segunda-feira, outubro 20

EUROPA


«[…] Acontece-me, por vezes, ao voltar de uma dessas curtas tréguas que nos deixa a luta comum, pensar em todos os recantos da Europa que conheço bem. É uma terra magnífica, feita de sacrifícios e de história. Revejo as peregrinações que fiz com todos os homens do Ocidente. As rosas nos claustros de Florença, as tulipas douradas de Cracóvia, o Hradschin com os seus paços mortos, as estátuas contorcidas da ponte Karl sobre Ultava, os delicados jardins de Salzburgo. Todas essas flores, essas pedras, essas colinas e essas paisagens onde o tempo dos homens e o tempo da natureza confundiram velhas árvores e monumentos! A minha memória fundiu essas imagens sobrepostas para delas formar um rosto único: o da minha pátria maior. Algo me oprime quando penso, então, que sobre esse rosto enérgico e atormentado paira, desde alguns anos, a vossa sombra. E no entanto, há alguns desses lugares que você visitou comigo. Eu não imaginava, nessa altura, que fosse um dia necessário defendê-los contra os vossos. E agora ainda, em certos momentos de raiva e desespero, lamento que as rosas possam ainda crescer no claustro de São Marcos, os pombos lançar-se em bandos da catedral de Salzburgo e os gerânios vermelhos germinarem incessantemente nos pequenos cemitérios da Silésia.

Mas, noutros momentos, e são esses os verdadeiros, sinto-me feliz que assim seja. Porque todas as paisagens, todas as flores e todos os trabalhos, a mais antiga das terras, vos demonstram, em cada Primavera, que há coisas que não podereis abafar no sangue. […] Sei assim que tudo na Europa, a paisagem e a alma, vos rejeitam serenamente, sem ódios desordenados, mas com a força calma das vitórias. As armas de que dispõe o espírito europeu contra as vossas são as mesmas que nesta terra sempre renascente fazem crescer as searas e as corolas. O combate em que nos empenhamos possui a certeza da vitória, porque é teimoso como a Primavera. […] » - pp. 68-71

sábado, outubro 18

Valentina Lisitsa spielt Chopin (Live at joiz)


ANTÓNIO RAMOS ROSA


Esta é a hora. Mas nunca é a hora.
Só quando os braços se entrelaçam e o vermelho ascende
entre a folhagem. Há uma clareira
metade verde metade branca. E os nomes que se dizem
são felizes em consonância com as folhas.

Não é a hora mas é a hora, mas a hora é esta.
Que poderemos fazer? Um sopro de sílabas
de água ou de um fogo azul pode acender a página
e iluminar o espaço da morada.

A palavra aleatória virá ou não da nascente
mas será sóbria e atenta à nudez da existência
para além da sua opacidade. E será tão frágil
como a teia de espuma sobre um rosto de areia.

domingo, outubro 12

outubro - dia 12


Toda a gente sabe que o tempo na política é um elemento decisivo. Certamente na democracia com a sua extrema exigência - por vezes desvalorizada - de mudança de protagonistas na chefia dos órgãos do Estado. O regime de partidos cuja representatividade não advém nem do direito divino, ou de dinastia familiar mas do voto livre dos cidadãos sem distinções de credo, raça, sexo ou condição económica  e social, permite, e exige, mudanças sucessivas e regulares de governo. É uma fórmula que os povos que vivem em democracia há muitos anos, o que não quer dizer que vivam em sociedades justas, podem ter tendência de desvalorizar. Por isso existe um pensamento estruturado e consolidado acerca da questão da democracia politica, escolas e cursos que se dedicam ao estudo e ensino da ciência politica, redes organizadas de cidadãos em modelos associativos de diversas naturezas que cuidam de manter a vitalidade da defesa em todas as circunstâncias e instâncias da democracia política. Quero dizer que o assunto da mudança e do tempo da mudança em politica é um assunto sério e que, na história, a hesitação na tomada de decisões, ou a escolha de caminhos errados, tem causado danos irreparáveis na vida das sociedades, atrasando o seu progresso, questionando ou pondo em perigo a sua independência, malbaratando suas riquezas e vantagens relativas no cotejo internacional. Lembro-me, a título de exemplo, do consulado de Marcelo Caetano, após a morte política de Salazar, que não cuidou, como deveria de cuidar, por razões que os historiadores já dissecaram, de uma transição para a democracia politica que teria conduzido a soluções diferentes. Estamos, no presente, a atravessar uma situação a qual, face ao tempo, a tomada de decisões políticas é muito importante para o futuro do país. E tenho fundados receios que aqueles a quem compete, e se exige, essa tomada de decisão se inibam, por boas ou más razões, perdendo-se uma oportunidade de forjar os consensos políticos necessários a uma aceleração da conjuração da crise em que o país está mergulhado.    

