Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
terça-feira, fevereiro 25
O MEU IRMÃO DIMAS MORREU FAZ NOVE ANOS
O meu irmão Dimas era um “self-made-man”. Pertencia aquela rara plêiade de portugueses que triunfou na vida pelas suas próprias mãos. Com o seu trabalho. Sem golpes nem favorecimentos espúrios. Um artista de fina sensibilidade e operário na sua arte, perfeccionista, preocupado com os detalhes, homem de honra e de palavra.
Sofreu, certamente, em silêncio, os males do nosso tempo e a doença súbita que, em poucos dias, o ceifou para a vida. Eu fui um filho tardio. A sua adolescência coincidiu com a minha meninice. Sempre fui para ele “o meu menino”. O meu irmão Dimas raramente dizia palavras de circunstância. Nem era homem de grandes manifestações públicas de afecto. Mas eu sempre senti o halo da sua secreta afeição e solidariedade.
A imagem que dele guardo, para sempre, está neste retrato a preto e branco. A família completa posa para a Kodak de meu pai. No Jardim da Alameda, em Faro. Respira-se um ar de felicidade e o meu irmão, adolescente, deixa perceber a sua elegância. Eu empoleiro-me no banco na hora do disparo. A máquina, suspensa num tripé, accionada por meu pai, deixa passar aqueles segundos que ainda lhe permitem tomar o lugar no retrato.
Reparo nas roupas domingueiras que todos envergávamos. O meu olhar e o de minha mãe pousam, certeiros, na objectiva. Os olhares de meu pai e de meu irmão pousam em algo, ou alguém, ligeiramente ao lado. Simétricos dois a dois. Reparo na expressão feliz do seu rosto e na sua esguia mão.
Que dia terá sido aquele? Um aniversário? Um dia de festa? Um momento para todo o sempre.
[Publicado em 1 de março de 2005. Um dos mais sofridos textos que escrevi nos dez anos deste blogue.]
[Republico com mudança de fotografia em homenagem ao meu irmão Dimas pelo nono aniversário da sua morte.]
segunda-feira, fevereiro 24
Capitão Teófilo Bento - 25 de abril - 40 anos, 42
Foi o Capitão Teófilo Bento que me contactou no início de 1974. Não sei já através de quem chegou até mim. Talvez tenha sido depois da tentativa frustrada do golpe das Caldas da Rainha, e...m 16 de Março.
Falamos num carro estacionado próximo do 2º GCAM, no Campo Grande, onde cumpria o serviço militar como oficial miliciano. Ele queria saber se havia algum oficial miliciano de confiança no Quartel-General em Lisboa.
Tratava-se de um ponto fraco na rede de oficiais que preparavam o golpe. Não havia ninguém que eu conhecesse. Mas, após este encontro, fiquei com a certeza acerca da inevitabilidade do golpe o que, até esse dia, era uma mera convicção.
Estava, de facto, em marcha uma acção de envergadura para derrubar o regime. Desta vez era mesmo a sério.
Mantive a maior descrição. Não falei a ninguém acerca desse encontro. Mas tomei as minhas providências. O ambiente era de medir forças dentro dos quartéis.
Após o fracassado "Golpe das Caldas" todos os movimentos eram observados e o ar que se respirava estava povoado de ameaças.
domingo, fevereiro 23
Breve resenha histórica da imprensa do MES - O jornal «Poder Popular» (III) - 25 de abril - 40 anos, 41
A aventura do jornal Esquerda Socialista decorreu entre 12 de Setembro de 1974, data da edição do nº 0, e 16 de Julho de 1975, com a saída do nº 38. Considerando o nº 0, e a edição especial de 13 de Março de 1975, foram publicados 40 números do Esquerda Socialista. Desde a edição do nº 1, a 16 de Outubro de 1974, o jornal saiu, sem interrupções, com uma periodicidade semanal, durante dez meses.
O outro órgão de imprensa do MES - o Poder Popular - foi criado no âmbito da campanha eleitoral para a Assembleia Constituinte. O seu título corresponde plenamente à deriva esquerdista do MES, dando eco a uma das palavras de ordem adoptadas: «Lutar, Criar, Poder Popular».
A 1ª série consistiu em 7 números, editados entre 3 e 23 de Abril de 1975, formato grande, semelhante ao do DN da época, com uma tiragem de 10 000 exemplares, em edição bissemanal - às quintas-feiras e domingos. O seu director foi o Paulo Bárcia, tendo sido impresso na ADFA (Associação dos Deficientes das Forças Armadas) e, ao que consta, não deixou dívidas.
A 2ª série do Poder Popular tem início em 23 de Julho de 1975, com o fim do Esquerda Socialista, anunciando que este jornal se havia de transformar na revista teórica do MES, da qual em breve sairia o primeiro número. Tal nunca viria a acontecer não passando de uma ideia que, embora sempre estivesse presente, nunca foi concretizada.
Esta série do PP atravessa todo o período mais conturbado da revolução, desde o «Verão Quente» de 1975 até à campanha presidencial de Otelo, sendo no nº 48, publicado em 21 de Julho de 1976, divulgados os resultados das eleições presidenciais. Até ao nº 29 o director foi Fernando Ribeiro Mendes sendo tal tarefa, na sequência do II Congresso, atribuída a Eduardo Ferro Rodrigues, que dirigiu o PP do nº 30 ao nº 48.
