Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, novembro 23
quarta-feira, novembro 22
"A POLÍTICA COMO ACTIVIDADE INTELIGENTE"
Ségolène Royal
Todos sabem o que vai acontecer. As mulheres são maioritárias na sociedade. É certo que nem todas as maiorias geram diferenças de qualidade. Muito menos garantem a conquista do poder. Mas no caso das mulheres, no mundo ocidental, há um detalhe decisivo: o fenómeno crescente da feminização do trabalho.
Vai longe o tempo heróico das utopias feministas que, em Portugal, foram protagonizadas por Maria Veleda ou Carolina Beatriz Ângelo.
As mulheres são já maioritárias num conjunto alargado de profissões e exercem uma forte influência social. Toda a gente sabe quais são essas profissões. Com quotas, ou sem quotas, hoje, é a sociedade que “empurra” as mulheres para a ocupação de lugares no topo das instâncias de decisão política. Este movimento, salvo qualquer cataclismo imprevisível, é irreversível.
Todos sabem o que vai acontecer. As mulheres vão ocupar o poder. Não é por serem mulheres nem sequer por serem mais ou menos competentes que os homens. Não é por uma questão de beleza física ou de sedução mediática. Pois se a maioria do eleitorado é constituído por mulheres … É por encarnarem uma forma diferente de olhar os problemas da sociedade. É por abrirem um espaço vital para a esperança na reabilitação da política.
Na época em que tanto se fala da “morte das ideologias” a emergência de mulheres, como Ségolène Royal, na luta política ao mais alto nível é, provavelmente, como disse Vicente Jorge Silva, citando Jorge Almeida Fernandes que, por sua vez, citava o filósofo espanhol Daniel Innerarity a abertura de “um espaço para as ideias, ou seja, para a política como actividade inteligente". Depois se verá …
Todos sabem o que vai acontecer. As mulheres são maioritárias na sociedade. É certo que nem todas as maiorias geram diferenças de qualidade. Muito menos garantem a conquista do poder. Mas no caso das mulheres, no mundo ocidental, há um detalhe decisivo: o fenómeno crescente da feminização do trabalho.
Vai longe o tempo heróico das utopias feministas que, em Portugal, foram protagonizadas por Maria Veleda ou Carolina Beatriz Ângelo.
As mulheres são já maioritárias num conjunto alargado de profissões e exercem uma forte influência social. Toda a gente sabe quais são essas profissões. Com quotas, ou sem quotas, hoje, é a sociedade que “empurra” as mulheres para a ocupação de lugares no topo das instâncias de decisão política. Este movimento, salvo qualquer cataclismo imprevisível, é irreversível.
Todos sabem o que vai acontecer. As mulheres vão ocupar o poder. Não é por serem mulheres nem sequer por serem mais ou menos competentes que os homens. Não é por uma questão de beleza física ou de sedução mediática. Pois se a maioria do eleitorado é constituído por mulheres … É por encarnarem uma forma diferente de olhar os problemas da sociedade. É por abrirem um espaço vital para a esperança na reabilitação da política.
Na época em que tanto se fala da “morte das ideologias” a emergência de mulheres, como Ségolène Royal, na luta política ao mais alto nível é, provavelmente, como disse Vicente Jorge Silva, citando Jorge Almeida Fernandes que, por sua vez, citava o filósofo espanhol Daniel Innerarity a abertura de “um espaço para as ideias, ou seja, para a política como actividade inteligente". Depois se verá …
O "CAFÉ ATLÂNTICO"
Fotografia de “A Defesa de Faro”
Habitei o espaço do Café Atlântico vezes sem conta, tardes, noites, dias, sabendo mesmo os meus pais que lá me poderiam encontrar. Situa-se a meio caminho entre a "sociedade" onde lia os jornais todos – os da direita (a maioria) e os da esquerda – e a sala de bilhares do Café Aliança. A "Brasileira" era uma preciosidade que saboreava, de passagem, pela água fresca, os gelados, as caras e talvez a arte exposta, o "Atlântico" um lugar de estadias alargadas, de jogos de mesa, estudo (pouco) e conversas. Uma noite, já para o tarde, sentado a uma mesa com um amigo – não sei já qual – tremeu a terra de forte abalo. Todo o mundo correu para alcançar a rua. Lembro-me, como se fosse hoje, como nos mantivemos impassíveis na espera, sentados, como se nada acontecesse. Passado o pior, o "Atlântico" deserto, saímos e fomos à nossa vida. Os cafés da nossa cidade ostentavam títulos sugestivos: "Brasileira", "Atlântico", "Brasília", "Aliança"... Como se constituíssem uma rede organizada de espaços vivos criada à dimensão exacta das nossas necessidades de vivência em comum.
