“Tout le bonheur de l´homme est dans son imagination”
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, dezembro 23
SEM TÍTULO
“Tout le bonheur de l´homme est dans son imagination”
quinta-feira, dezembro 22
NATAL
Volto à página branca como se fora um caderno de apontamentos. Agora o Natal com seu cortejo de atos e memórias. Na minha primeira idade a chaminé oferecia-me uma sombrinha de chocolate. Imensa alegria no reluzente brilho único da prata colorida. Não tenho medo da redução do consumo a que as sociedades foram conduzidas pela avidez do capital financeiro. Por isso não se admirem os meus amigos pela sedução que sobre mim exercem as palavras do Papa Francisco. Tudo tem a sua conta e medida, nada podendo justificar a sacralização, ou banalização, da miséria e o silencioso, mas brutal, aumento das desigualdades. Não é uma questão de perfilhar uma posição ideológica ou defender uma barricada politica, mas simplesmente, a de não sacrificar, em qualquer circunstância, a defesa de princípios basilares em que assenta a dignidade humana: liberdade, igualdade, fraternidade. Ou se quiserem, como digo vezes sem conta no meu mister de todos os dias: cooperação e solidariedade! Natal!
quarta-feira, dezembro 21
O CAMINHO DAS FIGUEIRAS
As figueiras e as suas sombras quentes são um laço que me prende à vida pela memória. Descia o caminho de casa à estrada e passava por elas, umas castelhanas, outras vulgares, de copas grandes e arredondadas, baixas e rasteiras e a todas conhecia de cor.
terça-feira, dezembro 20
ONDE ESTÁ
Às vezes apetece-me oferecer alguma coisa de mim daquelas que se não podem encontrar no mercado e ponho-me a pensar – o quê? Muitas vezes não tenho nada que valha a pena oferecer, não se quadra o desejo com o gesto, nada emerge de dentro que me satisfaça, fico a olhar para as palavras alinhadas, adio, finjo esquecer, ou esqueço mesmo, pois já me tenho esquecido do que não me havia de esquecer. É imperdoável.
Eu acumulo mas tenho dias em que me apetece oferecer alguma coisa de mim e, desta vez:
Onde está
Onde está a seara de vento que ondulava
Azul no meu pensamento
Com sons de trigo a escorrer pela eira
E o dia a morrer devagar
À minha beira à vista dos olhares belos
Por vezes tristes de melancolia
Onde se esconderam os gestos antigos
Rasgados e sem medida
Abraçados ao corpo que se despedia
Olhos ao alto num rosto
Cheio de lágrimas
Salgadas do gosto da carne ferida
Onde está a minha vontade desmedida
Que não a encontrei mais
Flamejante a incendiar os sonhos
Impressos a sangue quente
Na ausência habitada
Da tua crença em mim perdida
20/4/2007
segunda-feira, dezembro 19
O QUE EU QUERIA
Teresa Dias Coelho - CLOUDS 2000 [Oil on canvas 46 x 73 cm]
O que eu queria não posso pedir que escapa
À sem razão de não obter o que eu queria era
Neste dia assim aberto um olhar liso e claro
Na direcção do meu sorriso que espera longo.
Aguento, aguento-o, dia após dia, abro e fecho
A mão e agarro o que eu queria num momento
Mas no outro se me cava a ruga funda no meio
Da testa e se me enche o fundo da pele de suor.
O que eu queria não posso dizer senão talvez
A alguém que és tu que já o sabes bem melhor
Do que eu quando digo que não falo mais nisso.
O que eu queria me desses neste dia maduro
Era o teu sorriso vibrante fixado para sempre
Na vida para além de mim e do que eu queria.
22/9/81
(Um dos primeiros poemas que escrevi, com intencionalidade,
dedicado à G.)
domingo, dezembro 18
ABSORTO - 19º ANIVERSÁRIO
Deixar uma marca
nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez,
atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam,
observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem,
louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida,
guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular,
incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista,
ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres,
admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.