A 3ª série do PP foi dada à estampa entre Julho de 1976 e Fevereiro de 1978, com a edição de 16 números, a partir do nº 49, no qual se comemorava o 2º aniversário do jornal. O seu director, neste período, foi o subscritor destas linhas (até ao nº 61) que se viu a braços com uma situação política brevemente caracterizada, num relatório interno, nos seguintes termos:
«- o desânimo e o desencanto, pós-presidenciais, de largos sectores revolucionários, …; - o fracasso progressivo dos GDUPs/MUP; - a existência de fortes divergências internas que, pela 1ª vez na nossa história, se põem duma forma aberta e atravessam o Partido, a sua direcção e os quadros mais activos; são as tomadas de posição polémicas face ao MUP, e a saída (no nº 54) da famosa Resolução da 8ª Reunião do CC …».
A 4ª série do PP é publicada entre 1 de Fevereiro de 1978, (nº 65) e 13 Julho (nº 76) do mesmo ano, desde o nº 62, sob a direcção de Augusto Mateus, tendo sido o canto de cisne da imprensa do MES. No seu conjunto foram editados, entre 2 de Abril de 1975 e 13 de Julho de 1978, 83 números do Poder Popular.
O que estava em discussão, nesta última fase do MES, politicamente activo, era a urgente necessidade de romper com as ilusões revolucionárias, reconhecendo a legitimidade da democracia representativa, ou burguesa, na linguagem da época, orientação que, embora de forma mitigada, a Resolução da 8ª Reunião consagra, abandonando, ao mesmo tempo, a politica de alianças com os pequenos partidos da esquerda.
Só aquando das eleições legislativas intercalares de 1979, o MES assumiu publicamente esta nova política, com o anúncio de que não concorreria a essas eleições apelando, através de uma declaração de Vitor Wengorovius, ao voto no PS ou na APU.
PUBLICADO A 13 DE JANEIRO DE2009
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sábado, fevereiro 22
PIDE - "A INFORMAÇÃO E OS INFORMADORES" - 25 de abril - 40 anos, 40
Ainda a propósito da PIDE e do livro “a história da PIDE”, de Irene Flunser Pimentel, interessou-me, particularmente, o Capítulo XI: “A Informação e os Informadores”. Trata a autora, neste capítulo, da“realidade desse mundo de denúncias que manchou o século XX e faz hoje parte da história portuguesa.”
O número de informadores não é apresentado pois “a DGS destruiu um ficheiro onde era feita a correspondência entre os pseudónimos usados pelos informadores e a sua identificação real”. No entanto tudo parece apontar, segundo diversas fontes, para um número nunca inferior a 20 000. Não vou entrar na pungente similitude entre muitos dos comportamentos do sub mundo da denúncia anónima durante a ditadura e em plena democracia.
Quero simplesmente referir o facto de ter encontrado, neste capítulo, duas situações curiosas às quais me encontro, indirectamente, associado . A primeira vem ao caso a propósito da infiltração, nos anos 70, de um tal Viseu em organizações da extrema esquerda, entre elas a União Revolucionária Marxista Leninista (URML), tendo aquele Viseu prestado informações “acerca do militante Joaquim Luciano, também denunciado por Francisco Cabedal (…)” [pag. 331]. Ora eu próprio acompanhei muito de perto, num determinado período, o referido Luciano em inúmeras e continuadas “actividades subversivas”, em particular, na área cultural. Deveria ser o resultado de uma espécie de aliança entre o embrionário MES e a URML . Mas nunca supus que o Luciano tivesse tanta importância para que a PIDE exercesse sobre ele tão apertada vigilância.
A outra referência, a pag. 336, surge nos parágrafos que a autora dedica aos informadores do meio estudantil. Não me espanta que se refira nestes termos à sua actividade na faculdade que, por acaso, eu próprio frequentava: “Mas os informadores mais prolixos no meio estudantil foram os do ISCEF, que assinavam por “Glória e Vera Cruz”, eram dois irmãos de Aveiro , estudantes finalistas em 1973, que recebiam, cada um , 1 000$00 pelos serviços prestados. Em 12 de Janeiro de 1968, enviaram à PIDE um relatório acerca de uma reunião de alunos no decorrer da qual um deles apanhara “discretamente” um papel que tinha sido trocado entre os estudantes Serras Gago, Alberto Costa [o actual Ministro da Justiça] e Júlio Dias. Em Abril de 1969, “Glória e Vera Cruz” informaram que os representantes da Academia de Lisboa na Comissão Nacional dos Estudantes Portugueses eram Alberto Costa, Arnaldo de Matos e Carlos Pimenta ”. [Digo eu: uma verdadeira aliança PCP/MRPP].
Neste passo, numa nota de rodapé, são referidos outros nomes referenciados na pasta 212, ISCEF 1968/69:“Horácio Faustino, Cordovil [qual deles, Xico ou João?], João Isidro, Horácio, António Manso, Jofre Justino, Quim Zé, Gavião, Emanuel [o actual Secretário de Estado Orçamento?], Coelho e Pratas.” Parece que estou a vê-los!