Habitei o espaço do Café Atlântico vezes sem conta, tardes, noites, dias, sabendo mesmo os meus pais que lá me poderiam encontrar. Situa-se a meio caminho entre a "sociedade" onde lia os jornais todos – os da direita (a maioria) e os da esquerda – e a sala de bilhares do Café Aliança. A "Brasileira" era uma preciosidade que saboreava, de passagem, pela água fresca, os gelados, as caras e talvez a arte exposta, o "Atlântico" um lugar de estadias alargadas, de jogos de mesa, estudo (pouco) e conversas. Uma noite, já para o tarde, sentado a uma mesa com um amigo – não sei já qual – tremeu a terra de forte abalo. Todo o mundo correu para alcançar a rua. Lembro-me, como se fosse hoje, como nos mantivemos impassíveis na espera, sentados, como se nada acontecesse. Passado o pior, o "Atlântico" deserto, saímos e fomos à nossa vida. Os cafés da nossa cidade ostentavam títulos sugestivos: "Brasileira", "Atlântico", "Brasília", "Aliança"... Como se constituíssem uma rede organizada de espaços vivos criada à dimensão exacta das nossas necessidades de vivência em comum.
ESPANHA EM ALTA
É um crescimento triplo do previsto para Portugal (entre 1,2 e 1,4). Em Espanha as chamadas reformas estruturais, incluindo a consolidação orçamental, foram iniciadas, em força, no rescaldo da recessão de 1993. Passaram 13 anos e, por cá, ainda se crispam os ânimos com algumas medidas semelhantes ainda por cima, apesar de todas as contestações, no nosso velho estilo “português suave”. Uma coisa é certa: na economia tudo o que é bom para Espanha beneficia Portugal.
terça-feira, novembro 21
ONCE
Imagem daqui
Comprei um livro, antigo, de Wim Wenders, intitulado “ONCE – Pictures and Stories”, “stories with photos – or photos with stories.” É uma espécie de foto-biografia, ilustrado por 223 fotografias. Algumas retratam Lisboa e são introduzidas por uma frase simples: “… and Lisboa of the German of my childhood.” São fragmentos dos telhados de prédios dos Restauradores e o mural do MRPP, em Alcântara, no momento em que calceteiros trabalhavam no passeio defronte. Tenho um encanto especial por estes objectos de arte.
Comprei um livro, antigo, de Wim Wenders, intitulado “ONCE – Pictures and Stories”, “stories with photos – or photos with stories.” É uma espécie de foto-biografia, ilustrado por 223 fotografias. Algumas retratam Lisboa e são introduzidas por uma frase simples: “… and Lisboa of the German of my childhood.” São fragmentos dos telhados de prédios dos Restauradores e o mural do MRPP, em Alcântara, no momento em que calceteiros trabalhavam no passeio defronte. Tenho um encanto especial por estes objectos de arte.
CONSELHEIROS
Fotografia de Angèle
Por norma dão muita importância às suas próprias opiniões. Sobreavaliam o conhecimento que supõem ter dos outros inclusive do aconselhado. São frequentemente surpreendidos por acontecimentos que julgavam ter previsto. Crescem quando frequentam a sombra do chefe e minguam quando, por imprevisível vicissitude, são obrigados a surgir à luz do dia. Frequentam o cinzento dos interstícios dos salões e roçam os umbrais das portas iluminadas do poder que nunca, em boa verdade, iluminam. São arrogantes para com os fracos e servis para com os fortes. Cuidado com eles!
Por norma dão muita importância às suas próprias opiniões. Sobreavaliam o conhecimento que supõem ter dos outros inclusive do aconselhado. São frequentemente surpreendidos por acontecimentos que julgavam ter previsto. Crescem quando frequentam a sombra do chefe e minguam quando, por imprevisível vicissitude, são obrigados a surgir à luz do dia. Frequentam o cinzento dos interstícios dos salões e roçam os umbrais das portas iluminadas do poder que nunca, em boa verdade, iluminam. São arrogantes para com os fracos e servis para com os fortes. Cuidado com eles!
segunda-feira, novembro 20
SARAMAGO
José Saramago
No fim-de-semana passado consegui ler o último livro de Saramago. É um livro pequeno e só isso explica que, pela primeira vez, tenha lido, de cabo a rabo, um livro dele. Tenho outro a meio – “A Caverna” – que ainda vou a tempo de concluir.
