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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sábado, abril 14
TÚMULO DE HERÓIS ANTIGOS
Fotografia de Hélder Gonçalves
O tempo não urge mais neste loco dolenti.
Eles dormem nas suas pálpebras em sono
desmedido um intento não logrado, entoando
a meia voz hinos e canções que se esvaem
pelas altas janelas direitas ao país natal,
num sonho agraciado com galões e dragonas,
canutilhos nos ombros e no peito,
onde uma esperança diferida demora-se
e um pavilhão ondula in memoriam
no vento frio e seco do norte;
quantos lutaram passando a pólvora
pelo crivo, levando ao ombro a alma
da boca de fogo, contra um ceptro,
um trono, sua influência soberana
em terras estas onde nasceram;
quantos morderam o pó; solta a retranca
dos cavalos, ouvido o tambor dos sitiados,
arvorada a bandeira branca pela conta certa
dos que ficaram, bando de insurgentes,
passados à faca, jungidos como se metem
os bois à canga, proclamaram uma verdade
entre gritos de alarme expiando:
para sempre por pagar em oiro e em prata
o soldo das suas vidas expostas,
sem o broquel dos antigos, na linha de tiro.
Paulo Teixeira
O tempo não urge mais neste loco dolenti.
Eles dormem nas suas pálpebras em sono
desmedido um intento não logrado, entoando
a meia voz hinos e canções que se esvaem
pelas altas janelas direitas ao país natal,
num sonho agraciado com galões e dragonas,
canutilhos nos ombros e no peito,
onde uma esperança diferida demora-se
e um pavilhão ondula in memoriam
no vento frio e seco do norte;
quantos lutaram passando a pólvora
pelo crivo, levando ao ombro a alma
da boca de fogo, contra um ceptro,
um trono, sua influência soberana
em terras estas onde nasceram;
quantos morderam o pó; solta a retranca
dos cavalos, ouvido o tambor dos sitiados,
arvorada a bandeira branca pela conta certa
dos que ficaram, bando de insurgentes,
passados à faca, jungidos como se metem
os bois à canga, proclamaram uma verdade
entre gritos de alarme expiando:
para sempre por pagar em oiro e em prata
o soldo das suas vidas expostas,
sem o broquel dos antigos, na linha de tiro.
Paulo Teixeira
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sexta-feira, abril 13
ANTÓNIO LOBO ANTUNES
António Lobo Antunes
Pelo menos duas vezes vi o António Lobo Antunes num pequeno café/restaurante de telheiras a almoçar há pouco tempo.
Enquanto comia ditava sem parar e a acompanhante escrevia, por vezes interrogava e, aparentemente distraído, prosseguia como se o fio da sequência se pudesse quebrar.
Li o artigo que hoje ele publicou na “Visão”. É pungente anunciar o que é mais difícil de anunciar: “Suceda o que suceder, uma coisa tenho por certa: isto alterou, de cabo a rabo, a minha vida. Ignoro em que sentido, ignoro como. Sei que alterou. Santa Maria. O que farei daqui para a frente, se existir daqui para a frente?” (…)
“Estão sempre a dar-me prémios e claro que tenho prazer nisso, não sou mentiroso nem hipócrita. Toda a gente foi muito simpática.
e sem que eles sonhassem
(sonhava eu)
o cancro
ratando ratando, injusto, teimoso, cego. Mói e mata. Mata. Mata. Mata. Mata. Levou-me tantas das pessoas que mais queria. E eu, já agora, quero-me? Sim. Não. Sim. Não – sim. Por enquanto meço o meu espanto, à medida que nas árvores da cerca uns pardais fazem ninho. A primavera mal começou e eles truca, ninho. Obrigado, Senhor, por haver futuro para alguém.”
Da última vez que o vi, talvez em Fevereiro, achei-o quebrado, mas quantos de nós, tanta vez, não surgimos, aos olhos dos outros, como virtualmente mortos. A vida reserva-nos surpresas tristes mas a sombra não é mais do que um recorte da luz e a esperança o sol que nunca abandona as nossas vidas.
Até os comentários à auto notícia da doença de António Lobo Antunes são, ao contrário do costume, decentes e encorajadores. Por mim associo-me às vozes da esperança.
Pelo menos duas vezes vi o António Lobo Antunes num pequeno café/restaurante de telheiras a almoçar há pouco tempo.