terça-feira, outubro 7

A REPÚBLICA


Por acaso, este ano, ouvi os discursos da cerimónia do 5 de outubro na íntegra. De viagem, em trabalho, a caminho do Algarve beneficiei dessa oportunidade. Este 5 de outubro, um domingo, foi muito curioso no plano da cenografia politica. A cerimónia oficial realizou-se, como sempre, na Câmara Municipal de Lisboa (Paços do Concelho) por ter sido à varanda do dito que foi proclamada a República nesse dia. O actual presidente da CML, António Costa, anfitrião habitual, havia sido escolhido no domingo anterior para liderar o PS, sob a capa de uma escolha para candidato a primeiro ministro. O outro protagonista da cerimónia foi, como sempre, o PR. Tudo decorreu conforme o protocolo e pelo menos através do som não deu para entender qualquer falha. Costa havia agendado para a tarde desse dia uma intervenção original no congresso do novo partido Livre. Dessa forma "tapou", no plano mediático, a apresentação agendada do novo partido de Marinho e Pinto. Marcação cerrada!  Dos discursos nada a assinalar de relevante a não ser o tom - como assinalou Marcelo na sua prédica dominical - pouco esperançoso do discurso do PR e o pré anúncio por Costa da reposição dos feriados de 5 de outubro e 1 de dezembro (subentende-se o resto!). Pela minha parte assinalo no discurso do PR as referências à República, cuja implantação se comemorava, exclusivamente assentes na sua faceta politica de instabilidade, sem uma referência à sua obra, em tantas áreas da maior relevância e que perdura até aos nossos dias. A combate ao analfabetismo brutal que herdou da Monarquia, a criação do registo civil, o impulso e generalização do ensino público, o apoio à criação de um forte movimento associativo (proliferaram a criação de associações, mutualidades, cooperativas de crédito, como o crédito agrícola, e tantas outras...), assinaláveis conquistas de direitos cívicos e políticos como, por exemplo, os direitos das mulheres ... Nem uma palavra para as conquistas esperançosas da 1ª República. Não é de admirar que a denúncia das fraquezas do nosso sistema democrático republicano, em risco de implosão,como disse o PR, (mais radical não poderia ser!) mais o desacredite quando se omitem, em absoluto, as suas virtudes no passado, relativizando-as no presente.