Desisto sempre a meio da leitura dos livros do Saramago porque, a certo trecho, fico perdido no meio das palavras e afundo-me em desprazer. É o que se costuma dizer na linguagem vulgar “uma chatice”. O problema deve ser meu. Desta vez, como já disse, talvez pelo livrinho ser pequeno e porque tenho um fraco por autobiografias, e afins, quebrei o enguiço.
Valeu a pena. Apesar da trama oscilar entre o registo da autobiografia e o da novela, saltando de um lado para o outro da fronteira entre os dois géneros e, de vez em quando, se desequilibrar, não sendo eu crítico literário, deu para sentir com muita clareza o ambiente social onde enraíza a personalidade de Saramago e as origens da sua formação humana e literária.
Um belo retrato do nosso Portugal na transição da mais pura e pobre ruralidade para o coração da urbe na qual se amontoavam (e amontoam) os remediados que, na grande maioria, em boa verdade, nunca deixámos de ser.
Não sou daqueles que confunde o talento dos artistas com a sua ideologia ou fervor partidário pois se assim fosse não poderia usufruir das obras de alguns grandes que professaram (ou professam) ideias opostas às minhas. Por essa simples razão sou capaz de apreciar todas as obras, sem preconceitos ideológicos ou políticos, desde que as mesmas me dêem prazer e com elas possa construir a minha própria realidade imaginada.
Pois, essa é que é a verdade, senti-me muito feliz por este feito inédito da minha carreira de leitor ainda por cima tendo, no intervalo, almoçado na mesa ao lado do António Lobo Antunes, do qual me apeteceu, por maldade, aproximar para lhe dizer, baixinho, ao ouvido: “Sabe o que é que estou a ler? “As Pequenas Memórias” do Saramago!”
No fim-de-semana passado consegui ler o último livro de Saramago. É um livro pequeno e só isso explica que, pela primeira vez, tenha lido, de cabo a rabo, um livro dele. Tenho outro a meio – “A Caverna” – que ainda vou a tempo de concluir.
Desisto sempre a meio da leitura dos livros do Saramago porque, a certo trecho, fico perdido no meio das palavras e afundo-me em desprazer. É o que se costuma dizer na linguagem vulgar “uma chatice”. O problema deve ser meu. Desta vez, como já disse, talvez pelo livrinho ser pequeno e porque tenho um fraco por autobiografias, e afins, quebrei o enguiço.
Valeu a pena. Apesar da trama oscilar entre o registo da autobiografia e o da novela, saltando de um lado para o outro da fronteira entre os dois géneros e, de vez em quando, se desequilibrar, não sendo eu crítico literário, deu para sentir com muita clareza o ambiente social onde enraíza a personalidade de Saramago e as origens da sua formação humana e literária.
Um belo retrato do nosso Portugal na transição da mais pura e pobre ruralidade para o coração da urbe na qual se amontoavam (e amontoam) os remediados que, na grande maioria, em boa verdade, nunca deixámos de ser.
Não sou daqueles que confunde o talento dos artistas com a sua ideologia ou fervor partidário pois se assim fosse não poderia usufruir das obras de alguns grandes que professaram (ou professam) ideias opostas às minhas. Por essa simples razão sou capaz de apreciar todas as obras, sem preconceitos ideológicos ou políticos, desde que as mesmas me dêem prazer e com elas possa construir a minha própria realidade imaginada.
Pois, essa é que é a verdade, senti-me muito feliz por este feito inédito da minha carreira de leitor ainda por cima tendo, no intervalo, almoçado na mesa ao lado do António Lobo Antunes, do qual me apeteceu, por maldade, aproximar para lhe dizer, baixinho, ao ouvido: “Sabe o que é que estou a ler? “As Pequenas Memórias” do Saramago!”
POLÍCIAS EMBUÇADOS
Não tinha visto ainda nem as fotografias, que foram publicadas, nem as imagens da TVI.
Mostram o que dizem ser polícias embuçados. O Luiz Carvalho aborda o tema com justas e indignadas palavras que, a seguir, reproduzo.
Será possível? As autoridades competentes vão investigar o caso até ao fim? Vão descobrir os autores da “brincadeira” e aplicar-lhes um exemplar correctivo? Ficamos todos à espera dos resultados das investigações. E que venham em breve pois este é um combate decisivo a um perigoso deficit da democracia que dá pelo nome de insegurança!
