domingo, abril 24

SARA TAVARES

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Galeota disse...

As Balas

Dá o Outono, as uvas e o vinho,/Dos olivais, azeite nos é dado./Dá a cama a mesa e o verde pinho,/As balas deram sangue derramado./

Dá a chuva o Inverno criador,/
Às sementes dá sulcos o arado,/
No lar a lenha em chama dá calor,/
As balas deram sangue derramado./


Dá a Primavera o campo colorido,/
Glória,coroa do mundo renovado./
Aos corações dá o amor renascido,/
As balas deram o sangue derramado./

Dá o Sol as searas pelo Verão,/
O fermento no trigo amassado./
No esbraziado forno cresce o pão,/
As balas deram sangue derramado./


Dá cada dia ao Homem novo alento,/De conquistar o bem que lhe é negado./Dá a conquista um puro sentimento,/As balas deram sangue derramado./

De meditar, concluir, ir e fazer,/Dá sobre o mundo o Homem atirado./À paz de um mundo novo onde viver,/As balas deram sangue derramado./

Dá a certeza o querer e o construir,/O que tanto nos negou o ódio armado./Que a vida construida é destruir,/As balas deram sangue derramado./

Essas balas deram sangue derramado,/Só roubo e fome e sangue derramado./Só ruína e peste e sangue derramado,/Só o crime e morte e o sangue derramado./


Adriano Correia de Oliveira