segunda-feira, março 24

"O CASAMANTO"


Eu vi mas não quis acreditar. Pela manhã em cima da mesa do café. Logo hoje que tinha reparado na entrevista à Naide Gomes. E a tinha linkado. Logo hoje que me chamaram a atenção para o editorial “O Clube dos Poetas Mortos e o dos Disparates Vivos”. Fui ler, já tarde, o dito editorial do José Manuel Fernandes com o qual até poderia estar de acordo salvo as referências depreciativas que faz a quase tudo o que ele próprio defende. Mas isso são contas de outro rosário.

O Director do “Público” é o que se poderá chamar um “liberal democrata” e eu até assisti à entronização, pelo Dr. Mário Soares, dos dissidentes da UDP no ideal que ele tão bem sintetiza, aplicado à escola, em quatro palavras: “tradição”, “disciplina”, “honra” e “excelência”.

Mas, azar dos azares, dei todas as voltas possíveis pois não acreditava que fosse possível. Quer na versão em papel, quer na versão digital, ainda acessível, a manchete do “Público” de hoje é um disparate vivo que não honra a disciplina, nem a excelência da tradição. Para um chamado diário de referência não está nada mal!
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OS OPERÁRIOS

Bill Kane

Os operários com os fatos cansados e as mãos penduradas ao lado do corpo. Os operários revestidos a gangas puídas. Os seus passos ressoam a meus ouvidos. A cadência antiga peça a peça, rosca a rosca, brasa a brasa. Os operários envergonhados no meio dos colarinhos brancos. A fuligem assumida contra a pose esvaziada. Os operários carregam mãos nas pontas do cansaço. Caminham por entre paredes de vidro. Sobem aos andaimes. Sinalizam as medidas. Cortam as pontes. Alisam as estradas. Falam línguas em sonoros gestos sem palavras. Multicolores. Onde estão os operários que erguiam punhos? Hoje as mãos dos operários repousam penduradas ao lado do corpo.
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domingo, março 23

NAIDE GOMES [ENTREVISTA]

(…) transformo-me em competição: faço figuras, caretas, viro um animal.

Entrevista de Naide Gomes ao “Público”. Vale a pena ficar registada. Na entrevista transparece não só a aspiração de uma atleta de alta competição a transcender-se, como uma personalidade que merece a ribalta.
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A ler [1] [2] [3] [4] [5]
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"TRABALHAR CANSA"


Referi, num post anterior, “Trabalhar Cansa” título da principal obra poética de Cesare Pavese. Fiquei a matutar no sentido equívoco daquela referência. Fui consultar a edição portuguesa, profusamente sublinhada, da qual respigo esta definição sintética do sentido daquela obra:

“Trabalhar Cansa tem como leitmotiv a solidão, em que se repetem obsessivamente os temas da evasão e da fuga, a vida é um cárcere, repetição inútil, destino inelutável. Das suas páginas ressaltam sobretudo as figuras do rapaz que foge de casa, do velho, da prostituta, enfim, dos que são incapazes de inserir-se no ritmo da existência comum, que é a dos adultos que trabalham.” [Carlos Leite]

No Caderno de Poesia publico "Last blues, to be read some day", o último poema de Pavese, escrito em inglês, como se fora um epitáfio.
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O PCP E O TERRORISMO

Passava os olhos, distraidamente, pelo DN quando me dei conta de uma pequena notícia referindo o editorial do AVANTE. O dito editorial intitula-se: TAREFAS DOS COMUNISTAS. As tarefas que nele são apontadas são duas: as eleições de 2009 e o Congresso do PCP.
Temas banais para um jornal partidário. Suponho que os órgãos de imprensa dos outros partidos devam abordar, de quando em vez, os mesmos temas.