In “ a história da PIDE”, Irene Flunser Pimentel – Circulo de Leitores/Temas e Debates
PUBLICADO EM 14 DE NOVEMBRO DE 2007
IR PELA SUA MÃO
Em memória de meu pai
Ir pela sua mão era caminhar
para um paraíso sem nome,
sonhar uma aventura terna
sabendo de cor o caminho
de regresso a casa a pé
sem guia nem vertigens
Ir pela sua mão aberta
à ternura de mão solitária
era saborear um engano
sem mácula, sobreviver
e nada dever aos outros
que se não pudesse devolver
Ir pela sua mão desarmada
não deixava rasto no chão
e a minha cabeça voava à roda
do meu coração que batia
como agora quando me escapo
à rotina do bater do dia
Ir pela sua mão lembra-me
sempre o dobrar dos dias,
homens tristes de ombros
postos nas esquinas luzidias
esperando taciturnos perder
o sentido do seu próprio corpo
Ir pela sua mão seria partir
do nada ao especial feito,
rasgar um caminho incerto
de mágoas, uma alegria banal,
sagradas confidências guardadas
entre nós que se não confiam
Ir pela sua mão dava acesso
ao mundo, mas ninguém soube
das suas amantes que eu vi,
nem dos gritos do seu olhar
que se abria dolente para mim
pedindo em silêncio aceitação
Eu tudo lhe dei sempre sem pedir
nada em troca, somente por vezes
a sua mão para ir nela confiante
em busca de um caminho qualquer
que não sabia onde levava nem
isso de verdade nada interessava.
(In "Ir pela sua mão" - Maio 2003 - Editora Ausência)
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Ir pela sua mão era caminhar
para um paraíso sem nome,
sonhar uma aventura terna
sabendo de cor o caminho
de regresso a casa a pé
sem guia nem vertigens
Ir pela sua mão aberta
à ternura de mão solitária
era saborear um engano
sem mácula, sobreviver
e nada dever aos outros
que se não pudesse devolver
Ir pela sua mão desarmada
não deixava rasto no chão
e a minha cabeça voava à roda
do meu coração que batia
como agora quando me escapo
à rotina do bater do dia
Ir pela sua mão lembra-me
sempre o dobrar dos dias,
homens tristes de ombros
postos nas esquinas luzidias
esperando taciturnos perder
o sentido do seu próprio corpo
Ir pela sua mão seria partir
do nada ao especial feito,
rasgar um caminho incerto
de mágoas, uma alegria banal,
sagradas confidências guardadas
entre nós que se não confiam
Ir pela sua mão dava acesso
ao mundo, mas ninguém soube
das suas amantes que eu vi,
nem dos gritos do seu olhar
que se abria dolente para mim
pedindo em silêncio aceitação
Eu tudo lhe dei sempre sem pedir
nada em troca, somente por vezes
a sua mão para ir nela confiante
em busca de um caminho qualquer
que não sabia onde levava nem
isso de verdade nada interessava.
(In "Ir pela sua mão" - Maio 2003 - Editora Ausência)
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sexta-feira, fevereiro 21
O TRIUNFO DOS PORCOS
É sempre bom saber destas coisas, mesmo 70 anos depois, para se aquilatar do que sempre se oculta acerca da censura. A censura, ou a rasura do pensamento, por motivos políticos, é só a ponta do iceberg. Os detentores do poder, seja de que natureza for, são tentados a fazer censura, suprimindo, ou limitando, as liberdades. Não se pode publicar tudo! Não se pode dizer tudo! O próximo alvo dos censores institucionais é a internet: uma verdadeira dor de cabeça para todos os que toleram mal o regime democrático liberal. Uma arma letal contra as ditaduras. A defesa da liberdade de acesso, e utilização, da internet é uma das principais bandeiras, nos nossos dias, na luta contra a tirania. Uma batalha que vai endurecer nos próximos tempos.
PUBLICADO EM 2 DE ABRIL DE 2009
quinta-feira, fevereiro 20
MES - Resolução da 8ª reunião plenária do Comité Central - 25 de abril - 40 anos, 39
Nos onze meses posteriores ao II Congresso do MES, desde 15 de Fevereiro de 1976 até ao final desse ano, decorreram três batalhas políticas nas quais o MES foi estrondosamente derrotado: as eleições legislativas de Abril de 1976, as eleições presidenciais, nas quais apoiámos a candidatura de Otelo e, finalmente, as eleições autárquicas de Dezembro.
Apesar da retórica revolucionária, ainda presente nas conclusões do II Congresso, que se destinavam a sustentar, persistindo na «linha revolucionária», o empenhamento nas batalhas eleitorais de 1976, o desastre político que os seus resultados representaram impuseram o início de um volte face, em particular, no plano programático que começou a desenhar-se com a Resolução adoptada na 8ª Reunião Plenária da Comité Central.