TO HELENA



Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
A maneira mais triste de se estar contente
a de estar mais sozinho em meio de mais gente
de mais tarde saber alguma coisa antecipadamente
Emotiva atitude de quem age friamente
inalterável forma de se ser sempre diferente
maneira mais complexa de viver mais simplesmente
de ser-se o mesmo sempre e ser surpreendente
de estar num sítio tanto mais se mais ausente
e mais ausente estar se mais presente
de mais perto se estar se mais distante
de sentir mais o frio em tempo quente
O modo mais saudável de se estar doente
de se ser verdadeiro e revelar-se que se mente
de mentir muito verdadeiramente
de dizer a verdade falsamente
de se mostrar profundo superficialmente
de ser-se o mais real sendo aparente
de menos agredir mais agressivamente
de ser-se singular se mais corrente
e mais contraditório quanto mais coerente
A via enviesada para ir-se em frente
a treda actuação de quem actua lealmente
e é tão impassível como comovente
O modo mais precário de ser mais permanente
de tentar tanto mais quanto menos se tente
de ser pacífico e ao mesmo tempo combatente
de estar mais no passado se mais no presente
de não se ter ninguém e ter em cada homem um parente
de ser tão insensível como quem mais sente
de melhor se curvar se altivamente
de perder a cabeça mas serenamente
de tudo perdoar e todos justiçar dente por dente
de tanto desistir e de ser tão constante
de articular melhor sendo menos fluente
e fazer maior mal quando se está mais inocente
É sob aspecto frágil revelar-se resistente
é para interessar-se ser indiferente
Quando helena recusa é que consente
se tão pouco perdoa é por ser indulgente
baixa os olhos se quer ser insolente
Ninguém é tão inconscientemente consciente
tão inconsequentemente consequente
Se em tantos dons abunda é por ser indigente
e só convence assim por não ser muito convincente
e melhor fundamenta o mais insubsistente
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
O mar a terra o fumo a pedra simultaneamente

Ruy Belo

Transporte no Tempo
Editorial Presença (1997 - 4 ª edição)

sábado, outubro 4

O "REGRESSO DA POLITICA"


A politica está de regresso. Não só por efeito da aproximação de eleições legislativas ... e presidenciais. Iniciou-se uma nova fase da evolução da Europa na sua fórmula de União de que existem múltiplos sinais. O BCE toma posições e enceta medidas novas - comprar carteiras de crédito dos bancos? - face a uma situação em que a ameaça de deflação deixou de ser uma percepção de especialistas  para se tornar num perigo efectivo de um longo período de estagnação e consequente apagamento da projecção da Europa no mundo. Quando saudei o regresso de Ferro à "grande política" queria com esta metáfora assinalar um sinal do regresso da politica, ou seja, de uma disputa do poder a todos os níveis das instituições do Estado democrático com mais e mais aprofundado debate, melhor informado e realista, em suma, um regresso da vibração à disputa democrática que tem andado ausente em parte incerta. Nada ficará como dantes a partir do inicio do próximo ano no xadrez politico partidário em Portugal. Não só no espaço do que se convenciona chamar de esquerda. Mas também no seu avesso. Vai assistir-se a uma recomposição politico- partidária cuja amplitude é difícil de prever mas que terá efeitos significativos imediatos nas alianças e na composição, e programa, do governo pós eleições legislativas. E logo a seguir, na cronologia do tempo, mas em simultaneidade politica, nas eleições presidenciais. O "regresso da politica" em democracia, é uma coisa boa por combater a apatia, e o desinteresse, de cada vez mais cidadãos na partilha da responsabilidade pela definição do destino da vida de todos e de cada um.  

terça-feira, setembro 30

O REGRESSO DO FERRO


Uma escolha é uma escolha. No caso de Ferro Rodrigues é o regresso à "grande política" de quem nunca, na verdade, se afastou. Apenas se ausentou para recobrar forças. Sinto este ressurgimento como um ato de justiça. Vai ser duro para ele conjugar sentimento e razão. O seu regresso à ribalta não anuncia somente o regresso da política, que a vitória de Costa pronuncia, mas um sinal de abertura ao diálogo em todas as direcções. As soluções politicas de governo de futuro não se jogam na tradicional alternativa, pura e dura, esquerda/direita. Nem sequer num jogo de palavras em torno de alternativa versus alternância. É preciso ir mais longe. Fundar um novo modelo de alianças políticas em cuja matriz nem hajam excluídos à partida, nem escolhidos eternos. Um novo pacto social que viabilize uma verdadeira reforma do estado social. É difícil fazer POLITICA que nunca dispense a aceitação da diversidade, a superação das contradições e a busca dos consensos em torno de soluções que satisfaçam o maior número. A sociedade organizada - os cidadãos de todas as condições - espera por propostas nas quais acredite e lhes dêem alento para lutar por um futuro melhor para si e para a comunidade. Políticos são precisos. Por isso o regresso do Ferro Rodrigues é uma boa notícia para além da nossa velha e profunda amizade.  