(um programa para o absorto)
sábado, dezembro 17
quinta-feira, dezembro 15
FERNANDO SANTOS
"Fernando Santos já não é selecionador nacional." Não batamos mais no homem… Futebolisticamente falando levou a seleção a campeã da Europa. Vamos ver quando surgirá melhor colheita…
terça-feira, dezembro 13
ÁGUA
Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol. Uma vez caiu neve mas já ninguém se lembra. Quando ameaçava chuva o meu pai, pela manhã, assomava à janela e proclamava “está nuvrado”. Mas, quase sempre, a ameaça não se derramava. Nos dias de chuva ouvir a água correr nos algerozes era um encantamento e o seu gotejar no parapeito da janela fazia amanhecer a imaginação. Andar ao sol era perigoso mas andar à chuva não me lembro. A água valia ouro. Os poços eram fundos e abertos a dinamite no sítio onde o vedor “adivinhava” a água. A horta era regada com parcimónia. A água deslizava por gravidade tomando o caminho dos mimos em levadas abertas a golpes de enxada. Os mouros ainda andavam por ali. A vista das melancias grandes, no fim da época, quando ficavam maduras era sublime. Via nelas o resultado da fecundação da terra pela água e os seus castelos vermelhos eram um sinal de vida. Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol.
domingo, dezembro 11
DIOGO RIBEIRO
Um atleta de exceção, grande campeão no próximo futuro.
"Diogo Ribeiro bate recorde dos 100 metros livres e baixa barreira dos 47 segundos".
CAMUS
A 14 de dezembro de 1959 tem o seu derradeiro encontro público, com estudantes estrangeiros em Aix-en-Provence, no qual em resposta à pergunta: “Considera-se um intelectual de esquerda?”, responde: “Não estou certo de ser um intelectual. Quanto ao resto, sou pela esquerda, apesar de mim, e apesar dela”.
quinta-feira, dezembro 8
CAMUS - NOBEL, DEZEMBRO 1957
Quando soube da atribuição do Prémio Nobel “pela sua importante obra literária, que foca com penetrante seriedade os problemas que se colocam nos nossos dias à consciência dos homems”, Albert Camus escreveu nos Cadernos: “Prémio Nobel: estranho sentimento de desânimo e melancolia. Aos vinte anos, pobre e nu, conheci a verdadeira fama” .
Camus afirmou então que o Prémio deveria ter sido atribuido a André Malraux e manifestou dúvidas acerca da sua própria capacidade e força criadora que sempre o atormentaram. Após o anúncio da atribuição do Nobel sujeitou-se a ataques odiosos, que o não deixaram indiferente e comentou: “Assustado com aquilo que me acontece e que não pedi. E, para cúmulo, ataques tão infames que o coração se me aperta.”(Cadernos).
Mas Camus, segundo todos os testemunhos, não podia, nem queria, recusar o Prémio. Telefonou, de imediato, à mãe, que sempre viveu na Argélia, como que a agradecer à sua origem a honra que lhe tinha batido à porta. Escreveu a Jean Grenier, o seu professor e mentor intelectual : “(…) quando recebi a notícia, o meu primeiro pensamento foi, depois de minha mãe, dirigido ao senhor. Sem o senhor, sem essa mão efectuosa que estendeu à criança pobre que eu era, sem a sua instrução e o seu exemplo nada disto tinha acontecido.” (citado a partir de Roger Quilliot).
René Char, um amigo de todas as horas, não cabia em si de contente e manifesta esse contentamento de várias formas incluindo um artigo publicado, logo em 26 de Outubro de 1957, no Figaro littéraire, intitulado “Je veux parler d’ un ami”.
No ínicio de Dezembro de 1957 Camus partiu com a mulher, Francine, para Estocolmo e, em todas as suas aparições em público, tinha a consciência que devia estar preparado para ser atacado a propósito da sua discrição a respeito do conflicto na Argélia que estava no auge.
