domingo, novembro 7

Albert Camus - biografia breve (4)

1932-1935 - Prepara a sua licenciatura em filosofia na Universidade de Argel. Publica alguns artigos na revista Sud. Jean Grenier publica As Ilhas. Em 1933 Camus perfaz 20 anos e Hitler sobe ao poder. Em 16 de junho de 1934, Camus casa-se, pelo civil, com Simone Hié. Nesse mês, obtém o certificado de Psicologia e, em novembro de 1934, o Certificado de Estudos Literários Clássicos. O ano de 1935 revela-se fecundo: obtém o certificado de Filosofia Geral e História da Filosofia. Começa a escrever L´Envers et l´Endroit e, em maio, inicia a escrita dos Cadernos e funda o Teatro do Trabalho. Compõe, “em coletivo”, a peça Revolta nas Astúrias e, por influência de Jean Grenier, no outono de 1935, adere ao Partido Comunista Argelino.

Albert Camus - biografia breve (3)

1924-1931 - Frequenta o curso liceal nunca tendo esquecido o seu mestre Louis Germain a quem dedicará os Discursos da Suécia, pronunciados em dezembro de 1957, por ocasião da entrega do Prémio Nobel da Literatura. Segue Filosofia, tendo como professor Jean Grenier, um notável escritor, cuja influência se revelará decisiva na formação intelectual e humana de Camus. Pelos seus 17 anos, em 1930, atingido pela tuberculose, é acolhido em casa de seu tio Gustave Acault, dono de um talho, franco-mação, homem de uma cultura invejável, em cuja vasta e eclética biblioteca, Camus toma contacto com os clássicos e lê obras de Balzac, Victor Hugo, Émile Zola, Anatole France e de outros autores. Quando, em 1946, lhe anunciam a morte do tio Gustave confia a Jean Grenier: “Foi o único homem que me fez imaginar o que poderia ser um pai.” Em 1931, é obrigado a abandonar a paixão pelo futebol, de que chegou a ser praticante numa equipa da Universidade de Argel, devido aos primeiros sinais da tuberculose, doença que o impedirá naquele ano de fazer as provas de acesso à Faculdade.

Albert Camus - biografia breve (2)

1918-1923 - Camus frequenta a escola comunal de Belcourt tendo chamado a atenção de Louis Germain, seu professor, que admirando as qualidades do seu jovem aluno e apercebendo-se da vontade da família para que abandonasse os estudos por motivos económicos, intercedeu junto da avó de Camus (a verdadeira matriarca da família) para que lhe fosse permitido prosseguir. A diligência foi bem-sucedida e, em 1923, Camus ingressa, como bolseiro, no liceu Bugeaud, em Argel.

Albert Camus - biografia breve (1)

1913-1917- Albert Camus argelino, pelo nascimento, filho de emigrantes, nasceu pobre. A sua mãe, Catherine Sintès, era de ascendência espanhola (Baleares) e seu pai, Lucien Camus, de ascendência francesa. O pai morreu em 11 de outubro de 1914, no hospital militar de Saint-Brieuc, depois de ter sido gravemente ferido na Batalha de Marne. A família muda-se para o bairro Belcout, em Argel.

Albert Camus - no dia do seu aniversário

Albert Camus nasceu a 7 de novembro de 1913. Paul Valéry, desdenhando das biografias, escreveu um dia: “Ainda que pouco saibamos sobre Homero, permanece para nós intacta a beleza marítima da Odisseia”. Mas o exemplo de Homero, talvez rapsodo de textos alheios, não parece adequar-se à vida e obra de Albert Camus. Sabida a vida de Albert Camus nos damos conta de que alguns autores fazem também da vida uma obra. Quase nada na sua vida é provável, quase tudo é a demonstração de uma alargada coerência estilística que vai do pensamento ao gesto, do gesto à palavra, e da forma da palavra ao conteúdo da palavra. E por isso quanto mais sabemos sobre a vida de Albert Camus mais ela nos persuade da verdade da obra. E da urgência de a lermos, se andamos sedentos de verdade.

quinta-feira, novembro 4

Eleições

Abriu-se formalmente a crise politica com a antecipação das eleições legislativas. Temos data: 30 janeiro 2022. Apetece-me fazer um único comentário: é sempre melhor dirimir os conflitos de interesses, divergências ideológicas, em suma, a luta pelo poder pela via pacífica que o voto em liberdade propicia, uma extraordinária vantagem da democracia política. (Gosto muito de eleições!)

Batidas

"O Marcelo bateu com o carro à saida do Conselho de Estado, definindo o tom para os meses que se avizinham". (Mensagem recebida hoje do meu filho.)

terça-feira, novembro 2

Prazos, datas, congressos e lideranças ...

Até quinta feira próxima os cidadãos sem acesso a fontes de informação priviligeadas não ficarão a saber a data de eventuais eleições antecipadas que acontecem por ter, pela primeira vez na história da democracia pós 25 de abril, ter sido reprovada pela AR uma proposta de orçamento de estado. Mas o cerne das presentes discussões públicas a propósito da crise politica é a da data das eleições a decidir pelo PR/versus congressos partidários nos quais se disputam as respetivas lideranças (CDS/PP e PSD). Uma semana para a frente ou quinzena ou mês ... Na verdade a democracia representativa funda-se em partidos politicos que têm vida própria, órgãos, eleições internas tal como acontece com qualquer outra associação pois, afinal, os partdos politicos são associações embora, por ironia, a realidade associativa no seu conjunto seja pouco valorizada politicamente pelos partidos. Mas voltando à presente discussão acerca da data das eleições ainda não ouvi ninguém sequer sussurar acerca da hipótese de o PS resolver convocar um congresso extraordinário antes das eleições, nem ouvi falar na convocatória dos seus órgãoes próprios entre Congressos, atenta a presente crise politica. É no minimo estranho ...

segunda-feira, novembro 1

Oremos!

Por estes dias correm por diversos países europeus notícias de politicos que preconizam a administração da chamada dose de reforço (a 3ª dose). É o caso, por exemplo, da Alemanha e da Áustria. Os numeros de infetados com covid 19 disparam nesses paises com o consequente aumento de todos os indicadores negativos. Sabem qual é a diferença entre a situação desses países (incluindo Rússia e países de leste) e Portugal? É que nesses países a taxa de vacinação completa da população no melhor dos casos não ultrapassa os 65% enquanto em Portugal já ultrapassou os 85%. O discurso corrente em Portugal é curiosamente que tal se deve ao Almirante Gouveia e Melo e aos portugueses como se não existisse o SNS, ao mesmo tempo carregado negativamente com casos noticiados todos os dias. É um processo de contrainformação habitual visando atacar o SNS aproveitando as suas fraquezas e omitindo as suas qualidades que permitiram o sucesso do processo vacinal. Não tarda surgirão no caso mais que provável de eleições antecipadas os programas dos partidos de direita e quero ver o que preconizam para o sistema de saúde nacional e aposto que no meio de toda a retórica esses programas terão no centro uma só palavra: privatização. Entretanto a própria OMS dá como exemplo ao mundo o caso de Portugal. E estimo que a evolução da pandemia em Portugal, neste inverno, seja mutissimo menos preocupante que na maioria desses paises que incluem os chamados países ricos. Neste contexto criar as condições para desencadear eleições legislativas antecipadas será um das maiores erros politicos da história da democracia politica portuguesa. Oremos!

domingo, outubro 31

Santana Lopes

Santana Lopes volta a ter palco e entra em cena com sensatez: "Crise política. “Há aqui qualquer coisa que parece que nos escapa”: Santana Lopes considera “precipitado” avançar para eleições." (In Expresso).

sábado, outubro 30

Rendeiro

O extraordinário caso Rendeiro, ou acerca das qualidades da nossa elite financeira, ou de como a justiça dá a guardar o fruto do roubo ao ladrão, ou de como a extrema direita encontra terreno fértil para medrar: "Caso BPP: João Rendeiro trocou quadros vendidos por falsificações para tentar enganar a Justiça". (In Expresso)

quinta-feira, outubro 28

Pelo 20 º aniversário da morte de minha mãe

Passam hoje 20 anos sobre a morte de minha mãe, após ter participado na festa de aniversário do meu filho Manuel. Determinada como sempre, ativa até ao fim, quero crer que cumpriu o seu desejo. Sempre no meu coração!

quarta-feira, outubro 27

Quarta feira, 27

Hoje, quarta feira,27 a proposta de orçamento de estado do governo socialista (minoritário) foi chumbada na AR. É a primeira vez na história desta República que acontece um orçamento ser chumbado. Somente me apetece dizer que essa derrota se fica a dever a uma coligação negativa em que aos votos da direita e extrema direita se juntaram os votos do PCP e do BE. Não entendi o racional desta orientação de voto da PCP e do BE. A passagem do tempo poderá ajudar a desvendar este mistério que tanto se pode dever a uma política de contenção de danos (perder menos em eleições antecipadas já do que mais tarde) ou a uma visão estratégica de não desguarnecer a esquerda à emergência de pulsões populistas radicais, ou simplesmente à incapacidade de acompanhar a complexidade das mediddas de politica reformista inevitáveis a breve prazo, ou seja, à profunda vocação de imobilismo herdada das tradições doutrinárias que estão na génese e na raiz desses dois partidos.

Aniversário

Hoje é o dia de aniversário do meu filho Manuel. Parabéns para ele e sua mãe. Por entre todas as vicissitudes da vida caminhamos em frente rumo ao futuro. Um dia feliz.

terça-feira, outubro 26

Até quarta ...

Se a proposta de OE/2022, apresentada pelo governo, for chumbada na AR (saberemos somente na próxima quarta feira), a responsabilidade politica será do PCP e do BE. Não há volta a dar por mais retórica do comentariado nacional. Será mais uma coligação negativa - esta de grande envergadura - para levar a direita ao poder. A esquerda da esquerda voltou aos velhos tempos: prefere colocar-se do lado do protesto ao invés do lado da solução dos problemas nacionais. No fundo nada de muito importante no contexto das democracias liberais salvo se ... no fim a direita obtar por aliar-se à extrema direita para degustar por uns tempos (a meu ver curtos) do poder que logo será obrigada a abandonar quando se confrontar com o choque da realidade do exercício do mesmo, se não voltar a perder. A solução ideal para a presente crise politica seria uma maioria absoluta de um só partido (PS ou PSD) mais que improvável, ou o "bloco central" a dois (PS e PSD) reforçando o centro cuja força é necessário preservar a todo o custo para salvar a sociedade das tentações populistas radicais.

domingo, outubro 24

Lembrança

Uma lembrança para os incendiários que alimentam a ideia das vantagens de uma crise política: "Entre o caos e o desastre, a Bulgária aproxima-se do limite de internamentos por covid-19" (In Público)

A crise da oferta

"Algo no está bien en la globalización cuando el comprador de un coche debe esperar nueve meses para recibir su vehículo; cuando los barcos cargados de contenedores hacen cola durante más de una semana en los puertos de Róterdam, Amberes o Los Ángeles. Algo pasa cuando en la industria juguetera hay empresas que no saben si tendrán a tiempo sus productos para la lucrativa campaña navideña. Cuando las plantas de automóviles paran porque no tienen semiconductores y las obras se demoran ante la escasez de madera, aluminio o acero." (In El País)

sábado, outubro 23

OE

Este fim de semana saberemos, quase ao certo, se o OE será viabilizado evitando uma crise politica e a realização de eleições antecipadas que, na verdade, não interessam a ninguém. Uma notícia confirma o que já havia sido, desde há muito, pré anunciado: "OE. Sem "aproximação", Comissão Política do BE vai propor voto contra" (In "Notícias ao minuto"). Quanto mais o BE se afastar da viabilização do OE mais forte é a possibilidade de o PCP o viabilizar. Veremos!

quinta-feira, outubro 21

Que vivam os juízes

"Juízes recusam suspender julgamento de Ricardo Salgado" (In Público).