segunda-feira, setembro 29

UMAS ELEIÇÕES DIFERENTES


Hoje é o dia seguinte ao das eleições primárias do PS. Nada de mais. Como aqui escrevi, apoiei António Costa. Nada de mais. Sou socialista, desde sempre, e militante do PS desde 1986. Desta vez fui votar. A última em que havia votado em eleições internas do PS foi quando Ferro Rodrigues ascendeu a líder do PS. Rememoro, e reparo como o meu voto em eleições internas do PS é raro e tão especial. Nada de mais. Ninguém leva a mal. Fui como sempre, nos últimos anos, votar em família. Anoto que o ambiente na assembleia de voto era próprio de uma multidão apaixonadamente contida. Acontece sentir este sentimento em momentos especiais. Esta eleição interna no PS como escrevi algures, faz algum tempo, tem muito mais significado do que muitos querem fazer crer. É um momento em que o partido cidadão toma o lugar do partido burocrático. Um momento em que se funde a vontade da participação cidadã com a vontade da representação política autêntica. O partido emerge como representação colectiva da vontade comum de uma comunidade que deseja, de forma autêntica, ver-se representada. Alguma coisa, de forma subtil, mudou. O tempo próximo nos dará testemunho dessa mudança.  

sábado, setembro 27

Noces à Tipasa



María Casares

“Je comprends ici ce qu´on appelle gloire: le droit d´aimer sans mesure. Il n´y a qu´un seul amour dans ce monde. Étreindre un corps de femme, c´est aussi retenir contre soi cette joie étrange qui descend du ciel vers la mer.»

Albert Camus, in “Noces à Tipasa”

sexta-feira, setembro 26

APOIO ANTÓNIO COSTA


A minha inscrição no PS (Partido Socialista Português) ocorreu em 1986, após a extinção festiva do MES, em 1981, seguida de um conjunto de iniciativas fracassadas para tentar manter viva a chama de uma participação politica activa independente dos partidos. A certa altura foi necessário fazer opções. Pela parte que me toca, decidi, em conjunto com um grupo que sempre se havia mantido unido, aderir ao PS. A minha militância nos anos mais recentes tem sido escassa mais por razões das funções públicas que tenho exercido do que pela falta de interesse pela politica que nunca me abandonou nem, certamente, abandonará. Não me sinto confortável misturando funções institucionais em organizações públicas, ou para públicas, e actividade política partidária. Mas sempre, nos momentos que considero relevantes, e decisivos, não me dispenso de tomar posição no terreno da disputa partidária. Sinto essa obrigação e não cedo a qualquer tipo de calculismo. Nas vésperas de uma eleição original no nosso regime democrático parlamentar - que defendo - as chamadas primárias, venho declarar o meu apoio a António Costa. Razões? Algumas que a razão desconhece! Outras que se fundamentam, no essencial, na percepção que Costa é o político profissional da área do centro esquerda mais capaz de buscar consensos em todas as direcções e, mais importante, de os concretizar. Na nossa sociedade contemporânea esta é para mim a faceta mais importante de um líder de um partido de poder, pois é disso que se trata quando se fala, no nosso país, do PS ou do PSD. Nada sei, nem me dou ao trabalho de adivinhar, acerca do futuro da governação pós eleitoral. Mas sei que convém a toda a gente, seja qual for o seu posicionamento politico/ideológico, que o PS seja capaz de dialogar, de forma séria e realista, à sua esquerda e direita. Parece uma banalidade mas é da essência da politica a capacidade de, aceitando as diferenças e refregas próprias da luta democrática, buscar o maior consenso possível sem abdicar nunca da defesa dos princípios da liberdade e da democracia. Penso que, no campo socialista, Costa é quem reúne as melhores condições para pacificar o seu próprio partido e lançar as sementes de uma reforma profunda do regime que o salvaguarde da voracidade  dos populismos que o ameaçam.    