Enquanto comia ditava sem parar e a acompanhante escrevia, por vezes interrogava e, aparentemente distraído, prosseguia como se o fio da sequência se pudesse quebrar.
Li o artigo que hoje ele publicou na “Visão”. É pungente anunciar o que é mais difícil de anunciar: “Suceda o que suceder, uma coisa tenho por certa: isto alterou, de cabo a rabo, a minha vida. Ignoro em que sentido, ignoro como. Sei que alterou. Santa Maria. O que farei daqui para a frente, se existir daqui para a frente?” (…)
“Estão sempre a dar-me prémios e claro que tenho prazer nisso, não sou mentiroso nem hipócrita. Toda a gente foi muito simpática.
e sem que eles sonhassem
(sonhava eu)
o cancro
ratando ratando, injusto, teimoso, cego. Mói e mata. Mata. Mata. Mata. Mata. Levou-me tantas das pessoas que mais queria. E eu, já agora, quero-me? Sim. Não. Sim. Não – sim. Por enquanto meço o meu espanto, à medida que nas árvores da cerca uns pardais fazem ninho. A primavera mal começou e eles truca, ninho. Obrigado, Senhor, por haver futuro para alguém.”
Da última vez que o vi, talvez em Fevereiro, achei-o quebrado, mas quantos de nós, tanta vez, não surgimos, aos olhos dos outros, como virtualmente mortos. A vida reserva-nos surpresas tristes mas a sombra não é mais do que um recorte da luz e a esperança o sol que nunca abandona as nossas vidas.
Até os comentários à auto notícia da doença de António Lobo Antunes são, ao contrário do costume, decentes e encorajadores. Por mim associo-me às vozes da esperança.
UE - FONTE INSUSPEITA
Comissão Europeia considera prematuro tirar conclusões sobre agravamento do défice português
Estamos a falar do deficit de 2003 do governo de José Manuel Barroso.
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Fotografia de Hélder Gonçalves
A menina descobre um dia
que atrás do espelho
não está ninguém.
Assim me ardem os olhos de nada ler.
A servidão das palavras
não me poupou a outros trabalhos
que das mãos alheias
para as minhas passavam.
A menina fugia
e as nossas vozes não a encontravam.
Sua sombra cresce no céu
cada vez que sonhamos imitá-la.
Vi o sol sepultar-se em mim
e nascer veloz no mercado negro
coroado de setas
beijado pela menina
e pela boca de outros atletas.
Há na palavra escravo
um espelho que me obriga a escrever.
E a única certeza
é a de não me ver.
Regina Guimarães
A menina descobre um dia
que atrás do espelho
não está ninguém.
Assim me ardem os olhos de nada ler.
A servidão das palavras
não me poupou a outros trabalhos
que das mãos alheias
para as minhas passavam.
A menina fugia
e as nossas vozes não a encontravam.
Sua sombra cresce no céu
cada vez que sonhamos imitá-la.
Vi o sol sepultar-se em mim
e nascer veloz no mercado negro
coroado de setas
beijado pela menina
e pela boca de outros atletas.
Há na palavra escravo
um espelho que me obriga a escrever.
E a única certeza
é a de não me ver.
Regina Guimarães
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quinta-feira, abril 12
A ENTREVISTA
IMAGEM DAQUI – VER MAIS
A propósito da entrevista de Sócrates já que tanto insistem: 1) Quando completei o meu curso superior os meus pais organizaram uma festa. Não percebi e muito menos valorizei o evento. Mas está visto que eles tinham as suas razões; 2) Num país com a mais elevada taxa de abandono escolar precoce e insucesso escolar da UE, logo a seguir a Malta, o primeiro-ministro, com ou sem as trapalhadas da Independente, fez bem em insistir na necessidade do regresso à escola contrariando a tendência geral – parece um detalhe mas não é; 3) No país dos “doutores” e da inveja, verdadeiras instituições nacionais, Sócrates mostrou não se ter intimidado após semanas de ataques ao seu carácter – uma modalidade da política de sarjeta já com tradições firmadas em Portugal; 4) O que se retém do conjunto da entrevista é uma postura pessoal de firmeza na condução da política que foi traçada pelo governo; 5) Só faltou a Sócrates o golpe de asa para anunciar, expressa ou subliminarmente, algo que tivesse empurrado, de vez, o tema do canudo para o caixote do lixo – não o quis fazer e talvez tenha feito bem (no mesmo dia o FMI anunciou boas notícias para a economia portuguesa); 6) Sócrates mostrou à-vontade na refrega política, uma surpreendente frescura, não perdeu o fio à meada nem, tão pouco, o sentido de Estado; 7) Demonstrou para os que o querem derrotar – fora e dentro dos partidos – que vão ter de esperar pelas eleições legislativas de 2009; 8) Foi lapidar a frase elogiosa das relações com o PR, Cavaco Silva; 9) A oposição vai ter de treinar muito para lhe arrebatar o poder pois se o deficit e a economia correrem menos-mal até 2009 Sócrates, apesar dos novos ataques que vêm a caminho, vai confrontar os adversários com um menu variado de desagradáveis surpresas. A ver vamos!