Para memória futura

A direita de ponta a ponta está esfomeada pelo poder, saliva, disparata e é obsequiada por manchetes deste calibre : "Paulo Rangel atinge Costa e Ventura com um só tiro: “Usando uma análise marxista, Chega e PS 'são aliados objetivos'”" (In Expresso).

terça-feira, outubro 19

Vacinação - o banal caso português

Em Portugal quase se não fala do processo de vacinação, como se fora a coisa mais natural do mundo, um caso banal de sucesso. O entretém passou a ser a arte de derrubar governos, uma arte cara para burro, mesmo para o controle da pandemia, punhamo-nos a pau ... "A Letónia inicia, na quinta-feira, um confinamento de quase um mês, que incluirá recolher obrigatório, devido ao agravamento do número de infecções por covid-19 no país, onde a taxa de vacinação é das mais baixas da União Europeia." (In Público).

segunda-feira, outubro 18

Aristides Sousa Mendes

A homenagem tardia a Aristides Sousa Mendes. Amanhã o país faz justjiça a um herói português com honras de Panteão. Aristides Sousa Mendes, diplomata, cônsul português em Bordéus, no período da Segunda Guerra Mundial, emitiu "vistos" que salvaram a vida a milhares de refugiados, na sua maioria, judeus. Não era, no entanto, judeu. A sua acção resultou de um imperativo de consciência. A 17 de Junho de 1940 tomou essa decisão. Foi perseguido e castigado por Salazar tendo falecido, desonrado e na miséria, em 1954.

domingo, outubro 17

Um dia em Moura

Um dia destes um "Membro do Chega disparou contra família sueca em Moura "por ódio racial"" (In JN) Como diria um colaboracionista dos antigos trata-se de "um pequeno episódio sem importância de maior". É sempre assim o caminho para a tirania: primeiro banaliza-se o mal, depois o mal instala-se.

sábado, outubro 16

O centro direita em crise

Uma óbvia e boa pergunfa do Observador: "Com a derrota na Alemanha e o escândalo na Áustria, o centro-direita europeu está oficialmente em crise?" A resposta é sim porque ainda há a acrescentar outros sinais: a ascenção na Noruega de um governo de centro esquerda, a vitória do PD nas autárquicas em Itália (como derrota estrondosa da extrema direita), a reorganização em curso do Podemos em Espanha, ... , os povos europeios apostam em soluções politicas que assegurem estabilidade e segurança afastando-se de aventuras radicais e ainda mais das que abram o caminho para o poder de extremistas.

sexta-feira, outubro 15

Alemanha

Na Europa há abundantes sinais de viragem ao centro esquerda como é o caso da Alemanha. A solução politica encontrada foi mais rápida do que seria expetável: "Olaf Scholz, líder do SPD (Partido Social-Democrata) da Alemanha, anunciou esta sexta-feira que chegou a acordo com os Verdes e os Liberais (FDP) para formar um governo de coligação. Confirma-se assim a solução "semáforo" - devido às cores dos três partidos - prevista durante a campanha eleitoral - é a primeira vez que tal acontece na história da Alemanha."

quarta-feira, outubro 13

Os médicos e a greve

“Não aguentamos mais.” Médicos avançam para greve de três dias no fim de novembro (In Expresso). Coloco-me a mim mesmo uma questão: os médicos grevistas que trabalhem no SNS e, simultâneamente, no privado fazem greve total, ou seja, no SNS e no privado? Ou somente no SNS?

Orçamento de Estado (2)

A nossa esquerda da esquerda cria uma perceção pública, a propósito do orçamento, de que só é capaz de reinividicar mais do mesmo. Recua decénios (senão séculos) no modelo do debate público e natureza das suas reivincações orçamentais, atingindo o grau zero da diferenciação face ao movimento sindical. Quanto ao PS que tal se pensasse em conceber e realizar uns "Estado Gerais" nos quais pudesse ser agregador das forças reformistas progressistas, tomando a iniciativa na formulação de propostas que colocassem no centro da sua agenda politica as principais questões do nosso tempo, em particular a ambiental, e também a sempre moderna questão social.

terça-feira, outubro 12

Orçamento de Estado

"PCP junta-se ao BE e vota contra proposta de OE tal como está". É esta a notícia do dia acera do OE. A chave da sua interpretação é o "tal como está", ou seja, aberto à negociacião. Em qualquer caso se o PCP e o Bloco, após a fase de negoociação que agora se abre, conjugarem os seus votos no sentido do chumbo da proposta de OE, ou muito me engano, ou cometem suicídio politico.

domingo, outubro 10

A esquerda da esquerda em Espanha

Em Espanha o espaço polítco à esquerda do PSOE tenta reorganizar-se em torno de Yolanda Díaz."Podemos resucita el "objetivo" del 'sorpasso' al PSOE para el "frente amplio" de Yolanda Díaz" (In El Mundo). Deveria merecer a melhor atenção da esquerda portuguesa.

sábado, outubro 9

Cavaco outra vez

Cavaco Silva enquanto vivo nunca perdoará à esquerda e aos socialistas a ousadia de ser governo (eleito). Mais ainda quando está em causa gerir recursos financeiros que se estimam abundantes. Não admira assim que uma vez mais venha a terreiro escrever contra o "perigo vermelho", quando na Europa e não só a esquerda recupera posições desde a Alemanha à Itália, dos USA ao Brasil. Haja paciência. Como escrevi faz anos Cavaco Silva é um “amorfocrata”: um democrata com ausência de forma definida. Tolera os partidos e aceita a constituição.

sexta-feira, outubro 8

85%

Um resultado extraordinário que tenderá a ser banalizado e esquecido. Mais direi que com o inicio do processo de inoculação da terceira dose de reforço vai reiniciar-se a campanha negativa parindo notícias a propósito de todas as mais irrelevantes falhas... Uma aposta? "Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, anuncia a conquista de 85% dos portugueses imunizados e o início da terceira dose à população com mais de 65 anos já na próxima semana. É oficial. Portugal é o país do mundo com a maior cobertura vacinal contra a covid-19: tem 85% da sua população com duas doses da vacina." (In Expresso).

Bolsonaro

Tudo o que Bolsonaro diga mal de Portugal, com respeito à pandemia, só pode vir em benefício de Portugal. O Brasil atingiu hoje a cifra de 600 000 mortos por covid19. "Presidente brasileiro recorreu esta quinta-feira a uma série de artigos de jornais para defender o impacto económico negativo das medidas de confinamento durante a pandemia." (In Expresso.)

quarta-feira, outubro 6

Feytor Pinto

Morreu o padre VÍTOR FEYTOR PINTO: "A MORTE É APENAS UMA PORTA: DO LADO DE CÁ É O LIMITE DA NATUREZA, DO LADO DE LÁ É A TERNURA DE DEUS" (In Expresso). Convidou-me quando axercia as funções de presidente do INATEL, por volta dos anos da EXPO98, para participar em duas Pastorais da saúde, no Vaticano, a que acedi com muito gosto. Entendi melhor o papel da Igreja Católica, sua implantação, ações e diversidade de posicionamento politico/ideológico dos seus mais altos representantes em todos os continentes. O convite foi desinteressado mostrando o caráter do Padre Feytor Pinto, que nunca mais esqueci e sempore muito estimei. RIP.

terça-feira, outubro 5

Queda do Governo de centro direita romeno

La guerra fratricida entre las dos principales formaciones de la coalición gubernamental de centro-derecha —el Partido Nacional Liberal (PNL) y el centrista Unión Salvar Rumania (USR)— se saldó este martes con la caída del primer ministro, el liberal Florin Citu. El jefe de Gobierno saldrá del cargo tras perder una moción de censura presentada por la oposición socialdemócrata, que obtuvo el mayor respaldo en las dos cámaras legislativas de la historia del país desde el derrocamiento en 1989 del régimen comunista.(In El País)

A República

111 anos depois a República, após vicissitudes diversas, continua viva, sem contestação de monta no nosso país. Lembra-me sempre que a sua implantação ocorreu um mês depois do nascimento do meu pai Dimas. Longinquos tempos que a memória ainda alcança sem necessidade de recurso aos livros de história. Que Viva!

segunda-feira, outubro 4

Esquerda vence autárquicas em Itália

A esquerda italiana em posição de vencer as autárquicas na Itália: "La izquierda italiana se recompone con una victoria en las grandes ciudades La derecha populista queda muy tocada y Roma es el único gran municipio donde tiene alguna posibilidad de competir en la segunda vuelta" (In El Pais.).

domingo, outubro 3

Yolanda Díaz

..."Yolanda Díaz como líder de Unidas Podemos ha consolidado una tendencia: es la dirigente política mejor valorada, por encima incluso de Pedro Sánchez, aunque solo sea por una décima: 4,6 por 4,5. Díaz tiene excelentes valoraciones no solo entre los suyos, sino también entre los socialistas o los votantes de Más País. Y ni siquiera genera mucho rechazo en la derecha." In El País (Conheci pessoalmente Yolanda Díaz no passado dia 8 setembro na Cimeira Ibérica da Economia Social, em Coimbra. É uma personalidade muito marcante e carismática. A ver o que o futuro lhe reserva.)

sábado, outubro 2

Calmaria

Mar chão, não mexe uma folha no arvoredo, silêncio, o céu azul pintado de nuvens benévolas.

sexta-feira, outubro 1

Rejubilemos

A direita rejubila com o resultado das eleições autárquicas. Por palavras minhas sem citar dizem em síntese algo assim: não é o fim, mas pode ser o principio do fim. Cuidemos da democracia para que possa ser sempre possível, através do voto livre, nutrir expetativas de futuro. Mas ainda é cedo ... rejubilemos, mas pela democracia.

quinta-feira, setembro 30

O Brexit arruína o Reino Unido

No "El Mundo" acerca da crise de abastecimentos no Reino Unido: "El desabastecimiento que atenaza al Reino Unido es alimentario y energético, pero también humano. En estos momentos, el país tiene 2 millones de ofertas de empleo activas, un déficit de trabajadores auspiciado por la fuga de extranjeros durante la pandemia pero provocado, fundamentalmente, por un Brexit que impide que otros tomen el lugar de los que decidieron volver a su lugar de origen. Lo que en un principio era uno de los objetivos fundamentales de aquellos que apoyaban la salida de la Unión Europea, se ha convertido en un problema que está lastrando la recuperación económica post pandemia a todos los niveles."

terça-feira, setembro 28

Gouveia e Melo

A notícia é a seguinte e venho aqui uma vez mais para saudar efusivamente Gouveia e Melo (fardado como queira, ou não), pelo seu contributo no trabalho de combate à pandemia; aconteça o que acontecer ficará na história: "Vice-almirante arrumou o camuflado. “Chegámos ao topo da montanha” Task force para a vacinação contra a covid-19 deixa de existir, mas mantém-se um núcleo de transição que durante os próximos dois a três meses vai trabalhar com o ministério da saúde para internalizar práticas que se aprenderam com a pandemia."