Albert Camus , a 10 de Dezembro de 1957, passam hoje 50 anos, recebeu das mãos do Rei Gustavo VI da Suécia o diploma e, no banquete que se seguiu, proferiu o seu discurso de agradecimento. Logo num dos dias seguintes escreveu a Jean Grenier descrevendo, de forma sintética, o que sentia: “A corrida acaba, o touro está morto, ou quase.”
Albert Camus – discurso de 10 de Dezembro de 1957
Dircurso pronunciado, segundo a tradição, na Câmara Municipal de Estocolmo, no fim do banquete que encerrava as cerimónias da atribuição dos Prémios Nobel.
Alguns excertos:
Je ne puis vivre personnellement sans mon art. Mais je n'ai jamais placé cet art au-dessus de tout. S'il m'est nécessaire au contraire, c'est qu'il ne se sépare de personne et me permet de vivre, tel que je suis, au niveau de tous. L'art n'est pas à mes yeux une réjouissance solitaire. Il est un moyen d'émouvoir le plus grand nombre d'hommes en leur offrant une image privilégiée des souffrances et des joies communes.
(...)
C'est pourquoi les vrais artistes ne méprisent rien ; ils s'obligent à comprendre au lieu de juger. Et s'ils ont un parti à prendre en ce monde ce ne peut être que celui d'une société où, selon le grand mot de Nietzsche, ne règnera plus le juge, mais le créateur, qu'il soit travailleur ou intellectuel.(...) l'écrivain peut retrouver le sentiment d'une communauté vivante qui le justifiera, à la seule condition qu'il accepte, autant qu'il peut, les deux charges qui font la grandeur de son métier : le service de la vérité et celui de la liberté. Puisque sa vocation est de réunir le plus grand nombre d'hommes possible, elle ne peut s'accommoder du mensonge et de la servitude qui, là où ils règnent, font proliférer les solitudes. Quelles que soient nos infirmités personnelles, la noblesse de notre métier s'enracinera toujours dans deux engagements difficiles à maintenir : le refus de mentir sur ce que l'on sait et la résistance à l'oppression.
(...)
Ces hommes, nés au début de la première guerre mondiale, qui ont eu vingt ans au moment où s'installaient à la fois le pouvoir hitlérien et les premiers procès révolutionnaires, qui furent confrontés ensuite, pour parfaire leur éducation, à la guerre d'Espagne, à la deuxième guerre mondiale, à l'univers concentrationnaire, à l'Europe de la torture et des prisons, doivent aujourd'hui élever leurs fils et leurs œuvres dans un monde menacé de destruction nucléaire.
(...)
Chaque génération, sans doute, se croit vouée à refaire le monde. La mienne sait pourtant qu'elle ne le refera pas. Mais sa tâche est peut-être plus grande. Elle consiste à empêcher que le monde se défasse.
(...)
Je n'ai jamais pu renoncer à la lumière, au bonheur d'être, à la vie libre où j'ai grandi. Mais bien que cette nostalgie explique beaucoup de mes erreurs et de mes fautes, elle m'a aidé sans doute à mieux comprendre mon métier, elle m'aide encore à me tenir, aveuglément, auprès de tous ces hommes silencieux qui ne supportent, dans le monde, la vie qui leur est faite que par le souvenir ou le retour de brefs et libres bonheurs.
Ramené ainsi à ce que je suis réellement, à mes limites, à mes dettes, comme à ma foi difficile, je me sens plus libre de vous montrer pour finir, l'étendue et la générosité de la distinction que vous venez de m'accorder, plus libre de vous dire aussi que je voudrais la recevoir comme un hommage rendu à tous ceux qui, partageant le même combat, n'en ont reçu aucun privilège, mais ont connu au contraire malheur et persécution. Il me restera alors à vous en remercier, du fond du cœur, et à vous faire publiquement, en témoignage personnel de gratitude, la même et ancienne promesse de fidélité que chaque artiste vrai, chaque jour, se fait à lui-même, dans le silence.