A propósito da entrevista de Sócrates já que tanto insistem: 1) Quando completei o meu curso superior os meus pais organizaram uma festa. Não percebi e muito menos valorizei o evento. Mas está visto que eles tinham as suas razões; 2) Num país com a mais elevada taxa de abandono escolar precoce e insucesso escolar da UE, logo a seguir a Malta, o primeiro-ministro, com ou sem as trapalhadas da Independente, fez bem em insistir na necessidade do regresso à escola contrariando a tendência geral – parece um detalhe mas não é; 3) No país dos “doutores” e da inveja, verdadeiras instituições nacionais, Sócrates mostrou não se ter intimidado após semanas de ataques ao seu carácter – uma modalidade da política de sarjeta já com tradições firmadas em Portugal; 4) O que se retém do conjunto da entrevista é uma postura pessoal de firmeza na condução da política que foi traçada pelo governo; 5) Só faltou a Sócrates o golpe de asa para anunciar, expressa ou subliminarmente, algo que tivesse empurrado, de vez, o tema do canudo para o caixote do lixo – não o quis fazer e talvez tenha feito bem (no mesmo dia o FMI anunciou boas notícias para a economia portuguesa); 6) Sócrates mostrou à-vontade na refrega política, uma surpreendente frescura, não perdeu o fio à meada nem, tão pouco, o sentido de Estado; 7) Demonstrou para os que o querem derrotar – fora e dentro dos partidos – que vão ter de esperar pelas eleições legislativas de 2009; 8) Foi lapidar a frase elogiosa das relações com o PR, Cavaco Silva; 9) A oposição vai ter de treinar muito para lhe arrebatar o poder pois se o deficit e a economia correrem menos-mal até 2009 Sócrates, apesar dos novos ataques que vêm a caminho, vai confrontar os adversários com um menu variado de desagradáveis surpresas. A ver vamos!
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quarta-feira, abril 11
O POETA
Fotografia de Hélder Gonçalves
Trabalha agora na importação e exportação. Importa
metáforas, exporta alegorias. Podia ser um trabalhador por conta própria,]
um desses que preenche cadernos de folha azul com números
de deve e haver. De facto, o que deve são palavras; e o que tem
é esse vazio de frases que lhe acontece quando se encosta
ao vidro, no inverno, e a chuva cai do outro lado. Então, pensa
que poderia importar o sol e exportar as nuvens. Poderia ser
um trabalhador do tempo. Mas, de certo modo, a sua
prática confunde-se com a de um escultor do movimento. Fere,
com a pedra do instante, o que passa a caminho da eternidade;
suspende o gesto que sonha o céu; e fixa, na dureza da noite,
o bater de asas, o azul, a sábia interrupção da morte.
Nuno Júdice
Trabalha agora na importação e exportação. Importa
metáforas, exporta alegorias. Podia ser um trabalhador por conta própria,]
um desses que preenche cadernos de folha azul com números
de deve e haver. De facto, o que deve são palavras; e o que tem
é esse vazio de frases que lhe acontece quando se encosta
ao vidro, no inverno, e a chuva cai do outro lado. Então, pensa
que poderia importar o sol e exportar as nuvens. Poderia ser
um trabalhador do tempo. Mas, de certo modo, a sua
prática confunde-se com a de um escultor do movimento. Fere,
com a pedra do instante, o que passa a caminho da eternidade;
suspende o gesto que sonha o céu; e fixa, na dureza da noite,
o bater de asas, o azul, a sábia interrupção da morte.