João Rendeiro

A notícia é a que transcrevo a seguir e venho aqui para mostrar a minha indignação para com o aparelho judiciário nacional: "João Rendeiro, que terá de se apresentar em tribunal até sexta-feira, disse ao SAPO24 que está no estrangeiro e não vai regressar a Portugal. "Estou no estrangeiro e não vou voltar", disse. O ex-banqueiro foi hoje condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada, o terceiro em que se vê envolvido."

segunda-feira, setembro 27

Lisboa - resultados

Eleições autárquicas em Lisboa - resultados. Da minha previsão/adivinhação dos resultados assinalo um desvio de fundo nos dois partidos mais votados. Afinal o PS desceu mais do que seria de prever - cerca de 25 000 votos - e o PSD tendo subido pouco ganhou à custa da descida do PS, tudo comparado com os resultados de 2017. Não foi o PSD (Moedas) que ganhou foi o PS (Medina) que perdeu Lisboa. PSD - 34,3%; PS - 33,3%. Assinalo os sinais de Moedas vencedor ser uma reeencarnação do bloco que apoiou Passos Coelho logo conflitual com Rio. Nos restantes partidos a minha previsão/adivinhação andou perto do resultado final.

sexta-feira, setembro 24

Eleições - resultados de Lisboa

Uma conjetura da minha imaginação, o jogo pelo jogo, para o resultado das eleições autárquicas para a CM Lisboa (partidos mais votados em % sem especificar as coligações): PS - 37 a 39% PSD- 27 a 29% PCP- 9 a 11% BE- 6 a 8% IL- 3 a 5%

quinta-feira, setembro 23

Política

Alguns aspetos deste periodo eleitoral fazem-me lembrar periodos eleitorais passados, nalguns dos quais, aliás, participei ao de leve. Lembro-me dos tempos de eleições quando o candidato/presidente do PSD era Cavaco Silva, em 1987 e 1991, nas quais obteve maioria absoluta. Portugal havia aderido à CEE em 1986 e começavam a ser anunciados, e a chegar mesmo, os fundos da CEE. Uma "pipa de massa" que permitiu, dando de barato desperdicios e perversões, criar as infraestruturas que não existiam ou estavam uma lástima. Ora Cavaco Silva nas campanhas eleitorais não se referia aos fundos? Não eram os fundos, resultantes da adesão à CEE, (obra de Soares face à qual num primeiro momento Cavaco se opôs) o pano de fundo da politica na época? O que mobilizava a esperança e a vontade dos portugueses mesmo que não fossem da área politica da direita? A Europa e os fundos que nos proporcionou! Assim foi nesse tempo, assim será sempre, seja qual for o partido incumbente e o seu lider. Ninguém pode exigir a um lider partidário que faça o jogo dos adversários. No caso presente António Costa por coincidência de calendários, pois nestas coisas não há adivinhos, tem a seu favor o sucesso da vacinação (Portugal é o pais do mundo com a mais elevada taxa de vacinação completa), e de novo fundos europeus que muito se devem ao seu trabalho no decurso da presidência portuguesa do Conselho da UE. É uma realidade que se imporia sempre, fosse qual fosse a vontade dos protagonistas politicos em presença. Não ando na politica pura e dura, nem nunca andei, salvo nos primórdios do MES, por ter sido muito marcado por uma frase de Camus que li pelos meus 20 anos nos seus Cadernos:"Não sou feito para a política pois sou incapaz de querer ou de aceitar a morte do adversário." Ora quem lá anda a sério ...

quarta-feira, setembro 22

Eleições

Importantes, importantes são as eleições legislativas na Alemanha. No mesmo dia das autárquicas em Portugal com a diferença daquelas se destinarem à escolha do governo do país mais decisivo para a orientação politica e económica da Europa. Com estas eleições tudo vai mudar, aparentemente, pouco na Alemanha e em Portugal. Mas sempre poderão ocorrer mudanças incrementais que podem fazer toda a diferença. Se o SPD ganhar na Alamanha a esquerda europeia ganha alento apesar da politica alemã se deslocar somente uns milimetros para a esquerda. Se o PS ganhar em Portugal, ou seja mantiver o maior numero de presidências de Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, apesar de todos os partidos (ou quase todos) clamarem por vitória, tudo se manterá, no essencia, na mesma. Uma grande diferença poderá ser em ambos os casos a derrota dos partidos da extrema direita, isso sim uma coisa importante.

terça-feira, setembro 21

A derrota dos negacionistas

Está em vias de se tornar banal a notícia de se ter atingido a meta de 85% de cidadãos portugueses (melhor dito, que vivem em Portugal) com a vacinação completa contra a COVID19. Julgo que não andarei longe de acertar se disser que tal meta será atingida na próxima 3º feira, dia 28 setembro. Como havia dito muito tempo atrás aguardemos pelo final de setembro. Não vou fazer contas mas este resultado é um dos acontecimentos mais extraordinários dos últimos muitos anos em Portugal. Dele se podem retirar muitas conclusões mas, neste momento, retiro só uma: os negacionistas são uma ultraminoria no nosso país e foram derrotados.

segunda-feira, setembro 20

Saber receber quem precisa

Esta é uma notícia da LUSA: "Portugal recebeu este domingo grupo de 80 afegãos - Grupo integra, na maioria, atletas da equipa de futebol feminino e seus agregados familiares. Sobe assim para 178 o total de cidadãos acolhidos após a emergência humanitária no Afeganistão, anunciou o Governo"

sábado, setembro 18

José-Augusto França

RIP. Morreu o José-Augusto França (1922-2021). Quando a maioria não faz ideia do que a morte de uma pessoa representa para o país.

Fernando Pimenta

Fernando Pimenta sagrou-se hoje campeão do mundo em canoagem (K1 1.000) após um conjunto muito alargado de outros grandes resultados. O que estão à espera para lhe fazer a homenagem que se reserva aos grandes campeões?

quinta-feira, setembro 16

Eleições Autárquicas

Dia 26S vamos uma vez mais a votos. Não deixa de ser importante este simples facto de ir a votos, em continuidade desde o 25A. Ao longo deste tempo de III República podemos sentir orgulho de um regime democrático estável, apesar de cansado que o crescimento da abstenção evidencia. Mas sermos chamados a ir a votos, a fazer escolhas livres, após campanhas eleitorais com diversidade de candidatos, é um bem maior. Saibamos defender o modelo democrático que emergiu do 25A sem receio de o reformar de forma cuidada, informada e debatida. Por vezes esquecemos-nos da necessidade de refletir e ousar reformar os modelos de organização que se institucionalizam.

terça-feira, setembro 14

Setembro vacinal

Leio por aí, pois hoje é terça feira, que foi atingida a meta dos 80% da população portuguesa vacinada com duas doses. Deveremos estar a falar de contas que consideram a população elegível, ou seja, a partir dos 12 naos de idade. Como era estimável esta meta seria atingida por esta altura antecipando os 85% previsiveis no final do mês de setembro. O tema da vacinação infelizmente tornou-se banal mas este resultado é o mais notável acontecimento nacional desde muitos anos atrás. Aconteça o que acontecer daqui para a frente esta vitória numa batalha crucial em prol da saúde pública mostra um país moderno, um povo conquistado pelos valores da racionaliddae e do bom senso cidadão. Basta ter ouvido as muitas entrevistas solicitadas pelos canais de televisão expontâneas aos jovens dos 12 aos 17 anos nos centros da vacinação para entender que a consciência cidadã da juventude, o país do futuro, está muito para além de algumas conjeturas precipitadas acerca da cultura cívica dos jovens, tornando os negacionistas um grupo ultraminoritário. Não vale a pena associar o calendário politico eleitoral ao do combate à pandemia e ao sucesso da vacinação, pois como diria o outro o que tem que ser tem muita força. No final de setembro voltamos a fazer contas.

segunda-feira, setembro 13

Os negacionistas/fascistas

É um fenómeno de âmbito internacional com diversas expressões em cada país. Surgem tomando como pretexto o processo de vacinação ou outras medidas sanitárias tendo explodido com o surgimento da pandemia covid 19. Em muitos países dispõem de respaldo de lideres populistas como é o caso do Brasil. Na verdade pretendem atacar os regimes democrático-liberais dizendo-se defensores inflamados da liberdade. No nosso país parece terem tomado por alvo Ferro Rodrigues que está empossado democraticamente como a segunda figura mais relevante do Estado democrático. A tolerância para com os intolerantes tem limites. Venho aqui para afirmar que o poder judiciário tem por dever ser firme contra os criminosos. É o caso destes negacionistas/fascistas.