domingo, dezembro 4
FUTEBOL
Nenhum outro fenómeno, senão o futebol, na maior parte dos países, regiões e continentes, mobiliza o interesse de tanta gente, sem distinção de idades, raças, credos, estatutos sociais ou económicos.
quinta-feira, dezembro 1
1 de DEZEMBRO - DIA da INDEPENDÊNCIA
"Ao lembrar tantos portugueses, de tantas origens, que se envolveram no movimento revolucionário, o Presidente da República quer lembrar também os Portugueses de etnia cigana que, como reconheceu então o próprio Rei D. João IV, deram a vida pela nossa independência nacional.
O “cavaleiro fidalgo” Jerónimo da Costa e muitos dos duzentos e cinquenta outros ciganos que serviram nas fronteiras “procedendo na forma de traje e lugar dos naturais” tombaram por Portugal. Portugal lembra-os, presta-lhes homenagem e exprime a sua gratidão. Este dever de memória é de elementar Justiça e rompe com tanto esquecimento e discriminação de que os ciganos têm, infelizmente, sido alvo no nosso País."
Da mensagem do PR no "Dia da Independência".
terça-feira, novembro 29
A CAPITAL DO REINO
Em 29 de Novembro de 1807, após um dia chuvoso, o príncipe d. João, d. Carlota, seus filhos, a rainha d. Maria I, vários outros parentes partiram em meio ao outono lisboeta. Do rio Tejo saíram as embarcações. Seguiram, além da família real, nobres, funcionários da Corte, ministros e políticos do Reino. Cerca de 15 mil pessoas. Os franceses ao chegarem à capital portuguesa em 30/11 ficaram a ver navios, frustrados com a não captura dos governantes lusos. Tudo o que era necessário para permanecer governando foi transportado. Insistia, entrementes, uma sensação dúbia: covardia ou esperteza? D. João estava angustiado. Seu país sendo atacado, o povo morrendo e ele seguindo viagem. Desconfortos psicológicos e físicos. Tormentas nos pensamentos e nos vagalhões dos mares que chegou a atrapalhar a travessia. Escassearam os víveres. Natal, Ano Novo e Dia de Reis se passaram. Então, a terra firme finalmente chegou. Em 22 de Janeiro de 1808 os barcos atracaram na antiga primeira capital do Brasil, a ensolarada Salvador. Porém, o abatido e cheio de dúvidas d. João após 54 dias no mar pisou o solo brasileiro apenas 24 hs depois. Foi o primeiro rei europeu a fazê-lo. Revisões nos navios, um pouco de descanso. Seguiram a viagem em 26 de Fevereiro. Dia 7 de Março a família real chegava ao destino final, a cidade do Rio de Janeiro.
sexta-feira, novembro 25
GUERRA
Os portugueses veem a guerra como uma realidade distante. Assistimos às cenas de guerras no sofá. Não há portugueses vivos que tenham sofrido os efeitos da guerra à porta de suas casas. Não conhecemos ao vivo os horrores da guerra na nossa rua, bairro, escola, vila ou cidade. Não sofremos dos seus efeitos destruidores na nossa vida, de familiares e de amigos. Temos sido poupados à guerra dentro das nossas fronteiras e julgamo-nos imunes às suas terríveis consequências. Nem se conhecem manifestos que expressem posições coletivas de repúdio pela guerra que, aparentemente, não nos diz respeito. Assistimos resignados à devastação de comunidades, e à morte de inocentes, com palavras e sentimentos de tristeza mas com tímidos gestos de solidariedade. Podemos dizer que sentimos, mas não expressamos, em sobressalto coletivo expressivo, a nossa indignação. Julgo não ser injusto se disser que reina entre os portugueses, perante uma real ameaça de generalização da guerra, um silêncio sepulcral. O mais que se comenta é o impacto económico como se estivéssemos imunes a qualquer estilhaço da guerra ao vivo. E aguardamos que nos caia no regaço alguma vantagem.