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A fotografia dos sindicalistas da PSP embuçados como terroristas, tirada pelo jornal gratuito "Destak", e que o EXPRESSO cita na edição de sábado, foi para mim um choque.
Não a tinha visto publicada, nem reparei na reportagem que a TVI fez do acontecimento reivindicativo da corporação. Quando a salvei para a edição não queria acreditar. Seria a ETA, a Al-Quaeda ? Não. Eram polícias portugueses e a data não era 1975, era 2006.
Eu já tinha ficado estupefacto o ano passado durante uma manifestação de polícias em Lisboa, que eu fotografei, com o comportamento vergonhoso de muitos dos manifestantes. As fotos que então fiz, eram de cenas indignas de uma corporação que se deve afirmar pela disciplina, a educação, o civismo, a frieza nos momentos empolgantes.
Muitos dos participantes estavam bêbados, outros brincavam com a farda como se fosse um Carnaval, outros insultavam o primeiro-ministro e o ministro da tutela.
Havia alguns mais exibicionistas que se deitavam no chão, simulavam velhice avançada, apresentavam-se como figuras patéticas, tristes, desgraçadas.
Uma das posturas que não se deve nunca perder é a dignidade, a auto-estima. Aqueles cromos da bófia estavam ali a desrespeitar tudo e todos. Um regabofe que foi transmitido pelas televisões. Os protagonistas, da linha da frente, traziam t-shirts com o Che Guevara, abraçavam-se e choravam, dois vinham fardados.
Consequências? Nenhumas. Não houve um processo disciplinar, um castigo, uma repreensão. Uma expulsão.
O governo fez ouvidos de mercador e tapou o Sol com a peneira. Agora aí têm: embuçados como se fossem terroristas. É um escândalo. Depois admirem-se que a polícia não seja respeitada e digam que perdeu o prestígio.
A fotografia de má qualidade acentuou o lado obscuro, clandestino, cobarde da coisa. Às vezes a falta de nitidez acentua o dramatismo, a mensagem torna-se mais eficaz.
De novo a discussão sobre as virtudes das imagens feitas com telemóveis, jornalismo do cidadão, neste caso da polícia (!).
Voltaremos a este debate.
Até lá cuidado! Onde pára a polícia?
Coordenador-geral de Fotografia do EXPRESSO
domingo, novembro 19
LER OS LÁBIOS
Fotografia de sophie thouvenin
Hoje almocei, por acaso, na mesa ao lado de António Lobo Antunes. Ele disse, outro dia, que «escrever é muito difícil». Só?
Cavaco surpreende Brederode. Este disse que aquele tem de prestar mais provas para o convencer de que, afinal, estava enganado. Ou o confidente inconformado com o neófito. Como o anterior presidente fez prova provada devemos estar preparados para ser surpreendidos. Calha a todos!
Mário Nogueira “às vezes tem saudades de dar aulas”. São muitos anos de dedicação exclusiva ao sindicalismo (16) e ao PCP. Valham-nos estes sindicalistas que põem as cartas todas em cima da mesa e não enganam ninguém. Só cai quem quer.
Portugal é o sétimo país nos roubos a bancos com «práticas inaceitáveis». Roubo por roubo venha o diabo e escolha.
Hoje almocei, por acaso, na mesa ao lado de António Lobo Antunes. Ele disse, outro dia, que «escrever é muito difícil». Só?
Cavaco surpreende Brederode. Este disse que aquele tem de prestar mais provas para o convencer de que, afinal, estava enganado. Ou o confidente inconformado com o neófito. Como o anterior presidente fez prova provada devemos estar preparados para ser surpreendidos. Calha a todos!
Mário Nogueira “às vezes tem saudades de dar aulas”. São muitos anos de dedicação exclusiva ao sindicalismo (16) e ao PCP. Valham-nos estes sindicalistas que põem as cartas todas em cima da mesa e não enganam ninguém. Só cai quem quer.
Portugal é o sétimo país nos roubos a bancos com «práticas inaceitáveis». Roubo por roubo venha o diabo e escolha.