sábado, setembro 11

Nuno Brederode Santos (um almoço tardio) - 2

Em resposta ao meu post anterior, comentando algumas incidências do I Cngresso do MES, nos longinquos idos de dezembro de 1974, Nuno Brederode Santos retorquiu ao seu estilo com esclarecimentos relevantes: Meu caro Eduardo: Começo, se mo permites, pela matéria dos autos, com comentários pontuais. Talvez nem te esteja a corrigir, mas o que admito é que, à partida para o Congresso fundacional do MES, eu queria que os meus amigos (pessoais e políticos) saíssem. Isto era do pleno conhecimento de alguns, o que não significa que merecesse a sua concordância. Porque a quase totalidade foram para lá na melhor fé, embora sabendo que havia o risco de não terem margem para ficar. Aquilo em que eu diferia deles nem é, pelo menos no comum das situações, muito bonito: e, por isso, lhe chamei «reserva mental». Para corresponder à honestidade intelectual com que vens tratando do assunto – um assunto em que estás completamente envolvido – senti-me na obrigação compulsiva de te fazer saber que havia quem, do outro lado (o meu), tivesse por aliados os «zulus» que queriam correr com os «doutores». Ora isso não faz de mim «tenor». Mesmo que eu tivesse qualidades pessoais para isso, ou a ambição disso – o que não era manifestamente o caso – não conseguiria sê-lo: cheguei a essa novela muito tarde e, ainda por cima, tinha de lidar em simultâneo com velhos amigos, que conhecia de ginjeira, mas também com outros, que eles bem conheciam e eu não (por se tratar de amizades que eles fizeram desde 69/70, ou seja, quando começou a minha ausência «militar»). O que eu fiz reflecte, aliás, o que te digo: ao datar a minha carta de saída do primeiro dia dos trabalhos, eu coloquei-me na posição, de pressionar os outros, é certo, mas também na de eu próprio já não ter recuo. Afundei as caravelas, como o Cortez. Mas até nisso há distinções. Porque outro signatário, que foi o J. M. Galvão Telles, foi sendo empurrado para essa atitude. Mas não havia nele senão abertura: e a prova, que tu mesmo já invocaste, é que levou a «militância» ao ponto de arranjar uma sede de que era ele, obviamente, o verdadeiro penhor. O que eu queria não fica retratado com aquilo a que chamas «federação inorgânica de grupos convergentes», porque era mais simples (ainda que pouco maduro, admito hoje). O que eu queria era que entrássemos para o PS, mas ganhando o tempo de um compasso de espera com dois fins: a) O primeiro e mais importante, era deixar passar a fase do PS como cabeça da frente nacional de resistência ao esquerdismo (o que arrastaria também o desbloqueamento de algumas tensões que subsistiam entre o Melo Antunes e «os 9», de um lado, e a direcção do PS, do outro); o segundo era permitir a «digestão» e o «luto», de que a maior parte dos meus amigos políticos carecia após o malogro da aposta no MES. Era, pois, necessário um interinato. E, para esse, eu queria um «grilo do Pinóquio», um «clube» de reflexão ao qual, numa carta que ainda enviei de Moçambique, eu chamava, assumindo o paradoxo, um «PSU sem carácter partidário». De facto, a «coisa» tinha de ser compatível com filiações partidárias. Por exótica que tal liberdade hoje pareça. Basta citar o caso do César Oliveira, que não aceitaria acompanhar uma saída conjunta, se ficasse tão dela prisioneiro quanto se sentia no MES. Ora, com pequenas adaptações, foi o que veio a suceder com a saída do MES em grupo e a criação do grupo de Intervenção Socialista (que durou até à nossa entrada para o PS, em 1978) não andou longe disso. Quanto ao decurso do Congresso. De facto, já sabíamos que a maioria (a tal a que eu chamava «zululãndia») iria fazer valer os seus direitos e colocar os «doutores» em minoria. Mas havia dois imponderáveis. O primeiro era saber se resistiriam, no contexto da época, à assunção formal do marxismo-leninismo. O segundo era quais os sinais que dariam a essa minoria, indiciadores da tolerância e flexibilidade com que se preparavam para tratá-la. Ora as respostas dadas foram ambas claras. Na primeira questão, porque o obreirismo patente nalguns discursos já falaria por si mesmo, mas o marxismo-leninismo foi, de facto, formalmente proclamado na moção que viria a ser a vencedora. Na segunda questão, porque os discursos da maioria podiam reflectir três hipotéticas atitudes: afirmar princípios, mas ressalvar algum pluralismo; fingir – algo «arrogantemente», diria eu – que a minoria nem existia; ou, na prática, convidá-la a sair. A nossa percepção foi a de poucos discursos se terem colocado na primeira hipótese, quase todos se colocando na segunda e o Afonso ter encarnado explicitamente a terceira (numa resposta explícita e «ad hominem» ao discurso anterior do Jorge Sampaio). Claro que o factor geracional – eu diria mesmo de amizade pessoal – que a muitos de nós ligava o Afonso teve o efeito «demolidor» de que tu falas. Para terminar, quero só esclarecer que não foram poucas as pessoas que quiseram então largar o nascente MES, mas sem qualquer propósito de virem a ligar-se ao PS ou a qualquer outro partido. O César, por exemplo, viria a militar na UEDS; o João Bénard ou a Luísa Castilho são exemplos dos muitos que, nos primórdios de 1978, não quiseram acompanhar a entrada no PS e preferiram ficar independentes. Quanto ao resto, meu caro Eduardo, não estou em condições de discutir o muito mais que vais apreciando e comentando: a aventura do MES até ao fim. Mas reitero que muito me impressionou o teu raríssimo e genuíno esforço de autocrítica, nos textos que já publicaste na blogosfera. Além do mais, gostei muito da conversa. E nem desgostei da refeição. É, pois, uma experiência a repetir, se e quando estiveres para aí virado. Abraço Nuno

Uma conversa tardia com Nuno Brederode Santos

Hoje comprei o Público em papel. O tema dominante, como seria de esperar, é Jorge Sampaio. Surgem muitas referências ao MES em particular em testemunhos. A história politica oficial é sempre feita por aqueles que estão no poder. Sabemos. Muitas das referências ao MES são distorcidas ou mesmo falsas, repetindo ideias feitas esteriotipadas, outras são naturalmente fragmentos que correspondem à verdade. É interessante como um partido que se auto extinguiu por vontade dos seus próprios dirigentes à época, suscita tanta referencia a propósito da morte de um insigne dirigentes politico que, afinal, não o foi do dito extinto partido. Aqui deixo um post mais acerca do MES neste caso resultante de uma "conversa póstuma" com o verdadeiro ideólogo da rutura com o MES do chamado grupo da Flórida (GIS), de seu nome Nuno Brederode Santos. - A minha conversa com o Nuno Brederode Santos foi, além do prazer por desfrutar da companhia de uma personalidade fascinante, muito esclarecedora acerca de diversos aspectos substanciais, e de detalhe, que sempre haviam permanecido, para mim, um mistério no que respeita ao desenlace do I Congresso do MES. Este post que escrevi a propósito dessa conversa, e o seguinte, de autoria do Nuno, como resposta/esclarecimento à minha interpretação das circunstâncias em que decorreu o I Congresso (que publicarei amanhã), são o contributo possível para não deixar adormecidas nas memórias daqueles que foram protagonistas dos acontecimentos explicações que, apesar da sua subjectividade, assentaram no racional possível num contexto politico de desenfreada exaltação. - Julgo não cometer nenhuma inconfidência grave se revelar que, um dia destes, almocei com o Nuno Brederode Santos. Os anos passaram e as minhas incursões pelas memórias do MES fizeram despertar nele, no meu entendimento, a necessidade de uma reflexão acerca de algumas reservas mentais que apimentaram a batalha do I Congresso do MES nos finais do ano da graça de 1974. - Curiosamente ficámos a saber, no decurso do repasto, que o nosso regresso às lides políticas, ocorreu em Outubro desse ano pelas mesmíssimas razões. Ele «guerreava» em Moçambique, no curso de uma longa comissão na guerra que combatíamos, eu «guerreava» na magna tarefa de instruir levas de milicianos – alguns deles ilustres intelectuais da nossa praça – habilitando-os para a deserção ou para o combate numa das frentes dessa guerra, para nós, desditosa. - Além de agradável, no plano pessoal, como haveria sempre de ser, a conversa revelou-me algumas facetas do primeiro conclave do MES que se me haviam varrido da memória e que, como consequência, levaram a omissões involuntárias nas anteriores deambulações que empreendi acerca do tema. Não é que a coisa tenha uma importância por aí além mas, na verdade, nunca me tinha apercebido de que o Nuno, ele próprio, fora um dos principais, senão o principal, tenor da tese da ruptura. - Se tivesse sido alcançada uma conciliação de posições permitindo manter a unidade, que acabou por se quebrar com estrondo no I Congresso do MES, seria uma derrota para a sua tese que, pelo que entendi, preconizava a criação de uma espécie de federação, inorgânica, de grupos convergentes que, sem um compromisso demasiado vincado com as forças partidárias emergentes, permitiria ganhar tempo, congregando vontades, para a formulação de um programa político à margem da inevitável opção entre um «compromisso histórico entre famílias socialistas» ou uma deriva esquerdista. - O Nuno revelou-me ainda algo que se me tinha varrido da memória e que, na sua opinião, foi um factor decisivo, pelo seu efeito psicológico, na consumação da ruptura com o MES daquele que seria conhecido como o grupo de Jorge Sampaio: uma intervenção radical, em pleno Congresso, de Afonso de Barros, filho de Henrique de Barros que, por razões geracionais era tido como elemento próximo do grupo com o qual, naquele momento, romperia de forma brutal. - Com essa intervenção de Afonso de Barros, da qual não me lembro uma palavra, NBS deu, de imediato, como adquirida a vitória da sua tese, fundada numa confessada reserva mental, ou seja, a da inevitabilidade da ruptura ainda antes da formalização do MES como partido político. Pois sendo a ruptura consumada num momento anterior ao acto final do I Congresso, não seria a reserva mental que presidiu à estratégia dos dissidentes revelada nem estes jamais seriam dissidentes de um partido ao qual, afinal, nunca haviam aderido. - Com esta revelação mais se vincou a ideia, que sempre tenho acalentado, de que teria sido possível celebrar um acordo entre as partes desavindas, com o empenho de meia dúzia daqueles a que NBS sempre designou por «zulus», derrotando a sua tese que, acabou por sair vencedora aproveitando a imaturidade, pessoal e política, da maioria desses «zulus» entre os quais eu me incluía. - Assim andámos todos, de um e outro lado, anos a fio, na dúvida acerca do lugar exacto, e do papel de cada um, nos acontecimentos dos primórdios do MES como se fosse importante manter reservas e distâncias quando a ruptura, provavelmente, nunca se chegou a concretizar pelo simples facto de nunca se ter criado o «corpus partidário» que poderia ter sido alvo dela. - O MES foi, porventura, um mal entendido extinto por quase todos os que se haviam confrontado no I Congresso, através do celebrado, e inédito, convívio de 7 de Novembro de 1981. Só faltam esclarecer uns pormenores que, com a passagem do tempo, se refinaram ganhando a patine das preciosidades inúteis que todas as famílias rejubilam em poder contar como património comum. -
Post publicado nos Caminhos da Memória