Mas o que mais chama a atenção neste editorial do órgão de imprensa do PCP é, no contexto da propaganda anti-socialista, a condenação do anúncio pelo ministro da administração interna de um «novo crime da apologia do terrorismo».
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(...) As recentes declarações do ministro da Administração Interna, Rui Pereira – anunciando o «novo crime da apologia do terrorismo», na base de um conceito de terrorismo elaborado pelo maior centro terrorista do mundo - são altamente preocupantes: pelo que confirmam em matéria de subserviência rastejante deste Governo aos ditames do imperialismo internacional, e pelo que indiciam no que respeita à predisposição do Governo PS/Sócrates de prosseguir e acentuar os atentados à democracia, à liberdade, à Constituição da República Portuguesa.(...)

Este poderia ser um bom motivo para o aprofundamento de uma discussão filosófica acerca dos conceitos de crime, liberdade e terrorismo, entre outros, pois a sua importância na vida prática tem sido evidenciada por muitos acontecimentos da actualidade, desde os que ocorreram numa simples sala de aula, aos que ocorrem na vastidão de um país continente, a China, na sua relação com o Tibete.

Não me vou dar ao trabalho de descodificar a sordidez das ideias que subjazem a esta linguagem urdida nos imaginários subterrâneos da liberdade em que se movem os dirigentes os PCP. Sou daqueles que pensa que, hoje em dia, temos que estar preparados para tudo. Mas estarei enganado se disser que me parece vislumbrar neste discurso do PCP a defesa do terrorismo? Ou para o PCP existe um “terrorismo bom” e um “terrorismo mau”?


sábado, março 22

CHINA - HEGEMONIA MUNDIAL


A crise da última semana, no Tibete, só mostra duas coisas: o fato de ser uma ditadura e, portanto, simplesmente ignorar as questões de direitos humanos persistem sendo o maior obstáculo ao ingresso da China no universo das superpotências.
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Putain, ça suffit ! Elles en ont assez de se faire insulter. Samedi 22 mars, l’association Les Putes organise la Pute Pride : une marche de fierté pour toutes les travailleuses du sexe. Leur combat vise essentiellement la fameuse LSI, ou «Loi Sarkozy». Rassemblement à 13h, place Pigalle à Paris.
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O FUTURO DO MUNDO PASSA POR AQUI (VII)

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sexta-feira, março 21

VOANDO SOBRE UM NOVELO DE EQUÍVOCOS


Reproduzir cenas de violência? Não vou por aí. O ambiente informativo nacional já está saturado com as imagens da refrega entre uma professora e uma aluna por um telemóvel. A mediatização do caso pode suscitar todas as leituras: falta de autoridade dos professores, indisciplina dos alunos, alheamento dos pais face ao processo educativo, … por aí fora. Mas tudo é apresentado, a reboque das imagens colhidas na sala de aula, como se fora um estúdio, de uma forma demasiado simples.

As alterações ao Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário, publicadas no Diário da República, reforçam a autoridade dos professores e a autonomia das escolas, ao mesmo tempo que simplificam e agilizam procedimentos, conferindo maior responsabilidade aos pais e aos encarregados de educação.

O que diz a Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro?

O que diz o Artº 15º da Lei, a respeito dos deveres dos alunos, tocando no assunto em apreço?

q) Não transportar quaisquer materiais, equipamentos tecnológicos, instrumentos ou engenhos, passíveis de, objectivamente, perturbarem o normal funcionamento das actividades lectivas, ou poderem causar danos físicos ou morais aos alunos ou a terceiros;

O que poderá dizer um cidadão normal face ao conhecimento dos factos e da legislação, apesar de todas as polémicas, dificuldades e crispações? Cumpra-se a lei!
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DIA MUNDIAL DA POESIA


Trata-se de uma edição bilingue, português/espanhol, da obra de Fernando Pessoa, de autoria de Sebastián Santisi, um extraordinário empreendimento individual para a divulgação da poesia de Fernando Pessoa no universo dos falantes da língua de Cervantes.