ALBERT CAMUS - A ADOLESCÊNCIA
Imagem daqui
Sublinhados de Leitura das Obras Completas – Introdução e Cronologia (1)
1930 – Camus conclui a primeira parte do “baccalauréat” e entra, no Outono, no curso de filosofia. O seu professor de filosofia, Jean Grenier, exercerá sobre ele uma influência decisiva. Integra a equipa júnior de futebol do “Racing universitaire d´Alger”. Mas, a partir de Dezembro, os primeiros sinais da tuberculose privam-no das alegrias simples do jogo, que ele celebrará sempre ao mesmo nível das do teatro. É internado, algum tempo, no hospital “Mustapha”. Um dia Jean Grenier visita-o na sua casa de Belcourt e descobre uma pobreza da qual, até aí, não fazia ideia.
Sublinhados de Leitura das Obras Completas – Introdução e Cronologia (1)
1930 – Camus conclui a primeira parte do “baccalauréat” e entra, no Outono, no curso de filosofia. O seu professor de filosofia, Jean Grenier, exercerá sobre ele uma influência decisiva. Integra a equipa júnior de futebol do “Racing universitaire d´Alger”. Mas, a partir de Dezembro, os primeiros sinais da tuberculose privam-no das alegrias simples do jogo, que ele celebrará sempre ao mesmo nível das do teatro. É internado, algum tempo, no hospital “Mustapha”. Um dia Jean Grenier visita-o na sua casa de Belcourt e descobre uma pobreza da qual, até aí, não fazia ideia.
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« L´intrusion brutale de la maladie en 1930, une grave tuberculose dont il ne guérira pas, est d´une importance capitale pour son appréhension de la vie – et donc de ce qu´il entrevois très tôt comme son œuvre ; un texte comme « L´Hôpital du quartier pauvre », surtout dans ses première formulations(*), ou telles remarque de Noces (**) peuvent nous permettre d´imaginer ce que furent pour l´adolescent épris des joies du corps, aimant passionnément jouer au football, se livrer au plaisir de la nage, la découverte de sa propre faiblesse et le fait de basculer brusquement dans l´univers de la maladie : Camus connaissait déjà la solitude, mais il pouvait la rendre féconde ; celle qu´inflige la maladie est stérile et, désormais, il sait de tout son corps et de toute sa lucidité qu´il est mortel. »
« Il fera preuve, tout au long de sa vie, d´une étonnante vitalité, mènera de front de multiples activités, fera cohabiter en lui le journaliste, l´homme de théâtre, le penseur, le romancier ; sans doute l´homme et le créateur en lui sont-ils mus, plus au moins consciemment, par un sentiment d´urgence. »
(*) Qui datent de 1933.
(**) Voir « Le Vent à Djémila », Noces.
(1) In “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi.
« L´intrusion brutale de la maladie en 1930, une grave tuberculose dont il ne guérira pas, est d´une importance capitale pour son appréhension de la vie – et donc de ce qu´il entrevois très tôt comme son œuvre ; un texte comme « L´Hôpital du quartier pauvre », surtout dans ses première formulations(*), ou telles remarque de Noces (**) peuvent nous permettre d´imaginer ce que furent pour l´adolescent épris des joies du corps, aimant passionnément jouer au football, se livrer au plaisir de la nage, la découverte de sa propre faiblesse et le fait de basculer brusquement dans l´univers de la maladie : Camus connaissait déjà la solitude, mais il pouvait la rendre féconde ; celle qu´inflige la maladie est stérile et, désormais, il sait de tout son corps et de toute sa lucidité qu´il est mortel. »
« Il fera preuve, tout au long de sa vie, d´une étonnante vitalité, mènera de front de multiples activités, fera cohabiter en lui le journaliste, l´homme de théâtre, le penseur, le romancier ; sans doute l´homme et le créateur en lui sont-ils mus, plus au moins consciemment, par un sentiment d´urgence. »
(*) Qui datent de 1933.
(**) Voir « Le Vent à Djémila », Noces.
(1) In “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi.
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"O preço da grandeza é a responsabilidade."
Monica Bellucci
Choveram comentários acerca das entrevistas, quase em simultâneo, de Cavaco Silva, num canal, versus Santana Lopes, noutro canal.
Nas eleições presidenciais de Janeiro apoiei, do princípio ao fim, um candidato perdedor – Mário Soares – e esclareço, mais uma vez, que toda a vida, votei em Mário Soares, em eleições presidenciais e, desde 1979, sempre votei no PS.
Mas, atendendo a algumas perplexidades a propósito das posições actuais de Cavaco, Presidente, fiquei curioso com o que teria escrito no rescaldo das últimas eleições presidenciais.
Neste caso acho que acertei em cheio:
Para todos os que desdenham da ordem política vigente o período pós eleitoral é um aborrecimento. Mas, sem prejuízo do dever de condenarmos todas as injustiças que se pratiquem à sombra deste regime, como dizia Winston Churchill: "O preço da grandeza é a responsabilidade."