sexta-feira, setembro 10

Jorge Sampaio e o MES, o MES e Jorge Sampaio

Disseram-me pois não tenho visto televisão (isto das férias também passa por aí) que a propósito da morte de Jorge Sampaio têm sido feitas diversas referências ao MES. Diga-se que o envolvimento de Sampaio no processo de criação do MES, assim como das vicissitudes da sua não entrada formal no mesmo, está bastante bem documentado e entendido. Eu próprio já escrevi algumas peças acerca do assunto pela simples razão de que o vivi de perto e, mais recentemente, suscitei uma conversa com Nuno Brederode Santos que permitiu ter ficado esclarecido acerca de alguns pontos que ainda não tinha plenamente entendido. Vou pois republicar nestes dias dois ou três postes antigos que permitem colocar a questão da relação de Jorge Sampaio com o MES no lugar certo segundo o meu entendimento e conhecimento direto. Eis o primeiro: Dando sequência à republicação dos posts publicados em 2008 nos Caminhos da Memória, tomando por tema os "dirigentes fundadores", surge este que faz uma abordagem da questão política mais relevante que esteve presente desde a preparação até à realização do próprio I Congresso do MES. 40 anos depois ... imaginem! Pretendia abordar, tão só, a temática dos dirigentes fundadores do MES, neste caso os que foram eleitos no I Congresso, realizado nos dias 21 e 22 de Dezembro de 1974, na Aula Magna da Cidade Universitária, de Lisboa. Mas, neste caso, terei que ser um pouco mais extenso já que o I Congresso, como é do conhecimento geral, foi marcado pela cisão protagonizada pelo grupo que viria a dar origem ao GIS («Grupo de Intervenção Socialista»). Esse conjunto de activistas do MES apresentou ao Congresso um longo, e muito bem estruturado, documento intitulado: O MES E A ACTUAL FASE DA LUTA REVOLUCIONÁRIA – AS TAREFAS IMEDIATAS DO MOVIMENTO, datado de 30 Novembro de 1974, subscrito por Armando Trigo e Abreu, César Oliveira, Francisco Soares, Joaquim Mestre, João Bénard da Costa, João Cravinho, Jorge Sampaio, José Manuel Galvão Teles e Nuno Brederode Santos [1]. Reli, quase 34 anos depois, com os olhos de hoje, as 39 páginas (3 delas quase ilegíveis) do documento em apreço e senti uma inesperada sensação de espanto e perplexidade acerca das razões dessa ruptura protagonizada por algumas das personalidades mais proeminentes da esquerda portuguesa. Serei o mais breve possível, atendendo, em particular, à natureza deste meio, tomando como base desta reflexão o reencontro tardio com um documento que pairava na minha memória e que logo na apresentação toma todos os cuidados sendo apresentado, pelos seus autores, como base de uma iniciativa destinada a «contribuir para o debate interno com vista à preparação do Congresso». Há neste documento, pelo menos, dois aspectos a sublinhar: 1) Desde logo o seu título: O M.E.S E A ACTUAL FASE DA LUTA REVOLUCIONÁRIA – AS TAREFAS IMEDIATAS DO MOVIMENTO que parece denotar uma verdadeira, e autêntica, intenção de participação. No documento é apresentada uma proposta de metodologia e são avançados os temas destinados a alimentar a discussão no qual avultam dois pontos genéricos: «Análise da situação actual e as tarefas imediatas” e as «Linhas Programáticas Sectoriais». No entanto, atentas as datas e a memória que guardo, a discussão, anterior ao Congresso, foi bastante irrelevante o que demonstra que a iniciativa deste grupo de personalidades, tendo sido precedida de um confronto prático aceso acerca do papel de um Partido de «esquerda socialista» naquele concreto «processo revolucionário», deve ter sido encarada como uma espécie de anúncio e explicação de uma ruptura inevitável. 2) O documento surge, em qualquer caso, como uma tentativa notável, no contexto da época, de encontrar os temas e o tom para um debate sério em torno de «soluções políticas», ou seja, das diversas alternativas de regime político que se poderiam perfilar como saída possível para a designada «actual fase da luta revolucionária». É notório, ao longo do texto, que os autores não escaparam à utilização dos estereótipos da linguagem revolucionária nem à adopção de propostas cujo teor – à luz dos condicionalismos da época – poderiam ter sido, caso tivesse havido vontade e capacidade negocial de ambas as partes, uma boa base para a criação de um partido que teria, certamente, relevância política e eleitoral após aquele Congresso inaugural. Assim não aconteceu e, pela parte que me toca, muito me penalizo por isso. Poder-se-á questionar, então, quais as diferenças políticas entre as duas posições que se confrontaram no I Congresso do MES e as verdadeiras razões da ruptura que se produziu para além dos aspectos meramente pessoais que, tendo existido, terão sido irrelevantes. Não vou tentar construir uma teoria acerca do assunto. Mas é de todo evidente que no período que decorreu desde as vésperas do 25 de Abril de 1974 até ao final do mês de Dezembro desse ano, data de realização do I Congresso, (os meses de uma verdadeira, e rara, «fusão revolucionária») se delapidou o capital de confiança, pessoal e política, que permitiria conciliar um modelo de «esquerda socialista», inspirado no PSU, de Rocard, e um outro de «esquerda revolucionária», influenciado pela ideologia da «democracia directa», designada por «Poder Popular», na linha da tradição anarco-sindicalista e dos movimentos revolucionários da América latina (Chile de Allende incluído), que pensava encontrar legitimidade no próprio curso dos acontecimentos que se viviam, freneticamente, em Portugal, sob o olhar atónito do mundo. É claro que as propostas levadas ao debate por Jorge Sampaio, e seus companheiros, não deixavam de fazer referência ao «poder popular», mas preocupavam-se, numa leitura mais distanciada e atenta, em atenuar a deriva revolucionária como, por exemplo, quando se escrevia no final do ponto 3), intitulado, significativamente, «As soluções políticas»: «A eventualidade da revolução socialista em Portugal e mau grado certo desenvolvimento das forças produtivas parece afastada, pelas razões seguintes: a) A posição que Portugal ocupa no contexto capitalista europeu e internacional faz cair o país na órbita da esfera da influência americana e torna-o peça essencial no sistema da NATO e do imperialismo donde sairia com extrema dificuldade e necessariamente a médio ou longo prazo; b) A ausência de memória colectiva das classes trabalhadoras e, por conseguinte, de uma consciência de classe e de organização autónomas dado, por um lado, a repressão fascista das lutas de classe e, por outro, o facto de toda a mobilização popular e luta politica se haver feito em torno da luta anti-fascista e democrática que conjugavam classes e sectores sociais com interesses objectivos diversos, o que implicou a confusão sistemática entre objectivos de luta proletária e objectivos de luta democrática.» E este capítulo que escolhi como paradigma das dificuldades de afirmação de uma ideia de «reforma da revolução» remata com uma cautelosa, e surpreendente, solução que busca, em qualquer caso, atentos os condicionalismos da época, conciliar o inconciliável: «Neste quadro restará questionar a viabilidade de uma solução que evitando o autoritarismo burguês e o militarismo progressista avance formas transitórias no sentido da instauração a médio ou longo prazo de um futuro regime socialista que se reconhece impossível de instituir a breve trecho. Este projecto será revolucionário na medida em que se proporá a alteração das relações de produção substituindo a propriedade colectiva à propriedade privada mas terá de saber inserir-se no contexto específico da sociedade portuguesa actual evitando a transposição mecânica de estratégias ou modelos exteriores e a repetição verbalista de fórmulas vazias de conteúdo prático.» O ponto 4), intitulado «A crise do reformismo e do esquerdismo», elabora, por outro lado, uma crítica radical às orientações políticas do PS e do PCP que culmina com a rejeição da chamada «democracia burguesa»: «O reformismo, ao defender a democracia burguesa, apoia, no fundo, a única forma possível dessa democracia: o autoritarismo burguês de fachada democrática»; critica, depois, de forma não menos radical o «esquerdismo«, ou seja, a própria essência da orientação com a qual se confrontava no seio do MES: «O esquerdismo tem a vantagem da simplicidade e os inconvenientes da abstracção»; «O esquerdismo é incapaz de propor etapas, estádios, e objectivos intermédios susceptíveis de mobilizar as massas. O esquerdismo é, assim, uma teoria apocalíptica da tomada do poder»; «O esquerdismo esquece que todo o projecto político exige uma alternativa concreta e também uma aliança de forças políticas capazes de o apoiar e levar a cabo». E depois de escalpelizar o reformismo e o esquerdismo conclui: «Saber ligar a mobilização de base à luta política, a luta no local de trabalho à luta global, ou seja, encontrar a tradução na instância política das lutas de massa, é tarefa revolucionária principal das organizações políticas verdadeiramente de esquerda.» Mas é no ponto 6) do documento, sob o título O M.E.S. e as tarefas actuais que, deverá ter estado o busílis da questão da ruptura política deste I Congresso. Nunca abandonando a defesa da autonomia política do M.E.S., nem o jargão revolucionário próprio da época, os autores avançam com uma proposta de um «pacto» que permitisse «agrupar um conjunto de forças políticas e organizações partidárias capazes de veicular, ao nível das instâncias políticas, a luta de massas e de traduzir politicamente essa alternativa apoiada nas massas (…) a constituição de um bloco de forças de esquerda não terá impacto político nem credibilidade se não for capaz de aliar as forças socialistas não dogmáticas com forças reformistas (P.C. e P. S) numa unidade de tipo popular» salvaguardando, no entanto, que «esta unidade pode não revestir a natureza de uma frente política limitando-se a um acordo sobre uma base de realizações mínimas aceitáveis pelo MFA». O «pacto» político a que se faz apelo, fosse qual fosse a fórmula adoptada, e a sua viabilidade prática, teria uma repercussão significativa no posicionamento do MES face às eleições que estavam no horizonte: «Julga-se que a participação eleitoral do M.E.S. se deveria fazer no âmbito do pacto político explicitado acima, agrupando um conjunto significativo de forças da esquerda, incluindo as reformistas, cujo apoio popular é inegável. Este pacto político seria, no tocante à generalidade das forças agrupadas, um acordo de princípio salvaguardando a total autonomia política do M.E.S. e a possibilidade de explicitação da sua perspectiva revolucionária, alternativa ao reformismo e expressão da autonomia de classe do proletariado.»
Vista com o distanciamento que só a passagem do tempo permite, apesar de todas as salvaguardas, que este último parágrafo ilustra, as teses contidas nesta proposta apresentada ao I Congresso, na verdade, pouco discutida, estavam condenadas à derrota por uma maioria radicalizada sendo apelidadas de «posições oportunistas quase sempre encobertas na ambiguidade da fazer o “máximo de revolução possível”, o que sempre veio a dar em não “fazer “revolução nenhuma» [2] … originando a ruptura que designei, noutro texto, como «a primeira morte do MES». [1] A Joana Lopes teve a amabilidade de me enviar uma cópia em papel desse documento pois, na verdade, não o tinha na minha posse. [2] In «Relatório da Comissão Política ao II Congresso – 13, 14 e 15 de Fevereiro de 1976».

Jorge Sampaio

No segundo dia de um curto período de férias sou confrontado com a notícia da morte de Jorge Sampaio. Apesar de expetável a notícia fez-me ter que reprimir uma súbita vontade de chorar. Não sei fixar ao certo a data em que o conheci, talvez nos primórdios das eleições de 1969, de forma mais próxima nos tempos da fundação do MES e, posteriormente, como seu adjundo no gabinete pessoal na CML. Os encómios públicos serão muitos de todos os quadrantes pelo que lhe deixo simplesmente a minha singela homenagem como homem público honrado, e as condolências à sua família. Deixo um escrito antigo que lhe foi dedicado:
Na primeira fase do MES, que decorreu até ao 1º Congresso, de Dezembro de 1974, a mais importante personalidade politica que integrou o processo da sua criação foi Jorge Sampaio que tinha emergido como o mais destacado dirigente estudantil da crise académica de 1961/62. Ele é, desde essa data, uma referência cívica e política incontornável da esquerda portuguesa. Afirmou-se pela sua inteligência, cultura e capacidade de liderança. Jorge Sampaio é alguém que gera confiança, racional e generoso, culto e emocional, organizado e consensual, um conjunto de características fora do comum na cultura meridional. É um facto que não integrou o MES, enquanto partido político formal, criado após o 1º Congresso. Jorge Sampaio, com um grupo de activistas, havia de constituir o GIS (Grupo de Intervenção Socialista), tendo abandonado o movimento logo no acto da sua institucionalização em Partido no decurso daquele Congresso fundador. Foi a primeira morte política do MES. Também Alberto Martins, o mais importante dirigente estudantil da crise académica de 1969, em Coimbra, (cujo cinquentenário se comemora por estes dias) aderiu ao MES e nele se manteve, após 1º Congresso, tal como um conjunto alargado de dirigentes e ex-dirigentes estudantis que tinham assumido papéis relevantes em todas as crises académicas, a partir do início dos anos 60. Entre eles não posso deixar de destacar Afonso de Barros, já falecido, que sempre me apoiou, pessoalmente, nos momentos mais difíceis.

quinta-feira, setembro 9

Coisas da vida

Não tenho vindo aqui por razões profissionais na azáfama de organizar uma Cimeira Ibérica da Economia Social que se realizou ontem em Coimbra felizmente com sucesso. Nos intervalos chegam-me comunicações das autoridades que cobram impostos e correlativos com chamadas a pagamento de pretensas dívidas antiquissímas. Suponho que é resultado do incentivo pecuniário aos respetivos funcionários pela cobrança. É coisa de doidos este insaciável apetite pela perseguição aos cidadadãos cumpridores enquanto se assiste ao espetáculo degradante da tentativa de fuga à justiça dos verdadeiros predadores da coisa pública, sabendo-se que só uma pequena parte desses casos vem a público. Não nos admiremos pois pela emergência dos populismos de todos os matizes.