Esta reunião realizou-se nos dias 15 e 16 de Dezembro de 1976 e a Resolução aí aprovada ostenta, como epígrafe, uma citação de Lenin que, no dia do encerramento do XXVIII Congresso do PCP, em que escrevo, se revela particularmente interessante:
«Ocorre frequentemente que quando se dá uma reviravolta brusca na história, até os Partidos mais avançados deixam passar um tempo mais ou menos longo, antes de se orientarem na nova situação criada, repetindo palavras de ordem que, se ontem eram acertadas, hoje perderam toda a razão de ser tão “subitamente” como «súbita» é a brusca viragem da história.»
O teor da frase escolhida para epígrafe da 8ª Resolução, assim como o seu autor, foram uma espécie de «almofada» que ajudaria os mais recalcitrantes «revolucionários» do MES a aceitar a democracia parlamentar, nunca antes reconhecida, mas que os acontecimentos do 25 de Novembro de 1975 haviam tornado numa realidade irreversível.
Na verdade a questão política central que se colocava ao MES, desde há muito, mas nunca assumida, era reconhecer a democracia parlamentar como o regime político consagrado pelos portugueses nas eleições, livres e democráticas, para a Assembleia Constituinte de 25 de Abril de 1975. Foi esse mesmo reconhecimento tardio que esta Resolução, a muito custo, consagrou.
Lembro-me de ter sido eu próprio que redigiu o seu segundo parágrafo, aliás sublinhado, a bold, no qual se pode ler: «É necessário tomar como certo que na actual fase a democracia-burguesa vai prevalecer no nosso País sobre qualquer outro tipo de regime».
Poucos acreditavam que tal posição pudesse ser aprovada pelo Comité Central mas, na verdade, acabou por sê-lo, ao mesmo tempo, que uma outra posição que, à época, era crucial para a clarificação do posicionamento do MES e que, em conjunto com aquela, abria caminho para uma aproximação política aos partidos do campo democrático, em particular o PS.
Esta segunda posição é resumida na seguinte frase também sublinhada no corpo daquela Resolução: «O CC considera que a actual correlação de forças no terreno militar não favorece nem o golpismo militar de direita nem dá viabilidade a qualquer “solução militar de esquerda”.»
As orientações desta 8ª Resolução, aprovadas em Dezembro de 1976 e publicadas em Janeiro de 1977, haviam de originar uma intensa disputa interna durante os anos seguintes, atravessando o III Congresso e desembocando no IV Congresso do MES, realizado em 8 de Julho de 1979, que abriria, de uma vez por todas, as portas ao acto original da sua extinção que haveria de ocorrer a 7 de Novembro de 1981. O mais que me apetece dizer, de cada vez que pego em qualquer ponta da história do MES é que, tal como na vida, também na política, o tempo tem um valor incalculável.
PUBLICADO EM 5 DE DEZEMBRO DE 2008
quarta-feira, fevereiro 19
MES - Os dirigentes eleitos no II Congresso (II) - 25 de abril - 40 anos, 38
No contexto político em que foi realizado o II Congresso do MES, na ressaca do 25 de Novembro de 1975, não admira que a designação adoptada para a estrutura dirigente eleita fosse a de Comité Central, decalcada dos partidos comunistas, o que nunca antes havia acontecido. A sua composição, por outro lado, aproximou-se da representação nacional, reivindicação antiga das “bases” e, curiosamente, como sempre aconteceu, não contou com a participação de uma única mulher.
Atenho-me, nesta abordagem, à composição dos órgãos dirigentes do MES permitindo, no período que decorreu entre o II e III Congresso, observar um processo de depuração cujas razões políticas não abordo neste momento.
Eis a composição do Comité Central, e da Comissão Política, órgãos saídos do II Congresso, com as datas das respectivas eleições e a evolução da composição da Comissão Politica e do Secretariado, que resultaram das lutas internas que ocorreram desde o II até às vésperas do III Congresso.
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COMITÉ CENTRAL
João Mário Anjos *, Marcolino Abrantes *, Afonso de Barros *, Manuel Luís Brito (Coordenadora Regional de Viana), António Caetano (SORBA - Secretariado da Organização Regional do Baixo Alentejo), Celso Cruzeiro *, Francisco Cordovil - suplente - (SORL - Secretariado da Organização Regional de Lisboa), Valter Diogo (Núcleo de Castelo Branco), Francisco Farrica *, Eduardo Graça *, Rogério de Jesus *, Alberto Martins (SORP - Secretariado da Organização Regional do Porto), António Mil-Homens (Coordenadora Militar), António Moreira (SORBA), Augusto Mateus *, Carlos Mendonça (SORBL - Secretariado da Organização Regional da Beira Litoral), Edilberto Moço *, Fernando Ribeiro Mendes *, Luís Martins *, António Pires (SORBA), Eduardo Pontes (Núcleo do Açores), Manuel Pires (SORL), Nuno Teotónio Pereira *, Agostinho Roseta - suplente (Célula do Sindicato dos Têxteis - ORL), Agostinho Rafael (SORP), Cândido Rana (ORL - Célula Petroquímica), Eduardo Ferro Rodrigues *, Jacinto Rodrigues (SORP), José Manuel Raimundo - suplente (Núcleo de Faro), António Cortes Simões - suplente (SORBA), António Moreira dos Santos (Núcleo de São João da Madeira), Fernando de Sousa (SORBL), Vítor Silva *, Carlos Vargas (Núcleo de Faro), Vítor Wengorovius *.
