nórdicos ter um efeito perverso é, como deve saber, um "cliché".
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escandinavo, não é "cliché". O fenómeno é complexo, não existem leis gerais, mas há de facto tendência para elevadas taxas de suicídio em países desenvolvidos e que, aparentemente, são bem sucedidos na integração social dos jovens. Na Finlândia, mais de 90%dos jovens termina a escolaridade obrigatória, mas a taxa de suicídio por 100000 habitantes é de 23.4 (valor para o total da população). Devolvo pois a sugestão de consulta a alguns dados estatísticos:1. http://www.tu-importas.com/geral/DadosEstatisticos.asp2. http://www.mat.uc.pt/~guy/psiedu1/Suicidio.pdf (página 25)Sendo que, como é óbvio, o suicídio é um fenómeno que exige uma análise multifactorial: os factores socio-económicos são relevantes, mas os culturais e religiosos participam fortemente nas representações colectivas do suicídio, condicionando por isso os comportamentos. (E) Não estou a considerar factores de natureza distinta: clima, nº de horas do dia com luz, etc.. - nem o factor biológico (propensão genética ou hereditária, género, etc.) MRF
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terça-feira, setembro 23

A MINHA ESCOLA

Fotografia “A Defesa de Faro”

Esta é a Escola que, antigamente, se chamava “Escola Primária de S. Luís”, em Faro, a qual frequentei entre a 1ª e a 4ª classes. Salvo no primeiro dia de aulas fazia, quase sempre, sozinho o caminho a pé, de ida e regresso, entre a minha casa, na Rua Coelho de Melo, e a escola. Desenho na memória as ruas de terra batida, as paredes brancas e o rosto das gentes que comigo se cruzavam. Às vezes, ao longo da caminhada, falava comigo próprio, em voz alta, e preocupava-me quando me apercebia que alguém dava por isso. O que haviam de pensar? A nostalgia do passado não colide, obrigatoriamente, com os desejos do futuro. Passados muitos anos aquela continua a ser a minha escola mas, ao que parece, transformou-se numa escola nova. No mesmo espaço, mas noutro tempo que é o nosso.
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