.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, novembro 12
domingo, novembro 11
O PAPA E A IGREJA CATÓLICA EM PORTUGAL
As notícias acerca do discurso do Papa aos Bispos portugueses na visita em epígrafe causou muita perplexidade. Toda a gente se interroga acerca do sentido das palavras do Papa que apontam, de forma explicita, críticas à acção e organização da Igreja Católica em Portugal.
É interessante fazer a leitura desse discurso à luz das declarações criticas oriundas dos meios da Igreja Católica, e mesmo de Bispos, ao governo português antecedendo esta visita. Afinal a campanha contra o governo, a propósito da Concordata, apesar de todos os problemas, parece ter sido apenas uma cortina de fumo.
Algo vai mal no Reino da Igreja Católica portuguesa. Julgo não ferir a susceptibilidade de ninguém se traduzir a mensagem do Papa aos bispos portugueses com uma só palavra: ORGANIZEM-SE!
Aqui ficam dois excertos significativos do discurso do Papa:
(…) Neste longo peregrinar, a confissão mais frequente nos lábios dos cristãos foi falta de participação na vida comunitária, propondo-se encontrar novas formas de integração na comunidade. A palavra de ordem era, e é, construir caminhos de comunhão. É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II, na qual esteja bem estabelecida a função do clero e do laicado, tendo em conta que todos somos um, desde quando fomos baptizados e integrados na família dos filhos de Deus, e todos somos corresponsáveis pelo crescimento da Igreja.
(…)
À vista da maré crescente de cristãos não praticantes nas vossas dioceses, talvez valha a pena verificardes «a eficácia dos percursos de iniciação actuais, para que o cristão seja ajudado, pela acção educativa das nossas comunidades, a maturar cada vez mais até chegar a assumir na sua vida uma orientação autenticamente eucarística, de tal modo que seja capaz de dar razão da própria esperança de maneira adequada ao nosso tempo» (…)
.
ARTE LISBOA
Ontem numa visita à Arte Lisboa deu para ver muita pintura. Impressionou-me, em particular, um trabalho de Ana Vidigal no âmbito dos Project Rooms – Trabalhos Experimentais. Trata-se de uma instalação representando um quarto ligado a uma história da própria família construída em torno de memórias, fotográficas e epistolares, da participação de um familiar próximo na guerra colonial. Simples, inesperado e comovente.
.
sábado, novembro 10
INIMPUTÁVEL
Já toda a gente percebeu que o Dr. Portas é inimputável [“que é irresponsável pelos seus actos”]. Pergunto à boa maneira dos usos da nossa época: se ninguém investiga para que serve a notícia?
.
sexta-feira, novembro 9
TRÊS LIVROS
Compro menos livros mas leio mais livros. Deixei ao longo dos tempos muitas leituras incompletas. Caminho às avessas. Leio e releio que é quase o mesmo que o ler original. Espanto-me com as sensações da releitura. Chego a duvidar que leio o já antes lido. Mas tenho a certeza pois, na maioria dos casos, sublinho e anoto os livros.
No entanto, entre ontem e hoje, chegaram a minhas mãos três novos livros. “Toda a Poesia”, de Ferreira Gullar, uma prenda à muito esperada, merecedora, a seu tempo, de comentário autónomo; “O Sonho mais Doce”, de Doris Lessing, pois nunca a li e a atribuição do Nobel me espicaçou e “a história da PIDE”, de Irene Flunser Pimentel, porque sim, basta este sub título, a páginas 335: “Informadores do meio liceal e estudantil (anos 60)”
.
quinta-feira, novembro 8
CONTRIBUINTE SOFRE
David Seymour
Ontem à tarde corria uma reunião na mesa em minha frente. Incomoda? Nada! De repente soa o sinal de mensagem no computador da minha colega. Numa pausa ela vai lê-lo e oiço uma exclamação fora de contexto. Após a reunião venho a saber a razão:
"Exma. Senhora fulana de tal, contribuinte nº tal:
Estão em curso nos serviços de Finanças da DGCI, autos de execução fiscal para a cobrança coerciva de dívidas fiscais apuradas em seu nome.”
(…)
“A penhora do bem já determinada, produzirá eficácia externa, em princípio após o dia 20 de Novembro, decorrendo até lá os procedimentos preparatórios internos.”