RONALDO , UMA VEZ MAIS
Incursão futebolística. Estive a dar uma vista de olhos pelos jornais de diversos países após a vitória de Portugal no mundial de futebol. Podemos não gostar de futebol nem dos seus heróis, como é o caso de Ronaldo. Cada um é livre de gostar e de opinar acerca do que lhe aprouver. É uma das vantagem das democracias. Mas tenhamos presente a realidade no que respeita ao futebol e à nossa seleção: Ronaldo é um fenómeno improvável de popularidade a nível global. É o que se pode comprovar com facilidade se estivermos atentos à torrente de notícias e referências que lhe são dedicadas por esse mundo fora.
quinta-feira, novembro 24
AS TRÁGICAS INUNDAÇÕES DE NOVEMBRO DE 1967
No dia 25 de novembro de 1967, era sábado, lembro-me de sair, era já tarde/noite, do ISCEF, pouco mais de um ano após ter iniciado os estudos naquela escola. Teria ido, certamente, participar numa reunião ou, mais prosaicamente, jantar na cantina da Associação de Estudantes. Ao sair devo ter feito o caminho de casa, um quarto alugado, ao cimo da Calçada da Estrela. Chovia muito, mas não estranhei porque, ao contrário de hoje, era normal chover nesta época do ano. Não levava qualquer resguardo para a chuva, que nem me pareceu excessiva, e caminhei colado às paredes até chegar ao destino. A minha perceção da chuva que caía naquela hora não me permitiu sequer imaginar as consequências que haveria de provocar. Chovia, simplesmente. Na manhã do dia seguinte, domingo, devo ter feito o caminho oposto, corriam as notícias de inundações em diversos sítios de Lisboa e arredores, e devo ter-me dirigido ao Técnico para me juntar à gigantesca mobilização estudantil que se organizou para avançar para as zonas mais atingidas em socorro das vitimas e no apoio à reparação dos estragos. O quartel general, que me lembre, havia sido montado no Técnico e deve ter sido a primeira vez que, à margem dos poderes instalados, com autonomia e mobilizando recursos próprios, se promoveu uma ação voluntária juvenil de grande envergadura à margem da politica oficial do regime. Foi um processo organizado que enquadrou a vontade espontânea de uma multidão de jovens estudantes ávidos de participação cívica e politica. Fui numa brigada para Alhandra munidos de meios rudimentares e lembro-mo com nitidez de nos afadigarmos a limpar ruas no meio da maior destruição que se possa imaginar. Retenho na memória o ambiente de caos e de tensão pois, afinal, estávamos a participar numa ação voluntária não autorizada que, naquela época, comportava riscos pessoais. Não havia medo, mas necessidade, e vontade de ação. Os meios para o socorro eram escassos, mas o que contava, de verdade, era participar, prestar solidariedade, ver com os próprios olhos in loco o que, de súbito, nos surgiu como uma calamidade de enormes proporções. Uma pá na lama, os destroços, uma palavra de conforto e incentivo, uma força coletiva que enfrentava sem medo a situação dramática de populações desprotegidas e, afinal, um regime decadente acobertado na ignorância, na censura e na repressão. No que me respeita ficou uma experiência sem dissabores. Não poderia imaginar que estávamos nas vésperas da queda de Salazar e da emergência, em 27 de setembro de 1968, do governo de Marcelo Caetano, menos de um ano depois daquelas trágicas inundações. Afinal aquela gigantesca ação voluntária havia de contribuir, de forma relevante, para o início do processo politico que desembocou no 25 de abril de 1974.
