Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
domingo, março 12
FRANCISCO - 10 ANOS
IRREALIDADE
sábado, março 11
MANOBRAS
sexta-feira, março 10
AFLIÇÃO
terça-feira, março 7
8 MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER
segunda-feira, março 6
7 março 1808 - a família real chega ao Rio de Janeiro
domingo, março 5
sábado, março 4
quinta-feira, março 2
JOSÉ MANUEL GALVÃO TELES - RIP!
quarta-feira, março 1
terça-feira, fevereiro 28
"Como um lábio húmido"
segunda-feira, fevereiro 27
VÍCTOR WENGOROVIUS
domingo, fevereiro 26
Fernando Tordo
sábado, fevereiro 25
MULHERES
sexta-feira, fevereiro 24
FUTURO II
quinta-feira, fevereiro 23
FUTURO
quarta-feira, fevereiro 22
JOSÉ AFONSO - QUE VIVA !
terça-feira, fevereiro 21
Uma efeméride pessoal
segunda-feira, fevereiro 20
No sul o sol impõe as suas regras
domingo, fevereiro 19
SUL
sábado, fevereiro 18
HABITAÇÃO
sexta-feira, fevereiro 17
ELES ANDAM POR AÍ
quinta-feira, fevereiro 16
terça-feira, fevereiro 14
ESPALDÃO
segunda-feira, fevereiro 13
MEMÓRIA
domingo, fevereiro 12
IMIGRAÇÃO
sábado, fevereiro 11
KANT - um chumbo humilhante!
sexta-feira, fevereiro 10
PORQUE ESCREVO I (Vinte Poemas de Cuba XII)
Escrever para quê?
É como o pó que piso
Areia fina mármore liso
Escrever para quê?
É como supor que existo
E para alguém sobrevivo
Escrever para quê?
Minto. É como acreditar
Que a eternidade existe
25/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (12). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
HUMBERTO DELGADO - HONRA À SUA MEMÓRIA
Na próxima segunda feira, dia 13 de fevereiro, passam 58 anos sobre o dia em que o General Humberto Delgado foi, cobardemente, assassinado pela PIDE.
O General Humberto Delgado foi um distinto militar de carreira, apoiante do golpe militar do 28 de Maio, e da ditadura entre 1926 e o dealbar dos anos 50, tendo acabado por sacrificar a carreira, e a própria vida, no combate sem tréguas ao regime fascista, após a rutura política com Salazar, a partir das eleições presidenciais de 1958, às quais se candidatou, como independente, por vontade própria. Foi ele o verdadeiro precursor do 25 de Abril de 1974 pois defendeu (quase sempre) que a ditadura só cairia através da ação militar, que haveria de ser protagonizada pelas forças armadas, apoiadas pelo povo, o que viria, de facto, a acontecer pouco menos de nove anos após o seu assassinato que ocorreu em 13 de Fevereiro de 1965. Delgado foi, politicamente, um liberal democrata, fortemente influenciado pela cultura anglófona, e pela sociedade americana (o que lhe valeu o magnífico epíteto de “General Coca Cola”) influências assumidas ao longo de várias missões profissionais – em representação do estado português - na Inglaterra, Estados Unidos e também no Canadá. Delgado foi um político que nunca deixou de ser General e de cuja áurea antissalazarista a esquerda, do seu tempo, se quis apropriar sem, na verdade, partilhar das suas ideias e ações, que desprezava apodando-as, pelo menos, de aventureiras. O General Humberto Delgado foi atraído a uma cilada e assassinado pela PIDE, por espancamento, e não a tiro, com conhecimento de Salazar, que sempre encobriu este hediondo crime, sob as mais variadas artimanhas, no plano interno e da diplomacia, entrando, inclusive, em rota de colisão com Franco. O julgamento dos autores materiais do crime – que não dos seus autores morais que sempre foram poupados pela democracia – em Tribunal Militar – foi uma triste farsa que não permitiu apurar a verdade e muito menos punir os criminosos. Todo o processo desde o assassinato de Delgado, passando pelo encobrimento do crime, à descoberta dos corpos, à investigação judicial e perícias forenses, realizadas pelas autoridades espanholas, até à condução do processo judicial em Portugal, julgamento e recursos judiciais, constitui um caso exemplar que permite, nos planos político e judicial, entender muitos aspetos da realidade contemporânea portuguesa e as peripécias de processos que ainda correm os seus trâmites.quarta-feira, fevereiro 8
À Beira do Atlântico (Vinte poemas de Cuba XI)
À beira do Atlântico o mar do sul
abrasa a carne mais que a vida.
À beira do Atlântico fala-se outra
língua, acre, ora livre ora tolhida,
entre sorrisos de dentes brancos.
À beira do Atlântico o ar ardente,
carregado de salmoira, marulhar
reluzente lembra-me outro mar.