(…)
Parágrafo final: “Caso entretanto tenha regularizado a dívida, solicito que considere a presente mensagem sem efeito.” [Data e hora da comunicação: 7/11/2007 – pouco depois das 14 horas]
Pânico. Acalmo a contribuinte com palavras de contida comiseração perante tamanha ameaça. Ainda por cima, ao contrário do prometido, não foi possível “consultar o (s) elemento (s) do processo de execução fiscal instaurado (s)” no sistema informático da DGI.
Hoje pela manhã tomo conhecimento das diligências pessoais da contribuinte junto da Repartição de Finanças na qual não foi encontrado registo de qualquer dívida. Busca, mais busca e nada. Soube que, entretanto, no mesmo dia, pelas 20 horas e qualquer coisa, tinha chegado uma nova comunicação do seguinte teor:
“Foi enviada para o seu endereço electrónico uma mensagem solicitando o pagamento de uma dívida, em cujo processo haviam sido efectuadas diligência de penhora.
Verifica-se, porém, que a dívida em referência está regularizada, pelo que, tal como consta da parte final dessa mensagem, solicitamos que a considere sem efeito."
Informamos ainda que as diligências de penhora que haviam sido efectuadas foram canceladas logo que ocorreu o pagamento.” [data e hora da comunicação: 7/11/2007 – 20,20 horas].
Conclusões breves:
A administração fiscal envia para os contribuintes intimações de “penhora para pagamento de dívidas”, através de processo automático, sem acautelar nem a real situação das referidas dívidas, nem o histórico dos contribuinte na sua relação com o fisco;
O contribuinte cumpridor é intimado, tal como o incumpridor, sofrendo a correspondente pena psicológica além da inevitável sanção social pela fama de relapso;
Neste caso a administração fiscal emitiu duas comunicações sucessivas, de sinal contrário, com poucas horas de diferença, sendo que, na segunda, emenda o erro, omitindo a data da regularização efectuada alguns anos atrás, e nem sequer se dá ao luxo de pedir desculpa ao contribuinte.
Em conformidade, apesar de muito contrariado, tenho que dar razão ao Dr. Portas. Era mesmo o que me faltava!
Ontem à tarde corria uma reunião na mesa em minha frente. Incomoda? Nada! De repente soa o sinal de mensagem no computador da minha colega. Numa pausa ela vai lê-lo e oiço uma exclamação fora de contexto. Após a reunião venho a saber a razão:
"Exma. Senhora fulana de tal, contribuinte nº tal:
Estão em curso nos serviços de Finanças da DGCI, autos de execução fiscal para a cobrança coerciva de dívidas fiscais apuradas em seu nome.”
(…)
“A penhora do bem já determinada, produzirá eficácia externa, em princípio após o dia 20 de Novembro, decorrendo até lá os procedimentos preparatórios internos.”
(…)
Parágrafo final: “Caso entretanto tenha regularizado a dívida, solicito que considere a presente mensagem sem efeito.” [Data e hora da comunicação: 7/11/2007 – pouco depois das 14 horas]
Pânico. Acalmo a contribuinte com palavras de contida comiseração perante tamanha ameaça. Ainda por cima, ao contrário do prometido, não foi possível “consultar o (s) elemento (s) do processo de execução fiscal instaurado (s)” no sistema informático da DGI.
Hoje pela manhã tomo conhecimento das diligências pessoais da contribuinte junto da Repartição de Finanças na qual não foi encontrado registo de qualquer dívida. Busca, mais busca e nada. Soube que, entretanto, no mesmo dia, pelas 20 horas e qualquer coisa, tinha chegado uma nova comunicação do seguinte teor:
“Foi enviada para o seu endereço electrónico uma mensagem solicitando o pagamento de uma dívida, em cujo processo haviam sido efectuadas diligência de penhora.
Verifica-se, porém, que a dívida em referência está regularizada, pelo que, tal como consta da parte final dessa mensagem, solicitamos que a considere sem efeito."
Informamos ainda que as diligências de penhora que haviam sido efectuadas foram canceladas logo que ocorreu o pagamento.” [data e hora da comunicação: 7/11/2007 – 20,20 horas].