(A lógica da ordenação dos nomes é indecifrável mas é a que consta do documento que tenho na minha posse. Assinalam-se as estruturas de origem de cada um dos eleitos, sendo assinalados com * aqueles que provinham da CPN -Comissão Política Nacional, eleita no I Congresso).
COMISSÃO POLÍTICA DO COMITÉ CENTRAL *
Marcolino Abrantes, Afonso de Barros, Francisco Farrica, Eduardo Graça, Rogério de Jesus, Alberto Martins, Augusto Mateus, Fernando Ribeiro Mendes, Manuel Pires, Nuno Teotónio Pereira, Eduardo Ferro Rodrigues. (* Eleita em 21 de Fevereiro de 1976 na 1ª Reunião Ordinária do C.C.)
Em 3 e 4 de Julho de 1976, na 5ª Reunião ordinária do CC, foi eleita uma nova Comissão Politica e, pela primeira vez, o Secretariado do C.C, com a seguinte composição:
COMISSÃO POLÍTICA:
Afonso de Barros, Francisco Cordovil, Eduardo Graça, Rogério de Jesus, Alberto Martins, António Mil-Homens, Augusto Mateus, Carlos Mendonça, Fernando Ribeiro Mendes, Nuno Teotónio Pereira, Vítor Silva. (Sublinho os nomes que permaneceram da anterior CP sendo que, em Janeiro de 77, José Manuel Raimundo substituiu Rogério de Jesus.)
SECRETARIADO:
Afonso de Barros, Eduardo Graça, António Mil-Homens, Augusto Mateus e Nuno Teotónio Pereira. (Francisco Farrica substituiu Afonso de Barros, em Novembro de 76 e Fernando Ribeiro Mendes substituiu António Mil-Homens, em Janeiro de 77).
Em 7 e 8 de Abril (ou Maio) de 1977, na 6ª Reunião Extraordinária (15ª Ordinária) do C. C., foi eleita uma nova Comissão Política e um novo Secretariado:
COMISSÃO POLÍTICA:
Manuel Luís Brito, António Caetano, Francisco Cordovil, Francisco Farrica, António Mil-Homens, Augusto Mateus, Eduardo Pontes, Nuno Teotónio Pereira, António Cortes Simões, Fernando de Sousa, Vítor Wengorovius. (Sublinho os únicos dois nomes que, entre 21 de Fevereiro de 1976 a 8 de Abril (ou Maio) de 1977, integraram todas as sucessivas Comissões Políticas.)
SECRETARIADO:
Francisco Cordovil, António Mil-Homens, Augusto Mateus, Eduardo Pontes e Nuno Teotónio Pereira.
É assinalável o facto de, entre Fevereiro de 1976 e o verão de 1977, se terem afastado da Comissão Política, entre outros: Afonso de Barros, Eduardo Ferro Rodrigues, Eduardo Graça, Alberto Martins e Fernando Ribeiro Mendes.
Um dia, se não me faltar tempo, e vontade, voltarei à abordagem das vicissitudes políticas deste período conturbado da vida do MES.
PUBLICADO EM 12 DE NOVEMBRO DE 2008
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terça-feira, fevereiro 18
A PAZ NA EUROPA
Dias turvos, pardacentos, hoje trava-se uma batalha em Kiev, a velha disputa entre as várias Europas, antecâmara de tantas guerras que a memória da maioria esqueceu. Não há batalhas a sul, ou são as batalhas do silêncio, ou do consentimento, surdas mas violentas, bordejando a potência continental que tantas vezes fez e desfez fronteiras - a Alemanha. Quando forem revelados os resultados das eleições europeias de 25 de maio será o tempo do sobressalto. A Europa unida, desde 1945, pelos desígnios da paz será questionada pelos arautos da guerra. Aí se testará a tempera dos políticos de hoje e o enraizamento popular dos valores da democracia e da liberdade. Um momento decisivo para a manutenção da paz na Europa.
domingo, fevereiro 16
FERRO RODRIGUES - 25 de abril - 40 anos, 37
Um dia alguém perguntou ao Generalíssimo Franco, no leito de morte, se não se preocupava com os acontecimentos do 25 de Abril de 74, que corriam em Portugal, tendo obtido uma resposta seca: não, porque os portugueses são cobardes. Claro que há excepções mas quer-me parecer, como sói dizer-se, que as excepções confirmam a regra.
Vem esta lembrança a propósito da entrevista que Ferro Rodrigues concedeu hoje à Visão, após um longo silêncio, somente entrecortado pelo ruído do chamado “processo Casa Pia” no qual, por razões que a razão desconhece, foi envolvido. Acabei de ler a entrevista. Antes li e ouvi notícias acerca dela. Salvo raras excepções as notícias passam ao lado do essencial da mensagem de Ferro Rodrigues. Estranho que o porta-voz do PS – Vitalino Canas – tenha feito uma declaração que denota não a ter lido…
Pelo sim pelo não faço uma “declaração de interesse” na justa medida em que sou amigo do Ferro Rodrigues, desde os tempos da juventude, tendo trilhado um percurso cívico e político comum do qual, salvo algumas asneiras, não me arrependo.