sexta-feira, setembro 3

O meu pai Dimas

Amanhã, 4 setembro, é o dia de aniversário do meu pai Dimas, uma das poucas efemérides familiares que nunca esqueço. O meu pai Dimas levou-me com ele a muitos lugares além daqueles a que os deveres de família obrigavam. Os tempos eram austeros. Os lugares a que me levou vistos de hoje ficavam perto, mas no seu tempo longe. Essas viagens e as suas mãos quando tomava as minhas para me levar com ele onde fosse marcaram muito a minha maneira de ser e de estar. Pequenas coisas que o mais profundo de nós guarda e que tudo faço para preservar com a maior força de que sou capaz.

quinta-feira, setembro 2

Cristiano Ronaldo

Sei que há muita gente que não gosta de futebol. Nem discuto aqui e agora as diferenças profundas entre o jogo e a indústria que instrumentaliza o jogo, os interesses de uma multidão de agentes e dirigentes que tornaram o futebol profissional numa selva mercantilista. Enoja-me essa realidade que está à vista de todos. Mas sei que há muita gente que gosta de futebol, nos quais me incluo, por uma multidão de razões que outras vezes abordei. Dentro do jogo que observamos com mais ou menos paixão emergem personalidades de jogadores que ninguém pode ignorar pela magia e emoção que fazem transbordar do seu trabalho. É o caso de Cristiano Ronaldo pois além do seu desempenho futebolistico ameaça desafiar a finitude fisica de uma qualquer carreira profissional, mesmo de desgaste rápido. A ver vamos.

domingo, agosto 29

Congresso do PS

Nunca menosprezar a realização de uma reunião magna do primeiro partido português, nem de nenhum outro, ainda para mais em forma presencial no contexto da pandemia. Ter-se realizado é uma primeira boa notícia; a segunda é a que nele desapareceu o nome de Sócrates que havia sido tema central no anterior; a terceira é a de que, ao contrário do que alguns criticos referem, ter sido pacifico, sem ruturas nem anúncios de crises internas; a quarta ter feito emergir, de forma elegante, a questão da sucessão de Costa na liderança o que pode acontecer em 2023 mas, quem sabe, ainda antes; a quinta a de ter sido assumido, de forma implicita, que a proxima liderança pode ser encarnada por uma mulher; a sexta e última que enuncio neste breve escrito a de ter assegurado continuidade e previsibilidade das politicas do governo em funções. Nada mau nos tempos que correm. E tudo o que tiver que acontecer de mudança politica no país acontecerá num futuro mais ou menos próximo mantendo o clima de cohabitação entre os titulares dos três princippais órgãos de soberania.

sábado, agosto 28

O texto político

"O texto político O político é, subjectivamente, uma fonte permanente de aborrecimento e/ou de prazer; é, além disso e de facto (isto é, a despeito das arrogâncias do sujeito político), um espaço obtinadamente polissémico, a sede privilegiada duma interpretação perpétua (uma interpretação, se for suficientemente sistemática nunca será desmentida, até ao infinito). Poderíamos concluir a partir destas duas constatações que o Político é textual puro: uma forma exorbitante, exasperada, do Texto, uma forma inaudita que, pelos seus extravasamentos e pelas suas máscaras, talvez ultrapasse a nossa compreensão actual do Texto. E, tendo Sade produzido o mais puro dos textos, julgo compreender que o Político me agrada como texto sadiano e me desagrada como texto sádico." Escrevi nesta pagina: "visitam-se lugares e acontecimentos mas, de facto, visitamo-nos a nós próprios apertando os contactos entre os "viajantes". Quando assim não sucede a viagem reduz-se à excursão." Fragmentos de Leitura "Roland Barthes por Roland Barthes"- 33 (pag. 13, 4 de 4) Edição portuguesa - Edições 70 [Publicado em 28 de agosto de 2004 e republicado diversas vezes mais tarde. Um dos posts mais visitados deste blogue apesar da sua complexidade. Resultou da transcrição de um conjunto de excertos da minha leitura inaugural de "Roland Barthes por Roland Barthes", excertos que, nos idos de 80, publiquei em edição policopiada para os amigos como continuo a fazer ainda hoje de forma artesanal embora um pouco mais sofisticada.]

quarta-feira, agosto 25

Ainda bem que avisas

"Líder dos autarcas do PSD defende que coligações com o Chega não devem ser excluídas após eleições", título de notícia do Público, que poderia dar origem a um ensaio. Fico-me por um breve comentário: ainda bem que avisas!

Breve apontamento de verão

Todos sabemos que grande parte das notícias escondem ou substimam a realidade pois sendo sempre uma representação dela cada vez mais são meramente instrumentais à captura das audiências. Um negócio que se alimenta a si próprio, gerando e promovendo outros negócios, a maior parte das vezes à custa de vitimas inocentes. Terá sido sempre assim, mas com a emergência das chamadas redes sociais (como se desgasta a palavra social!), e sua interação com os meios tradicionais, atingiu um patamar de carnificina populista.

segunda-feira, agosto 23

A Voz dos Jovens

Venho para manifestar o meu júbilo pelas palavras ditas aos diversos OCS, no decurso do passado fim de semana, por muitos jovens nos centros de vacinação. Poderá ser surpreendente para quem descrê do progresso que jovens dos 12 aos 15 anos, em particular, os mais jovens dos jovens, expontâneamente afirmem de forma articulada e clarividente, em palavras breves, claras e informadas, a sua crença na ciência, no caso em prol dos beneficios da vacinação. Não que não surgam dúvidas, receios e angústias, mas o que mais me interessa é destacar o surgimento de uma vaga de juventude, realista mas crente nas virtude dos deveres cívicos próprios de uma sociedade livre e solidária.

domingo, agosto 22

Eleições na Alemanha/26 setembro

"O bloco conservador e o Partido Social Democrata (SPD) estavam empatados em termos de intenções de voto, com 22%, numa sondagem divulgada hoje pelo diário Bild, a cinco semanas das eleições de 26 de setembro na Alemanha." Esta é a notícia do dia pela simples razão de se tratar de uma sondagem referente às eleições legislativas que se realizam na Alemanha a 26 etembro (no mesmo dia das eleições autárquicas em Portugal). O mais surpreendente é o score alcançado nesta sondagem pelo SPD que, aparentemente, o coloca em posição de disputar a liderança do governo ganhando autonomia face ao designado "bloco conservador". Uma leitura direta dá-nos a perceção que o governo na Alemanha pós eleiçoes pode ser formado com a mesma base do atual, com mais om menos ajustamentos, ou seja, deverá estar garantido o afastamento dos extremos da área do poder. O que é uma boa notícia.

sábado, agosto 21

Os dois grandes desafios políticos

Confrontamos-nos a nível nacional, tal como a nível europeu, com dois grandes desafios políticos: as lutas contra a pandemia e contra os seus efeitos sociais e económicos. Estamos ainda em plena pandemia apesar de tudo indicar no terço final da sua existência, antes de passar à chamada fase endémica. O sucesso do processo de vacinação - tal como mais tarde o da difusão dos remédios em fase final de testes - será também o sucesso politico dos governos. No meio da incerteza a cada vez maior cobertura da vacinação é fator de segurança o que é reconhecido por todos exceto pelos negacionistas que entre nós são uma escassa minoria, ao contrário de outros países como os USA. Por outro lado a correspondente atenuação das medidas de controlo sanitário permitem a recuperação da economia e de equilibrios sociais tradicionais. Quanto mais crescer a economia no seu conjunto, mesmo com desequilibrios entre sub setores, maior o sucesso dos governos. Salvo o surgimento de qualquer nova variante do virus não coberto pelas vacinas atualmente ministradas, o segundo semestre de 2021 poderá ser um passaporte para a surpreendente vitória dos governos que assumiram responsabilidades desde o surgimento da pandemia. Se assim for não deidará de ser surpreendente.

sexta-feira, agosto 20

Nova vida

A partir de hoje vou reativar este velho blog publicando aqui com mais regularidade. Volto assim aos primórdios da sua criação nos idos de 2003, logo após ter sido flagelado pela insanidade de um goverrnante que nem cito o nome. Vou fazer férias das redes sociais mais em voga.

domingo, julho 25

Otelo

Morreu Otelo. Honra à sua memória. Viva o 25 de abril. Vivam a liberdade e a democraia!

Retomar

Tanto tempo passado, em pleno verão, volto a esta página branca a qual sempre me fascinou. Vivemos tempos únicos nunca antes experimentados pelas gerações vivas. Luta-se por viver, o Estado voltou a mostrar a sua importância, a ignorância tem sido erigida em bandeira de luta pela liberdade, tempos difíceis para os defensores da liberdade e da democracia. Não se pode ceder à tentação da simplificação de tudo, nem à negação dos valores humanistas que são a base das democracias politicas modernas.

domingo, maio 16

Racismo

A relação privilegiada Ele não procurava a relação exclusiva (possessão, ciúme, cenas); também não procurava a relação generalizada, comunitária; o que ele queria era, de todas as vezes, uma relação privilegiada, assinalada por uma diferença sensível, remetida ao estado de uma espécie de inflexão afectiva absolutamente singular, como a de uma voz de timbre incomparável; e, coisa paradoxal, ele não via qualquer obstáculo a que essa relação privilegiada fosse multiplicada: nada senão privilégios, em suma; a esfera da amizade era assim povoada por relações dualistas (donde uma grande perda de tempo: era preciso estar com os amigos um por um: resistência ao grupo, ao bando, ao magote). O que era procurado era um plural sem igualdade, sem in-diferença. Como diz Freud (Moisés), um pouco de diferença leva ao racismo. Mas muitas diferenças afastam dele, irremediavelmente. Igualar, democratizar, massificar, todos estes esforços não conseguem expulsar "a mais pequena diferença", gérmen da intolerância racial. O que era preciso era pluralizar, subtilizar desenfreadamente." "Roland Barthes por Roland Barthes" Edição portuguesa: "Edições 70"

domingo, maio 2

Dia da mâe

Reconheço o amor nos olhos que me olham com desmedida atenção enquanto durmo. Os olhos de minha mãe adoravam ter esperança no futuro no qual jogava a sua crença de ir mais longe. A primeira mulher da minha vida. A mais ousada na sua imprevisível arte de romper barreiras e chegar mais além. A fonte da força que me mantém de pé contra todas as adversidades. Uma mulher de um só homem que não era homem de uma só mulher. A fidelidade nascida da tradição que não da fraqueza ou da futilidade. A irreverência herdada da rudeza do campo, das agruras da natureza à força de puxar a besta e de encaminhar a água à raiz certa não fosse perder-se uma gota. A escola da escassez sonhando a fartura que havia de vir fruto do trabalho honrado. Não perder tempo chorando o tempo perdido. Fazer do tempo um passeio para espairecer e voltar ao arado da vida com sonhos lá dentro. A mulher que se fez a si própria descobrindo os outros e o que se pode e se não pode fazer com eles. Aceitar mudar e escolher o caminho da mudança. Tactear o caminho levando ao colo os seus amores. A primeira mulher que acreditou no caminho hesitante que me havia de fazer homem. Sem saber para onde ia ao certo. Nem ninguém sabia, ninguém nunca sabe, mas não duvidou que havia de chegar a um lugar onde brilharia o sol e sou capaz de a lembrar como a minha primeira mulher. Aquela que mais me amou, sempre me amou além do que a vida pode conter de riqueza material. Um dia ao fim de uma longa caminhada sem sequer saber dos meus males escolheu morrer nos meus braços. A mais sublime homenagem que alguém pode prestar a alguém. De súbito suavemente, na alegria da celebração da juventude, deixou para sempre a esfusiante tradição de me abraçar como se fosse a criança que para ela nunca deixara de ser. [21/1/2008]

quarta-feira, abril 28

Aniversário

Aniversário, sempre igual, sempre diferente, um ano mais de caminhada, sempre com os olhos postos no futuro, a vida, o trabalho, o gesto comum que se aprecia, um olhar, uma palavra, nada mais simples do que festejar, o mais, o menos, o que se deseja, olhos abertos ao céu que ilumina o mundo, ao mar que reflete o sonho, ir mais além, de cabeça levantada sem temor de nada, a não ser nunca ter agradecido o suficiente aos que sempre nos amaram. Haja saúde!