Conclusões breves:
A administração fiscal envia para os contribuintes intimações de “penhora para pagamento de dívidas”, através de processo automático, sem acautelar nem a real situação das referidas dívidas, nem o histórico dos contribuinte na sua relação com o fisco;
O contribuinte cumpridor é intimado, tal como o incumpridor, sofrendo a correspondente pena psicológica além da inevitável sanção social pela fama de relapso;
Neste caso a administração fiscal emitiu duas comunicações sucessivas, de sinal contrário, com poucas horas de diferença, sendo que, na segunda, emenda o erro, omitindo a data da regularização efectuada alguns anos atrás, e nem sequer se dá ao luxo de pedir desculpa ao contribuinte.
Em conformidade, apesar de muito contrariado, tenho que dar razão ao Dr. Portas. Era mesmo o que me faltava!
.
quarta-feira, novembro 7
ALBERT CAMUS
Não amaremos talvez insuficientemente a vida? Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha?! Como admiramos os nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra! A homenagem surge, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem esperado de nós, durante a vida inteira. Mas sabe porque nós somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles, já não há deveres.
É assim o homem, caro senhor, tem duas faces. Não pode amar sem se amar. Observe os seus vizinhos, se calha de haver um falecimento no prédio. Dormiam na sua vida monótona e eis que, por exemplo, morre o porteiro. Despertam imediatamente, atarefam-se, enchem-se de compaixão. Um morto no prelo, e o espectáculo começa, finalmente. Têm necessidade de tragédia, que é que o senhor quer?, é a sua pequena transcendência, é o seu aperitivo.
É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros!
terça-feira, novembro 6
a vida material
segunda-feira, novembro 5
BCP
Elliott Erwitt
"A liderança do BCP encontra-se muito fragilizada, não se vislumbrando como possa recuperar sem uma intervenção externa." Francisco Sarsfielda Cabral, PÚBLICO, 5-11-2007
Acontece. Tresleio sempre: PCP. O ambiente de guerra-fria, a preto e branco, por entre rezas, ameaças e dedos apontados. Um dia destes o império desmembra-se e a armada invencível vai ao fundo. É sempre assim …
"A liderança do BCP encontra-se muito fragilizada, não se vislumbrando como possa recuperar sem uma intervenção externa." Francisco Sarsfielda Cabral, PÚBLICO, 5-11-2007
Acontece. Tresleio sempre: PCP. O ambiente de guerra-fria, a preto e branco, por entre rezas, ameaças e dedos apontados. Um dia destes o império desmembra-se e a armada invencível vai ao fundo. É sempre assim …
.
domingo, novembro 4
sexta-feira, novembro 2
CINCO PALAVRAS APENAS
Lydia Panas
Podia escrever acerca do Tratado Reformador, ou Tratado de Lisboa, como será designado a partir de 13 de Dezembro, mas o tema é hermético demais para os escassos caracteres que me cabe ocupar. Para mim a importância do tratado, chapéu jurídico da UE, resume-se a uma palavra: paz.
Podia escrever acerca do PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento), ou mais prosaicamente, acerca do deficit, mas o tema está banalizado. O governo socialista bateu por KO técnico os seus adversários. Resta saber como a economia portuguesa, e a europeia, se animam para crescer mais e melhor somando à paz, a prosperidade.
Podia escrever acerca do desemprego, uma tragédia social, dilacerante para a vida real de milhares de famílias, mas receio ser levado a conclusões demasiado pessimistas pois creio que a mudança da especialização internacional da economia portuguesa é potencialmente geradora de desemprego e será ainda mais difícil somar à paz e à prosperidade, a solidariedade.
Podia escrever acerca do mercado de trabalho, que se estreita nos extremos, afastando os mais novos, que buscam o primeiro emprego, e os mais velhos, que buscam o reconhecimento da experiência; que lança para a emigração os trabalhadores mais qualificados e atrai, por via da imigração, mão-de-obra estrangeira menos qualificada, tornando mais difícil juntar à paz, à prosperidade e à solidariedade, a inclusão.
Podia escrever acerca do Dr. Santana Lopes que voltou à ribalta política com a onda que fez emergir o Dr. Menezes. De vez em quando os partidos mostram a sua verdadeira face. Nas dobras da longa túnica que encobre o exercício do poder, em democracia, acoitam-se todos os géneros de narcisismo indigente, tornando ainda mais difícil juntar à paz, à prosperidade, à solidariedade e à inclusão, a decência.