A entrevista, no seu conjunto, é equilibrada, comedida e sensata; ousa a auto crítica e assume a grandeza de fazer as pazes com Jorge Sampaio; não ataca o governo, ao contrário do que parece fazer crer a manchete: “Quando se pede sacrifícios, não se deve ser arrogante”. Nada de mais verdadeiro mas empolado no contexto dos temas abordados entre os quais destaco como o mais impressivo, para mim, o que está contido na frase: “Não gosto de algumas das formas como o poder político, judicial e mediático se relacionam.”
Qualquer pessoa que guarde o siso e o bom senso entenderá, sem risco de errar, que Ferro Rodrigues é merecedor da gratidão dos socialistas, pelo combate político de 2002 no qual, após a “saída” de Guterres, cujas motivações não vêm ao caso, foi capaz de manter o PS à tona e, mais do que isso, num lugar cimeiro, como alternativa política de governo.
Ferro Rodrigues em nome de valores políticos em desuso, a chamada “ética republicana”, tornou-se um obstáculo, enquanto secretário-geral do PS, à ganância de interesses ilegítimos, na esfera pessoal e de grupo, pública e privada, nacional e internacional, que o tornaram em alvo político a abater custasse o que custasse.
Só a cobardia que domina muitos sectores da sociedade portuguesa, incluindo alguma esquerda, assim como um aviltante acomodamento cívico, tem permitido que o poder político e judicial, nas respectivas esferas de competência, omita a exigência do esclarecimento cabal da verdade acerca das infames denúncias que “colaram” o nome de Ferro Rodrigues ao processo “Casa Pia”.
Um dia saber-se-à toda a verdade, mas como diz Ferro, pode ser tarde demais …
PUBLICADO EM 3 DE JANEIRO DE 2008
sábado, fevereiro 15
quinta-feira, fevereiro 13
GENERAL HUMBERTO DELGADO
A minha homenagem à memória do General Humberto Delgado pelo 49ª aniversário do seu assassinato. (13 de fevereiro de 1965)
quarta-feira, fevereiro 12
MES - O II Congresso de Fevereiro de 1976 (I) - 25 de abril - 40 anos, 36
Autocolante alusivo ao II Congresso
O II Congresso do MES realizou-se na FIL, à Junqueira, em Lisboa, nos dias 13, 14 e 15 de Fevereiro de 1976, no rescaldo dos acontecimentos do 25 de Novembro de 1975. No longo Relatório que a Comissão Política apresentou a esse Congresso, tecem-se algumas considerações elucidativas acerca da génese do “grupo dirigente do MES”.
Cito algumas: “Assim o grupo dirigente do MES nasceu desligado das questões centrais do Movimento operário e muito ligado a processos concretos de luta. Os militantes que a partir do 25 de Abril integrarão as fileiras do nosso movimento e que assumem a sua direcção real não são na sua esmagadora maioria dissidentes de outras organizações, (…)
Tal facto permite compreender que mesmo aquando da eclosão do 25 de Abril o Movimento surja à luz do dia com uma sintética declaração de princípios subscrita por um conjunto eclético de militantes: 3 sindicalistas, 6 operários de vanguarda, 3 estudantes e 5 intelectuais participantes activos nas lutas democráticas de 1969 e 1973. A natureza frentista do Movimento está espelhada nestes factos e vai determinar toda a linha do Movimento até ao I Congresso de 1974.”
E sob o título “O que é MES inicialmente?” clarifica-se, em dois parágrafos, a natureza das estruturas dirigentes do Movimento até ao I Congresso:
“Durante um largo período (período de formação) que é brutalmente acelerado pelo 25 de Abril, somos uma frente de base, anti-capitalista que reúne militantes de sectores diversos com uma coordenação ténue entre si. Quer dizer, inicialmente não tínhamos entre nós uma unidade de tipo partidário.
A coordenação adoptada depois do 25 de Abril era, antes de mais, resposta a uma necessidade de referência comum essencialmente ideológica, ditada pelo surgimento na legalidade das diversas forças políticas que se tinham formado na luta contra o fascismo e o capitalismo.”
Sem prejuízo de uma mais aprofundada investigação acerca das sucessivas estruturas dirigentes que antecederam o I Congresso é, de facto, verdade que “a estrutura da direcção nacional que vigora até ao I Congresso não tem uma composição fixa e é até maioritariamente composta por representação corporativa de sectores e estruturas da organização.” “É mais uma coordenação do que uma autêntica direcção partidária.”
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O II Congresso do MES representou, por força da mudança política provocada pelo 25 de Novembro, uma “fuga para a frente”, nos planos doutrinário e organizacional, de forma sintética, caracterizada na “Saudação Inicial ao II Congresso do MES”, lida por Nuno Teotónio Pereira, de que transcrevo três curtos excertos:
“Na realidade, este ano de combate, marcou-nos profundamente, deixou inclusivamente muitos pelo caminho. O Movimento de Esquerda Socialista sofreu ele próprio uma dura experiência que tem ajudado poderosamente a uma profunda transformação. De frente política, de natureza marcadamente ideológica, queremos que se transforme numa força organizada de classe que possa cumprir o seu papel de vanguarda no seio do movimento operário.”