Bem-haja! s@ntisi.com.ar
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quinta-feira, março 20

BUSH - FUGA PARA A FRENTE

New York Times

President Bush used the fifth anniversary of the start of the war in Iraq on Wednesday to make the case for persevering in a conflict that could have many more anniversaries.
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A CHINA

Pedro Doria publica dois postes, um terceiro está prometido para amanhã, acerca da China. A China está no centro de todas as atenções, é uma espécie de epicentro do futuro, por razões económicas e financeiras, geoestratégicas, de regime (a situação no Tibete faz piscar um sinal de alerta!) e pela organização dos Jogos Olímpicos, e seu improvável boicote, vale a pena abrir o capítulo China.

A ler A China como ela se vê 1: Democracia e A China como ela se vê 2: Direita e esquerda que termina assim:

Na China, qualquer transformação é feita sempre com muita lentidão. Mas o governo tem consciência de que, no exterior, as condições de vida no país são vistas como selvagens. A queda à esquerda tem a ver com a percepção de que a economia de mercado ampliou a desigualdade ao mesmo tempo em que enriqueceu o país. Mas também tem a ver com a questão da imagem. Os chineses querem mais poder no mundo e, neste jogo de influência, imagem conta.
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quarta-feira, março 19

DIA MUNDIAL DA POESIA

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EDUCAÇÃO: ELES LÁ SABEM PORQUÊ!


Na sequência dos combates dos últimos tempos, a propósito da reforma da educação, reparemos que enquanto em Portugal se discute o processo de avaliação do desempenho dos professores em França as greves, e manifestações, são contra o despedimento de professores. Em Portugal o governo resolveu a questão da colocação dos professores (na sua maior parte) fixando-os por um período de três anos nas escolas a que ficam afectos. É a ansiada estabilidade do corpo docente – uma velha reivindicação da classe - que hoje foi esquecida pelos críticos do governo. Aqui ninguém fala em despedimentos de professores, pelo contrário, parece haver um compromisso firme do governo em não incluir os professores no chamado quadro de excedentes. É a ansiada estabilidade do corpo docente que, paradoxalmente, parece não revelar mais do que pérfidas intenções do governo em denegrir a imagem dos professores.

É possível que nem tudo vá bem no reino da Dinamarca. Mas não se verificam, hoje, no sistema público de educação, as rupturas organizacionais de outros tempos. Nem atraso na abertura dos anos lectivos, nem entropia nos processos de colocação de professores, nem atropelos na adopção dos manuais escolares (finalmente com uma nova lei em vigor) sendo que o que está em causa, no presente debate, é a elevação do nível de exigência do desempenho do sistema público de educação, e de todos os seus protagonistas, do topo à base. Há mudanças, em turbilhão, difíceis de gerir aos diversos níveis da organização do sistema. As escolas são solicitadas a realizar um sobre-esforço só possível pela dedicação e competência da maioria dos seus dirigentes, em particular, os professores. Se assim não fosse como poderia ser assegurado, como tem sido, o regular desenvolvimento das actividades escolares à beira da entrada no terceiro, e derradeiro, período lectivo.

Todos sabemos, os que trabalham no sistema, e os que o observam de fora, que sempre se podem adoptar processos diferenciados para alcançar os mesmos fins. Creio que a gestão política deste complexo processo de mudança, como sempre acontece, poderia ser orientada seguindo um diferente escalonamento das prioridades, mas a verdade é que qualquer reforma na educação, tocando no fundo dos alicerces do sistema, sempre concitaria forte contestação e nunca avançaria, sequer, um milímetro se a firmeza cedesse o passo à hesitação. Mas quero crer que, a breve prazo, será inevitável que as trombetas da concórdia se sobreponham à crispação do confronto.

A opinião pública mantém uma silenciosa reserva face ao alvoroço da refrega e o PR guarda, face aos sindicatos, uma prudente e sábia distância. Eles lá sabem porquê!
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terça-feira, março 18

O FUTURO DO MUNDO PASSA POR AQUI (VI)

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As pseudo-soluções


No meio de sérios avisos de aproximação de uma crise do sistema financeiro internacional que tem o epicentro nos USA, mas que a todos atingirá, há quem se aventure por mares já antes navegados. Teodora Cardoso lança um aviso à navegação:
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A LUTA DOS TRABALHADORES: AQUI E AGORA