quinta-feira, abril 8

Jorge Coelho morreu

O que fazia a diferença do Jorge Coelho político é que criava a percepção aos olhos de todos de ser uma pessoa comum. Mas na verdade era uma pessoa fora do comum. Um fazedor ao arrepio da imagem recorrente de muitos políticos; um tribuno directo e vibrante, ao contrário dos punhos de renda; um homem da terra, de palavra chã, como se não se desprendesse nunca dela; um politico que fazia dos bastidores um palco de todos os acertos; um homem cordato mas não crédulo; politico que escolhia os campos de suas lutas, perdia ou ganhava, mas não escondia a preferência nem fintava a derrota; enfim um Homem e Politico admirável.

terça-feira, março 16

Associações/associativismo

Pelo que entendi das notícias, que não conheço os documentos que as suportam, o PSD quer legislar no sentido de exigir aos cidadãos candidatos a cargos politicos ou, suponho, de alta direção de entidades da administração pública uma declaração de pertença a entidades associativas nas quais se encontrem filiados. O plural não é inocente pois em estudo recente, no qual participei, cada português encontra-se filiados em média pelo menos em duas associações. A inicitiva de legislar neste sentido carrega em si mesma o ónus de lançar a suspeita sobre a honorabilidade dos cidadãos que livremente decidem associar-se para prosseguir fins, consagrados em estatutos próprios, que só a eles dizem respeito. Qualquer cidadão que mantém um vinculo com uma associação não terá rebuço em assumir essa filiação mas deve ser livre de o fazer em fidelidade com a própria liberdade de associação. Ao que venho é para dizer que a obrigatoridade de declarar filiação associativa para exercer cargos politicos, ou de direção na administração, estabeleceria uma norma constrangedora da liberdade de associação, tendencialmente anti associativa. Terão os autores da ideia a noção de que a democracia liberal fundada em partidos é herdeira do associativismo livre nascido na sua forma moderna na revolução industrial? Que os partidos são associações de cidadãos livres que se autoflagelam ao impôr aos seus filiados declarações de pertença que se dispensam a si próprios para o exercício das direções partidárias.

quinta-feira, março 11

Marcelo - II mandato

Passou um dia sobre a tomada de posse de Marcelo, já parece imenso tempo de tal forma que ia começar a escrever uma frase como se estivesse atrasado no comentário ao reinício de funções do PR. Não é uma rotina, muito menos obrigação,não sou comentador político, simplesmente cidadadão, com acesso à palavra, como na verdade sempre aconteceu, sob diversas formas, desde a adolescência. Marcelo além do mais é um personagem fascinante, diria uma personalidade de rasgos surpreendentes, de sensibilidade autoalimentada pela necessidade de estar presente, de exuberância racional excessiva, uma surpresa para muitos de nós que somos herdeiros do binário tendencialmente simplista da contraposição direit/esquerda. Em 2016 não votei Marcelo, mas depressa percebi (e escrevi)que havia sido eleito um presidente diferente (nem falo em Cavaco), mais atento às necessidades do nosso tempo, quando o povo tende a descrer da democracia, exigindo alento para além de promessas de melhores tempos e carece da segurança improvável trazida por uma palavra afetuosa ou um inesperado abraço. Coisas do imaterial. Desta vez levou o meu voto e logo na noite eleitoral percebi que o mereceu e mais ainda com o discurso de posse. Ele há coisas na politica como na vida que trancendem o que julgavamos como adquiridos imutáveis mudando o sentido dos nossos gest sem mudar a essência das nossas convições.

terça-feira, março 2

No alivio dos efeitos da pandemia

Ao mesmo tempo que os efeitos da pandemias dão sinais claros de abrandamento volta a abrir-se um pouco mais o debate politico. Por estes dias a vacinação comanda a politica. Se na entrada para o verão o desconfinamento inevitável for seguro e robusto a economia recupera em v, o segundo semestre será de forte retoma e a direita politica ficará dividida e apeada até ao final da legislatura. Depois se verá...

sexta-feira, fevereiro 26

Pandemia, ao fim de um ano

A pandemia pode ser glosada de diversas maneiras mas poucos a encaram no espaço público, de forma sistémica , como um fenómeno catastrófico. Uma catástrofe, tal como os grandes terramotos, inundações, conflitos bélicos, etc. Há imensa literatura acerca do tema mas são raras as abordagens que vão além da superficialidade dos seus efeitos no quotidiano da vida em sociedade. Existe ligação direta entre a pandemia e o desafio climático, o modo de vida consumista, a erosão dos valores humanistas? A natureza da qual o homem é pertença, "vinga-se" dos tratos de polé a que o homem a tem sujeitado ao longo de séculos? Trata-se afinal de um desastre natural. Quem são os ganhadores à saída da fase crítica? E os grandes perdedores? Um mundo de surpresas por revelar. Tal como nos grandes conflitos bélicos a morte banalizou-se. É esse aspeto que mais me atormenta neste tempo. Que ao menos um dia mais tarde alguém se dedique a estudar o fenómeno e a tirar lições das suas consequências.

sábado, fevereiro 13

General Humberto Delgado

Passam hoje 56 anos sobre o assassinato do General Humberto Delgado. Honra à sua memória. Nunca esquecer este crime hediondo da ditadura de Salazar.

terça-feira, fevereiro 2

Notas Politicas (35)

Duas semanas após as presidenciais. Fora o jogo politico, em torno das disputas dos incertos amanhãs, parece ainda haver quem não tenha reparado que a maioria do eleitorado socialista votaria sempre em Marcelo. À liderança do PS restavam duas opções: levar o PS à derrota apoiando um candidato saído das suas fileiras ou associado pela perceção pública aos socialistas ou apoiar Marcelo dando liberdade de voto. Na politica como na vida, face à dura realidade, ganhar pode ser, simplesmente, não perder.

segunda-feira, janeiro 25

Notas Politicas (34)

Finito. Marcelo ganhou as presidenciais. Na verdade o jogo estava feito. Nada de novo a ocidente, salvo que o populismo mostrou os dentes. A classe média precisa de respostas que lhe restitua a esperança na democracia representativa. Reformas, reformas, reformas.

sexta-feira, janeiro 22

Notas Politicas (33)

A campanha eleitoral está a chegar ao fim (estranha campanha!). Amanhã é dia de reflexão (coisa antiga!). Pela minha parte não preciso de mais reflexão do que aquela que tenho feito enquanto vivo e trabalho(estranha esta afirmação para um cidadão com 73 anos de idade). Na verdade, formalmente, existem vários candidatos todos com a mesma dignidade perante a lei e a grei. Já do boletim de voto não se pode gabar quem organiza o ato pois ostenta ao cimo um candidato que não é candidato. (estranha forma de cooperação entre as diversas entidades às quais compete organizar o ato). Adiante. Dos sobrevivos à campanha são 7 que se sujeitam ao escrutínio dos cidadãos eleitores. Admiro-lhes a coragem e a ousadia de caminhar pelo caminho das pedras a mor parte do tempo na escuridão cerzida pela pandemia que fere e mata mais do que alguma vez sonhamos. Vou votar, como sempre aconteceu em todas as eleições democráticas pós 25 de abril, com a mesma necessidade vital de participação civica. Muda o ar do tempo mas não muda meu sentir no dia do voto. Feliz por ser possivel escolher livremente ao contrário de meu pai, por exemplo, que só votou pela 1ª vez em eleições livres com mais de 64 anos de idade. Quando voto lembro-me sempre de meus pais e da sua felicidade - vestidos a rigor - no dia das primeiras eleições livres - 25 de abril de 1975. O meu voto vai para Marcelo Rebelo de Sousa, o único candidadto com estatura de estadista, mau grado o seu estilo que paradoxalmente, ou talvez não, aproximando-se do povo causa mau estar em boa parte das elites. Paciência. Voto na experiência e na estabilidade, deixando para trás das costas aventuras fúteis que o tempo não está para experimentalismos. Tudo na vida tem seus riscos e o voto não foge à regra. Eu arrisco o meu voto num candidato que não pertence à minha área politico/ideológica em favor do equilibrio dos poderes, da força da inteligência e na capacidade de representar a República, na frente interna e externa,com responsabilidade de Estado. Está dito.

terça-feira, janeiro 19

Notas Políticas (32)

Hoje é dia 20 de janeiro que assinala o final de um quadriénio presidencial americano e o inicio de mandato de um novo inquilino da "Casa Branca". Ao contrário dos últimos 8 anos, correspondentes a dois mandatos presidenciais nos USA, com inicio em 20 de janeiro de 2009, pouco tenho para dizer, quase nada me apetece dizer. Deixai falar o silêncio. Lembro-me de leituras antigas a cujos ensinamentos, com mais ou menos vigor, e lucidez, me mantive fiel ao longo do tempo. Nada, nem ninguém, me fará desesperançar no futuro do homem e na sua capacidade de resistir às ameaças à liberdade, à democracia, à paz e concórdia entre os povos e as nações. Com respeito aos valores fundamentais em que assentam as nossas sociedades democráticas, com seus vícios e virtudes, nada está definitivamente assegurado, mas também nada está definitivamente perdido. Existe pelo meio o tempo e o espaço nos quais se movem os mais mesquinhos interesses, e seus coros de guerra, mas também as forças do espirito da liberdade, da cultura e da paz que, no caso da Europa do pós guerra, durante mais de 70 anos foram capazes de resistir às tentações totalitárias. Estou convicto que continuaremos, atentos e vigilantes, a mantermo-nos fiéis, no próximo futuro, a essas extraordinárias conquistas alcançadas com o sacrifício de milhões de vidas de cidadãos do mundo. (20 de jeneiro de 2017)

segunda-feira, janeiro 18

Notas Políticas (31)

O calendário colocou o 20 de janeiro como dia da posse do novo presidente americano e logo de seguida 24 de janeiro como dia da eleição do presidente português. Dois países atlânticos e aliados estratégicos. Um pequeno país periférico na Europa outro um grande país continente. O que têm em comum é paradoxal: duas potências marítimas. Uma muito antiga que vive com a sua história do dominio dos mares, outra muito moderna que vive com o poder de suas riquezas. Um povo que se desvaloriza quase sempre s si próprio,outro que, pelo contrário, se hipervaloriza. Nos próximos anos por entre tormentas que se desenham no presente e ameaçam um futuro de paz e concórdia entre as nações tudo se conjuga para uma aproximação entre Portugal e USA. Assim a diplomacia portuguesa seja capaz de dar esse salto reorientando as suas prioridades externas embora no contexto da UE. Qual o presidente que melhor serve esta estratégia do lado de Portugal: Marcelo Rebelo de Sousa.

domingo, janeiro 17

Notas Políticas (30)

Por esta hora daqui a uma semana já saberemos o resultado das presidenciais que mais não seja as projecções de sondagens à boca das urnas. Espero que tudo fique resolvido à primeira volta para acabar com o tempo de antena dos candidatos. É necessário manter a politica e a ideologia na primeira linha de prioridades da nossa vida coletiva. Mas que tal dar prioridade absoluta, de emergência, à pandemia? E aos efeitos dela?

