quinta-feira, setembro 18

O TEXTO POLÍTICO

Faz muito tempo, talvez em 1980, criei um livro artesanal contendo um conjunto de citações de um livro cuja leitura muito me impressionou. Mais tarde, pouco tempo após ter criado este blogue, que tem a vetusta idade de quase 11 anos, publiquei-o aqui. É um dos posts mais procurados desde sempre vá lá saber-se a razão. Continua a ser do meu agrado e aqui vai tal qual consta do tal livrinho artesanal com uma nota de minha autoria que, aparentemente, nada tem a ver a ver com o teor da citação.  


"O texto político

O político é, subjectivamente, uma fonte permanente de aborrecimento e/ou de prazer; é, além disso e de facto (isto é, a despeito das arrogâncias do sujeito político), um espaço obtinadamente polissémico, a sede privilegiada duma interpretação perpétua (uma interpretação, se for suficientemente sistemática nunca será desmentida, até ao infinito). Poderíamos concluir a partir destas duas constatações que o Político é textual puro: uma forma exorbitante, exasperada, do Texto, uma forma inaudita que, pelos seus extravasamentos e pelas suas máscaras, talvez ultrapasse a nossa compreensão actual do Texto. E, tendo Sade produzido o mais puro dos textos, julgo compreender que o Político me agrada como texto sadiano e me desagrada como texto sádico."

Escrevi nesta pagina: "visitam-se lugares e acontecimentos mas, de facto, visitamo-nos a nós próprios apertando os contactos entre os "viajantes". Quando assim não sucede a viagem reduz-se à excursão."

Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 33
(pag. 13, 4 de 4)

Edição portuguesa - Edições 70

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