Fernando Pinto Ribeiro
A indigitação do novo Procurador-geral da República tem sido notícia. Essa decisão é sucedânea ou, pelo menos, surge imediatamente após o anúncio do chamado “Acordo para a Justiça”. Digam o que disserem está na cara que já lá estava implícito.
Basta reparar como o governo está calado, o PR afirma que foi uma escolha consensual e o PSD saltita de contentamento. Alguém escreveu que se trata do
“PGR do nosso contentamento”. Sem ironia também acho!
Apesar desta proposta, tal como a anterior, ser da iniciativa de um governo socialista o director do DN escreve, hoje, a propósito dos últimos episódios, que a prática do anterior “PGR do nosso contentamento” foi
degradante. A diferença está em que o anterior PR era socialista e agora não é. Em democracia a confrontação das diferenças traz quase sempre vantagens quando se tratam de escolhas partilhadas como é o caso.
O novo PGR é juiz de carreira, tem opiniões críticas, publicadas recentemente, acerca do estado da justiça em Portugal e não integra os quadros do ministério público. Ter opiniões críticas, face ao governo e aos seus pares, e ser escolhido pelo governo é um bom sinal. Esse sinal é reforçado quando são evidentes os sinais de amargura, e mesmo de crítica, na “unanimidade” dos aplausos. Notam-se sorrisos forçados e palavras rebuscadas excessivamente laudatórias.
Pinto Ribeiro tem 64 anos de idade, ou seja, estará próximo da idade da reforma se considerarmos o paradigma vulgar do tempo de serviço público. Como o mandato tem a duração de seis (6) anos quando terminar o seu mandato terá 70 anos de idade. Positivo. Neste tipo de funções, e não só, é como o vinho do porto: quanto mais velho melhor.
Fernando Pinto Ribeiro, curiosamente, passou pelos órgãos jurisdicionais do futebol. Agora só resta esperar pelo início do jogo e pelo resultado final. Nestas coisas, mostra a experiência recente, é como no futebol: prognósticos só no fim.