Nuno Júdice
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VOANDO SOBRE A PERFÍDIA
Fotografia de Hélder Gonçalves
Na nossa sociedade, porventura em todas as sociedades, pairam no ar bandos de abutres tristes. O que mais os excita é o sangue que vislumbram no chão da vida com suas miras telescópicas. Os abutres crentes em Deus, acreditando na vida para além da morte, estão em vantagem. Os que acreditam acima de tudo na vida humana, eivada de suas vicissitudes terrenas, preocupam-se com as pedras. O título de um poema que publiquei dias atrás – “Fidelidade à Terra” – contém todo um programa que organiza a filosofia de vida daqueles que, como eu, acreditam num mundo sem Deus mas que não abdica do Sagrado.
O que mais impressiona na nossa vida pública é a capacidade de persuasão dos “media”, oráculos da verdade indesmentível sobreposta à realidade dos factos e, ainda mais, ver desfilar as legiões silenciosas dos crentes na representação da verdade falsificada. Como se a vida pública fosse uma cenografia pela qual desfila um imenso elenco de actores – primeiras figuras e figurantes – dos quais se espera que representem os papéis que os poderes mediáticos lhes impõem e destinam.
Todo o enredo foi escrito algures por alguém que aparece a público, com o rosto encoberto, sob anonimato, travestido de outrem, podendo mesmo ser assumido amigo companheiro e camarada, vertendo, gota a gota, no ar a insídia na qual se respira a trama que elimina a confiança e torna inânime a autoridade até à sua destruição final. Os abutres tristes de ontem correm sérios riscos de morrer às mãos dos abutres tristes de hoje.
Só há uma profilaxia radical para a perfídia na vida pública que todos os clássicos descrevem, com apurada argúcia e fino detalhe, – Nicolau Maquiavel – é afastarmo-nos dela sem desprezo pela coragem dos homens públicos que, afrontando os horrores da voracidade dos abutres tristes, tentam mudar a vida dos povos e das nações e que, por norma, são devorados pelas suas próprias obras e ambição. Mas, ao menos, que sejam capazes de dar aos cidadãos de boa vontade exemplos de sublime humildade ou de sábia abdicação.
(Com uma dedicatória ao Eduardo Ferro Rodrigues.)
Na nossa sociedade, porventura em todas as sociedades, pairam no ar bandos de abutres tristes. O que mais os excita é o sangue que vislumbram no chão da vida com suas miras telescópicas. Os abutres crentes em Deus, acreditando na vida para além da morte, estão em vantagem. Os que acreditam acima de tudo na vida humana, eivada de suas vicissitudes terrenas, preocupam-se com as pedras. O título de um poema que publiquei dias atrás – “Fidelidade à Terra” – contém todo um programa que organiza a filosofia de vida daqueles que, como eu, acreditam num mundo sem Deus mas que não abdica do Sagrado.
O que mais impressiona na nossa vida pública é a capacidade de persuasão dos “media”, oráculos da verdade indesmentível sobreposta à realidade dos factos e, ainda mais, ver desfilar as legiões silenciosas dos crentes na representação da verdade falsificada. Como se a vida pública fosse uma cenografia pela qual desfila um imenso elenco de actores – primeiras figuras e figurantes – dos quais se espera que representem os papéis que os poderes mediáticos lhes impõem e destinam.
Todo o enredo foi escrito algures por alguém que aparece a público, com o rosto encoberto, sob anonimato, travestido de outrem, podendo mesmo ser assumido amigo companheiro e camarada, vertendo, gota a gota, no ar a insídia na qual se respira a trama que elimina a confiança e torna inânime a autoridade até à sua destruição final. Os abutres tristes de ontem correm sérios riscos de morrer às mãos dos abutres tristes de hoje.
Só há uma profilaxia radical para a perfídia na vida pública que todos os clássicos descrevem, com apurada argúcia e fino detalhe, – Nicolau Maquiavel – é afastarmo-nos dela sem desprezo pela coragem dos homens públicos que, afrontando os horrores da voracidade dos abutres tristes, tentam mudar a vida dos povos e das nações e que, por norma, são devorados pelas suas próprias obras e ambição. Mas, ao menos, que sejam capazes de dar aos cidadãos de boa vontade exemplos de sublime humildade ou de sábia abdicação.
(Com uma dedicatória ao Eduardo Ferro Rodrigues.)