“Muitos dos nossos inimigos e mesmo dos nossos falsos amigos têm feito correr que o MES vai desaparecer. Muitas forças políticas estão realmente interessadas nisso. Este II Congresso já é e vai sê-lo ainda mais um claro desmentido a essas calúnias.”
Este foi um Congresso que, no plano doutrinário, apelou, explicitamente, aos princípios do “socialismo a caminho da sociedade sem classes” e, no plano da organização, à contribuição do MES para a “construção do Partido revolucionário da classe operária”.
Todos fomos solidários na assumpção de princípios que não eram coerentes nem com a natureza social do Movimento, nem com a formação ideológica da maioria dos seus dirigentes e apoiantes.
Toda a encenação criada para este II Congresso pretendia mostrar que estávamos politicamente vivos mas escondia as dores íntimas da ruína de um projecto político que a maioria de nós ainda não estava preparada para assumir.
PUBLICADO EM 30 DE OUTUBRO DE 2008
segunda-feira, fevereiro 10
JOSÉ GOMES FERREIRA - 25 de abril - 40 anos, 35
"Viver sempre também cansa"
Descobri pelos meus apontamentos nos Cadernos de Camus a leitura entusiástica que, pelos meus 19/20 anos, fiz da poesia de José Gomes Ferreira. Aqui está a explicação, dada pelo próprio poeta, das circunstâncias em que surgiu o poema "Viver sempre também cansa" e de como, nesse momento, se afirmou a própria identidade do poeta. Esta é uma época muito marcada pela resistência comunista ao Estado Novo quando a ditadura vivia a sua primeira fase ainda antes da Constituição de 1933. A qualidade deste poeta e do seu trabalho ultrapassa, no entanto, as circunstâncias históricas da época em que iniciou a sua criação poética. Vale a pena revisitar este poeta e a sua poesia.
"Na noite de 8 de Maio de 1931, num segundo andar da Rua Marquês de Fronteira, encontrei, finalmente, a expressão autêntica do poeta autêntico, há tanto procurada. À terceira tentativa, para uma série de poesias que eu intitulava Poemas de Reincidência, escrevi dum jacto e quase sem emendas o poema 'Viver sempre também cansa'. Mostrei-o ao Carlos Queiroz, então meu amigo de todos os dias, que, sem me consultar (e se consultasse daria logo o meu consentimento, claro), o enviou a João Gaspar Simões. Pouco depois aparecia na Presença. E assim entrei no âmbito da chamada Poesia Modernista. A propósito, devo dizer que nunca fiz parte do grupo presencista. Como nunca pertenci a qualquer grupo saudosista . Ou à Seara Nova. Voltemos à noite de 8 de Maio de 1931 e à poesia de 'Viver sempre também cansa', onde já havia - coisa insólita na época! - uma referência a Mussolini...Desde então senti que surgia em mim a expressão do poeta verdadeiro. E para marcar bem, para separar bem o novo do antigo poeta, acrescentei sub-repticiamente ao Gomes Ferreira, com que assinara os 'Lírios do Monte' e as duas edições de 'Longe', o meu nome próprio: José! Passei a bagatela, reputo eu de valor psicológico importantíssimo. E, assim, num novelo terrível de ganhar a vida com artigos diversos, crónicas anedóticas, contos e contecos, anúncios das cintas Pompadour, publicidade, traduções de fitas, etc., iniciei a minha carreira de poeta, a que mais tarde chamei de poeta militante."
"Na noite de 8 de Maio de 1931, num segundo andar da Rua Marquês de Fronteira, encontrei, finalmente, a expressão autêntica do poeta autêntico, há tanto procurada. À terceira tentativa, para uma série de poesias que eu intitulava Poemas de Reincidência, escrevi dum jacto e quase sem emendas o poema 'Viver sempre também cansa'. Mostrei-o ao Carlos Queiroz, então meu amigo de todos os dias, que, sem me consultar (e se consultasse daria logo o meu consentimento, claro), o enviou a João Gaspar Simões. Pouco depois aparecia na Presença. E assim entrei no âmbito da chamada Poesia Modernista. A propósito, devo dizer que nunca fiz parte do grupo presencista. Como nunca pertenci a qualquer grupo saudosista . Ou à Seara Nova. Voltemos à noite de 8 de Maio de 1931 e à poesia de 'Viver sempre também cansa', onde já havia - coisa insólita na época! - uma referência a Mussolini...Desde então senti que surgia em mim a expressão do poeta verdadeiro. E para marcar bem, para separar bem o novo do antigo poeta, acrescentei sub-repticiamente ao Gomes Ferreira, com que assinara os 'Lírios do Monte' e as duas edições de 'Longe', o meu nome próprio: José! Passei a bagatela, reputo eu de valor psicológico importantíssimo. E, assim, num novelo terrível de ganhar a vida com artigos diversos, crónicas anedóticas, contos e contecos, anúncios das cintas Pompadour, publicidade, traduções de fitas, etc., iniciei a minha carreira de poeta, a que mais tarde chamei de poeta militante."