Podia escrever acerca dos homens e mulheres, de boa vontade, que colocam a liberdade acima de qualquer outro valor, para que se não dêem ao luxo do conformismo que Albert Camus, como se fora do nosso tempo, identificou como “O problema mais sério que se põe aos espíritos contemporâneos”.
Como poderão os cidadãos acreditar nas virtualidades da democracia representativa se ela não garantir a paz? Não gerar a prosperidade? Não propiciar, em solidariedade e inclusão, a dignidade, qualificação e valorização das pessoas? Não tomar a seu cargo o rejuvenescimento das elites dirigentes, sob o primado da decência?
Cinco palavras apenas: paz, prosperidade, solidariedade, inclusão e decência para escrever, finalmente, a frase que queria escrever: como hão-de os cidadãos, conformados à descrença nas suas próprias virtudes, ajudar à riqueza da nação?
[Transcrição integral do artigo publicado, hoje, no “Semanário Económico”. Também disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR.]
Podia escrever acerca do Tratado Reformador, ou Tratado de Lisboa, como será designado a partir de 13 de Dezembro, mas o tema é hermético demais para os escassos caracteres que me cabe ocupar. Para mim a importância do tratado, chapéu jurídico da UE, resume-se a uma palavra: paz.
Podia escrever acerca do PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento), ou mais prosaicamente, acerca do deficit, mas o tema está banalizado. O governo socialista bateu por KO técnico os seus adversários. Resta saber como a economia portuguesa, e a europeia, se animam para crescer mais e melhor somando à paz, a prosperidade.
Podia escrever acerca do desemprego, uma tragédia social, dilacerante para a vida real de milhares de famílias, mas receio ser levado a conclusões demasiado pessimistas pois creio que a mudança da especialização internacional da economia portuguesa é potencialmente geradora de desemprego e será ainda mais difícil somar à paz e à prosperidade, a solidariedade.
Podia escrever acerca do mercado de trabalho, que se estreita nos extremos, afastando os mais novos, que buscam o primeiro emprego, e os mais velhos, que buscam o reconhecimento da experiência; que lança para a emigração os trabalhadores mais qualificados e atrai, por via da imigração, mão-de-obra estrangeira menos qualificada, tornando mais difícil juntar à paz, à prosperidade e à solidariedade, a inclusão.
Podia escrever acerca do Dr. Santana Lopes que voltou à ribalta política com a onda que fez emergir o Dr. Menezes. De vez em quando os partidos mostram a sua verdadeira face. Nas dobras da longa túnica que encobre o exercício do poder, em democracia, acoitam-se todos os géneros de narcisismo indigente, tornando ainda mais difícil juntar à paz, à prosperidade, à solidariedade e à inclusão, a decência.
Podia escrever acerca dos homens e mulheres, de boa vontade, que colocam a liberdade acima de qualquer outro valor, para que se não dêem ao luxo do conformismo que Albert Camus, como se fora do nosso tempo, identificou como “O problema mais sério que se põe aos espíritos contemporâneos”.
Como poderão os cidadãos acreditar nas virtualidades da democracia representativa se ela não garantir a paz? Não gerar a prosperidade? Não propiciar, em solidariedade e inclusão, a dignidade, qualificação e valorização das pessoas? Não tomar a seu cargo o rejuvenescimento das elites dirigentes, sob o primado da decência?
Cinco palavras apenas: paz, prosperidade, solidariedade, inclusão e decência para escrever, finalmente, a frase que queria escrever: como hão-de os cidadãos, conformados à descrença nas suas próprias virtudes, ajudar à riqueza da nação?
[Transcrição integral do artigo publicado, hoje, no “Semanário Económico”. Também disponível no IR AO FUNDO E VOLTAR.]
.
quinta-feira, novembro 1
PRESIDENCIAIS - USA
Antes de mais nada o que todos pensam mas poucos dizem: uma mulher na Casa Branca?
.
quarta-feira, outubro 31
D. JOÃO PECULIAR (II)
Continuando a discorrer acerca da figura de D. João Peculiar que desempenhou um papel central na orientação da política de Afonso Henriques.