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terça-feira, abril 10
SEM TÍTULO
Fotografia de Hélder Gonçalves
No verão, por vezes, o vento Leste invade
a urbe. O vento da meseta – que o povo
diz não trazer nada de bom -, seca tudo
na sua frente. Também a cidade
está cheia de pessoas que secam tudo
na sua frente. Só conhecem pássaros
em gaiolas, árvores em toros
para crepitarem nas lareiras. O vento
cai, os insectos que arrastou
adubam os canteiros. As pessoas
duram todo o ano, estão sempre
vigilantes nas suas teias. De quem
falo – perguntas –. Ignoro! Abri
o computador a pensar num poema
e o texto foi invadido por um vento
cálido que não sei
para onde se dirige. Esperarei
Setembro, outra atmosfera, poderei
sair de casa, ir até ao correio,
escrever mensagens em que as aves
chilreiem, façam ninhos primaveris,
e pensar a cidade como se eu fosse
um forasteiro, com olhos de espanto:
carregar a memória com o crepúsculo,
coleccionar metáforas para,
no regresso, depositar
sob o teu olhar, avançar a mão
para a floresta, galopar intra-muros,
ouvir depois o boletim meteorológico
para saber onde iremos amanhã.
Egito Gonçalves
No verão, por vezes, o vento Leste invade
a urbe. O vento da meseta – que o povo
diz não trazer nada de bom -, seca tudo
na sua frente. Também a cidade
está cheia de pessoas que secam tudo
na sua frente. Só conhecem pássaros
em gaiolas, árvores em toros
para crepitarem nas lareiras. O vento
cai, os insectos que arrastou
adubam os canteiros. As pessoas
duram todo o ano, estão sempre
vigilantes nas suas teias. De quem
falo – perguntas –. Ignoro! Abri
o computador a pensar num poema
e o texto foi invadido por um vento
cálido que não sei
para onde se dirige. Esperarei
Setembro, outra atmosfera, poderei
sair de casa, ir até ao correio,
escrever mensagens em que as aves
chilreiem, façam ninhos primaveris,
e pensar a cidade como se eu fosse
um forasteiro, com olhos de espanto:
carregar a memória com o crepúsculo,
coleccionar metáforas para,
no regresso, depositar
sob o teu olhar, avançar a mão
para a floresta, galopar intra-muros,
ouvir depois o boletim meteorológico
para saber onde iremos amanhã.
Egito Gonçalves
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segunda-feira, abril 9
PERDIDO NA MULTIDÃO
(Clicar para ampliar)
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Adeptos do Farense assitindo a um jogo de futebol algures (Estádio do Jamor?) fora de Faro. Podem observar-se diversas figuras típicas de Faro, como o "Gaiana". Mas o mais curioso foi ter-me descoberto, a mim próprio, no meio da turba.
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A POESIA ESTÁ NA RUA
Imagem daqui
“A Poesia Está Na Rua” na recta final. Descobri agora, no site de Daniel Faria, a imagem que foi criada para o projecto da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e do INATEL, em 1999, pelo 25º Aniversário do 25 de Abril.
Por triste ironia do destino Daniel Faria havia de morrer pouco tempo depois da concretização deste projecto.
O exercício de juntar uma das 94 fotografias, que o Hélder Gonçalves me disponibilizou, a cada um dos poemas que constam daquela colecção, torna-se cada vez mais difícil.
A partir de hoje o ritmo de publicação vai passar a ser quase diário culminando, salvo qualquer imprevisto, no próprio dia 25 de Abril.
“A Poesia Está Na Rua” na recta final. Descobri agora, no site de Daniel Faria, a imagem que foi criada para o projecto da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e do INATEL, em 1999, pelo 25º Aniversário do 25 de Abril.
Por triste ironia do destino Daniel Faria havia de morrer pouco tempo depois da concretização deste projecto.
O exercício de juntar uma das 94 fotografias, que o Hélder Gonçalves me disponibilizou, a cada um dos poemas que constam daquela colecção, torna-se cada vez mais difícil.
A partir de hoje o ritmo de publicação vai passar a ser quase diário culminando, salvo qualquer imprevisto, no próprio dia 25 de Abril.
