sexta-feira, dezembro 5

ESTE NÃO É O TEMPO DOS TÍBIOS

Juro que estou longe de ser taradinho por sondagens. Mas com o tempo tenho-me rendido a elas ou, ao menos, a dar-lhes algum crédito. Ainda mais quanto permitem vislumbrar tendências de evolução coerente ao longo do tempo. Ora para ir directo ao assunto o que me parece é que todas as últimas sondagens mostram que o PS capitaliza com a crise e com a contestação às suas medidas anti-crise. A crise joga a favor de Sócrates permitindo-lhe apresentar-se como um político de “pulso” num país que, por tradição, gosta de políticos “de pulso”. A oposição do PSD é frágil pelo menos por duas razões: Manuela Ferreira Leite não tem perfil para criar uma expectativa de vitória eleitoral e, ao contrário de todas as aparências, é prejudicada pelo facto de a Presidência da República estar ocupada por Cavaco. A dupla social-democrata não multiplica as simpatias pelo PSD, antes as subtrai, e o PS de Sócrates ocupa, de forma cada vez mais consistente, o espaço político eleitoral do PSD. É uma estratégia inteligente concordemos ou não com ela. O reverso da medalha é o crescimento da “esquerda da esquerda” mas na hora da verdade, salvo qualquer hecatombe, se a tradição eleitoral portuguesa se mantiver, a maioria dos portugueses votará em quem lhes dê mais garantias de estabilidade política e de capacidade de resposta à crise. O que poderá evitar a vitória eleitoral do PS nas próximas eleições legislativas? : o afundamento da economia, muito para além das previsões actuais; um agravamento radical das relações institucionais entre Cavaco e Sócrates; o afundamento da UE com a queda de Durão Barroso ou um qualquer escândalo imprevisível. Mas falta muito pouco tempo para que todos os factores negativos, com incidência directa na credibilidade de Sócrates, se possam conjugar de forma letal para o PS. As oposições, ao contrário do que parece, estão na defensiva porque têm medo do poder. O poder, a nível de governo, queima os tíbios* e estes jamais confessarão, em público, a sua tibieza.

*Que é fraco, ténue, débil = FROUXO (Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa)
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3 comentários:

MFerrer disse...

ÚLTIMA HORA:
COMUNICADO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
21:00h, 5 de Dezembro de 2008

1 – Chegou hoje ao fim o processo de negociação das medidas tomadas pelo Governo no dia 20 de Novembro para facilitar a avaliação do desempenho dos professores.
2 – Os sindicatos, neste processo, não apresentaram qualquer alternativa ou pedido de negociação suplementar, pelo que o ME dá por concluídas as negociações, prosseguindo a aprovação dos respectivos instrumentos legais.
3 – O ME, mantendo a abertura de sempre, respondeu positivamente à vontade dos sindicatos, expressa publicamente, de realização de uma reunião sem pré-condições, isto é, sem exigência de suspensão da avaliação até aqui colocada pelos sindicatos. Foi por isso agendada uma reunião para o dia 15 de Dezembro, com agenda aberta.
4 – Os sindicatos foram informados que o ME não suspenderá a avaliação de desempenho que prossegue em todas as escolas nos termos em que tem vindo a ser desenvolvida.

Mário Nogueira, dadas as suas declarações nos telejornais d ehoje à noite, é um mentiroso compulsivo e não pode ser um parceiro fiável para nada!
MFerrer

Anónimo disse...

Os portugueses sempre gostaram de uma figura autoritária no poder. Ontem foram Salazar e Cavaco. Hoje é Sócrates. Tem pouco a ver com consciência política e muito a ver com Freud. O José Gil chama-lhe a "falta de inscripçâo" na história. Há quem lhe chame falta de consciência cívica ou falta de cidadania. Sempre foram 350 anos de Inquisiçâo e 50 de fascismo... Nâo perceber isto, é repetir os msmos esquemas mentais e maniqueístas de sempre: tu és do Sporting (PSD) e eu sou do Benfica (PS), ou vice-versa...
Fraca análise.

mdsol disse...

Os tíbios... claro. Acho que entendi. Mas não resisto ao trocadilho fácil: os perónios (e as perónias)também. Ou seja, os mais finos que ficam do lado de fora da tíbia, mas nem por isso deixam de ser ossos!
:))