“Uma vez escolhido, [para Bispo do Porto] D. João Peculiar mostrou, desde logo, a sua natureza decidida e empreendedora ao dirigir-se a Burgos, ainda antes de ter sido sagrado bispo, para tomar parte no concilio que aí se celebrou a partir de 4 de Outubro de 1136 na presença do legado papal, o cardeal Guido de Vico.
(...) De regresso a Portugal, João Peculiar tomou conta da sua diocese, mas a 4 de Julho de 1137 acompanhou a Tui, juntamente com Paio Peres, arcebispo de Braga, o principe D. Afonso, para assistir ao juramento de vassalagem que nesse dia ele prestou a seu primo o imperador Afonso VII, como vimos noutro capítulo.”
“D. João desempenhou por pouco tempo as funções de bispo do Porto. (...)” tendo sido “eleito arcebispo de Braga, a função eclesiástica mais importante de Portugal, aquela que, por causa das tentativas de absorção empreendidas por Diego Gelmírez e da necessidade de lhe resistir, o obrigou a desenvolver intensos contactos com os poderes políticos portugueses e leoneses e com a cúria romana.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”13 – Os auxiliares”, pgs 131/133. (29).
.
“Uma vez escolhido, [para Bispo do Porto] D. João Peculiar mostrou, desde logo, a sua natureza decidida e empreendedora ao dirigir-se a Burgos, ainda antes de ter sido sagrado bispo, para tomar parte no concilio que aí se celebrou a partir de 4 de Outubro de 1136 na presença do legado papal, o cardeal Guido de Vico.
(...) De regresso a Portugal, João Peculiar tomou conta da sua diocese, mas a 4 de Julho de 1137 acompanhou a Tui, juntamente com Paio Peres, arcebispo de Braga, o principe D. Afonso, para assistir ao juramento de vassalagem que nesse dia ele prestou a seu primo o imperador Afonso VII, como vimos noutro capítulo.”
“D. João desempenhou por pouco tempo as funções de bispo do Porto. (...)” tendo sido “eleito arcebispo de Braga, a função eclesiástica mais importante de Portugal, aquela que, por causa das tentativas de absorção empreendidas por Diego Gelmírez e da necessidade de lhe resistir, o obrigou a desenvolver intensos contactos com os poderes políticos portugueses e leoneses e com a cúria romana.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”13 – Os auxiliares”, pgs 131/133. (29).
.
terça-feira, outubro 30
CORRENTES DE LEITURA
O Tomas Vasques desafia-me para outra corrente da página 161. Não o vou deixar sem resposta. O livro: O Príncipe de Nicolau Maquiavel, comentado por Napoleão Bonaparte – uma edição antiga. A citação que corresponde ao desafio é a nota 393 de Napoleão Bonaparte que surge no final de uma passagem do capítulo “Das coisas pelas quais os homens, e sobretudo os príncipes, ganham censura ou louvor”.
Alargo um pouco a citação da dita passagem para que se entenda o seu sentido, aliás, com inusitada actualidade política: “Apartando, pois, as coisas que se imaginaram em relação a um príncipe e discorrendo daquelas que são verdadeiras, digo que a todos os homens, quando deles se fala, e sobretudo aos príncipes, por se encontrarem em mais alta condição, se atribui uma das qualidades que provocam censura ou louvor. Isto é, um será tido por liberal, outro por sovina (…); um por amigo de dar, outro por ganancioso; um por cruel, outro por compassivo; um por mentiroso, outro por homem de palavra; um por efeminado e cobarde, outro por viril e corajoso; um por afável, outro por orgulhoso; um por devasso, outro por casto; um por franco, outro por matreiro; um por opinoso, outro por complacente; um por grave, outro por leviano; um por religioso, outro por incrédulo, etc. Sei muito bem que todos achariam ser coisa de grande louvor encontrar-se um príncipe que tivesse das referidas qualidades todas as que são consideradas boas." É aqui que Napoleão Bonaparte escreve a nota 393: “Sim, como Luís XVI; mas também se acaba por perder o reino e a cabeça.”
Com as minhas desculpas, desta vez, não passo porque alguns dos jogadores, já anteriormente desafiados, ainda estão em dívida.
.