Choveram comentários acerca das entrevistas, quase em simultâneo, de Cavaco Silva, num canal, versus Santana Lopes, noutro canal.
Nas eleições presidenciais de Janeiro apoiei, do princípio ao fim, um candidato perdedor – Mário Soares – e esclareço, mais uma vez, que toda a vida, votei em Mário Soares, em eleições presidenciais e, desde 1979, sempre votei no PS.
Mas, atendendo a algumas perplexidades a propósito das posições actuais de Cavaco, Presidente, fiquei curioso com o que teria escrito no rescaldo das últimas eleições presidenciais.
Neste caso acho que acertei em cheio:
Para todos os que desdenham da ordem política vigente o período pós eleitoral é um aborrecimento. Mas, sem prejuízo do dever de condenarmos todas as injustiças que se pratiquem à sombra deste regime, como dizia Winston Churchill: "O preço da grandeza é a responsabilidade."
sábado, novembro 18
MULTICOLOR
Fotografia de Nana Sousa Dias
É multicolor o ar que se atravessa no meu caminho
Respiro-o fundo tomando o odor do mundo
Em cada passo admiro o caos organizado
E reparo que na cidade atravessada tudo ganha sentido
O calor toca-me a pele que se deseja e tomo o travo
E o sabor dos tempos da infância desnudada
Olho todos os meus amigos que foram indo
E na memória trespasso o ar e assim me satisfaço.
Lisboa, 18 de Novembro de 2006
É multicolor o ar que se atravessa no meu caminho
Respiro-o fundo tomando o odor do mundo
Em cada passo admiro o caos organizado
E reparo que na cidade atravessada tudo ganha sentido
O calor toca-me a pele que se deseja e tomo o travo
E o sabor dos tempos da infância desnudada
Olho todos os meus amigos que foram indo
E na memória trespasso o ar e assim me satisfaço.
Lisboa, 18 de Novembro de 2006
POR DETRÁS DA CORTINA
Imagem Daqui
Está bem de ver que eu concordo com a liberdade de manifestação e o direito à greve e o seu efectivo exercício. Lutei por isso e não me arrependo. As manifestações públicas, em defesa das mais variadas causas, são legítimas e inevitáveis. Mas é do mais elementar bom senso que se conheçam as forças que se escondem por detrás dos idiotas úteis. Ora aqui está, no seu máximo esplendor, com os mesmos métodos de há 30 anos, a força que cavalga o movimento sindical. Para esse "peditório" já dei!
Está bem de ver que eu concordo com a liberdade de manifestação e o direito à greve e o seu efectivo exercício. Lutei por isso e não me arrependo. As manifestações públicas, em defesa das mais variadas causas, são legítimas e inevitáveis. Mas é do mais elementar bom senso que se conheçam as forças que se escondem por detrás dos idiotas úteis. Ora aqui está, no seu máximo esplendor, com os mesmos métodos de há 30 anos, a força que cavalga o movimento sindical. Para esse "peditório" já dei!
sexta-feira, novembro 17
A ENTREVISTA
Maria João Avilez, tia quanto baste, queria empurrar Cavaco para a oposição ao governo. Cavaco, hirto e seco, como sempre, queria apoiar o governo sem defraudar a direita que o apoiou. Um exercício difícil, digamos, impossível.
Acabou por apoiar o governo e defraudar a direita. Pelo meio dos atropelos, da falta de isenção e da verborreia de Avilez (insuportável!) até consegui sentir simpatia pelo homem. Não há melhor do que os Presidentes da República para agradarem a quem os não escolheu! Ironias!!!
POVOMFA
Um Cartaz da Revolução
(Clique na Imagem para Ampliar)
Convocatória para uma manifestação. O cartaz é, graficamente, interessante e revela, em si mesmo, um compromisso entre diversas sensibilidades. Por outro lado assinala uma aliança partidária pontual e, por essa razão, é um documento singular.
O símbolo do MES, na sua curta existência, surgiu associado ao do PCP muito poucas vezes. Não é por acaso que foram raros os membros do MES, após a sua extinção, que se encaminharam na direcção do Partido Comunista.
No ano de 1975 os meses com 31 dias foram os mesmos de sempre. Este mês com 31 dias situou-se, certamente, mais próximo do inicio que do fim do ano.
