terça-feira, fevereiro 17

A MINHA TURMA DO 1º ANO DO LICEU DE FARO


Clique na fotografia e legenda para ampliar

Tenho na minha frente a fotografia da turma que frequentei nesse 1º ano em cujo verso a minha mãe escreveu: "Recordação do 1º ano – Faro – 10-4-1959".

Naquela fotografia dos professores que ilustra uma crónica de Lina Vedes pareceu-me, a um primeiro olhar, reconhecer onze (11) professoras e professores que me calharam em sorte. O tempo é traiçoeiro e a legenda, colocada posteriormente, permitiu-me identificar mais professores do que aqueles 11 que, no primeiro relance, tinha reconhecido.

O envio da fotografia da minha turma do 1º ano, adornada com uma surpreendente legenda, que mão cuidada se deu ao trabalho de fixar, permitiu-me mergulhar na memória de um convívio distante e reconhecer muitos rostos que nunca mais vi.

Na verdade entrei para o 1º ano do Liceu de Faro no ano lectivo de 1958/59. Um ano recheado de muitos, e significativos, acontecimentos políticos dos quais destaco, por curiosidade, as eleições presidenciais, às quais se candidatou Humberto Delgado (1958), e a chamada “Revolta da Sé” (1959).

Hoje sou capaz de associar o meu quotidiano juvenil, as ambiências familiares e escolares, com os acontecimentos de um tempo político, do qual guardo viva recordação, e que marcam, com nitidez, os antecedentes de um percurso pessoal que só a memória pode revelar de forma tão coerente e fiel.

Vejo os meus professores de liceu, entre os finais da década de 50 e inícios de 60, como uma mistura de conservadorismo pardo e de progressismo ilustrado encontrando-se gente de ambos os campos entre os "novos" e os "velhos" professores. A certa altura, no início dos anos 60, no Liceu de Faro, esquecendo os pardos, juntaram-se, por exemplo, no campo do progressismo ilustrado, os “velhos” Neves Júnior e Joaquim Magalhães, com os “novos” Gastão Cruz e Luísa Neto Jorge.

Já entre os alunos, além das marcas próprias da juventude de todas as épocas, é mais difícil vislumbrar, ou adivinhar, o resultado, nas suas vidas, da mistura das influências de mestres e funcionários, ilustrados ou pardos. O que é certo é que os jovens estudantes retratados ostentam uma pose compenetrada e, não lhes sendo permitido o convívio com as meninas, era-lhes imposta a “autoridade professoral” através de duas mulheres/professoras.

A fotografia foi tirada no Ginásio, onde todas eram tiradas, e no meio do grupo lá estão a Prof. ª Isabel Madruga e a Prof. ª Maria José Santos, a primeira das quais, por boas razões, nunca esquecerei. No Natal de 2007 ofereci uma cópia desta fotografia ao meu amigo Bexiga (António) e era bem capaz de mandar fazer tantas cópias quantos os personagens retratados, fazendo renascer em cada um de nós a memória de um tempo feliz.
.

2 comentários:

Lmatta disse...

boas memórias
beijos

Anónimo disse...

Caro Ed. Graça, nem imagina as recordações que me proporcionou ao referir a sua entrada para o Liceu.É sempre com mto. prazer q. leio o seu blog diàriamente, e A Defesa de Faro. Acontece que eu entrei para o liceu de Faro ainda na Alameda precisamente 20 anos antes, mas ainda recordo alguns professores mencionados e retratados. Obrigada e um abraço da VOZITA.