terça-feira, agosto 9

CIPRESTES

Primeiro fragmento do “Caderno n º 3”, a pensar no Dias com Árvores

“Enquanto que habitualmente os ciprestes são manchas escuras nos céus da Provença e de Itália, aqui no cemitério de El Kettar, aquele cipreste escorria claridade, abundava de dourados do sol. Dir-se-ia que, vindo do seu coração negro, um suco dourado borbulhava até às extremidades dos seus ramos curtos e deslizava em longos rastos fulvos sobre o verde da folhagem.”

Albert Camus

“Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

2 comentários:

ManuelaDLRamos disse...

;-)
As "maçãs dos aciprestes"-como lhes chama em alguns sítios- são douradinhas douradinhas ao sol quando estão grandes, mas esta luz dourada fulva a escorrer pela árvore parece ser outra, ou não?
O autor está a ver o cipreste de perto. Como será o verbo original que traduziram para "borbulhar"?
Hoje vou ver se passo perto de um cipreste.

Eduardo Graça disse...

Obrigado. Esta dúvida suscita-me a necessidade de comprar - caso esteja disponível - a edição francesa dos cadernos que nunca adquiri. Muitas outras dúvidas de tradução me têm sugido ao longo dos anos.