terça-feira, fevereiro 25

Pelo 15º aniversário da morte do meu irmão Dimas

Pelo 15º aniversário da morte do meu irmão Dimas, que vive no meu coreção. Uma resenha breve da história familiar:


"As voltas da vida levaram a que meus pais viessem a adoptar, antes do tempo, o modelo quase perfeito da família nuclear. Um casal e dois filhos. Mas é interessante que já os pais de meus pais haviam gerado famílias pequenas: os meus avós paternos com três filhos e os maternos com dois. O modelo da família alargada havia ficado pelas gerações anteriores.

O meu irmão Dimas nasceu onze anos antes de mim. Ele é contemporâneo dos inícios da guerra civil de Espanha e eu sou um “baby boomer” típico. Não sou capaz de imaginar a intensidade do impacto do meu nascimento tardio no equilíbrio familiar.

Mas é um facto que o meu irmão não concluiu o liceu tendo os meus pais que buscar uma via alternativa para a sua formação. Por ruas e travessas chegaram a um caminho que deu certo. O meu irmão, ainda antes de 1955, partiu para o Porto para aprender, ao mesmo tempo, dois ofícios: óptico e gravador.

Lembro o dia da sua partida. Naquela época a distância entre o extremo sul de Portugal e o Norte, entre Faro e o Porto, era incomensuravelmente maior do que é hoje. O meu irmão Dimas, com menos de vinte anos, instalou-se no Porto, tendo encetado a sua aprendizagem na “Óptica Retina”.

Aprendeu bem todos os segredos dos ofícios a que se propôs dedicar-se o que lhe permitiu durante quase cinquenta anos fazer um percurso ascendente, à maneira de um “self-made-man”, que lhe havia de granjear prestígio profissional e social além de prosperidade económica.

Como escrevi, por alturas da sua morte, prematura e injusta, é um caso de alguém que subiu a pulso na vida, com o esforço do seu trabalho, o apoio inicial dos pais, e uma forte exigência na qualidade do seu próprio desempenho pessoal e profissional.

Os meus pais, forçados pelas circunstâncias da vida, com alegrias e amarguras, fizeram, em relação ao futuro dos filhos, o melhor que puderam. E, no essencial, acertaram. Ao mais velho uma profissão, ao mais novo um curso superior. Depois cada um que assumisse, com liberdade, o seu próprio futuro."

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