terça-feira, abril 22

EXCESSOS

Dick Sanders

O alinhamento de notícias que se segue não me deu trabalho nenhum. Estão todas, em simultâneo, na mesma página da edição on-line do Público de hoje. Tudo é excessivo. Desde a precipitação (natureza) à cotação do euro (dinheiro), ao preço do petróleo (matérias primas) … salvam-se as críticas dos socialistas à política do governo socialista e as críticas de Saramago à falta de espírito crítico se não as quisermos considerar também excessivas …

Nível de precipitação registado em Lisboa entre sexta-feira e sábado foi o maior dos últimos 145 anos

Euro ultrapassou os 1,60 dólares

Preço do petróleo mais perto dos 120 dólares

Documento assinado por figuras do PS critica situação actual do país

José Saramago: “Falta em Portugal espírito crítico”
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À LA MINUTE

Pedro Presilha

É difícil resistir acordado aos Prós e Contras. É um debate comprido e chato. Dizem que é do formato. Seja! Hoje comenta-se o “Prós e Contras”, de ontem, que deve ter abordado o tema do PSD. É a fruta da época. O que eu vi foi o António Vitorino na sua prédica breve. Valha-nos isso! Mas era escusada a deselegância – para ser simpático – de colocar todos os líderes do PS, anteriores a Sócrates, na prateleira dos históricos. Uma habilidade para excluir Ferro Rodrigues. Uma rasura à boa maneira estalinista. Também vi o Joaquim Aguiar – comentarista ou politólogo, não sei bem – dissertar acerca da política nacional. Como de costume: tudo vai mal, excepto o que não vai, que vai bem. É uma espécie de fotógrafo “à la minute”: a realidade move-se à sua volta e ele bate, incessantemente, chapas com a cabeça enfiada na máquina. Já era assim no tempo dos “cursos livres”, nos idos dos anos sessenta, em Económicas. Diletantismo insuportável!
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VITÓRIA

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MANUELA FERREIRA LEITE?


Agora pode ser que o pré anúncio insinuado se concretize e tenhamos uma candidata à liderança do PSD. Uma candidata a sério ou, pelo menos, que será levada a sério pela opinião pública. Ferreira Leite (Manuela). As reacções dos meios partidários são cautelosas. Dizem que é uma candidatura federadora, supõe-se, de várias facções, grupos, personalidades que se digladiam no seio do PSD.

Se for para levar a sério será a primeira vez que uma mulher tomará a liderança de um grande partido em Portugal (é a segunda, em termos absolutos, que me lembre, pois antes se deve considerar a Carmelinda Pereira!). Se o pré anúncio for para levar a sério sou dos que consideram que se trata de um acontecimento positivo.

É positivo para a democracia portuguesa que o partido à direita do PS disponha de um líder credível, não populista, criador de expectativas positivas para a área política que representa, em suma, que se possa assumir como alternativa de governo. É mesmo disso que o PS, e o seu governo, precisam. Quem lhes faça oposição.

O problema de Ferreira Leite (Manuela) não é o género, nem a geração, nem a idade, nem a beleza física, mas sim Cavaco (Presidente). São fruta da mesma árvore. A instituição presidencial suportará o ónus permanente de beneficiar politicamente a companheira. A companheira suportará permanentemente o ónus de beneficiar da sombra da mesma árvore da qual ambos são nascidos.

Afinal, bem vistas as coisas, minudências. A direita orienta a sua acção, predominantemente, na defesa de interesses, sem apegos ideológicos, nem afãs doutrinários. Eles lá se entenderão e, caso saibam fazer as coisas, toda a gente acabará por aceitar o “compadrio”. Manuela tem outro problema: não é deputada e Pedro Santana Lopes não será sua muleta, quanto muito seu adversário, com Menezes, para lavar e durar. A ver, quando e como!

Para além de outros detalhes que não são contas do meu rosário: Ferreira Leite (Manuela) parece-me seca de ideias, mas isso não é problema, seca de afectos, mas isso não é problema, seca de novidade, mas isso não é problema. Ao que ela vai, se for, basta! Salvar o partido, à beira do colapso, e o mais que vier é lucro.