25/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (11). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
UCRÂNIA/EUROPA
"Zelenski pide desde Londres al Parlamento británico que respalde el envío de cazas de combate a Ucrania", in El Pais
terça-feira, fevereiro 7
EPIGRAMA II (Vinte poemas de Cuba X)
Uma boa notícia chegou de longe,
num dia qualquer e tarde demais
far-se-á justiça; e regresso a casa.
24/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (10). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
domingo, fevereiro 5
Epigrama I (Vinte poemas de Cuba IX)
Gostava de ser exacto, preciso e conciso.
E a vida? Onde encontrar lugar para a vida?
24/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (9). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
sábado, fevereiro 4
4 fevereiro 1927 - Revolta no Algarve
No dia 4 de Fevereiro de 1927, rebenta a revolta no Algarve. Ao largo de Faro, a canhoneira Bengo, comandada pelo 1º tenente Sebastião José da Costa e tendo a bordo o comité revolucionário constituído ainda pelo Dr. Manuel Pedro Guerreiro e o Dr. Victor Castro da Fonseca, começa a bombardear a cidade de Faro. Estes seriam os principais elementos revoltosos que comandavam alguns militares da marinha, da GNR, elementos do regimento de caçadores nº 4, de Tavira e algumas dezenas de civis.
sexta-feira, fevereiro 3
Tão tarde (Vinte poemas de Cuba VIII)
me ter dado conta de quão tardia
era a minha vontade de dar forma
de versos ao que do passado havia
feito o labirinto que me habita.
24/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (8). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
CONTRADIÇÕES
Um Olhar da Inês – Fotografia de Hélder Gonçalves
“”Antisthène : “É verdadeiramente real fazer o bem e ouvir dizer mal de nós.”
“Cf. Marco Aurélio: “Seja onde for que se possa viver, pode viver-se bem.”
“Aquilo que detém uma obra projectada transforma-se na própria obra”
Aquilo que barra o caminho faz avançar.
Terminado em Fevereiro de 1942.””
Albert Camus
Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).
(Camus assinala que o “Caderno" n.º 3 termina aqui. No início de 1942 tem uma recaída da tuberculose e viaja de Orão, acompanhado da mulher, para o sul de França – Le Panelier, próximo de Saint-Etiénne.)
quinta-feira, fevereiro 2
Dez versos - (Vinte poemas de Cuba VII)
O que nos mata é solidão povoada.
É estarmos juntos e separados
É sermos sós, mesmo ajuntados
É nada dizer de olhos lavados
É ouvir outros na voz dos amados
É sentir solidão sendo povoados.
O que nos mata
é tanta gente enchendo a solidão.
Assim envoltos de gente em revolta
Ausente do presente que lhe falta
Sermos crentes no porvir a perfeição
O que é afinal o que que nos mata?
Solidão povoada é o que nos mata.
24/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (7). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba. Neste caso tomando, como epígrafe, dois versos do poema “For whom the bell tolls, com incidências do “cogito” cartesiano”, de 23/8/1965].
RÚSSIA/ EUROPA - UE
Von der Leyen leva equipa a Kiev para aprofundar a cooperação com o Governo do país (Imagem e título de "Público").
Ainda mais, a partir de hoje, uma vitória da Rússia será uma derrota da Europa e vice versa.
quarta-feira, fevereiro 1
À vista do mar (Vinte poemas de Cuba VI)
À vista do mar, ao longe
ecoam os sons antigos
À vista do mar, as águas
desenham os sons amigos
À vista do mar, ao perto
da miséria sobram sorrisos
À vista do mar, os tons
azuis reluzentes postigos
24/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (6). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
NEVE A SUL
Eis o excerto de "O Aprendiz de Feiticeiro", belo livro do grande poeta português Carlos de Oliveira, nascido no Brasil, a propósito daquele acontecimento memorável:
“Contudo, relato a seguir o que me aconteceu na noite de 1 para 2 de Fevereiro de 1954, quando venci por fim a proibição interior e alinhei sem emendas ou hesitações os sessenta e três versos da primeira fala de “O Inquilino”….”