Atendendo à cronologia dos acontecimentos o mês deve ter sido o de Março, ou seja, antes das eleições para a Assembleia Constituinte (25 de Abril de 1975) e depois da tentativa de golpe do 11 de Março. Estarei enganado?
(Clique na Imagem para Ampliar)
Convocatória para uma manifestação. O cartaz é, graficamente, interessante e revela, em si mesmo, um compromisso entre diversas sensibilidades. Por outro lado assinala uma aliança partidária pontual e, por essa razão, é um documento singular.
O símbolo do MES, na sua curta existência, surgiu associado ao do PCP muito poucas vezes. Não é por acaso que foram raros os membros do MES, após a sua extinção, que se encaminharam na direcção do Partido Comunista.
No ano de 1975 os meses com 31 dias foram os mesmos de sempre. Este mês com 31 dias situou-se, certamente, mais próximo do inicio que do fim do ano.
Atendendo à cronologia dos acontecimentos o mês deve ter sido o de Março, ou seja, antes das eleições para a Assembleia Constituinte (25 de Abril de 1975) e depois da tentativa de golpe do 11 de Março. Estarei enganado?
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Estava mesmo enganado. Verificado o calendário, no ano de 1975, só pode ter sido em Janeiro ou Outubro.
quinta-feira, novembro 16
FRANÇA - A CANDIDATA PRESIDENCIAL APOIADA PELOS SOCIALISTAS
Fotografia daqui
Ségolène Royal candidata do partido socialista francês às próximas eleições presidenciais. Nas eleições directas realizadas hoje, no seio do PS, todas as projecções apontam para a sua vitória.
"L'heure est au rassemblement", dit Ségolène Royal, investie candidate du Parti socialiste
Ségolène Royal candidata do partido socialista francês às próximas eleições presidenciais. Nas eleições directas realizadas hoje, no seio do PS, todas as projecções apontam para a sua vitória.
"L'heure est au rassemblement", dit Ségolène Royal, investie candidate du Parti socialiste
A CULTURA VALE A PENA
Fotografia de Nana Sousa Dias
Um estudo da Comissão Europeia, acerca das indústrias culturais, indica que o sector da cultura contribui mais para a criação de riqueza na Europa do que a indústria química e o sector automóvel juntos, ou mais do que os sectores das tecnologias de informação e comunicação juntos. As indústrias culturais, na Europa, empregam 5,8 milhões de trabalhadores.
À atenção dos nossos excelsos responsáveis políticos (e não só), a nível central, regional e autárquico, pelas diversas variantes da actividade cultural.
Um estudo da Comissão Europeia, acerca das indústrias culturais, indica que o sector da cultura contribui mais para a criação de riqueza na Europa do que a indústria química e o sector automóvel juntos, ou mais do que os sectores das tecnologias de informação e comunicação juntos. As indústrias culturais, na Europa, empregam 5,8 milhões de trabalhadores.
À atenção dos nossos excelsos responsáveis políticos (e não só), a nível central, regional e autárquico, pelas diversas variantes da actividade cultural.
NOÇÕES DE LINGUÍSTICA
Jorge de Sena
Ouço os meus filhos falar inglês
entre eles. Não os mais pequenos só
mas os maiores também e conversando
com os mais pequenos. Não nasceram cá,
todos cresceram tendo nos ouvidos
o português. Mas em inglês conversam,
não apenas serão americanos: dissolveram-se,
dissolvem-se num mar que não é deles.
Venham falar-me dos mistérios da poesia,
das tradições de uma linguagem, de uma raça,
daquilo que se não diz com menos que a experiência
de um povo e de uma língua. Bestas.
As línguas, que duram séculos e mesmo sobrevivem
esquecidas noutras, morrem todos os dias
na gaguez daqueles que as herdaram:
e são tão imortais que meia dúzia de anos
as suprime da boca dissolvida
ao peso de outra raça, outra cultura.
Tão metafísicas, tão intraduzíveis,
que se derretem assim, não nos altos céus,
mas na caca quotidiana de outras.
Outubro 70
(Obras de Jorge de Sena – Antologia Poética –
Edição de Jorge Fazenda Lourenço – ASA,
2.ª Edição – Junho 2001)
[Ressonância de 16 de Novembro de 2004.
Podem observar-se duas únicas diferenças
em relação à variante anterior. No último verso
merda foi substituída por caca e há uma divergência
na data. Não sei onde fui buscar a variante que
publiquei há dois anos. Confio mais nesta.]