Alargo um pouco a citação da dita passagem para que se entenda o seu sentido, aliás, com inusitada actualidade política: “Apartando, pois, as coisas que se imaginaram em relação a um príncipe e discorrendo daquelas que são verdadeiras, digo que a todos os homens, quando deles se fala, e sobretudo aos príncipes, por se encontrarem em mais alta condição, se atribui uma das qualidades que provocam censura ou louvor. Isto é, um será tido por liberal, outro por sovina (…); um por amigo de dar, outro por ganancioso; um por cruel, outro por compassivo; um por mentiroso, outro por homem de palavra; um por efeminado e cobarde, outro por viril e corajoso; um por afável, outro por orgulhoso; um por devasso, outro por casto; um por franco, outro por matreiro; um por opinoso, outro por complacente; um por grave, outro por leviano; um por religioso, outro por incrédulo, etc. Sei muito bem que todos achariam ser coisa de grande louvor encontrar-se um príncipe que tivesse das referidas qualidades todas as que são consideradas boas." É aqui que Napoleão Bonaparte escreve a nota 393: “Sim, como Luís XVI; mas também se acaba por perder o reino e a cabeça.”
Com as minhas desculpas, desta vez, não passo porque alguns dos jogadores, já anteriormente desafiados, ainda estão em dívida.
.
segunda-feira, outubro 29
ANTÓNIO CABRAL
Soube, através do Expresso, da morte de António Cabral. Um dia, nos inícios de 1996, alguém sugeriu o seu nome para delegado do INATEL no distrito de Vila Real. Propus a sua nomeação. Era um homem calhado para a função. Não tanto por ser um “homem de letras” mas por ser um entusiasta de um tema fora de moda, a cultura popular. Os delegados distritais do INATEL tinham, e ainda têm, uma característica peculiar. São amadores no exercício da função, recebem uma espécie de gratificação irrelevante, em dinheiro, para lidar com um sem número de colectividades que promovem actividades de cultura popular, desporto amador e o turismo social. Ele desembaraçava-se da complexa tarefa e, nas reuniões, fazia intervenções fora do registo burocrático. Bem haja!
.
A Europa e alguma Esquerda
Estou de acordo com Leonel Moura com excepção da diabolização do referendo que me parece ser uma questão bem mais complexa na lógica do funcionamento do sistema democrático no que concerne, em particular, à questão europeia.
.
domingo, outubro 28
CENÁRIO DE GUERRA - 2ª EDIÇÃO
A notícia faz lembrar os antecedentes da intervenção militar dos USA no Iraque. As mentiras de Bush, Blair, Aznar e C.ª, a propósito do “poderio militar” do Iraque, poderão ser reeditadas no caso do Irão? Uma segunda edição a papel quimico? Desta vez com ameaças ainda mais graves? Atendendo aos antecedentes preparemos-nos para o pior!
.
sábado, outubro 27
CRESCESTE
sexta-feira, outubro 26
SONDAGENS
Fotografia daqui
Em algum momento o PS teria de descer nas sondagens. O que espanta é a sua resistência à erosão da governação, quer no tempo, quer na margem do desgaste. Como sempre aconteceu, as presidências europeias, mesmo competentes, provocam estragos na popularidade dos governos. Aguardemos a remodelação!
Em algum momento o PS teria de descer nas sondagens. O que espanta é a sua resistência à erosão da governação, quer no tempo, quer na margem do desgaste. Como sempre aconteceu, as presidências europeias, mesmo competentes, provocam estragos na popularidade dos governos. Aguardemos a remodelação!
.
quinta-feira, outubro 25
REVOLTA À VISTA NA BLOGOSFERA
Burocrazia sul web? Allarme in rete
O governo italiano tem ultimado um diploma destinado a – para ser directo – controlar a blogosfera. Para ajudar a compreender a ideia do governo Prodi (uma coligação dos partidos da esquerda moderada até à extrema esquerda) leia-se a notícia do El Pais. Era mesmo o que nos faltava!
O governo italiano tem ultimado um diploma destinado a – para ser directo – controlar a blogosfera. Para ajudar a compreender a ideia do governo Prodi (uma coligação dos partidos da esquerda moderada até à extrema esquerda) leia-se a notícia do El Pais. Era mesmo o que nos faltava!
.
Subscrever:
Mensagens (Atom)