Por mim está bem assim. Deu para perceber que a respeito, mas não gosto da senhora? Não é por nada mas não me mobiliza, nem o seu contrário. Deixa-me indiferente. Mas deve ser mesmo para isso que ela avança, se avançar, ou seja, simplesmente para ocupar um lugar vazio antes que o lugar vazio se encha de um ror de gente vazia que vive de preencher os lugares vazios.
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segunda-feira, abril 21

A MADEIRA É UM JARDIM


A Câmara dos Comuns lembrou-se, a propósito da visita presidencial à Madeira, de ir buscar um velho artigo de Cavaco Silva que guardei. Actual. Eu lembrei-me de ler a crónica de Miguel Sousa Tavares, acerca do mesmo tema, intitulada Cavaco no estrangeiro. Incisiva.
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LIBERDADE

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OS BISPOS AO PODER

Não sei no que isto vai dar. Mas o aspecto mais exuberante das eleições presidenciais no Paraguai foi o facto de terem sido ganhas por um Bispo de Esquerda. Isso mesmo! A igreja católica tão metediça que se tem mostrado nas questões da política rejeita um seu bispo que assume a luta política e, ainda para mais, logra sair vitorioso. Não sei no que isto vai dar… mas é uma boa questão para o Prof. César das Neves descascar … tão preocupado que ele se mostra com as aberrações da esquerda. Olé!

El presidente de la conferencia episcopal, Ignacio Gogorza, declaró que el Papa "va a encontrar una solución" para la situación del obispo, sancionado canónicamente por dedicarse a la política y a quien Roma va a otorgar ahora una dispensa.
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PATRIOTISMOS

Já abordei a questão da guerra colonial ou, se quiserem, da guerra em África apreciando a narrativa de Joaquim Furtado. Logo após ter visto o primeiro documentário ficou claro para mim que se tratava de um trabalho de excelência. No sábado passado o José Pacheco Pereira, embora tardiamente, como explica, aborda o assunto. Sob o título Patriotismos deixa, em artigo publicado no Público, a ideia da justaposição dos vários sentimentos patrióticos todos diferentes mas todos, igualmente, compreensíveis e respeitáveis. Quando vi o documentário, embora não o tenho expressado com tanta clareza, senti o mesmo. Hoje podemos sentirmo-nos patriotas, fieis aos nossos ideais anticolonialistas, e compreender o patriotismo dos que combateram, ou se viram envolvidos na guerra, mesmo daqueles de cujas ideias frontalmente discordávamos.
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domingo, abril 20

MARCELO PATINHA

A coisa está pior do que se pensava no PSD. Regresso de uma curta viagem e a minha boca abriu-se de espanto: Patinha Antão? Patinha Então? Patinha? E mais ainda se abriu com esta frase de Marcelo como uma das razões para se candidatar à liderança do PSD: "olhar para os candidatos todos e dizer que não há nenhum que preencha os mínimos". Pelo exemplo do Patinha é caso para dizer que Marcelo caminha a passos largos para a candidatura!
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sábado, abril 19

ECOS

O absorto no Technorati – os mais recentes:
(A distância não apaga a amizade.)

o analfa betoé assim e pronto!
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ENIGMAS

O Dr. Portas já percebeu que, politicamente, acabou; a tribuna política serve-lhe, em exclusivo, para protecção do passado. Futuro=0. Menezes saiu porque, apesar de tudo, existe. O futuro confirmá-lo-á. Mas a manutenção da trincheira que alberga o Dr. Portas sai cara à direita e ao país. Todos se interrogam, à sua maneira, quais as artes de sobrevivência política do Dr. Portas. Talvez os chamados senadores da república um dia possam explicar. O que é preciso é não deixá-los morrer antes que digam, ou escrevam, qualquer coisinha. E que se será feito dos seus “homens de mão”. Não me refiro aos que sobem, de quando em vez, à tribuna política. Refiro-me aos outros …
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MENEZES-MENEZES


Quem é o melhor candidato à liderança do PSD?

1 - Luís Filipe Menezes

2 - Manuela Ferreira Leite

3 - Pedro Passos Coelho

4 - Aguiar-Branco

5 - Marcelo Rebelo de Sousa

6 - António Borges

7 - Rui Rio

8 - Pedro Santana Lopes

9 - Outro

Por favor seleccione uma resposta.
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sexta-feira, abril 18

MENEZES=MENEZES


O problema de Menezes é Sócrates. Sócrates puxou o PS, a partir de 2005, para o centro político. Ocupou o espaço político do PSD deixando-o entregue, ainda por cima, aos derrotados de 2005. Todo e qualquer um percebe que Menezes não pode preconizar políticas que estão a ser executadas por Sócrates. Esta percepção entrou no senso comum. Qualquer líder do PSD não encontrará o caminho já percorrido pelos líderes anteriores. Esse caminho já não existe. A crise do PSD é muito mais grave e profunda podendo ter chegado o momento dos seus militantes mais lúcidos se questionarem acerca da razão de ser da existência do partido. É um pouco essa questão que Pacheco Pereira vem colocando com insistência. Não será o carisma de um novo líder que criará, por si só, um novo espaço político que carece de um programa coerente e mobilizador. Mas qual programa? Qual política? Qual governo? Nada! Outra vez Menezes! Parece ser este o cenário mais provável caso contrário não se justificaria o curtíssimo prazo de um mês para as eleições directas de 24 de Maio. As surpresas sempre podem existir o problema é se já não existe espaço político para o PSD.
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REFORMA DO INATEL - ALELUIA


Como sói dizer-se “mais vale tarde do que nunca”. Só tenho de me congratular por ter sido aprovada ontem, em conselho de ministros, a reforma estatutária do INATEL que, como já disse, e reafirmo, foi elaborada, no essencial, por mim e pela equipa que me acompanhou, na gestão daquela instituição entre os inícios de 1996 e de 2003.