Notas Políticas (29)

Hoje, uma semana antes do dia oficial do voto, já se vota por antecipação. É possível que sejam feitas sondagens sérias. A pandemia não interrompeu a democracia. Não há incidentes. Nada mau. A ver vamos.

quarta-feira, janeiro 13

Notas Políticas (28)

Hoje acabaram os debates presidenciais em todas as modalidades - pelos menos nos principais canais de TV. Amanhã será anunciado um confinamento mais duro no âmbito do estado de emergência. O que resta da campanha eleitoral que levará ao voto, e correspondente eleição do Presidente, decorrerá em condições unicas e nunca vistas. A abstenção será elevadíssima. Não sei se alguém tomará a sério a necessiddae de reformar - mesmo sem revisão constitucional - o sistema eleitoral a começar pela reforma da CNE para que não seja o próprio regime democrático, através das suas instituições, a enfraquecer o regime democrático. os cidadãos têm que ver facilitado o processo de aceder ao voto. Alguém que tome a peito a tarefa de encetar esta reforma de imediato. Não vale a pena nem se justifica ficar de braços cruzados ou argumentar com a necessidade de uma revisão constitucional.

domingo, janeiro 10

Notas Políticas (27)

Acabaram os debates a 2 nas TV s está bem entendido. Todos os pormenores são importantes nesses debates. Hoje ouvi uma conversa de café na qual uma senhora se referia à cor do baton de Marisa no 1º debate em tom crítico. Mas logo corrijido, segundo ela, no 2º. No fundo existe unanimidade: ganharam todos. Mas os debates foram importantes, As razões das vitórias são multifacetadas e nem vale a pena tentar inumerá-las. Segue-se a campanha à chuva da pandemia. Melhor estarão aqueles que somente apareçam para o "boneco" para não darem maus exemplos em pleno confinamento. No final de tudo, dia 23 pela noitinha, refletiremos e no dia seguinte lá iremos como sempre desde que as eleições são livres à assembleia de voto cumprir o dever cívico. Não é nada pouco cumprir esse dever mesmo sem saber ainda ao certo em quem votar.

quinta-feira, janeiro 7

Notas Políticas (26)

Debates. Curtos no tempo e ainda bem. O tempo em televisão torna cada segundo uma eternidade. Nem é preciso muito tempo para conhecer melhor (ou de todo) cada candidadata ou candidato. Admirei o candidadto Tino e suas metáforas demolidoras em defesa da democracia e da igualdade. Foi o único momento em todos os debates a que assisti em que se foi além do banal discurso politico defensivo. Marcelo não precisa de fazer grandes esforços pois toda a gente já conhece o seu estilo mas talvez não conheça tão bem o seu posicionamento ideológico e político. É um social democrata que professa a doutrina social da igreja católica. Não há muito mais a saber além de verificações óbvias como a da sua idade - 72 anos - e de algumas ideosincrasia que tornam a sua figura singular. Os restantes ainda dispõem de muitos anos para voltarem a concorrer.

segunda-feira, janeiro 4

Notas Políticas (25)

Debates do dia. Um deles entre duas amigas com largas estadias no parlamento europeu - um dos mais ambicionados lugares de eleição. Prova que pode haver divergência na convergência. O outro entre o candidato que a esquerda toma como de direita (e eu prefiro considerá-lo social democrata) e o candidato comunista. Prova que pode haver convergência na divergência.

domingo, janeiro 3

Notas Políticas (24)

Após os dois primeiros debates nos quais participou Marcelo Rebelo de Sousa é possível, mesmo para os mais céticos, confirmar as suas posições como as de um social democrata. A sua posição política e postura ideológica são próprias de um social democrata. Ver-se-á como correm os próximos mas se mantiver a coerência com as postura destes dois primeiros apresenta-se como um reduto de defesa da democracia. Pois o nosso tempo, e o que se avizinha, não é para aventuras. Será duro, eivado de imensos perigos, mesmo para as mais modestas conquistas adquiridas no pós 25 de abril, incluindo a prória democracia.

sábado, janeiro 2

Notas políitcas (23)

Começam hoje os debates frente a frente. Tarefa difícil é a de reverter a expetativa de uma enorme abstenção. Haverá um vencedor, um eleito, mas a abstenção pode ganhar a todos.

quarta-feira, dezembro 30

Notas Políticas (22)

Os candidatos à eleição presidencial serão em número de 7 (número cabalístico)conforme decisão do Tribunal Constitucional. São poucos em número absoluto e ainda menos os que, sem demérito para as suas qualidades pessoais e legitima aspiração a sujeitar-se ao escrutínio, contam para a elevação do debate politico. Mas as coisas são como são. O que mais importa é o debate e a afirmação da democracia cujo maior inimigo é a abstenção. Eu pela minha parte, voto sempre como desde as primeiras eleições democráticas pós 25 abril. E assim será de novo. Um dos 7 candidatos vai ser eleito Presidente da República mesmo que me não sinta entusiasmado por qualquer deles.

segunda-feira, dezembro 28

Notas políticas (21)

Surgem por aí muitos cidadãos de boa fé, bem formados e informados, que insistem em classificar Marcelo Rebelo de Sousa como de direita ou mesmo de direita e extrema direita. Na verdade a sua candidatura presidencial é apoiada formalmente pelo PSD e CDS/PP, mas Marcelo Rebelo de Sousa é um social democrata. Nada indicia que tenha abandonado o seu conhecido posicionemante ideológico e político social democrata. Sejam quais tenham sido ou venham a ser as derivas politico/ideológicas do PSD a candidadtura presidencial é pessoal podendo ou não ser apoiada por partidos. Até ver é assim qua manda a CRP pelo que os candidatos valem pelo seu próprio pensamento e ideologia. Individual e indelegável. E um social democrata, por tradição histórica e obediência ideológica não é, salvo desvios radicais que não antevejo em Portugal, não é de direita e muito menos de extrema direita.

quarta-feira, dezembro 23

Notas Políticas (20)

Começaram as entrevistas aos potenciais candidadatos presidenciais (pois candidato formal ainda não há nenhum). É o que se chama na gíria a précampanha mas dentro de um mês será a véspera do dia de reflexão. O tempo é curto. As (os) candidatas (os), na verdade, têm pouco para dizer que entusiasme e cidadão eleitor que se relacione com a função presidencial. Daqui que muito cidadão habitual eleitor possa vir a deixar de o ser, ou seja, que se abtstenha. No caso concreto deste eleição o candidata/presidente Marcelo parece ter tudo a ganhar enquanto outras/os parecem ter tudo a perder. Mas pode acontecer que se não possa adotar uma linha de pensamento tão linear. Desde logo porque podem acontecer imprevistos neste tempo de tantas incertezas. E mais ainda do que os acontecimentos inesperados o candidato/presidente Marcelo não pode querer conquistar o céu e a terra. Não parece que a sua afirmação de que afasta o cenário de crise política em 2021 seja suficiente para convencer uma boa parte do eleitorado socialista. Pois não haverá em qualquer caso crise politica por razões que decorrem da Constituição, da crise pandémica e seus efeitos e do calendário eleitoral. Marcelo candidato não pode atropelar Marcelo presidente e muito menos atacar, mesmo que de forma habilidosa, o governo em funções. Parte do eleitorado socialista, e democrático, pode legitimamente desconfiar de Marcelo futuro presidente quando for necessário tomar decisões que impliquem validar futuras soluções de governo. O resultado final pode vir a ser uma desilusão para o próprio Marcelo pois ganhar à primeira volta com 52% dos votos- tal como em 2016 - será uma desilusão e enfraquerá o seu magistério futuro. Os sucessivos atos eleitoriais em Portugal provaram que o povo é tudo menos burro. Daqui a 15 dias a situação será mais clara, mas não gosto de demagogia populista venha de onde vier. O meu voto irá para o que considere o menos populista das/os candidatas/os pois o voto é secreto e individual.

sábado, dezembro 19

17 anos

Deixar uma marca Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles, nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez, atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam, observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem, louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida, guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular, incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista, ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres, admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.

quarta-feira, dezembro 16

Notas Políticas (19)

Foi divulgada hoje nova sondagem a respeito das presidenciais. Curioso o calendário: Biden toma posse como Presdiente dos USA, dia 20 janeiro, presidenciais em Portugal, dia 24 janeiro, em plena presidência portuguesa da UE. Nos USA Biden venceu à justa por assim dizer apesar de ser larga a margem em grandes eleitores: a vantagem para o mundo foi a de ter compreendido melhor o modelo aleitoral americano. A mais recente recente sondagem por cá anuncia uma vitória folgada para Marcelo. Nada que não se esperasse apesar dos números finais,como é tradição,apertarem a margem da vitória expetável de Marcelo. Podemos fingir, ou desejar. outros cenários mas esta é a realidade incontornável.

segunda-feira, dezembro 7

Notas Políticas (18)

Recandidatura anunciada. Aconteceu o que era expectável que acontecesse. Para começar foi uma breve e muito clara declaração. Cada um(a) aos seus lugares. Com debates a dois, ao longo destes dois meses de inverno eleitoral vamos falando.

Notas políticas (17)

Ao que anunciou o próprio à comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa comunica hoje a sua decisão acerca das Presidenciais, ou seja, a sua mais que certa recandidatura. Faltam 48 dias para a ida às urnas. A pré campanha eleitoral decorrerá a partir de amanhã e a campanha em janeiro, após as festividades, adivinho em pleno pico pandémico quase sem rua, nem afetos. Um plebiscito em que ganha expressão o peso da abstenção e dos eleitores que não aprovam o desempenho de Marcelo no mandato ora no fim. Frias como o frio que fará em pleno inverno.

sexta-feira, dezembro 4

Notas Políticas (16)

Finalmente surgem sinais claros de que o naipe de candidatos às presidenciais de 24 de janeiro vai ficar fechado. Marcelo após declarado o Estado de Emergência que cobre o periodo das Festas vai anunciar a sua candidatura. Ao que parece será em Cascais,aliás,concelho onde reside o que me parece natural. Julgo ser a primeira vez na história no pós 25 de abril que um candidato declara tão tarde a sua candidatura - algo que todos já sabiam - e a pandemia justifica. Esta vai ser, pois, uma eleição com candidatos, campanha, vencedores e vencidos mas com poucos eleitores. Quando tudo está decidido à partida é assim e sempre assim seria mesmo sem panedemis quanto mais com ela. Estamos à distância de 50 dias do plebicisto presidencial Talvez seja a única vez que tal acontecerá pressupondo, como desejo, que a democracia resista e tenah longa vida.