Ouço os meus filhos falar inglês
entre eles. Não os mais pequenos só
mas os maiores também e conversando
com os mais pequenos. Não nasceram cá,
todos cresceram tendo nos ouvidos
o português. Mas em inglês conversam,
não apenas serão americanos: dissolveram-se,
dissolvem-se num mar que não é deles.
Venham falar-me dos mistérios da poesia,
das tradições de uma linguagem, de uma raça,
daquilo que se não diz com menos que a experiência
de um povo e de uma língua. Bestas.
As línguas, que duram séculos e mesmo sobrevivem
esquecidas noutras, morrem todos os dias
na gaguez daqueles que as herdaram:
e são tão imortais que meia dúzia de anos
as suprime da boca dissolvida
ao peso de outra raça, outra cultura.
Tão metafísicas, tão intraduzíveis,
que se derretem assim, não nos altos céus,
mas na caca quotidiana de outras.
Outubro 70
(Obras de Jorge de Sena – Antologia Poética –
Edição de Jorge Fazenda Lourenço – ASA,
2.ª Edição – Junho 2001)
[Ressonância de 16 de Novembro de 2004.
Podem observar-se duas únicas diferenças
em relação à variante anterior. No último verso
merda foi substituída por caca e há uma divergência
na data. Não sei onde fui buscar a variante que
publiquei há dois anos. Confio mais nesta.]
BANCA SEMPRE À TONA
Imagem Daqui
"Arredondamentos deram 1,2 mil milhões em 10 anos
A banca deverá ter cobrado um valor próximo dos 1,2 mil milhões de euros nos últimos dez anos, com a prática do arredondamento das taxas de juro do crédito à habitação a um oitavo e a um quarto de ponto percentual."
Sem comentários!
"Arredondamentos deram 1,2 mil milhões em 10 anos
A banca deverá ter cobrado um valor próximo dos 1,2 mil milhões de euros nos últimos dez anos, com a prática do arredondamento das taxas de juro do crédito à habitação a um oitavo e a um quarto de ponto percentual."
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quarta-feira, novembro 15
ESPANHA - ECONOMIA E IMIGRAÇÃO
Um estudo, hoje, divulgado pelo governo espanhol, de autoria de Miguel Sebastian, conselheiro económico do primeiro-ministro, evidencia a importância da imigração na economia espanhola: praticamente metade do crescimento da economia espanhola, nos últimos 5 anos, deve-se ao trabalho dos imigrantes. A importância dos imigrantes no desenvolvimento de Espanha ocorre num contexto em que a economia espanhola cresce, de forma sustentada, há mais de uma década.
Mas é preciso que se tenha na devida atenção que o “trabalho de casa”, as chamadas reformas estruturais, incluindo a “consolidação orçamental”, que se está a levar a sério em Portugal, com o actual governo, foi desencadeado em Espanha a partir de 1985 aquando da adesão à União Europeia que ocorreu, aliás, em simultâneo com a adesão de Portugal.
Eu sei que os processos de transição da ditadura para a democracia foram diferentes em Espanha e Portugal. Mas nunca é tarde para aprender com a experiência dos outros e, em particular, numa matéria tão sensível como a imigração é bastante conveniente que o governo, e todos nós, estejamos atentos tanto aos seus problemas quanto às suas potencialidades.
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terça-feira, novembro 14
SANTANA LOPES
Fotografia daqui
“Santana Lopes quer liderar o Governo até 2014”
Esta frase resulta de uma afirmação de Santana Lopes que reproduzi em 14 de Novembro de 2004. O link já não está acessível mas foi substituído por outro que permite o acesso a afirmações frescas do mesmo Santana Lopes.
Santana Lopes é uma fonte inesgotável de afirmações improváveis. Uma espécie de bobo da República que conseguiu chegar a primeiro-ministro.
É um daqueles casos que permitiria ao Almirante Américo Tomáz, com a sua habitual clarividência, afirmar: "tive que o demitir porque o nomeei!"
“Santana Lopes quer liderar o Governo até 2014”
Esta frase resulta de uma afirmação de Santana Lopes que reproduzi em 14 de Novembro de 2004. O link já não está acessível mas foi substituído por outro que permite o acesso a afirmações frescas do mesmo Santana Lopes.
Santana Lopes é uma fonte inesgotável de afirmações improváveis. Uma espécie de bobo da República que conseguiu chegar a primeiro-ministro.
É um daqueles casos que permitiria ao Almirante Américo Tomáz, com a sua habitual clarividência, afirmar: "tive que o demitir porque o nomeei!"
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