sábado, abril 24

24 ABRIL




































À PORTA DE ARMAS

Na véspera do 36º aniversário do 25 de Abril tentei lembrar-me dos passos que terei dado nesse dia distante. Era uma 4ª feira. Basta consultar o calendário. Estava no tropa e devo ter frequentado, nesse dia, o quartel do Campo Grande. O chamado, na gíria, 2º Grupo (de Companhias de Administração Militar). Ontem, ao jantar, o Leite Pereira contou-me que, estando lá colocado, viu a minha ficha de suspeito quando ela lá chegou antecedendo o meu ingresso. Uma notícia nova acerca de uma rotina da época. Fervilhavam os boatos. Sabia que um golpe estava preparado para o dia seguinte. A fonte era credível. Acreditei. Fiz por acreditar. Temi um banho de sangue. Pensei nos meus pais. No meu irmão. Na minha namorada. Mas julgo que mantive a descrição. Como já contei, outras vezes, avisei os amigos civis mais íntimos. Organizei-me com os amigos militares que se haviam tornado conjurados. Não imaginava o que viria a passar-se após a arrancada da operação, um golpe militar, tornado revolução pela adesão popular. Um daqueles raros momentos de fusão que mudam o curso da história. Curto e fulminante. Hoje impressionam-me as notícias acerca das iniciativas e intervenções do Presidente da República pela celebração deste aniversário. Bem-haja. E ainda me impressiona mais não saber se terei em quem votar nas próximas eleições presidenciais.

3 comentários:

Galeota disse...

...pergunte,mas "com um brilhozinho
nos olhos..."

Betty disse...

O dia 25 de Abril foi mesmo a uma quinta feira, recordo como se fosse hoje. Trabalhava e trabalho ainda num local onde haviam os saudosistas não largavam "o transistor" para estarem informados se todas as forças militares e militarizadas já se tinham entregue pois em sua opinião a força aérea ainda não se tinha rendido e eles ainda tinham, esperança que a Revolução não fosse prá frente. Saudosistas e "bufos"... Mas hoje ainda existem alguns...

Anónimo disse...

'E ainda me impressiona mais não saber se terei em quem votar nas próximas eleições presidenciais.' (sic).
Meu caro, não perca a esperança. Há sempre alguém pronto a sacrificar-se pelos 'ideais de Abril'.
Assim de repente, lembro-me do Armando Vara, por exemplo.
Se ele, se sacrificar mais uma vez, já terá candidato.
A esperança é a última coisa a morrer.