Num dia pejado de acontecimentos mediáticos, da meteorologia à política, este acontecimento não chega a ser notícia. Pela parte que me toca assinalo o facto pela sua importância intrínseca, ou seja, por permitir a preservação e a continuidade de uma instituição, herdada do estado novo, mas cuja actividade continua a ser muito relevante na área do lazer, desde o associativismo popular, cultural e desportivo, ao turismo social. Desta forma o governo socialista honrou um compromisso antigo.

Este Decreto-Lei vem concretizar a instituição da Fundação INATEL, que sucede em todos os direitos e obrigações ao INATEL, Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Trabalhadores, IP (prevista no Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado, PRACE), bem como na prossecução das suas atribuições de serviço público.

A Fundação INATEL é uma pessoa colectiva de direito privado e utilidade pública que tem como fins principais: a promoção das melhores condições para a ocupação dos tempos livres e do lazer dos trabalhadores, no activo e reformados, desenvolvendo e valorizando o turismo social, a criação e fruição cultural, a actividade física e desportiva, a inclusão e a solidariedade social.

O modelo de governação da Fundação INATEL permite que, seguindo as mais modernas tendências europeias e sem se perder de vista a função social desta instituição, se reforcem os laços que a ligam à comunidade nacional e se adopte uma estrutura de gestão desburocratizada, ágil e amplamente representativa da sociedade civil, promovendo-se, também por esta via, a eficiência dos gastos públicos, a parceria entre o Estado e os cidadãos e o reforço do importante sector da economia social.
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quinta-feira, abril 17

IGREJA CATÓLICA E POLÍTICA


A igreja católica rejubila com a vitória eleitoral da direita em Itália. Esse júbilo, enquanto o Papa visita os EUA, fazendo contrição pelos crimes de pedofilia dos seus pastores, reveste o tom de explícita desforra pela vitória eleitoral dos socialistas de Zapatero, em Espanha. A Igreja católica assume-se como força de intervenção directa na luta política. Não é novidade. O que assusta é o tom radical/populista do discurso de muitos dos seus representantes. Como quem diz: querem guerra, vamos para a guerra. E eu que pensava que a Igreja Católica era uma força importante na luta pela paz e concórdia entre os povos e as nações!
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quarta-feira, abril 16

"TRIDENTE" E "ARPÃO"?


Os meus conhecimentos acerca de questões de defesa nacional são os de um cidadão comum. Sou capaz de compreender que Portugal, como país marítimo, deve dispor de meios, destinados a fins civis e militares, que lhe permitam assegurar a soberania nacional, incluindo o vasto mar que é nosso.

Qualquer leigo entende que Portugal, não só pela história, como pela localização do seu território continental, teria muitíssima menos relevância geoestratégica sem o domínio de uma área significativa do Atlântico e sem os arquipélagos dos Açores e da Madeira.

Os dois submarinos, cuja entrega está prevista para 2010 e 2011, vão custar qualquer coisa como 973 milhões de euros, com juros incluídos, o que representa 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) português. O que se pode chamar um investimento vultuoso. Opções discutíveis mas consumadas. Não sei, ao certo, se devidamente investigadas. Mas não são as questões de fundo que me trazem à liça.

O que me despertou a curiosidade foi uma questão bem mais prosaica. Então expliquem lá, pois ainda vamos a tempo, das razões do nome de baptismo dos ditos. Sempre são duas peças com o estimável valor de, para já, quase mil milhões de euros!

“Tridente” e “Arpão”? De quem foi a lembrança? Estava nos papéis do Dr. Portas? Como se justificam as designações? Em que tradição enraízam? Que imagem projectam de Portugal e das suas Forças Armadas no país e no mundo? Não havia nomes de militares portugueses ilustres? Talvez heróis? Da marinha de guerra? Ou de outros ramos? Ou mesmo de civis?