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domingo, abril 8
Fotografia de Hélder Gonçalves
Para que nasças no mês anterior
Para que nasças muito antes de chegares
Para que amanheças já aberta e recortada
No tempo anterior à tua vinda
Para que amanheças
Ó rosa anterior
Para que venhas
Mesmo antes de seres compreendida. Ainda
Antes da terra te poder gerar. Ó rosa
Já florida
Daniel Faria
Para que nasças no mês anterior
Para que nasças muito antes de chegares
Para que amanheças já aberta e recortada
No tempo anterior à tua vinda
Para que amanheças
Ó rosa anterior
Para que venhas
Mesmo antes de seres compreendida. Ainda
Antes da terra te poder gerar. Ó rosa
Já florida
Daniel Faria
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Dietrich Bonhoeffer
Dietrich Bonhoeffer
A propósito da leitura do capítulo intitulado “Le “sans dieu” chez Camus et Bonhoeffer” do livro de Arnaud Corbic: “Camus et l’homme sans Dieu”, confrontei-me com a biografia de Dietrich Bonhoeffer.
Por agora assinalo que a 9 de Abril de 1945, três semanas antes da capitulação nazi, Bonhoeffer foi enforcado por ordem expressa de Hitler após ter sido implicado no “putsch” de 20 de Julho de 1944 contra o ditador alemão.
Dietrich Bonhoeffer fez parte dos protestantes alemães que resistiram ao nazismo e deu a vida pela liberdade.
A propósito da leitura do capítulo intitulado “Le “sans dieu” chez Camus et Bonhoeffer” do livro de Arnaud Corbic: “Camus et l’homme sans Dieu”, confrontei-me com a biografia de Dietrich Bonhoeffer.
Por agora assinalo que a 9 de Abril de 1945, três semanas antes da capitulação nazi, Bonhoeffer foi enforcado por ordem expressa de Hitler após ter sido implicado no “putsch” de 20 de Julho de 1944 contra o ditador alemão.
Dietrich Bonhoeffer fez parte dos protestantes alemães que resistiram ao nazismo e deu a vida pela liberdade.
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sábado, abril 7
FIDELIDADE À TERRA
sexta-feira, abril 6
PINTO COELHO (GARROCINHO)
Fotografia “A Defesa de Faro”
Na fotografia Garrochinho e João Sopa, em Lisboa - 1954,
para apitar um Barreirense-Vitória, primeira divisão.
Na fotografia Garrochinho e João Sopa, em Lisboa - 1954,
para apitar um Barreirense-Vitória, primeira divisão.
VOTO OBRIGATÓRIO
Pour le vote obligatoire
Jean Daniel, a propósito das eleições presidenciais em França, defende o voto obrigatório. É um tema que merece uma reflexão séria.
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Jean Daniel, a propósito das eleições presidenciais em França, defende o voto obrigatório. É um tema que merece uma reflexão séria.
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PINA BAUSCH
Pina Bausch - For the Children of Yesterday
Acabamos de regressar do espectáculo – Uma só palavra: Extraordinário!
A coreógrafa alemã Pina Bausch defendeu hoje que a dança «deve dar atenção aos sentimentos, desejos e dores» para conseguir alcançar o público e não se resumir «a ser apenas algo belo e bom».
Acabamos de regressar do espectáculo – Uma só palavra: Extraordinário!
A coreógrafa alemã Pina Bausch defendeu hoje que a dança «deve dar atenção aos sentimentos, desejos e dores» para conseguir alcançar o público e não se resumir «a ser apenas algo belo e bom».
quinta-feira, abril 5
POESIA EUROPEIA NOS USA
Aplaudo de pé esta iniciativa. Só não entendo, sem prejuízo do mérito dos 5 poetas portugueses escolhidos, a razão da selecção de Manuel Alegre. Acho que, atendendo à natureza da iniciativa, e ao número restrito de poetas por país (5), Portugal devia ter seguido o exemplo de Espanha que não escolheu qualquer poeta vivo. Quem terá feito a selecção? Qual a razão da exclusão de Jorge de Sena? É um dos maiores poetas portugueses de sempre, está morto e, ainda por cima, viveu, trabalhou e está sepultado nos USA. Porquê Alegre e não Sena? Sem rancor! Faz pena!
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Um esclarecimento acerca da origem da selecção dos poetas portugueses.
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Um esclarecimento acerca da origem da selecção dos poetas portugueses.
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JESSICA BIEL
Jessica Biel Tops Sexy Poll
O pessoal da CGTP que me desculpe mas esta mudança tem o maior significado.
Mesmo nas coisas fúteis há mudanças. Como diz o poeta: “O mundo é feito de mudança …”.
