Fotografia de Hélder Gonçalves
"Sócrates e os seus ministros nada fizeram para convencer os militantes de que não é assumindo o papel de agentes infiltrados que melhor servem o partido e o país".
"Sócrates e os seus ministros nada fizeram para convencer os militantes de que não é assumindo o papel de agentes infiltrados que melhor servem o partido e o país".
Manuel Carvalho, PÚBLICO, 08-07-2007
Os jornalistas mais novos não conhecem o ambiente opressivo e repressivo da ditadura. Os jornalistas mais velhos estão, quase todos, na reforma ou afastados dos lugares onde se fazem as notícias. Basta fazer as contas para entender esta realidade cronológica.
Do lado daqueles que confeccionavam os instrumentos da opressão e da repressão, nas suas diversas facetas, também já restam poucos no activo embora ainda seja possível ouvir algum eco dos seus métodos e mesmo das suas vozes.
Hoje não é possível reproduzir o discurso do método da opressão construído pela ditadura, ao longo de décadas, nem inculcar na opinião pública o medo de que ela retorne, sufoque, elimine ou condicione as liberdades.
Lembro-me do erro de João Soares quando no final da campanha autárquica de Dezembro de 2001 puxou pelos galões do anti fascismo, apoiado no seu parceiro de coligação – o PCP, – tendo feito até projectar, no derradeiro comício no Pavilhão dos Desportos, uma declaração de Cunhal. Logo vi, nessa noite, que iria perder!
Ninguém hoje, na verdade, acredita no perigo do regresso a uma qualquer forma de autoritarismo que ponha em causa as liberdades consagradas na ordem constitucional e na prática quotidiana das relações sociais.
Mas talvez valesse a pena que, quer o governo, quer a oposição, quer os jornalistas, explicassem, com factos concretos, o que querem dizer com certas afirmações como aquela que tomo como epígrafe: “militantes assumindo o papel de agentes infiltrados”? Ponham lá, se faz favor, os “nomes aos bois” para ver se nos entendemos!
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