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA - EVANGELII GAUDIUM
227. Perante o conflito, alguns limitam-se a olhá-lo e passam adiante como se nada fosse, lavam as mãos para poder continuar com a sua vida. Outros entram de tal maneira no conflito que ficam prisioneiros, perdem o horizonte, projetam nas instituições as suas próprias confusões e insatisfações e, assim, a unidade torna-se impossível. Mas há uma terceira forma, a mais adequada, de enfrentar o conflito: é aceitar suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo. «Felizes os pacificadores».
terça-feira, novembro 22
domingo, novembro 20
FUTEBOL
Uma paixão antiga. Desde criança, como milhões de crianças pelo mundo, sou um apaixonado pelo futebol. A prenda que mais me marcou na vida foi a primeira bola que meu pai me ofereceu em dia de aniversário. Uma bola de borracha com aquele cheiro tão característico.
No estádio de S. Luís, em Faro, vi jogos e treinos sem fim. Em todas as divisões possíveis e imaginárias. O futebol é um jogo fascinante. Desde logo porque é jogado com os pés, excepto o guarda redes. As mãos ficam de fora.
Ao ar livre. Faça chuva ou faça sol. O futebol sobreviverá a alguns dos seus dirigentes. A este tropel miserável de corruptores e corrompidos que invadiram o futebol profissional.
Sabem que também há o outro futebol, amador, praticado por amor ao jogo? Esse tem mais jogadores que espectadores. O espetáculo aí são os próprios jogadores protagonistas e espectadores do seu próprio jogo.
BIDEN
Este domingo, Biden se convierte en el primer presidente octogenario de Estados Unidos. (in "El Pais").
sexta-feira, novembro 18
RONALDO
Incursão futebolística, Ao contrário de muitos comentadores que se ouvem por aí sou de opinião que a entrevista de Ronaldo é muito interessante que mais não seja por denunciar de forma mais ou menos direta a aquisição das SAD s e das respetivas marcas clubistas por grandes empórios financeiros situados nas arábias. Não é que o próprio não seja parte do negócio mas é corajoso colocar-se na boca do furacão que certamente sabia ir desencadear. Ele próprio é uma grande marca que obscurece a de certos clubes que por sua vez não aceitam ser criticados de dentro do negócio. A alguns portugueses cai mal que Ronaldo assuma a sua defesa atacando. Mas o mundo e a vida não estão de feição para os fracos. Honra à sua carreira!
terça-feira, novembro 15
Tocam os tambores da guerra
"Dois mísseis russos atingiram a Polónia e pelo menos duas pessoas morreram. Governo polaco já convocou reunião de emergência com comité de segurança e defesa nacional. Mais de sete milhões de habitações da Ucrânia estão sem eletricidade após novos bombardeamentos." in "Expresso"
Uma noticia verdadeira importante. Tocam os tambores da guerra!
AVÓS
Os meus avós paternos, Maria da Conceição Neto Graça e Dimas Eduardo Graça, com expressões firmes, serenas e determinadas, numa foto datada de 14 de Novembro de 1911, obtida em Santos, Brasil, por Joaquim Pereira, Rua 15 de Novembro, nº 8, Santos. Dimas se chamou meu pai, Dimas também meu irmão, Eduardo sou eu. Um tributo em memória dos meus avós.
domingo, novembro 13
USA
"O Partido Democrata vai manter o controlo da câmara alta do Congresso, o parlamento dos Estados Unidos, após Catherine Cortez Masto ter conquistado a última vaga em representação do Arizona", in "Expresso"
sábado, novembro 12
PCP
"Líder do PCP atacou os socialistas como se a geringonça nunca tivesse existido e cola-o a toda a direita, incluindo o Chega. Não se despediu, mas a conferência aplaudiu-o seis minutos." In "Público".
Fotografia de Hélder Gonçalves
sexta-feira, novembro 11
KHERSON
Ouvem-se as notícias e passam imagens de celebração na Ucrânia. Antes as notícias davam conta de que a tropa russa abandonou feridos e mortos na retirada. As suas mulheres faziam-se ao caminho para os apoiar e retirar. A guerra é terrível e continua mas este é um momento que no meio de todas as incertezas abre as portas à esperança. Não são precisas muitas palavras, basta ver e ouvir. Lembrei-me do 25 de abril…
Kiev hoje - Fotografia do El País