Estaremos condenados a dispor de dois poderosos – e caros – vasos de guerra com nomes que parecem de vulgares lanchas, barcos de pesca ou de recreio? Fica a manifestação da minha perplexidade e exarado o meu protesto! À consideração de quem de direito no estado democrático!
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ECOS RECENTES

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LEMBRANÇAS TRÁGICAS

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AUTOEUROPA

Este post não é publicidade. Mas a Autoeuropa merece muitas atenções pois, além do mais, é a empresa mais importante do nosso sector exportador (representou 3,5% das exportações portuguesas em 2006). Na Autoeuropa estão todos os compromissos necessários para o desenvolvimento da economia nacional: compromisso entre estados, entre fileiras de produção, entre patronato e trabalhadores … Coisa de alemães conforme as notícias divulgadas ontem pelo responsável máximo da Autoeuropa. Aproveitemos todos para aprender alguma coisa, ou seja, construamos, no âmbito da chamada economia real, sem complexos, um outro lado da lamúria nacional. Pois mesmo apesar de todas as vantagens concedidas, certamente, pelo Estado à Autoeuropa a persistência na continuidade do seu projecto deve-se, em muito, à competência profissional (e cívica) das suas lideranças desde a gestão aos trabalhadores.

A Autoeuropa pretende produzir 800 carros por dia em 2010 (duplicando a produção de 2007) e prevê um aumento de dois mil postos de trabalho. - Entre 2008 e 2010 a VW Autoeuropa vai investir 541 milhões de euros em novos produtos, nomeadamente no sucessor do MPV, na preparação para o quarto modelo, em duplicar a produção e aumentar o número de funcionários. Com uma produção anual de 100 mil carros em 2007, a fábrica de Palmela produz por dia 265 Eos.
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terça-feira, abril 15

BOLETIM ECONÓMICO/PRIMAVERA 2008 - BANCO DE PORTUGAL

Albert Lemoine

Tudo o que se vai escrevendo, no dia-a-dia, acerca da situação económica e financeira do país, envolvendo a política económica do governo, a situação dos mercados, empresas e famílias, ganha mais coerência e sentido se formos capazes de dar atenção a documentos tecnicamente fundamentados. O Banco de Portugal acaba de publicar o Boletim Económico Primavera 2008. A Conclusão pode ser lida também aqui. De seguida um resumo dessa conclusão.


A integração económica e financeira da economia portuguesa, num contexto de intensificação do processo de globalização e de participação na área do euro, implicou um aumento na eficiência da economia, através do alargamento do conjunto de possibilidades de escolha dos agentes económicos, do aumento global da concorrência e de uma maior partilha e diversificação de risco com o exterior.

(…)

Constitui assim um facto relevante o progresso conseguido nos últimos dois anos no cumprimento dos compromissos de consolidação orçamental, atingindo antes do previsto um défice inferior a 3 por cento do PIB.

É de sublinhar que o esforço de redução estrutural do défice orçamental tem de prosseguir, no sentido da concretização plena dos compromissos assumidos no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Em particular, o cumprimento do objectivo de médio prazo de um défice estrutural de 0.5 por cento em 2010 surge como fundamental para promover uma situação orçamental equilibrada e sustentável, diminuindo a incerteza dos agentes económicos e permitindo o pleno funcionamento dos estabilizadores automáticos.

No que se refere ao funcionamento dos mercados, é de destacar a persistência de elementos de rigidez na evolução do emprego e desemprego, que contribuem para a falta de mobilidade de recursos, bem como para a criação de uma situação de polarização no mercado de trabalho. Estes elementos implicam, por um lado, uma menor capacidade de reafectação eficiente de recursos humanos entre empresas e sectores e, por outro, menores incentivos para os agentes em termos de formação e educação.

Importa, finalmente, destacar a importância de reforçar os incentivos ao investimento de qualidade em capital humano, com destaque para o início do ciclo de vida dos indivíduos. Este investimento afigura-se fundamental para promover um maior crescimento económico em horizontes de médio e longo prazo, contribuindo igualmente para uma melhor repartição do rendimento na economia.

A economia portuguesa manteve em 2007 uma trajectória de recuperação, com uma aceleração significativa do PIB, para níveis superiores aos observados nos últimos anos. No entanto, a segunda metade 2007 e o início de 2008 caracterizaram-se pela ocorrência simultânea de três choques externos adversos, interligados entre si, com importantes implicações macroeconómicas a nível global: a turbulência nos mercados financeiros internacionais, (…); a intensificação do aumento do preço do petróleo e a forte aceleração dos preços das matérias -primas alimentares nos mercados internacionais, (…); e, a desaceleração marcada da economia norte-americana, num contexto de forte correcção no mercado imobiliário e de ocorrência dos choques acima referidos, que foi acompanhada por uma desaceleração mais mitigada na generalidade das restantes economias avançadas e por um menor dinamismo dos fluxos comerciais a nível mundial.

A combinação destes choques não deixará de ter implicações desfavoráveis sobre a dinâmica de recuperação da economia portuguesa, (…).
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