PUBLICADO EM 18 DE FEVEREIRO DE 2004
domingo, fevereiro 9
ANTÓNIO PEDRO RUELLA RAMOS - 25 de abril - 40 anos, 33
Foi este homem que permitiu que o jornal “Esquerda Socialista”, órgão do extinto MES, se tornasse realidade. Após o 25 de Abril, quase certamente a pedido do José Manuel Galvão Teles, a Renascença Gráfica compôs e imprimiu aquele jornal e alguns dos mais interessantes cartazes de autoria do Robin Fior. Nada era interdito e lembro-me de ter andado pelas instalações do Bairro Alto a acompanhar a produção de alguns trabalhos. A certa altura, no contexto das vicissitudes da chamada imprensa do MES, as dívidas contraídas exigiram um grande esforço de saneamento financeiro que permitiu saldá-las quase todas o que não impediu, quer-me parecer, que tivesse ficado alguma por pagar à Renascença Gráfica. Nunca mais ninguém falou nisso. Mais tarde, quando fui presidente do INATEL, foi adjudicada, por concurso público, à Lisgráfica a impressão da Revista “Tempo Livre”. Era, e continua a ser, uma encomenda de razoável dimensão, física e financeira, para o nosso meio editorial. Os concursos eram anuais. Lembro-me que num dos anos a Lisgráfica perdeu o concurso para outro fornecedor que apresentou melhores condições. O António Pedro Ruella Ramos deve ter ficado aborrecido. Não mexeu uma palha, não mandou recado, nem recriminação. Um grande Senhor!
PUBLICADO A 18 DE JUNHO DE 2009
sábado, fevereiro 8
MANUEL LOPES - 25 de abril - 40 anos, 32
Fotografia de António Pais (Grupo no jantar de extinção do MES em 7 de novembro de 1981 - de pé da esquerda para a direita - Agostinho Roseta, José Manuel Galvão Teles, António Machado, Francisco Farrica, Afonso de Barros, José Galamba de Oliveira, Rogério de Jesus, Manuel Lopes, António Rosas; em baixo da esquerda para a direita: Edilberto Moço com as mãos nas costas de César de Oliveira, Eduardo Ferro Rodrigues, Vitor Wengorovius, José Dias e Carlos Pratas. )
Antes do 25 de Abril, militou no MDP/CDE e foi membro da sua Comissão Política em 1969. Foi fundador do MES (Movimento de Esquerda Socialista) em 1973 e presidiu à sua direcção até 1975.
Sempre apreciei o Manuel Lopes que, a par com o Agostinho Roseta, desempenhou um papel importante na gestação do sindicalismo português no período ante e pós 25 de Abril. Ambos morreram prematuramente. O Agostinho Roseta em 9 de Maio de 1995 e o Manuel Lopes em 15 de Maio de 1999. Honra à sua memória. Ambos foram fundadores do MES como activistas do sindicalismo livre que ganhara influência em diversos sindicatos incluindo o Sindicato dos Lanifícios de Lisboa. Digo sindicalismo livre para assinalar a sua autonomia face a qualquer direcção política partidária, em particular, a do PCP. Não tenho dúvidas que os últimos acontecimentos e a própria evolução do sindicalismo português teriam sido diferentes se fossem vivos. Esclareço que o Manuel Lopes tendo sido fundador do MES não presidiu à sua direcção pois nunca houve nenhum presidente de qualquer direcção do MES. As estruturas eram todas de tipo colectivo (coisas de outros tempos! …) e um bocadinho de feição anarquista. O MES também não foi fundado em 1973 – isso foi o PS – e as datas que melhor podem ser indicadas como de fundação do MES são o 1º de Maio de 1974, com a primeira saída à rua, ou a data do seu 1º Congresso, em Dezembro de 1974.
PUBLICADO EM 12 DE MAIO DE 2009
sexta-feira, fevereiro 7
O tempo é superior ao espaço
Este é o tempo frio invernal e faz tempo que não escrevo aqui direto na tela branca como gosto. A questão do tempo fez-me lembrar um excerto magnifico do texto do Papa Francisco na EXORTAÇÃO APOSTÓLICA - EVANGELII GAUDIUM:
O tempo é superior ao espaço
222. Existe uma tensão bipolar entre a plenitude e o limite.
A plenitude gera a vontade de possuir tudo, e o limite é o muro que nos aparece
pela frente. O «tempo», considerado em sentido amplo, faz referimento à
plenitude como expressão do horizonte que se abre diante de nós, e o momento é
expressão do limite que se vive num espaço circunscrito. Os
cidadãos vivem em tensão entre a conjuntura do momento e a luz do tempo, do
horizonte maior, da utopia que nos abre ao futuro como causa final que atrai.
Daqui surge um primeiro princípio para progredir na construção de um povo: o
tempo é superior ao espaço.
Hoje, finalmente, decorreu, em Portugal, um debate acerca deste texto programático do papa Francisco. Haja Deus!
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