A Scarlett Johansson, coitada, moça muito discreta e possuidora de cérebro (digo-o, de fonte segura, pois não tenho o prazer de a conhecer) foi destronada pela Jessica Biel.
Acho que todos ficamos a perder mas alguém terá ficado a ganhar.
O pessoal da CGTP que me desculpe mas esta mudança tem o maior significado.
Mesmo nas coisas fúteis há mudanças. Como diz o poeta: “O mundo é feito de mudança …”.
A Scarlett Johansson, coitada, moça muito discreta e possuidora de cérebro (digo-o, de fonte segura, pois não tenho o prazer de a conhecer) foi destronada pela Jessica Biel.
Acho que todos ficamos a perder mas alguém terá ficado a ganhar.
O PROBLEMA CLÁSSICO DOS GOVERNOS PORTUGUESES
Fotografia de Sophie Thouverin
O artigo, com o título em epígrafe, versa, mais uma vez, o problema do deficit. Integro no corpo do artigo, a propósito do tema, o discurso de tomada de posse de Salazar como Ministro das Finanças, proferido em 27 de Abril de 1928, véspera do seu 39º aniversário.
Salazar foi Ministro das Finanças durante mais de quatro anos, entre Abril de 1928 e Julho de 1932 tendo, posteriormente, durante um largo período, até Agosto de1940, acumulado as funções de Primeiro-ministro com a pasta das finanças.
A abordagem do tema nada tem a ver com as recentes alegorias ao tema, a propósito de um concurso televisivo, pois já anteriormente tinha publicado, separadamente, aquele discurso, e me interessa, apesar de não ser historiador, o papel de Salazar no período da chamada “ditadura nacional”.
Neste caso o assunto veio à baila despertado por um artigo de opinião de Vasco Pulido Valente no qual se desvaloriza a política de redução do deficit do actual governo afirmando que este é o “problema clássico dos governos portugueses” com excepção dos governos de Salazar.
Apesar do tema ser controverso há razões para acreditar que o problema do deficit foi, como o próprio discurso de Salazar demonstra, o primeiro e mais importante problema com que este se defrontou quando assumiu a pasta das finanças em 1928. E não deixa de ser significativo que só a partir de 1940 Salazar tenha deixado de ser Ministro das Finanças em acumulação, desde 1932, com as funções de presidente do Conselho.
Ler, na íntegra, aqui e aqui.
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[Suprimi no texto original, que é publicado no “SE”, uma palavra que prejudicava o entendimento da frase na qual se integra e ilustro com uma fotografia que, como muitas vezes me apetece fazer nada tem a ver, aparentemente, com o tema do post/artigo respectivo…
O artigo, com o título em epígrafe, versa, mais uma vez, o problema do deficit. Integro no corpo do artigo, a propósito do tema, o discurso de tomada de posse de Salazar como Ministro das Finanças, proferido em 27 de Abril de 1928, véspera do seu 39º aniversário.
Salazar foi Ministro das Finanças durante mais de quatro anos, entre Abril de 1928 e Julho de 1932 tendo, posteriormente, durante um largo período, até Agosto de1940, acumulado as funções de Primeiro-ministro com a pasta das finanças.
A abordagem do tema nada tem a ver com as recentes alegorias ao tema, a propósito de um concurso televisivo, pois já anteriormente tinha publicado, separadamente, aquele discurso, e me interessa, apesar de não ser historiador, o papel de Salazar no período da chamada “ditadura nacional”.
Neste caso o assunto veio à baila despertado por um artigo de opinião de Vasco Pulido Valente no qual se desvaloriza a política de redução do deficit do actual governo afirmando que este é o “problema clássico dos governos portugueses” com excepção dos governos de Salazar.
Apesar do tema ser controverso há razões para acreditar que o problema do deficit foi, como o próprio discurso de Salazar demonstra, o primeiro e mais importante problema com que este se defrontou quando assumiu a pasta das finanças em 1928. E não deixa de ser significativo que só a partir de 1940 Salazar tenha deixado de ser Ministro das Finanças em acumulação, desde 1932, com as funções de presidente do Conselho.
Ler, na íntegra, aqui e aqui.
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[Suprimi no texto original, que é publicado no “SE”, uma palavra que prejudicava o entendimento da frase na qual se integra e ilustro com uma fotografia que, como muitas vezes me apetece fazer nada tem a ver, aparentemente, com o tema do post/artigo respectivo…
mistérios!]
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