quarta-feira, setembro 4

POLÍTICA - 16

Hoje, no dia do aniversário de meu pai, uma daquelas poucas datas que nunca esqueço, porque ele me lembra sempre valores sem preço aos quais tudo tenho feito para me manter fiel, rufam os tambores da guerra. Antes que ela rebente quero dizer, em primeiro lugar, perante mim próprio, que me não resigno em aceitá-la. Podem as chancelarias todas em uníssono clamar pela sua justeza, podem todos os meios de comunicação colocar em frente dos olhos do mundo imagens horríveis das maiores atrocidades, podem os líderes que, como Obama, sempre apoiei, proclamar as suas certezas da crueldade dos outros, tudo pode ser dito, e redito, mas não aceito a guerra. Não se trata de ser contra toda e qualquer guerra, pois não sou pacifista, mas esta guerra depois das lições de outras guerras lançadas com os mesmos argumentos que vieram a revelar-se falsos, argumento que não pode nem deve ser banalizado, só pode gerar mais e mais guerra. A Síria tornou-se uma tragédia de guerra civil, a mais terrível das guerras, tiranos contra aspirantes a tiranos, disputa estratégica de potências – a guerra fria acabou, dizem eles – defesa de bases militares, de venda de armas, de abertura ou manutenção, de rotas para a passagem da energia de que o ocidente carece. Sigo à risca a declaração do Secretário-geral da ONU, hoje proferida, e que cito de cor: o lançamento de um ataque militar pelos USA à Síria só poderá ser legal se for em legítima defesa ou com mandato do conselho de segurança da ONU. Será pois um ação de guerra ilegal à luz do direito internacional. Todas as consequências que dela resultarem, e serão porventura muito graves para a paz mundial, são da responsabilidade de quem decidir premir o gatilho. Se for Obama com pena minha deixará de pertencer à minha galeria pessoal dos raros políticos no ativo cujas palavras mantêm a capacidade de comover e mobilizar a alma dos democratas e dos defensores da liberdade e da paz.    

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