(…)“E entramos por fim no que mais interessa: acabado o impulso das primeiras palavras, afastei a cadeira distraidamente e levantei-me, tentando delinear o seguimento da peça, cuja ideia me surgira só no acto de escrever. Nenhum plano anterior, nenhum esboço. Levantei-me e andei para a janela, metido na pele do inquilino, perguntando a mim mesmo (ou a ele) se não haveria outras perguntas a fazer antes duma decisão que podia ferir o equilíbrio do mundo ou coisa parecida. Foi quando a madrugada explodiu numa féerie mais ou menos nórdica, como se tivesse realmente bastado mexer na cadeira, na ordem pré-estabelecida do quarto, para desencadear o imprevisto: uma tempestade de neve em Lisboa.” (…)
terça-feira, janeiro 31
Ambientes (Vinte poemas de Cuba V)
Cig Harvey
a borda do mar aquieta
e desenha o fresco da manhã
como uma limonada seca
que se bebe de um golo
e a faca limpa o fruto
24/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (5). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
segunda-feira, janeiro 30
Apátrida (20 poemas de Cuba IV)
Vistos de longe os trastes esquecem
tornam-se um ponto morto, me-
mória que se devorou a ela pró-
pria, a vida torna-se presente sem
passado, como te compreendo bem,
os versos apátridas são o teu
autêntico cântico nacionalista
contra o esquecimento da própria
voz que fala a língua já esquecida
23/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (4). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
O meu irmão Dimas - uma lembrança
As voltas da vida levaram a que meus pais viessem a adoptar, antes do tempo, o modelo quase perfeito da família nuclear. Um casal e dois filhos. Mas é interessante que já os pais de meus pais haviam gerado famílias pequenas: os meus avós paternos com três filhos e os maternos com dois. O modelo da família alargada havia ficado pelas gerações anteriores.
O meu irmão Dimas nasceu onze anos antes de mim. Ele é contemporâneo dos inícios da guerra civil de Espanha e eu sou um “baby boomer” típico. Não sou capaz de imaginar a intensidade do impacto do meu nascimento tardio no equilíbrio familiar.
Mas é um facto que o meu irmão não concluiu o liceu tendo os meus pais que buscar uma via alternativa para a sua formação. Por ruas e travessas chegaram a um caminho que deu certo. O meu irmão, ainda antes de 1955, partiu para o Porto para aprender, ao mesmo tempo, dois ofícios: óptico e gravador.
Lembro o dia da sua partida. Naquela época a distância entre o extremo sul de Portugal e o Norte, entre Faro e o Porto, era incomensuravelmente maior do que é hoje. O meu irmão Dimas, com menos de vinte anos, instalou-se no Porto, tendo encetado a sua aprendizagem na “Óptica Retina”.
Aprendeu bem todos os segredos dos ofícios a que se propôs dedicar-se o que lhe permitiu durante quase cinquenta anos fazer um percurso ascendente, à maneira de um “self-made-man”, que lhe havia de granjear prestígio profissional e social além de prosperidade económica.
Como escrevi, por alturas da sua morte, prematura e injusta, é um caso de alguém que subiu a pulso na vida, com o esforço do seu trabalho, o apoio inicial dos pais, e uma forte exigência na qualidade do seu próprio desempenho pessoal e profissional.
Os meus pais, forçados pelas circunstâncias da vida, com alegrias e amarguras, fizeram, em relação ao futuro dos filhos, o melhor que puderam. E, no essencial, acertaram. Ao mais velho uma profissão, ao mais novo um curso superior. Depois cada um que assumisse, com liberdade, o seu próprio futuro.
domingo, janeiro 29
MAR (Vinte poemas de Cuba III)
os mares menos o ar adocicado
que se derrama salgado e grosso
tomando todas as cores tropicais
quando pela tarde alta declama
uma sinfonia de reluzentes raios
e subitamente a chuva irrompe
inundando a terra do mar ao cais
23/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (3). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
OH MINHA SENHORA Ó MINHA SENHORA
ra minha não faça isso eu lhe peço eu lhe suplico por Deus nosso
redentor minha senhora não dê importância a um simples mortal
vagabundo como eu que nem mereço a glória de quanto mais
de...não não não minha senhora não me desabotoe a braguilha
não precisa também de despir o que é isso é verdadeiramente fora
de normas e eu não estou absolutamente preparado para seme-
lhante emoção ou comoção sei lá minha senhora nem sei mais o
que digo eu disse alguma coisa? sinto-me sem palavras sem fôle-
gos sem saliva para molhar a língua e ensaiar um discurso coeren-
te na linha do desejo sinto-me desamparado do Divino Espírito
Santo minha senhora eu eu eu ó minha senh...esses seios são
seus ou é uma aparição e esses pêlos essas nád...tanta nudez me
deixa naufragado me mata me pulveriza louvado bendito seja
Deus é o fim do mundo desabando no meu fim eu eu...
sábado, janeiro 28
Tempo (Vinte poemas de Cuba II)
Fernando Delgado - Cuban-American, b.1957
Não sei ao certo se ainda sonho
Realizar algum projecto não sei
Ao certo o tempo que me sobra
Do tempo gasto não sei ao certo
23/7/2007
[“Vinte Poemas de Cuba” (2). Escritos a lápis nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.]
Luís Moita
O Luis Moita morreu. Quantos anos de cumplicidade e de lutas. A defesa das mais nobres causas a que dedicou a sua vida, justiça e liberdade, exigem que honremos a sua memória.