quarta-feira, setembro 24

setembro - dia 24


Alguns avanços, mas sinto a passagem do tempo. Escrevo acerca de banalidades, sei disso. Mas a vida no seu curso normal o que é mais do que uma banalidade? Tenho muitas leituras em atraso. Compromissos adiados. A dificuldade da vida é mesmo passar ao lado da banalidade. Mas só em alguns momentos excepcionais isso é possível.

segunda-feira, setembro 22

setembro - dia 22


O que sabemos da vida é quase nada. O que sabemos da vida dos outros é um pedaço ridiculamente pequeno da verdadeira vida dos outros. O mar em que esbracejamos é povoado de um multidão de seres que desconhecemos em absoluto. Resta a nossa vida, a vidinha, e o que fazemos com ela. A nossa vidinha assume a máxima importância. As nossas opiniões, família, amigos, paixões, crenças, … Tudo o que está ao alcance da nossa mão e que nos permite coçar o corpo. Mas tudo isso não é nada. Uma mão vazia num corpo solitário.

sábado, setembro 20

PARTIDOS FUTUROS

                                                           Fotografia de Hélder Gonçalves

O partido anunciado por Marinho e Pinto, que  surgirá em breve sob uma chuva de criticas simples de populismo, não pode ser reduzido a um fenómeno fruto de uma época na qual os populismos florescem em toda a Europa. O novo partido, criado sob a égide de Marinho e Pinto, terá contornos ideológicos e, provavelmente, programáticos que o aproximará mais do ideário da esquerda socialista e social democrática. Um híbrido republicano, democrático e de esquerda que buscará captar a pulsão populista que povoa transversalmente as sociedades contemporâneas. Não se contentem pois as lideranças actuais, e futuras, dos partidos do nosso sistema partidário com uma simples catalogação crítica de partido populista ao que será o partido de Marinho e Pinto. Ele será mais do que isso, em qualidade e quantidade, em programa e promessas de acção reformista, anunciando ser uma peça relevante do xadrez politico no período pós eleições legislativas.      

SOFIA LOREN - 80 ANOS




quinta-feira, setembro 18

O TEXTO POLÍTICO

Faz muito tempo, talvez em 1980, criei um livro artesanal contendo um conjunto de citações de um livro cuja leitura muito me impressionou. Mais tarde, pouco tempo após ter criado este blogue, que tem a vetusta idade de quase 11 anos, publiquei-o aqui. É um dos posts mais procurados desde sempre vá lá saber-se a razão. Continua a ser do meu agrado e aqui vai tal qual consta do tal livrinho artesanal com uma nota de minha autoria que, aparentemente, nada tem a ver a ver com o teor da citação.  


"O texto político

O político é, subjectivamente, uma fonte permanente de aborrecimento e/ou de prazer; é, além disso e de facto (isto é, a despeito das arrogâncias do sujeito político), um espaço obtinadamente polissémico, a sede privilegiada duma interpretação perpétua (uma interpretação, se for suficientemente sistemática nunca será desmentida, até ao infinito). Poderíamos concluir a partir destas duas constatações que o Político é textual puro: uma forma exorbitante, exasperada, do Texto, uma forma inaudita que, pelos seus extravasamentos e pelas suas máscaras, talvez ultrapasse a nossa compreensão actual do Texto. E, tendo Sade produzido o mais puro dos textos, julgo compreender que o Político me agrada como texto sadiano e me desagrada como texto sádico."

Escrevi nesta pagina: "visitam-se lugares e acontecimentos mas, de facto, visitamo-nos a nós próprios apertando os contactos entre os "viajantes". Quando assim não sucede a viagem reduz-se à excursão."

Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 33
(pag. 13, 4 de 4)

Edição portuguesa - Edições 70