Não sei se o trabalho honesto de cada um de nós vale a pena. Não sei se o trabalho esforçado de cada um de nós vale a pena. A corrente de ideias que sopra com mais força, desde que me conheço, valoriza sempre mais a questão da igualdade. Também acreditei. O pensamento dominante, sob a capa da luta pela justiça, favorece a pobreza. Sem pobreza não se justificaria a caridade e, muito menos, a solidariedade social. Os mais ricos são cada vez mais ricos e os mais pobres cada vez mais pobres. E por aqui nos ficamos. O paradigma igualitário é o guião de todas as justas lutas dos trabalhadores. Sejamos honestos e abramos os olhos! Hoje, aqui e agora, quais são os trabalhadores que lutam? São os trabalhadores assalariados da agricultura e da indústria? São os trabalhadores de todas as artes que usufruem de mais baixos salários? São os trabalhadores pobres e marginalizados? São os trabalhadores desempregados? São os trabalhadores mais velhos, empregados ou aposentados, na posse de todas as suas faculdades? São os trabalhadores imigrantes, mão-de-obra barata, em busca da legalização? São os jovens estudantes liceais ou universitários? São os jovens licenciados em busca de um lugar ao sol? Nada disso! Nada disso! Quem se manifesta então? A classe média dos funcionários públicos auto intitulados de novos explorados, os espoliados do nosso tempo. Que é feito da classe operária que dá o título à maioria dos sindicatos? Trabalha para que se não extinga o seu posto; trabalha para que não se deslocalize a sua fábrica; trabalha para que se não perca a encomenda. Trabalha e, como dizia o poeta, “Trabalhar cansa”. É difícil ultrapassar a ditadura da igualdade que esconde os privilégios daqueles que, na maioria, desprezam os verdadeiros explorados. Para que o trabalho honesto e esforçado valha a pena é preciso vencer o predomínio do paradigma da igualdade. É preciso fazer vencer na sociedade o paradigma do mérito, do trabalho esforçado e competente, em benefício de cada um de nós e de toda a sociedade. Um dia se a liberdade estiver em causa ver-se-ão os verdadeiros trabalhadores na rua a lutar pelas suas verdadeiras causas e aí espero que os manifestantes de hoje se não escondam em suas casas!
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segunda-feira, março 17

ALGARVE, EN 125, PSD E PORTAGENS NA VIA DO INFANTE

Keith Johnson

Ao que parece o PSD ficou muito escandalizado com a afirmação do Ministro das Obras Públicas de que não seria este governo a introduzir portagens na Via do Infante e que tal ideia era, pelo contrário, defendida pelo PSD. Julgo que Mário Lino se deve ter fundamentado nesta afirmação de Marques Mendes, presidente do PSD, aquando da Universidade de Verão de 2007, realizada, ironicamente, no Algarve:

Mas se alguém tem dúvidas então faço mesmo um desafio: acabe-se com as SCUT’s, que custam ao País 750 milhões de Euros por ano, e baixem-se os impostos sobre as pessoas e as empresas. É economicamente mais correcto e socialmente mais justo.

Aliás o posicionamento do líder do PSD, no verão passado, causou um coro de protestos entre os social-democratas algarvios, nomeando expressamente a Via do Infante, como se pode verificar, entre muitas outras, por esta tomada de posição sob o título: Marques Mendes anseia portagens nas SCUT. Como é isso possível?
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FIM DE SEMANA ALUCINANTE

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We will never have a perfect model of risk


The current financial crisis in the US is likely to be judged in retrospect as the most wrenching since the end of the second world war. It will end eventually when home prices stabilise and with them the value of equity in homes supporting troubled mortgage securities.

(…)

In the current crisis, as in past crises, we can learn much, and policy in the future will be informed by these lessons. But we cannot hope to anticipate the specifics of future crises with any degree of confidence. Thus it is important, indeed crucial, that any reforms in, and adjustments to, the structure of markets and regulation not inhibit our most reliable and effective safeguards against cumulative economic failure: market flexibility and open competition.
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